Capítulo 364 - Uma ameaça
Fernando viu toda aquela cena com os olhos arregalados. Poderosas magias de larga escala bombardeavam os Orcs e o chão acendeu-se em meio a chamas e trovões, enquanto as criaturas gritavam horrorizadas. Era como estar de frente para o fim do mundo.
BOOM!
Um Major pousou pesadamente no chão e, na área ao redor, gigantescas estacas de terra subiram, matando instantaneamente dezenas de Orcs.
Os Majores eram como leões, predando uma manada de herbívoros indefesos. Os Capitães não ousavam se aventurar sozinhos de forma tão ousada, alguns apenas lançavam magias enquanto levitavam e outros lutavam junto a outros Capitães ou apoiando seus superiores no solo.
“Nalt, grush kurrauz!” (Levantem-se, contra-atacar!) Um poderoso urro soou.
De repente, milhares de lanças, pedras, machados e machadinhas voaram pelo ar em alta velocidade, fazendo com que os Capitães criassem barreiras ou se abrigassem contra a saraivada de ataques atrás das feitas pelos Majores.
Bang! Swish! Crack!
A enxurrada de ataques os atingiu com violência, fazendo com que até mesmo a barreira de alguns Majores rachasse levemente. Ao mesmo tempo, um Capitão, que havia se afastado demais do grupo, foi pego em cheio. Sua fraca barreira criada apressadamente foi destruída rapidamente e seu corpo acabou sendo destroçado.
Dezenas de Orcs avançaram em direção ao grupo, com vários saltando para alcançar aqueles que estavam no ar.
Bang! Swish! Boom!
Os Majores e Capitães, receberam os Orcs que vinham em sua direção com ímpeto total, enfrentando-os de frente, enquanto alguns levitaram mais alto no ar, para continuar a bombardeá-los com magias.
“Ukh!” (Vão!)
Não muito longe, um alto rugido pôde ser ouvido. Um gigantesco Orc, com olhos vermelhos brilhantes, tatuagens vívidas e uma grande barriga redonda, avançava com milhares a seu reboque, enquanto arrastava um gigantesco e pesado martelo. Era um Orc Lord!
“Finalmente apareceu!” Herin disse, com um sorriso. Os outros Generais assentiram.
O principal objetivo deste ataque era eliminar esse Orc Lord e precisariam fazê-lo rapidamente.
Mesmo que o grupo de ataque fosse composto por dezenas de Majores, Capitães e seis Generais, a quantidade de Orcs era simplesmente muito alta, quase 25.000. Se não tomassem cuidado, poderiam acabar sendo subjugados.
Uma batalha total com tão poucos deles, mesmo que poderosos, era impossível. O gasto de mana com as barreiras era extremamente alto, sem falar das poderosas magias de ataque. Contra números absolutos, mesmo um General poderia cair se fosse descuidado.
“Comecem!” Wayne gritou, enquanto olhava para a gigantesca criatura, com quase 2,60 metros de altura.
Os seis Generais, que não haviam atacado uma única vez, avançaram, espalhando-se.
Os dois Generais das Legiões menores foram para o lado esquerdo, enquanto Herin e Dimitri foram pela direita. O dever deles era ajudar a enfrentar a enxurrada de ataques. Wayne e Zado seguiram em frente, em direção ao Orc Lord e os milhares que o seguiam.
Bang! Crack! Boom!
O confronto entre as duas partes explodiu em uma batalha furiosa, os Orcs saltavam sem parar para alcançar aqueles que não estavam no chão. Centenas deles vinham voando como kamikazes, apenas para explodirem no ar nas mãos das magias dos seus oponentes.
Swish!
Um Capitão avançou de forma destemida. A cada movimento de sua espada, um inimigo cairia. Seu sorriso calmo mostrava que a situação estava totalmente sob seu controle. De repente, sentiu algo em sua perna. Um Orc, que teve o peito perfurado pela sua espada, agarrou-se ao seu calcanhar com suas últimas forças, olhando-o com uma expressão fervorosa.
“Lixo insolente!” O homem disse, levantando sua espada para perfurar a cabeça da criatura, no entanto, sentiu uma sensação de perigo atrás dele. Virando seu rosto, todo seu corpo tremeu.
Um Orc, com listras vermelhas em seu rosto, estava o olhando, enquanto seu grande machado se aproximava de seu pescoço.
“N-nã-!”
Swish! Ploft!
A cabeça do homem voou longe, e seu corpo caiu sem vida.
Do outro lado, um Major, que usava Magia de Vento, tinha uma espécie de ciclone em torno de seus dois braços. Sempre que um inimigo vinha em sua direção, ele os atingia, lançando uma mistura de sangue, carne e ossos para todos os lados.
Nesse momento, Zado, com olhos furiosos, ergueu o braço esquerdo, enquanto voava em direção ao Orc Lord.
“Morra para mim, criatura imunda!” Assim que ele disse isso, abaixou o braço, então um poderoso estrondo ecoou.
Splash! Bang!
Uma pesada pressão abateu-se sobre o Orc Lord. Era tão alta que a criatura parou por um momento, curvando-se levemente, então levantou seu rosto em direção a Zado.
Os Orcs ao redor caíram pesadamente no chão, com alguns explodindo em poças de sangue. Seus músculos foram esmagados e seus ossos quebrados devido a pressão que os afundava no chão.
Pa!
O Orc Lord logo se ergueu e deu um passo, enquanto ainda puxava o grande martelo, o que surpreendeu o velho e o fez estreitar os olhos.
Pa! Pa!
A criatura deu mais dois passos, então puxou seu grande martelo para o alto.
Vendo isso, os olhos de Wayne se arregalaram. Como alguém que estava acostumado a lutar ao lado de Zado, este sabia o terrível poder da Magia de Gravidade do sujeito. Ver o inimigo forçando-se tão facilmente sob o domínio da magia de seu companheiro, instintivamente o fez levantar sua guarda.
“Seja cuidadoso! Não é um Lord Dobat comum!” Após dizer isso, moveu seu pulso e dezenas de lanças surgiram ao seu redor, pairando em seu entorno.
Erguendo a mão direita, numa posição de agarrar, Wayne segurou uma e a brandiu para frente, fazendo com que as outras dezenas de lanças se movessem juntas, como se estivessem conectadas.
Zado tinha uma expressão aborrecida. Se fosse um Orc Lord fraco, esse ataque seria o suficiente para imobilizá-lo completamente e até causar dano, por isso, deveria ser pelo menos um Lord Intermediário. Mesmo sem o aviso de Wayne, sabia que não seria tão fácil.
“Udautas izg marr shun fukisham shara!” (Hoje eu levarei a cabeça de dois humanos fortes!) A criatura gritou, enquanto levantava seu grande martelo.
Bang! Bang! Bang!
Se posicionando, atacou ferozmente várias vezes o chão, movendo, logo em seguida, o martelo em direção a seus dois inimigos, lançando diversos detritos, uma mistura de rochas e lama.
Zado recuou até Wayne e, logo após, criaram uma Barreira de Mana em conjunto, que bloqueou todos os projéteis com facilidade.
Vendo isso, o Orc Lord ficou furioso, enquanto seus olhos vermelhos brilhavam mais avidamente. A criatura deu alguns passos e logo começou a correr.
Boom!
Suas grossas pernas flexionaram-se, então ele saltou da mesma forma que os outros Orcs, jogando-se em direção aos dois Generais e diversos Majores e Capitães que estavam mais atrás. A visão em si era aterradora, era até difícil imaginar como algo daquele tamanho e peso conseguia pular tão alto.
Nesse momento, Wayne avançou, com sua lança na mão direita. Enquanto ele voava em alta velocidade de encontro com a criatura, as dezenas de lanças seguiam logo atrás.
O Orc Lord viu o humano vindo ao seu encontro, mas não hesitou, erguendo sua arma, pronto para bater de frente.
O gigantesco Orc, com sua enorme barriga e músculos densos, atacou ferozmente com seu martelo. Do outro lado, Wayne investiu com sua lança, que foi envolvida pelas outras como se fosse um cardume de peixes.
BOOOM! BANG!
Um grande estrondo soou, com o ar ao redor vibrando devido ao mana expelido do confronto.
O Orc Lord voou como uma bala de canhão, batendo pesadamente no chão e causando uma trilha de destruição por onde passava. No entanto, a situação não foi muito melhor para Wayne, que recuou, no céu, mais de trinta metros, passando velozmente por Zado.
Quando finalmente parou, o prestigiado General tinha olhos incrédulos, enquanto olhava para sua mão trêmula.
Zado e alguns Majores vieram rapidamente ao seu lado, ficando ao seu redor para protegê-lo da saraivada de lanças, machados e pedras, que vieram logo em seguida, dos Orcs abaixo.
“O que houve? Quase nunca te vi perder num confronto direto.” O General, que tinha olhos arregalados e usava Magia Gravitacional, falou, olhando-o fixamente.
A expressão confusa de Wayne só durou um momento, então acalmou-se.
“Não é um Orc Lord Intermediário comum, ele está próximo de se tornar um Soberano.”
A expressão de todos ao redor mudou ao ouvir isso.
Normalmente, os confrontos com Orcs Dobats, em sua maioria, se dava contra Orcs Lords recém Ascendidos, com alguns poucos Intermediários. Era incomum de se ver algum Soberano Dobat, e quando um surgia no campo de batalha, seria necessário uma grande movimentação, seja de alguns Generais, do nível Paladino/Mago Sênior ou mesmo um Cavaleiro/Grande Mago para contrapolo.
A expressão de Zado escureceu levemente com essa informação, felizmente para eles a criatura ainda não havia se tornado um Soberano e estava apenas no ápice de um Lord Intermediário, caso contrário, essa operação seria um desastre.
“Isso vai ser complicado.”
Um Orc Lord Intermediário no Ápice poderia ser até mais forte do que um General poderoso, o que significava que seja ele próprio ou Wayne, nenhum deles conseguiria lidar com a criatura em pouco tempo, o que seria um grande problema.
Mesmo que seu grupo de elite fosse repleto de Capitães, Majores e Generais, havia um limite para o que poderiam fazer contra milhares de Orcs sem o apoio de um exército. Se não fossem cuidadosos, todo seu mana iria se esgotar e eles seriam caçados um por um pelo Lord e seus Orcs Líderes.
“Mudança de planos, vamos reunir todos os Generais, atacar juntos e derrubar aquela coisa o mais rápido possível!” Wayne disse, com um semblante calmo.
Inicialmente ele havia dado a Herin, Dimitri e os dois Generais das Legiões menores a missão de conter as ondas de Orcs, o que faria com que a carga sobre ele e Zado fosse menor, podendo eliminar a criatura. Mas isso só funcionaria se o mesmo fosse, no máximo, um Orc Lord Intermediário comum.
Alto no céu, sendo segurado por Boris, Fernando observava a batalha que se desenrolava. Sua expressão era complicada, ele estava sentindo um misto de emoções.
Mesmo que individualmente os Orcs Dobats comuns fossem comparáveis a um Soldado de elite, quando milhares deles estavam unidos, mesmo os Capitães seriam mortos facilmente.
Enquanto observava as cenas e tentava guardar o máximo delas em sua mente, sentiu uma sensação estranha, então olhou para a floresta abaixo.
Fernando não sabia exatamente o que era, mas a sensação parecia familiar.
Será que…
“Capitão Boris, poderíamos descer por um momento?” O jovem Tenente perguntou.
O sujeito, que também observava a batalha que ocorria ao longe, franziu a testa com o inusitado pedido do rapaz.
“Tenente Fernando, mesmo que os Orcs estejam focados na luta, ainda deve haver alguns grupos na floresta voltando para o acampamento. Lá embaixo é perigoso.”
A expressão do rapaz mudou ao ouvir a negativa.
“Capitão, eu acredito que alguns dos membros do meu Batalhão possam ter sobrevivido. Então por favor, só por um momento, preciso verificar.”
Boris ouviu isso com surpresa, olhando para a floresta abaixo, perguntando-se se o rapaz havia conseguido ver algo dessa distância. Levando em conta que ele era um Usuário de Habilidades, poderia ter algum tipo de Habilidade relacionada a acurácia visual e/ou auditiva.
Apesar disso, manteve-se firme em sua negativa.
“Desculpe, Tenente, mesmo que seja esse o caso, não posso fazer isso. A ordem do General Dimitri foi mantê-lo em segurança. Além disso, logo a batalha vai acabar, assim que isso acontecer, teremos que recuar, pois os Orcs irão tentar nos perseguir o máximo possível.”
O punho de Fernando apertou-se com força, mas isso só durou um momento.
Movendo o pulso, retirou algo de sua Pulseira de Armazenamento. Era uma única e brilhante moeda de ouro.
“Eu só preciso de cinco minutos, senhor.” disse, erguendo a moeda para perto do sujeito.
A expressão de Boris mudou muito ao ver isso.
O salário de um Capitão era de duas moedas de ouro, ou duas mil moedas de prata em conversão direta, ou seja, o rapaz estava oferecendo o equivalente a metade de seu salário na Legião, apenas para olhar na floresta abaixo por alguns poucos minutos.
Uma moeda de ouro não era um valor pequeno e que poderia ser ignorado. Se Fernando estava oferecendo algo assim, significava que valorizava muito seus companheiros de Batalhão.
Sem dizer nada, Boris silenciosamente pegou a moeda e começou a descer.
“Só cinco minutos. Depois disso, vou levá-lo para fora daqui, mesmo que eu tenha que usar a força, entendido, Tenente?”
“Sim, senhor!” Um leve sorriso levantou-se nos cantos da boca do jovem pálido. Mesmo que Boris fosse um sujeito sério e altamente disciplinado, ainda sim acabou sendo subornado por ele.
Por um lado, estava satisfeito por poder convencê-lo. Por outro, estava um pouco triste sobre como as pessoas se dobravam moralmente quando havia dinheiro e benefícios envolvidos.
Balançando a cabeça, deixou esses pensamentos de lado, havia algo mais importante para se preocupar nesse momento, ele precisava encontrar algum vestígio de Theodora e dos outros.
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