Capítulo 265 - Barai

Baek, o Mestre do Clã Gazuru da tribo dos Dobats, tinha uma expressão feroz e ao mesmo tempo assustada.

Além dele próprio, que era o mestre, havia apenas um outro Orc Lord no Clã Gazuru. Um jovem Orc que recentemente havia ascendido a Lord, Barai.

Normalmente mestres do clã ficariam receosos sempre que novos Orc Lords surgiam em seu clã. Isso porque estes poderiam acabar tomando sua posição como mestre no futuro. Mas Baek não estava preocupado com isso, afinal, Barai era da sua linhagem, uma das centenas de crianças que ele havia semeado.

Apesar de saber que Barai não desafiaria sua posição, o mesmo era um guerreiro arrogante. Ouvir seu chamado de antes era algo que o assustou. Conhecendo o jovem Orc orgulhoso, este não pediria por ajuda a menos que sentisse que sua vida estava em perigo.

Olhando na direção dos portões da cidade humana e da resistência feroz que estavam tendo, sua expressão se encheu de crueldade. Ele queria tomar logo a cidade e depois seguir em direção ao chamado de Barai, mas não podia, por causa de um único homem, um único humano.

Um homem com barba e armadura branca, apesar da clara idade avançada, sua altura muito maior que homens comuns o faziam parecer exalar poder.

Swish!

Sua grande espada, do tamanho de uma pessoa, balançava, para a direita e para a esquerda. Sem esforço destroçou os Orcs que avançavam em sua direção.

Ao longe, Baek tinha seu olhar nesse humano. Ele sempre desprezou os humanos por sua fraqueza, mesmo sendo tão fracos eles ousavam assumir tantas terras e se declararem senhores destas.

Quando a Horda fez um chamado convocando todas as tribos, ele como um dos representantes da tribo dos Dobats, havia declarado seu apoio a invasão às terras dos homens, pois não poderia suportar que fracos vivessem tão bem em terras verdes e luxuosas, enquanto os Clãs tinham que sobreviver no deserto e em terras áridas.

Apesar dos Orcs possuírem parte das planícies, estas eram dominadas pelas tribos mais poderosas. A quantidade de terra boa era insuficiente para tantas cabeças.

A ideia de Baek era esmagar os fracos humanos sem piedade e de fato havia feito isso, pelo menos até agora. Quando chegou a esta cidade humana e viu aquele humano lutar, exterminando milhares do seu povo, imediatamente soube que não era páreo para ele. Então decidiu esperar, esperar até que o humano ficasse fraco, para que pudesse pessoalmente pôr um fim a sua vida.

Quando os reforços humanos chegaram, não pensou muito a respeito, afinal eram meros 10.000. Então mandou Barai, com 15.000 guerreiros, para destruí-los. Entretanto as coisas não haviam saído como o esperado.

Os fracos humanos que desprezava haviam derrotado boa parte dos exércitos enviados e agora até mesmo Barai havia clamado por ajuda.

Nesse ponto, Baek começou a pensar em enviar mais tropas para ajuda-lo.

Do outro lado do campo de batalha, Dimitri tinha um olhar sério, o Orc havia defendido seu ataque de alabarda, mas ele não ficou preocupado, pois pelo menos a criatura havia se ferido pelo ataque de magia de fogo, mesmo que superficialmente, cada mínima vantagem era importante.

Raul, Túlio, Nina, Marlon e todos os outros que estavam participando da operação, tinham rostos pálidos. Era possível ver ao longe, milhares de Orcs estavam correndo em direção a eles. Claramente o Orc Lord havia emitido algum tipo de chamado.

Sem hesitar, todos correram em direção ao Orc Lord e Dimitri, todos entenderam que se não matassem essa coisa agora, eles morreriam. Afinal, estavam numa posição avançada em meio aos inimigos.

O Orc Lord, Barai, queria se afastar do humano com a alabarda, mas quando deu alguns passos sentiu seu corpo pesado. Apesar de ter defendido o ataque, a eletricidade ainda atingiu seu corpo, deixando-o letárgico e algumas partes levemente dormentes. Então quando olhou para cima, seu rosto ficou espantado, mais Flechas de Fogo corriam em sua direção.

“Urk lat!” (Maldito!) gritou Barai, enquanto olhava para o jovem humano de pele levemente pálida, então balançou seu machado para afastar a magia que o alvejava.

Sendo alvo do olhar furioso do Orc Lord, Fernando sentiu suas costas gelarem, mas não parou de atacar, lançando Flechas de Fogo sem parar.

Mesmo sendo ataques fracos e pouco significativos, Barai ficou furioso por ser ferido por um verme fraco.

Nesse ponto, Túlio, Nina, Marlon, Ilgner e todos os outros se aproximaram do Orc Lord, empunhando suas armas cercaram a criatura.

Os olhos de Barai estavam cheios de fúria, mesmo quando era um mero Orc Líder, ele nunca havia sido humilhado dessa forma.

Balançando seu machado, mirou num dos humanos que corria em sua direção. O alvo era Nina Baumer.

A mulher ficou pálida ao ver o grande machado vindo em sua direção, era tão rápido que se viu impossibilitada de desviar ou fugir.

Bang!

Quando Nina pensou que seria morta, sentiu uma grande força atingindo-a nas costelas, quando se deu conta estava no chão, a sua frente viu Marlon, sendo destroçado pelo grande machado.

“NÃO!!” Nina gritou, ao finalmente entender a situação, Marlon havia salvado sua vida, tomando seu lugar e recebendo o ataque.

Na Décima Terceira, as pessoas costumavam dizer que o Esquadrão Leopardo de Nina, Esquadrão Montanha de Marlon, bem como o Esquadão Lazuli de Argos eram rivais, competindo pela posição de mais poderoso Esquadrão Nomeado, mas isso não era realmente verdade.

Nina e Marlon sempre tiveram uma relação amistosa, muitas vezes um ajudava o outro em missões complicadas. Os dois haviam passado por muita coisa juntos, inclusive já haviam tido uma relação muito mais do que uma simples amizade em algumas ocasiões. Então vê-lo morrer por ela, a fez entrar em choque.

Após matar Marlon, Barai não parou, correndo em direção a outro alvo, um soldado leal a Túlio. O homem foi pego de surpresa, levantando sua espada tentou cortar em direção a criatura, que afastou a lámina com as mãos nuas e socou em direção a seu rosto, esmagando sua cabeça.

Nesse ponto, três das quinze pessoas que haviam chegado morreram, todos estavam sem palavras, não pelas mortes, mas porque ninguém conseguia reagir minimamente. Quem quer que fosse alvo do Orc morreria.

Apesar de estar irritado com essas pessoas que vieram, Dimitri não ficou parado de braços cruzados vendo-os morrer, mas brandiu sua alabarda em direção a criatura.

Ting! Swish!

Defendendo-se com seu machado, o Orc Lord ficou furioso, suas tatuagens vermelhas, bem como seus olhos, brilhavam fortemente.

Muitos acreditavam na teoria de que os Orcs não podiam usar magia propriamente dita, mas que ao chegarem no nivel de Orc Líder, quando tatuagens surgiam em seu rosto, era quando a magia passava a integrar-se em seu corpo e tornar-se parte de sua força.

Quando a tatuagem brilhou, Barai empurrou com seu machado.

Bang!

Dimitri, que até então estava familiarizado com a força do Orc Lord, ficou perplexo, pois foi empurrado para trás.

Merda! Essa coisa tá tentando evoluir mais! Dimitri exclamou mentalmente, cheio de pavor.

O Orc Lord a sua frente era um recém ascendido, mas era claramente jovem e talentoso, então não era impossivel que sua força aumentasse, pois não havia chegado em seu limite.

O Major estava cheio de medo, se o Orc Lord chegasse ao nível intermediário a criatura teria a força de um General, nesse ponto ele não poderia fazer muita coisa além de fugir.

Nesse ponto Fernando e os demais haviam chegado, aproximando-se, retirou sua espada Formek da Pulseira de Armazenamento, bem como Lumeris, usando ambas as espadas atacou.

De repente, os olhos de Barai moveram-se para o lado, apesar de parecer distraído com Dimitri, a criatura nunca havia tirado sua atenção do jovem mago. Ele tinha que apaziguar sua humilhação, vendo-o se aproximar por vontade própria, um sorriso brutal surgiu em seu rosto.

Swish!

Seu grande machado foi movido, cheio de brutalidade e poder, indo em direção ao jovem humano que o feriu.

Fernando, que era alvo do ataque, tinha um rosto calmo, mas suas costas estavam encharcadas de suor frio. 

Boom!

Ativando seus Passos Tirânicos, move-se para o lado, mas para sua surpresa, quando surgiu a meio metro de distância, o Orc Lord estava novamente bem na sua frente.

Porra! Ele previu o que eu ia fazer!

A mente de Fernando congelou, até então todos os Orcs com quem lutou, tirando os Orc Líder, eram burros e dependiam apenas de força bruta, mas a coisa na sua frente parecia muito mais inteligente.

Nesse ponto, diante da morte certa, a mente de Fernando estava funcionando com tudo que tinha, o Disparo Neural estava ativo em sua máxima potência, tanto que sua cabeça parecia que iria explodir com a pressão. Ele pôde ver o grande machado descendo lentamente em sua direção. Apesar de conseguir ver o ataque vindo, seu corpo não se movia suficientemente rápido.

Nesse momento de vida ou morte, Fernando entendeu, não havia nada que pudesse fazer, não havia truques, Habilidades, magias ou qualquer outra coisa. Diante de poder absoluto, tudo que podia fazer era resignar-se, enquanto olhava para o par de olhos vermelhos escarlate que o encaravam, cheios de desprezo e crueldade.

Quando pensou que tudo estava acabado, viu alguém atrás do Orc Lord, um homem envolvido por uma névoa vermelha que cobria todo seu corpo, era Raul!