Capítulo 317 - Seu oponente sou eu
Kifon, o líder da Guilda Fúria, estava atordoado ao ver que suas tropas haviam sofrido grandes perdas e por um instante ficou sem palavras. “Como um batalhão recém-formado conseguiu fazer isso? Onde está Kenil e os outros? Esses inúteis!” gritou, com raiva.
Nesse momento, um dos últimos vice-líderes se aproximou, com uma expressão temerosa. “Senhor, eles estão mortos. Todos estão mortos.” disse com uma voz fraca.
Tanto Kifon quanto o homem de cabelos brancos ao seu lado ficaram chocados com a informação. Varrendo seus olhos pelo campo de batalha, Kifon percebeu que além do homem à sua frente, apenas mais um de seus vice-líderes estava lutando. Ou seja, dos seis vice-líderes da Guilda Fúria, quatro haviam caído.
O olhar de Kifon se contraiu ao notar isso. Por mais que parecesse um sujeito explosivo que agia por impulso, isso era apenas uma fachada. Com exceção de assuntos que envolviam mulheres, todas as suas ações eram meticulosamente calculadas.
Ao pensar no que havia levado a isso, lembrou-se da pequena ruiva que havia capturado mais cedo. Nunca havia imaginado que aquele simples ato levaria a esse banho de sangue. Apesar disso, não estava arrependido, mas sim cheio de raiva. Quem ousava contrariá-lo? Quem se atrevia a agredir sua guilda por motivos tão pífios? A ira de Kifon fez seu rosto ficar vermelho.
“Bernard, assuma o comando das tropas. Vamos varrer esses vermes”, disse cheio de raiva, então, após uma breve pausa, continuou: “E mande alguém para as celas especiais, mate a garota ruiva e traga a cabeça dela aqui.”
“Sim, senhor”, respondeu o velho homem, que mandou alguns homens para as celas especiais enquanto organizava os outros para assumir o comando da batalha.
Dando alguns passos à frente, Kifon apertou os punhos e arcos elétricos cobriram todo seu corpo.
Tzum!
Num momento, o homem estava num local, e depois de um flash de luz, estava a dezenas de metros, agarrando a cabeça de um soldado do Batalhão Zero. O homem era um jovem soldado e estava aterrorizado, segurando a mão que agarrava sua cabeça, tentando se libertar.
“Lixo.” disse Kifon, com nojo e desdém.
Tzzzi!
Uma forte carga elétrica foi disparada a partir da mão de Kifon, atingindo o jovem. Todo seu corpo se debatia violentamente.
Tsssi!
No final, apenas um corpo meio carbonizado restou, com uma leve fumaça e um cheiro de pele e cabelos queimados que se espalhou pela área.
As tropas do Batalhão Zero que viram isso ficaram abismadas.
“Matem ele!” Um dos homens gritou, mesmo que seu corpo estivesse tremendo, seu instinto dizia-lhe para agir agora ou seria tarde demais.
Reagindo ao grito do homem, todos correram em direção ao sujeito que os olhava enojado, mas logo um sorriso surgiu em seu rosto.
“Humph, é bem mais fácil quando todos vocês vem pra sua morte.”
Após dizer isso, os olhos de Kifon arregalaram-se, numa mistura de loucura e violência. Então, com velocidade pressionou o chão sob seus pés com a ponta dos dedos da mão direita.
Por apenas um segundo, um flash rápido como um trovão piscou, causando um estrondo. Logo uma sensação de surdez e confusão atingiu todos que estavam próximos, reverberando mesmo naqueles mais distantes.
Ploc! Ploc! Ploc! Ploc!
Um a um, todos que estavam num raio de vinte metros caíram no chão.
Uma garota viu o homem à sua frente parar por um segundo e no momento seguinte ele estava caído logo a frente de seus pés.
Todo o corpo da mulher tremia, se ela tivesse dado mais um passo, seria um cadáver como todos os outros.
Lina e Cintia não estavam muito longe. Com olhares perplexos, viram mais de quinze membros do Batalhão Zero morrerem, sem sequer conseguir reagir. Não só isso, todos no raio de ataque morreram, as tropas da Guilda Fúria não foram exceção.
Kifon levantou-se e abriu um largo sorriso.
“Insetos devem morrer como insetos.”
Não só as tropas inimigas, mesmo as aliadas estavam assustadas.
Swish! Swish!
Flechas dispararam em direção ao homem. Seus cabelos, na altura do pescoço, balançavam levemente. Então movendo a mão, repeliu o ataque com uma espécie de campo magnético. Seus olhos voltaram-se na direção dos ataques.
“Moscas irritantes.”
Tanto Lina, quanto Cintia, que foram as responsáveis pelo ataque, tinham rostos cheios de medo.
Depois de tantas batalhas e lutas de vida ou morte, elas instintivamente sabiam, seriam mortas se não fugissem!
Lina imediatamente correu para um lado, enquanto Cintia correu para o outro.
Tzum!
Um flash de luz piscou, atordoando muitos no local.
De repente, um grito soou em meio ao campo de batalha silencioso.
“Lina! Cuidado!!!” Era Cintia, que gritava desesperadamente ao longe.
Lina, que corria freneticamente, sentiu um arrepio em suas costas, que espalhou-se por todo seu corpo. Ouvindo o grito de sua amiga, ela não precisava olhar para trás para saber o que a esperava.
Com um olhar cheio de medo, jogou-se no chão e virou para trás, apenas para ver uma mão brilhando com arcos elétricos vindo em direção ao seu rosto.
Sem hesitar, cortou com uma adaga para cima. No entanto, antes que seu ataque atingisse, sua mão foi pega pela outra parte. Esse já estava logo acima dela, pressionando-a no chão.
Kifon estava com seu rosto quase colado ao dela, sorrindo de forma diabólica.
“Que desperdício.” disse, cheirando a região de seu pescoço.
Lina congelou, cheia de desespero. Desde que sua força aumentou, pensou que não precisava temer nada, mas agora sentia-se impotente diante desse inimigo.
“Se seu pequeno Tenente tivesse sido comportado, eu poderia deixá-la viver. Poderia até tê-la ao meu lado, como uma de minhas mulheres. Que pena, mas… Vou matar até o último de vocês.”
O breve sorriso doentio de Kifon sumiu, substituído por uma expressão de violência.
Lina viu isso cheia de terror. No momento seguinte todo seu corpo começou a convulsionar. Sua pele estava formigando, enquanto uma carga elétrica percorria todo seu ser. Sua visão ficou turva, tudo que conseguia ver era a expressão de satisfação do homem que a segurava.
“NÃO!!” Cintia gritou com todas as forças, sua amiga estava sendo morta e ela não conseguiria fazer nada.
Enquanto o pânico tomava conta de seu ser, algo aconteceu.
BOOM!
Uma figura, vestida com uma armadura negra com linhas finas brancas, surgiu logo atrás de Kifon, que pressionava Lina no chão. Sem hesitar, essa pessoa levantou sua espada e desceu para baixo.
O líder da Guilda Fúria sentiu uma presença atrás dele e imediatamente parou de usar sua magia na mulher semi-morta. Seu corpo tornou-se um flash de luz, enquanto ele sumia daquele lugar.
A espada, da figura que surgiu, parou, a centímetros de atingir Lina. Essa pessoa não era outra senão Fernando.
Lina… pensou, olhando para a mulher que tinha largas queimaduras por todo o corpo.
Com uma expressão de tristeza, Fernando agachou-se ao seu lado. Seu coração estava tão pesado quanto um martelo de ferro. Isso havia acontecido porque ele foi lento demais.
“L-líder.” Uma voz fraca e quase inaudível soou.
Fernando levantou o rosto, cheio de choque. Olhando para o rosto da garota, um de seus olhos estava entreaberto, mal aguentando manter-se.
Ela ainda está viva! Fernando gritou mentalmente. Apressadamente segurou seu peito. Logo uma leve luz branca acendeu-se em sua palma, era a Magia de Cura que ele vinha treinando por todo esse tempo.
Era visível a olho nú, o tecido queimado em seu peito e braços começou a se curar lentamente. A respiração da garota que antes era quase nula ficou mais forte, fazendo seu peito subir e descer, enquanto parecia tomar ‘goles de ar’.
De repente, Fernando interrompeu o processo de cura. A cerca de dez metros a sua frente um homem estava parado, olhando-o de forma arrogante.
“Deve ser você, o pequeno inseto que me causou todo esse problema, certo?” Kifon falou, num tom de superioridade e calma.
Fernando, que estava agachado, levantou seu olhar lentamente. A expressão em seu rosto que antes era de preocupação, agora havia se tornado tão fria quanto gelo.
Com uma certa hesitação, se pôs de pé. Sentia que a respiração de Lina ainda era fraca, mas não podia se dar ao luxo de manter-se com a guarda baixa. Se o sujeito atacasse enquanto ele estava desprotegido, ambos morreriam.
“Lina!” Cintia gritou, enquanto se aproximava.
Ambos, homem e jovem, se mantinham focados um no outro, sem desviar seus olhares. Mesmo quando Cintia caiu de joelhos ao lado de Lina, nenhum dos dois esboçou qualquer reação, como se não estivessem vendo-a.
Nesse ponto, as tropas de ambos os lados começaram a aproximar-se.
“Recue, leve-a para um lugar seguro.” Fernando falou, num tom baixo.
Cintia, que ouviu isso, não se atreveu a olhar para Fernando ou Kifon. Sem hesitar pegou Lina nos braços e correu.
Os olhos do Líder da Guilda Fúria desviaram-se dos do jovem Tenente, seguindo a mulher.
Tzum!
Um flash de luz piscou, aproximando-se de Cintia. No entanto, um grande estrondo soou quase ao mesmo tempo.
BOOM!
Um flash branco e um borrão vermelho cruzaram-se em alta velocidade.
“Seu oponente sou eu.” Fernando disse, com sua espada Formek interrompendo o caminho de Kifon.
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