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    Bam! Bam! Bam!

    As alas direita e esquerda se chocaram ferozmente contra o exército Orc, dessa vez no meio do inimigo, na faixa de 3.000.

    Fernando, que estava na linha de frente durante o choque, tinha um rosto calmo. Da primeira vez que realizaram essa tática ele foi fortemente afetado, quase perdendo a consciência devido ao choque, mas agora que sabia o que esperar conseguiu lidar muito melhor com a situação.

    Swish! Bang!

    Raul, Ilgner, Túlio e os demais seguiram na vanguarda, massacrando todos os Orcs que tentavam impedir o avanço nas fileiras inimigas. 

    Apesar de todos estarem exaustos de tantas lutas consecutivas, pareciam mais acostumados a matança e a batalha, então avançaram com pouca dificuldade. Além disso, agora que Raul atingiu o nível de um Capitão, Orcs comuns não eram uma ameaça tão grande quanto antes.

    “Continuem em frente!” Fernando gritou, tentando levantar o moral do Pelotão Zero, que o seguia de perto.

    Olhando para as expressões de todos, sabia que a maioria já estava em seu limite. Nesse momento, começou a hesitar sobre esse plano. Mesmo que vencessem esse exército de 6.000 Orcs, ainda haviam mais 15.000 lutando contra Belai.

    Apesar da hesitação, balançou a cabeça. Atualmente restavam apenas cerca de 50 membros do Pelotão Zero, metade de seus homens haviam morrido. Fernando não conseguia aceitar deixar que essas pessoas que morreram confiando nele tivessem perdido suas vidas por nada. Além disso, essa decisão não cabia a um pequeno Oficial como ele.

    Em pouco tempo o grupo chegou ao centro do exército Orc, cortando as fileiras do inimigo.

    Bam! Bam! Bam!

    A Cavalaria Tarky passou não muito longe, cortando o exército pela metade, aliviando grande parte do fardo da ala direita.

    “Senhor, eu não estou vendo sinais da ala esquerda.” Túlio disse, enquanto fincava sua espada num grande Orc.

    Raul franziu a testa, atualmente a ala direita tinha cerca de 1.200 homens, como estavam perfurando as linhas inimigas numa formação de flecha, era necessário deixar para trás vários dos Subtenentes dos outros Batalhões para manter o ‘corredor’ criado. Com a Cavalaria de Lagartos Tarky cortando ocasionalmente a retaguarda, eles não precisavam se preocupar com ataques de um dos lados, mas ainda precisavam manter uma linha de defesa das 3.000 tropas isoladas, com apenas a ala direita, era impossível cobrir todo o caminho até o outro lado e manter a linha defensiva.

    “Aconteceu algo do lado do Tenente Ícarus?” Nina perguntou, num tom de dúvidas.

    Assim que todos estavam se perguntando o que tinha acontecido, Raul recebeu uma comunicação em sua Pulseira. Assim que o fez, sua expressão mudou.

    Fernando, Nina, Argos e os outros que estavam próximos notaram a mudança de expressão do Tenente, então ficaram preocupados, se algo pudesse abalar o Urso Tirânico, definitivamente não seria coisa boa.

    “Eles não podem chegar até nós, a ala esquerda está recuando.” Raul disse, num tom sombrio.

    Ao ouvir isso, todos ficaram perplexos.

    “Mas sem a ala esquerda não tem como impedirmos os Orcs! O que fazemos, devemos avançar?” Nina exclamou.

    Raul balançou a cabeça em sinal de negação.

    “Não, também estamos recuando, essa batalha está perdida.”

    “O que?! Por que?” Todos gritaram em uníssono.

    Raul manteve-se em silêncio.

    “Apenas se preparem para voltar, quando as alas recuarem o exército central provavelmente vai retroceder. Só vamos ter uma chance de fugir.”

    Fernando tinha um olhar frio após ouvir isso.

    “Tenente, com todo respeito, depois de perder tantas pessoas, eu não aceito recuar sem uma explicação decente.”

    Raul que ouviu isso, manteve a mesma expressão.

    “Não é um pedido, é uma ordem, Oficial Fernando.”

    Apesar da forma de falar autoritária do Tenente, o jovem Oficial manteve-se com um rosto firme e decidido.

    “O Pelotão Zero não dará um passo para fora do campo de batalha.”

    “Está me desafiando?” Raul perguntou, com um olhar gelado.

    Vendo o Oficial Fernando e o Tenente Raul se desentendendo em meio ao campo de batalha, todos tinham rostos tensos.

    Nina, Marlon e Mesmo Túlio ficaram numa posição estranha, afinal admiravam a força e talento do jovem rapaz e achavam que ele tinha razão, mas num exército, às ordens eram absolutas.

    Swish!

    Com um movimento, Raul decapitou um Orc que vinha em sua direção, sem sequer desviar o olhar do jovem, que se manteve impassível.

    Suspira.

    “Seu merdinha, quando sairmos daqui, vou me certificar de colocar juízo nessa cabeça.” Raul disse, num tom de reclamação, apesar disso não parecia conter raiva em sua voz. “Vou ser direto então, se não recuarmos agora, vamos morrer. Um Orc Lord apareceu e está liderando as tropas Orcs logo à frente.”

    Quando todos ouviram isso, seus rostos ficaram pálidos, mesmo Ilgner tinha uma expressão assustada.

    Vendo as reações dos outros, Fernando entendeu que não era algo simples.

    “Quão forte é essa coisa? Temos alguma chance de vencê-la?”

    Ouvindo a pergunta do jovem, Raul não conseguiu evitar de ficar espantado, logo depois começou a gargalhar.

    “Você só pode estar brincando, enfrentar um Orc Lord? Eu sempre achei que o Capitão Viktor era o cara mais louco que conheci, mas perto de você ele está com a saúde mental em dia, hahaha.”

    Fernando franziu a testa com a reação exagerada do sujeito, em sua visão Raul era alguém relativamente forte, ainda mais depois de ter subido para o nível de Berserker 1 Estrelas. Se mesmo assim eles não tinham chance, quão forte era um Orc Lord?

    “Oficial Fernando, você não entende. Um Orc Lord é o ápice de força entre os Orcs, um monstro sem igual que dependendo da sua força, pode varrer nosso exercito.” Túlio explicou, ele sabia que apesar de habilidoso, o rapaz era, afinal, muito jovem e ignorante a respeito desse mundo.

    Ouvindo isso, Fernando ficou sem palavras.

    “É isso, estamos recuan-” Assim que Raul estava prestes a falar, a Pulseira de Armazenamento contendo Cubos e Pedras Comunicadoras de todos brilhou.

    “Aqui é o Major Dimitri, ouçam minhas ordens. Continuem com o plano, não iremos recuar!! Eu irei para a linha de frente enfrentar o Orc Lord. Hoje nós só temos duas escolhas, vencer ou morrer! Avancem!”

    Tzum!

    Assim que a comunicação se encerrou, todo o céu se iluminou com um brilho azul. Uma faixa de luz cortou o céu, se dirigindo para o centro do exército Orc.

    Boom!

    Logo uma explosão ao longe ocorreu, sons de poderosas colisões começaram a ser ouvidos.

    “Inferno, o Major está louco! Esse maldito velho esta senil!” Raul gritou, exasperado.

    Percebendo que Fernando e alguns outros tinham rostos confusos, Túlio explicou.

    “A força geral de um Orc Lord é difícil de determinar, se for um Orc Lord fraco, ele terá a força equiparável a um Major, mas se for forte, pode ser mais poderoso que um General humano.”

    Ninguém disse uma palavra, extasiados com a informação.

    “Huh, parece que você conseguiu garoto.” Raul disse em direção a Fernando. “Agora que o Major foi pra linha de frente, mesmo que queiramos não tem como recuar. Se ele morrer, não terá ninguém para parar essa aberração. Vamos em frente!”

    Com a ordem, todos começaram a avançar. Muitos hesitantes, outros assustados com os sons estrondosos que vinham de longe.

    Swish! Bam!

    Quando a batalha entre Dimitri e o Orc Lord começou, todos os Orcs pareciam ter enlouquecido, jogando-se contra a ala direita sem medo da morte.

    “Merda, parece que essas coisas tomaram esteróides!” Archie gritou, enquanto afastava um Orc com suas espadas.

    “Ah!!” Um dos homens de Nina foi pego por um dos Orcs, tendo sua cabeça esmagada bem na sua frente.

    A garota tinha um rosto pálido, pois a coisa quase a pegou junto.

    Percebendo a agressividade do inimigo, Fernando tinha um rosto calmo, mas internamente mesmo ele estava se sentindo pressionado. Todos estavam exaustos e feridos.

    Agora que o Major Dimitri foi pra linha de frente, o exército central vai demorar muito mais para vencer… Temos que resistir até lá!

    Fernando sabia que a poderosa força de Dimitri foi o que fez com que vencessem facilmente a última onda de inimigos emboscados. Sem ele, o exército central teria dificuldades de massacrar o inimigo num curto período de tempo.

    Swish! Bam!

    Erguendo ambas as espadas, Fernando avançou, ocasionalmente ativaria Fúria para melhorar seus atributos. Seu rosto, corpo e armadura estavam banhados em sangue. 

    Olhando para o lado, Ilgner, Archie e os outros estavam iguais. Ele não conseguia checar as coisas na parte de trás, mas imaginou que todos estavam na mesma situação.

    Karol, fique bem, até eu chegar!

    No meio da formação da ala direita, uma lança prateada varreu, perfurando um Orc no peito e matando-o instantaneamente.

    Karol e alguns outros soldados estavam lutando ferozmente.

    “Não recuem! Fiquem firmes!” Karol gritou, em plenos pulmões.

    Hoh!” Os soldados responderam, urrando e atacando com força.

    Devido a longa linha que a ala direita criou, vários membros chave do Pelotão Zero, bem como Subtenentes dos Batalhões foram espalhados. Isso era para criar um equilíbrio de força e impedir que os soldados mais fracos fossem derrotados, criando buracos na ala direita.

    Como alguém com atributos relativamente altos, Karol foi designada por Theodora para esse ponto.

    Enquanto atacava com sua lança, ocasionalmente olhava os rostos dos homens e mulheres à sua volta. Logo notou algo em comum, todos tinham medo em seus olhos, um medo desesperador.

    Apesar disso, sempre que olhavam para ela, pareciam conseguir reunir alguma coragem e não desmoronar sob a pressão. Nesse momento Karol entendeu que essas pessoas a viam como um pilar de apoio.

    Então é assim que você se sente, Fernando? pensou consigo mesma.

    Karol sempre soube que liderar era algo difícil, mas somente ao experimentar isso em primeira mão é que entendeu quão sufocante era.

    Sentindo seu peito apertar e sua respiração ficar pesada, enquanto olhava para o mar de Orcs enfurecidos, sabia que estava começando a entrar em pânico. Ter tantas vidas dependendo de si, era uma sensação apavorante.

    Mas então uma imagem veio à sua mente. Um jovem fraco, inexperiente e tímido se erguendo, sozinho em frente a inimigos muito mais fortes. Lembrando daquela cena, daquele dia, quando pensou que a morte era certa, algo em seu coração e mente parecia ter explodido, ela havia se decidido. Ela o seguiria para onde quer que fosse, seja como mulher, ou como subordinada.

    Eu não irei desapontar você! Karol pensou, levantando o rosto, seus olhos, meio cobertos pelos cabelos, exalando um brilho, cheio de vontade.

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