Capítulo 263 - Bravura
Em todos os pontos da ala direita, membros do Pelotão Zero estavam liderando a defesa contra os Orcs. Com o exército central e a Cavalarya Tarky lutando contra os 3.000 Orcs isolados, dependia da ala garantir que a linha fosse mantida.
Swish! Swish!
Uma sombra negra cruzou o mar de Orcs, por onde passava, corpos sem cabeça caiam.
“E-ela, é um monstro.” Um dos soldados dos outros Batalhões disse, estarrecido.
Ao seu lado, os outros não puderam deixar de concordar com essa declaração.
“Ela realmente é só um Cabo? Mesmo que eu seja Sargento, sinto que não seguraria uma vela contra essa mulher…” Um homem robusto disse, sem acreditar na cena que estava presenciando.
“Ela se chama Theodora, do Pelotão Zero.”
A voluptuosa figura de preto parecia dançar entre os Orcs, que avançavam enfurecidos. Cada um de seus movimentos parecia gracioso, mas fatal.
Muitos homens ficaram com suas mentes excitadas, pensando que se tivessem uma mulher como essa ao seu lado, não iriam querer mais nada na vida.
Theodora, que havia acabado de matar mais um Orc, olhou para um grupo de soldados parados.
“Estão esperando um convite? Pra cima do inimigo! Quem fizer corpo mole…” disse, levantando sua espada, que pingava, cheia de sangue.
Ao ver isso, junto ao sorriso sanguinário da mulher de longos cabelos negros, todos não puderam evitar estremecer, então rapidamente correram para a frente.
Vendo isso, Theodora se manteve calma, mas internamente estava preocupada, olhando na direção em que Fernando e os outros haviam ido. Os poderosos sons de colisão da batalha entre o Major e o Orc Lord podiam ser sentidos dali.
Líder, é melhor você não morrer. Eu vou fazer o meu melhor pra não morrer também. Theodora pensou, enquanto sorria.
Olhando para suas mãos, que tremiam incontrolavelmente, sabia que seu corpo estava no limite.
Desde o início ela esteve na linha de frente, lutando batalha por batalha, não só isso, como também teve uma luta de alta intensidade com um Orc Líder. Mesmo que ao lado de Fernando e Ilgner e que o mesmo estivesse ferido, ela teve que dar tudo de si.
Agora o preço estava finalmente chegando. Diferente de Fernando e Ilgner que eram usuários de habilidades e tinham corpos monstruosos, Theodora contava apenas com seu corpo de Meio-Elfa Negra para se manter. Se não fosse pelo fato de ter atingido 15 de Físico, ela já teria morrido de exaustão.
Por sinal, como aquele garoto está indo… Ele não é ruim. pensou, olhando ao longe, um fraco sorriso no canto de seus lábios.
No centro da linha defensiva da ala direita, Tom tinha um rosto cheio de sangue. Empunhando uma espada, atacou, cheio de vontade. Mesmo que seus movimentos fossem duros e previsíveis, carregavam grande poder e velocidade, tornando difícil para Orcs comuns desviarem.
Swish!
Com um corte, partiu um Orc ao meio, que urrou, ainda vivo, enquanto seu corpo partido se arrastava no chão.
Ao lado de Tom, alguns poucos soldados do Pelotão Zero davam-lhe suporte. Desde que seu mana esgotou-se, ele havia se tornado dependente de força bruta. Usando dos poderosos atributos que Fernando havia o concedido, manteve sua posição.
“Continuem! Resistam! O chefe está no centro da batalha, onde é mais perigoso e caótico. Tudo que temos que fazer é aguentar. Logo o exército central estará aqui!!”
Os membros do Pelotão Zero gritaram em resposta, mesmo os soldados dos outros Batalhões, não relacionados ao Décimo Terceiro, gritaram junto.
Desde que Tom sozinho massacrou centenas de Orcs e ficou conhecido como Assassino das Chamas, todos o respeitavam.
Vendo os rostos cheios de admiração, Tom sentiu-se atordoado.
Quem diria que um dia eu seria olhado dessa forma… Hahaha.
Quando conheceu Fernando e os outros, tudo que pensava era em sobreviver, não importa o que tivesse que fazer ou quem tivesse que sacrificar. Sua covardia muitas vezes fez os outros o odiarem e não confiarem nele.
Tom sentiu que era justificado, mesmo ele sentiu que não confiaria em si próprio naquela época.
Foi somente depois de testemunhar as façanhas de Fernando, que sua visão de mundo mudou. Pensou como estava cansado de ser um rato assustado, ele queria se tornar um poderoso leão, que rugia para tudo e todos, sem nunca baixar a cabeça. Assim como seu chefe havia feito naquele tempo.
Seja membros do Salão da Recepção, um Chefe da Guarda do QG, Orcs, Elfos Negros e até mesmo aberrações monstruosas. Ele viu com seus próprios olhos Fernando sair triunfante de cada uma dessas situações que pareciam ser impossíveis.
Mesmo sabendo que estava apenas seguindo os passos de outro homem, Tom não se importou. Sentiu que mesmo que alcançasse apenas um terço das conquistas de Fernando, ele teria vivido uma vida digna.
Com um rosto resoluto e digno, Tom levantou a espada em sua mão, então atacou os Orcs com fúria absoluta.
Em outros pontos do campo de batalha, Ronald, Kelly, Emily, Lina, Cintia, Gabriel e muitos outros estavam desempenhando papéis decisivos em suas respectivas áreas.
Era como se as tropas do Pelotão Zero trouxessem um ar de bravura, onde quer que houvesse um membro do pelotão estacionado, as tropas lutariam com vigor, sem dar um passo para trás. Devido a isso, a ala direita se manteve como uma muralha impenetrável.
Pelo contrário, a ala esquerda praticamente tinha perdido a vontade de lutar sob os incessantes ataques dos Orcs. Se não fosse a Cavalaria Tarky protegendo sua retaguarda, eles já teriam fugido por suas vidas.
Arslan Strauss, como homem de confiança de Ícarus, era muito valorizado pelo mesmo, temendo perder um talento nessa batalha tola o designou para o setor de inteligência da ala esquerda. Ao ouvir os relatórios constantes chegando, seu rosto estava pálido.
Múltiplas áreas pediam reforço desesperadamente. O problema é que essas áreas correspondiam a 50% da ala. Onde eles arranjariam tropas para apoiar tantos lugares?
Ao prestar atenção aos relatórios da ala direita, vendo como praticamente nenhum ponto pedia por reforço e que estavam mantendo suas posições de forma firme e consistente, ele não conseguia entender.
“Como pode haver tanta diferença? As alas deveriam ter uma força equilibrada, então porque estamos sendo derrotados, enquanto eles estão prevalecendo?”
Arslan estava desesperadamente procurando por essas respostas, só então no final balançou a cabeça. O principal fator, além de força, era moral. Quando as sementes do medo estavam plantadas no coração das tropas, elas germinariam no pior momento possível.
Com a perda da Tenente Balena e com os Oficiais e Subtenentes querendo recuar a todo momento, logo a prévia da derrota foi escrita nas mentes dos soldados. Quando até mesmo as pessoas que os comandavam estavam desesperadas, o que seria deles?
Arslan não entendia bem como a ala direita conseguiu o feito de manter as tropas unidas e com coragem. Constantemente ouvia informes mencionando membros do Pelotão Zero, foi então que ligou um ponto ao outro.
Lembrando do sujeito emblemático que liderou a fuga na Cidade das Mil Flores, sua expressão mudou.
“Será que mesmo as tropas daquele cara são anormais?”
No ponto próximo a batalha devastadora entre Dimitri e o Orc Lord, Raul, Fernando e alguns outros poucos estavam se aproximando do local silenciosamente. Nesse ponto mesmo os Orcs não se atreviam a chegar perto.
Zuish!!
Um arco elétrico cortou o ar acima de suas cabeças, logo depois um som alto foi ouvido.
Vendo a poderosa energia da magia de relâmpago, todos tremeram de medo, mesmo Raul não era exceção.
“Lá estão eles.” Nina gritou, apontando para duas figuras que colidiam ferozmente entre si. A cada golpe, o chão tremia levemente.
Dimitri estava ereto, com sua grande alabarda, balançando-a em direção ao seu inimigo sempre que via uma oportunidade. Do lado oposto, um Orc com olhos vermelhos brilhantes, vestindo uma armadura desgastada, segurava um machado de duas mãos.
Boom!
Alabarda e machado colidiram um contra o outro. Arcos elétricos e uma poderosa pressão se espalharam no ponto de impacto.
Apesar dos confrontos violentos, ao ver a situação, um sorriso surgiu no rosto de Raul.
“Parece que a situação não está tão ruim, afinal.”
Ouvindo isso, Fernando não entendeu.
“O que você quer dizer com isso, senhor Raul?”
“Você não entende, garoto? Se esse Orc Lord fosse do nível de um General, ele estaria jogando futebol com a cabeça do Major agora.” Raul disse, rindo.
Ouvindo isso, a expressão de todos se iluminou. Claramente esse Orc Lord era um dos fracos, de nível Major. Sendo assim, Dimitri tinha chances de vencer.
Num curto intervalo de tempo, Dimitri e o Orc Lord trocaram centenas de golpes. Enquanto o Major parecia usar técnica e magia para manter a posição e tentar ganhar vantagem, o Orc Lord usava sua experiência e força bruta para pressionar.
Depois de um momento de silêncio, como se estivesse pensando, Raul parecia ter tomado uma decisão.
“Eu tenho uma ideia, se formos bem sucedidos, podemos ajudar o Major a vencer essa luta.” Todos tinham rostos exultantes ao ouvir isso, mas a segunda parte da fala de Raul fez suas expressões caírem.
“Entretanto, provavelmente a maioria de vocês vai morrer.”
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