Capítulo 244 - Perdas
Naquele momento de vida ou morte, quando pensou que seria morto, viu o rosto que mais queria ver. Por um instante até pensou que estava alucinando. Talvez essa fosse uma peça da sua mente, dando-lhe uma última chance de se declarar.
“Eu… Te amo!” disse, olhando para a figura ao seu lado.
Theodora que ouviu isso, congelou por um momento, olhando estranhamente para o jovem que estava atônito, mas então sorriu. Sem dizer uma palavra, correu em direção aos cinco Orcs.
Quando os cinco Orcs viram uma humana se aproximar, levantaram suas armas, prontos para esmagá-la. Porém de repente, um par de olhos prateados brilhou levemente, foi por apenas um segundo, mas foi o suficiente para paralisar seus músculos e enrijecer sua carne.
Swish! Swish!
Com dois cortes, Theodora decapitou duas das criaturas, foi tão suave e simples que parecia mais que ela estava passeando pelo parque do que lutando.
Desde que Fernando a incentivou a praticar sua habilidade natural de uma Medusa, ela vinha treinando, para usá-la de forma discreta e não chamativa.
Os outros três Orcs tentaram se libertar, mas antes que pudessem, a mulher humana de cabelos negros chegou até eles, como se fosse uma enviada da morte ceifou suas vidas.
Tom que viu isso, ficou incrédulo, ele finalmente percebeu que não era uma alucinação, mas a pessoa real. Mesmo sabendo da força de Theodora e de suas habilidades excepcionais, ainda ficou chocado com a diferença entre ambos. Apesar de terem praticamente os mesmos atributos, a diferença de habilidade era esmagadora.
“Droga, eu não sou a donzela em perigo!” murmurou, levantando ambas as palmas duas grandes Bolas de Fogo surgiram, levantaram e foram arremessadas para a retaguarda dos Orcs.
Boom! Booom!
Como uma metralhadora, Tom transformou todo o topo do monte num mar de chamas, impossibilitando os Orcs atrás de avançarem e os da frente recuarem, quanto aqueles que foram pegos no bombardeio, só restaram gritar e urrar em agonia, enquanto seus corpos queimavam.
Theodora parou por um momento ao ver o mar de chamas, vendo o rapaz encharcado de suor sugando lufadas de ar, como se fosse desmaiar a qualquer momento, ela sorriu.
Depois de Theodora, mais e mais membros do Esquadrão Zero 1 chegaram. Os membros do Esquadrão Zero 4 que estavam até então encurralados, finalmente conseguiram respirar, retomando o contra-ataque.
Swish! Bang!
Depois de receber uma flecha no peito, um dos Orcs foi arremessado como se um martelo o atingisse em cheio.
Com olhos frios, Kelly avançou pelo campo de batalha com agilidade e mobilidade, diferente da garota normal e tímida que demonstrava ser, ela parecia uma caçadora experiente, devorando todas as presas que pudesse.
Desde o Vale de Flaviore ela temia e odiava os Orcs, eles eram como uma representação de seus traumas pessoais. Vendo aquela garota sendo machucada por aquele grupo, ela sentiu como se ela própria tivesse sido ferida. Sentindo uma raiva que só poderia ser apaziguada com sangue.
Em pouco tempo, Kelly havia derrubado quase dez Orcs, diminuindo seus números rapidamente.
Logo à frente de Kelly, Karol e Remir avançaram junto a um grupo de soldados, seu ímpeto era imparável, derrubando e executando todos os inimigos que entrassem no caminho.
A lança de Karol varreu para a frente, atravessando a garganta de um Orc. Mesmo com o pescoço perfurado, a criatura tentou segurar o cabo e puxá-la contra si, mas com um movimento de torção, destroçou sua garganta, matando-o na hora.
Remir ao lado ficou espantado com a brutalidade de Karol, apesar de ser a mulher do Oficial Fernando, ela sempre era gentil e carismática, dando a impressão de que era alguém que o Esquadrão Zero 1 deveria proteger. Porém, depois de ver essa cena, pensou que ele quem deveria ser protegido por ela e não o contrário.
Os outros soldados também ficaram completamente chocados, não conseguindo associar a moça simpática àquela deusa da guerra. Com cada varredura de sua lança, um Orc seria desmembrado.
A batalha se estendeu por mais dois a três minutos, desde que o reforço do Esquadrão Zero 1 chegou, a situação ficou sob controle e mais nenhum soldado foi morto.
Parados não muito longe, quatro pessoas olhavam a batalha de forma calma. Eram Fernando, Ilgner, Gabriel e Noah.
“Fernando, por que não nos deixa ajudar? Se todos atacarmos juntos, essa luta vai acabar num instante.” Noah perguntou, um pouco exaltado.
Mesmo após ouvir a pergunta, Fernando manteve um rosto calmo e indiferente.
“Não é necessário, eles são suficientes.”
Ouvindo a resposta, Noah ficou descontente.
Gabriel que estava ao lado de Noah, tinha um rosto pensativo.
“Cabo Noah, por favor, confie no Oficial Fernando. Sua intenções são claras. Ele planeja adaptar os soldados à luta, se lutarmos com vantagem desde o início, quando a situação realmente for crítica os homens não saberão como reagir. O Pelotão Zero é muito forte, isso é indiscutível, mas o que nos falta é experiência de combate.”
Ilgner não disse nada, há muito tempo ele já tinha entendido esse ponto e concordava com as ações de Fernando. Dois Esquadrões eram suficientes para lidar com a situação. Se algum imprevisto ocorresse eles poderiam sempre fornecer apoio.
Ouvindo isso, Noah ficou em silêncio, ao ver por esse lado ele entendeu a lógica, mas mesmo sabendo disso sentia-se ansioso para entrar no campo de batalha.
“Você terá sua hora, todos teremos, aguarde pacientemente, Noah.” Fernando disse, como se tivesse lido sua mente, enquanto permanecia com os braços cruzados olhando para o campo de batalha.
Thuud!
Poucos minutos depois, uma trompeta alta e estrondosa soou. Não só ali, como em diversos outros locais. Ao ouvir isso, os Orcs começaram a recuar.
Vendo os inimigos dando as costas e fugindo, muitos homens começaram a perseguir. Depois de seguir por mais de cem metros, matando alguns Orcs, Theodora levantou a mão, fazendo todos pararem.
Muitos homens, tanto do Esquadrão Zero 1 quanto do Zero 4 queriam perseguir, mas vendo a atitude da Cabo, desistiram.
Logo os soldados começaram a organizar o campo de batalha, sob as ordens de Tom e Theodora, recolheram os corpos, tanto de aliados quanto de inimigos.
Enquanto Tom supervisionava os corpos sendo recolhidos, seu rosto de repente ficou pálido. Ali entre os mortos havia um rosto familiar, Simon. Sua armadura do peito estava amassada, como se tivesse recebido um forte golpe no torso.
“Não… Como isso aconteceu?” disse, caindo de joelhos. Devido a batalha tão intensa ele acabou esquecendo completamente da situação de Simon. Ao parar para pensar, desde que ele próprio quase foi morto, não tinha o visto novamente.
“Líder, o senhor Simon salvou nosso esquadrão da aniquilação. Se ele não tivesse parado alguns Orcs que nos flanquearam…” Um dos soldados disse, com uma expressão severa.
Tom sentiu seu coração afundar. Apesar de passar pouco tempo ao lado de Simon, já o considerava como seu mentor, seu amigo e a pessoa mais confiável do Zero 4. Depois de ouvir o que aconteceu, sentiu um pesar ainda maior.
“Até o fim você foi melhor do que eu. O chefe deveria tê-lo nomeado líder e não a mim.” disse, num tom solene e triste.
De repente, alguém chegou ao seu lado, tocando suavemente seu ombro.
“Se você se arrepende, fique mais forte, se torne melhor.” Uma voz soou suavemente em seus ouvidos.
Olhando para trás, Tom vislumbrou o rosto calmo de Theodora.
“Eu ficarei, farei essas malditas coisas pagarem. Vou queimá-las em cinzas.” respondeu, seus olhos mostravam toda a raiva que sentia.
Logo Fernando recebeu o relatório de perdas, no total o Esquadrão Zero 4 havia tido 7 baixas. Isso não o surpreendeu tanto, ninguém esperava essa emboscada noturna. Não havia sido apenas a região do Pelotão Zero que sofreu, os Orcs haviam atacado vários pontos do exército, alguns Esquadrões foram completamente eliminados nessa emboscada noturna.
Apesar de ter tido severas perdas, o Esquadrão Zero 4 conseguiu repelir o inimigo e ganhar tempo até que as tropas que estavam descansando chegassem. Pelo contrário, os Orcs que atacaram tiveram muito mais baixas, haviam cerca de 120 corpos, a maioria morreu carbonizado no monte.
Apesar de não estar surpreso com a quantidade de perdas, Fernando ficou chocado ao saber que Simon havia perecido na batalha. Conhecendo sua personalidade, sabia que o sujeito era cauteloso e inteligente, saber que ele morreu foi algo que o abalou.
“Perdão líder, eu falhei. Não só perdi um terço dos meus homens, como até mesmo Simon foi morto. Isso tudo é por causa da minha incompetência.” Tom disse, se ajoelhando.
Ao redor, os outros quatro Cabos do Pelotão Zero viam a cena com rostos complexos.
“Você não tem culpa Tom, o Esquadrão Zero 4 e Zero 3 estão defasados em relação aos outros. Se a distribuição de Poções Fauzer Ivrat tivesse sido mais justa, isso não teria acontecido.” Noah falou, irritado.
Fernando ouviu isso, mas não disse nada. Ele sabia que Noah estava se referindo ao fato de Kelly e Karol terem recebido poções, enquanto Zero 3 e Zero 4 não receberam.
“É melhor ter mais cuidado com suas palavras, Noah. Se insultar o líder novamente, eu arrancarei sua língua.” Theodora falou, com olhos transbordando crueldade.
“Hah, é fácil falar isso, já que seu Zero 1 é sempre o mais beneficiado, tudo porque existe alguém lá que merece atenção.” Noah retrucou.
Fernando suspirou, ele sabia que Noah às vezes tinha um temperamento forte e que talvez tivesse discussões, porem não esperava que isso acontecesse dessa forma.
“Noah.” Quando a voz suave e indiferente de Fernando soou, todos na tenda voltaram-se para ele.
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