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    Enquanto Fernando e Boris desciam lentamente em direção à floresta, o jovem Tenente deu uma última olhada na batalha do grupo de elite contra os Orcs. Uma linha de Majores estava no alto do céu, preparando um grande bombardeio de magias para conter a investida dos inimigos.

    À medida que o tempo passava, estavam demorando mais para lançarem magias poderosas, hora e outra bebendo, cautelosamente, poções, o que significava que estavam economizando mana. Assim como Boris disse, essa batalha não duraria por muito mais tempo.

    Isso o fez pensar sobre como os números eram importantes numa guerra. Por mais que alguém fosse poderoso, em frente a avalanches de inimigos, tudo que essa pessoa poderia fazer era resistir brevemente ou fugir.

    Ao pensar nisso, lembrou-se de Ferman, um Cavaleiro. O poder que o homem demonstrou naquele dia, era muito superior a qualquer Major ou mesmo General ali presente. Um único de seus ataques foi o suficiente para afugentar o exército dos Orcs. Essa era a força de um Cavaleiro!

    No entanto, tudo isso só foi possível devido a eles terem vencido um dos Orcs Lord e grande parte do exército que cercavam Belai. Se eles tivessem falhado, era difícil saber se os Orcs Dobats do Clã Gazuru recuariam ou apostariam numa luta de resistência. 

    Caso as tropas de Vento Amarelo não tivessem chegado, um dos Cavaleiros da Raça Humana poderia ter caído naquele dia.

    Logo, Fernando e Boris chegaram a altura do topo das árvores e seguiram, lentamente, descendo em direção ao chão. Mesmo que o homem fosse um Capitão, voar carregando alguém por tanto tempo parecia estar o desgastando aos poucos, então quando tocaram o solo, o sujeito deu um leve suspiro, enquanto tirava uma Poção de Mana para beber. Recarregar o mana também servia como uma contingência, caso encontrassem inimigos.

    O jovem Tenente não perdeu tempo e assim que colocou os pés no chão, começou a tentar sentir aquela sensação estranha de antes.

    Não é como se Fernando tivesse um sentido tão apurado que poderia localizar algum de seus companheiros em meio a todo esse caos, mas havia algo que o ligava a Theodora e os outros, e isso era o contrato de servidão com Brakas.

    Como nunca havia se distanciado tanto do Beholder, ele nunca reparou nisso, mas agora, mesmo que por um momento, havia conseguido sentir um leve rastro do mana, algo que o chamava. No entanto, devido a intensa batalha que estava se desenrolando, liberando quantidades avassaladoras de mana, a sensação estava confusa e distorcida para alguém de seu nível.

    Vendo o jovem Tenente parando e olhando em volta, depois se aproximando de uma árvore e tocando nela, Boris ficou confuso.

    O que ele está fazendo? pensou.

    “Vamos, por aqui.” Fernando disse, depois de um breve momento.

    O Capitão franziu a testa ao ver que o rapaz planejava explorar o local, apesar disso teve de suspirar e seguir logo atrás. Uma vez tendo aceitado o suborno, deveria cumprir com sua parte e esperar o tempo que foi acordado.

    Trotando pela mata, Fernando sentiu algo novamente. Era uma sensação estranha, como se algo familiar estivesse por perto. No entanto, enquanto pensava nisso, viu algo pelo canto do olho.

    Swish!

    Algo veio voando em sua direção, conseguindo desviar por pouco e passando a poucos centímetros de seu rosto, era um enorme machado! Fernando rapidamente olhou para a direita, lá havia um Orc! 

    Se não fosse seu Disparo Neural que melhorava seus reflexos, talvez tivesse se ferido nesse ataque surpresa.

    “Cuidado.” Boris disse, com calma, se posicionando à frente do rapaz e sacando sua lança, porém, logo outro Orc surgiu atrás do primeiro e com ele muitos outros apareceram, fazendo-o franzir a testa.

    “Vamos acabar logo com isso.” Fernando disse, sacando suas duas espadas.

    “Esp-” 

    Boom!

    Antes que o Capitão pudesse dizer algo, o rapaz avançou em alta velocidade, deixando Boris irritado.

    Sem escolha, o homem seguiu logo depois.

    Com a Formek em sua mão direita, Fernando cortou com força em direção ao peito do primeiro Orc.

    Swish!

    A criatura foi pega de surpresa, sem tempo de reagir,

    “UOOOH!” O Orc gritou, quando a espada cortou do seu ombro direito até a base de sua barriga, fazendo com que os seus órgãos começassem a cair, enquanto o próprio se debruçava no chão, dando seu último suspiro.

    Crack! Crack!

    Fernando estalou o pescoço e o braço num movimento circular. Como não havia descansado muito, seu corpo estava tenso. Após isso, levantou seu olhar, observando de forma fria as criaturas ao redor.

    Os Orcs, ali perto, ficaram assustados, principalmente ao verem o olhar calmo e ameaçador do Humano a sua frente, mesmo estando quase cercado.

    Apesar do medo, as criaturas verdes, com os seus caninos inferiores grandes e músculos acentuados, não eram uma raça de covardes. Com seus números em quase vinte, rapidamente atacaram.

    Swish! Bang! Crack!

    Fernando deu um passo para trás, desviando com facilidade de um Orc que o atacou e, logo em seguida, o chutou com a perna esquerda na coxa esquerda do mesmo, emitindo o som de ossos quebrando. 

    Antes que a criatura gritasse, sua cabeça já estava caindo no chão, enquanto o fio levemente vermelho da espada Luméris cruzava o ar de forma limpa.

    Boris, que chegou logo em seguida, viu aquela cena com surpresa. A força do jovem Tenente não era simples.

    Cerca de menos de dois minutos depois, Boris e Fernando estavam parados no meio da mata. Ao redor, dezenas de corpos de Orcs estavam espalhados.

    O homem alto moveu sua grande lança, respingando sangue do fio no chão. Então olhou para o rapaz ao seu lado, com um olhar inquieto.

    Essa força… pensou, de forma intrigada.

    Era de conhecimento comum, que apesar de ser nomeado Tenente, a força do jovem era insuficiente para essa posição, sendo nomeado apenas devido ao poder de Ilgner e alguns outros subordinados capazes. 

    No entanto, pelo que havia visto agora pouco, deduziu que a força de Fernando poderia estar no calibre de um Tenente em seu pleno direito. Pois, enquanto matava rapidamente os inimigos, o Capitão viu o jovem enfrentando um Orc que parecia estar no nível de um Subtenente e mesmo assim acabou o subjugando sem muitos problemas.

    Apesar do olhar inquisidor de Boris, o rapaz pálido o ignorou, seguindo para o Sul, rumando em direção ao acampamento dos Orcs, onde a batalha estava acontecendo.

    Num último momento, olhou para os corpos dos caídos no chão com alguma pena, pois se houvesse mais tempo, ele certamente recuperaria ao menos seus cristais, mas tempo era algo que ele não tinha naquele instante.

    “Pare aí, Tenente, é perigoso nos aproximarmos mais. Se encontrarmos um Orc Líder com um grupo, nem mesmo eu poderei te proteger.”

    Fernando olhou de forma calma para o homem, então voltou a andar.

    “Só um pouco mais, se eu não achar nada, voltaremos.”

    O homem alto queria dizer algo, mas lembrando de como seus bolsos estavam cheios devido ao jovem, hesitou.

    Enquanto andava, de repente, Fernando parou, olhando numa certa direção. Haviam três corpos de Orcs mortos próximos a uma grande árvore.

    Com passos firmes e uma expressão calma, aproximou-se, abaixando-se ao lado dos corpos.

    Boris olhou aquilo com uma expressão estranha.

    “Pousamos longe daqui e ninguém do nosso grupo veio nessa direção. Talvez isso seja algo feito pelos seus homens?” perguntou, com curiosidade.

    Fernando ficou em silêncio, então puxou o corpo do Orc morto, virando-o para cima. A criatura estava com um corte limpo e profundo na garganta, enquanto os outros tinham ferimentos na cabeça e parte de trás do pescoço.

    “Parece que foram golpes rápidos e precisos. Tudo indica uma tentativa de silenciar as criaturas sem deixá-los fazer barulho.” Boris deduziu, ao ver os ferimentos.

    Em resposta, o jovem sorriu fracamente, ele sabia exatamente quem era o responsável por isso. Esse estilo de combate preciso e rápido era algo que poucas pessoas eram capazes, mesmo dentro do Batalhão Zero.

    Theodora, você está viva? perguntou-se, com uma expressão de dúvidas.

    Mesmo não sendo um especialista em investigação, ele conseguia ver muitas pegadas dos Orcs ao redor e pareciam ser recentes, o que indicava que mesmo sob a tentativa de não alertar os inimigos, as criaturas passaram em grande número naquele local, como se procurassem por algo.

    Fernando levantou-se e estava prestes a continuar a procurar, mas sentiu um leve calafrio, ao mesmo tempo uma sensação familiar. Então levantou sua cabeça, olhando para as partes altas da grande árvore que estava próxima.

    Boom!

    Sem dizer nada, flexionou as pernas e saltou para o alto, atingindo rapidamente alguns metros de altura, agarrando-se em um dos galhos da árvore. Logo, usando a força de seus braços para erguer-se, ficou de pé sobre o galho.

    Boris tinha uma expressão de confusão em relação às atitudes do Tenente, mas logo começou a levitar, indo em direção ao jovem. Porém, antes que chegasse nele, o mesmo saltou novamente, escalando a grande árvore.

    Já chega! Estamos perto demais, se o General Dimitri descobrir sobre isso… pensou, temendo as consequências de desobedecer suas ordens.

    Além disso, o rapaz parecia um macaco, saltando de galho em galho, o que o deixou ainda mais irritado.

    Aumentando sua velocidade de subida para pegar o Tenente e voar para longe, ele viu o rapaz pálido parando acima de um grande galho.

    Assim que chegou, Boris viu Fernando se abaixando para pegar um anel vermelho, que estava sobre a madeira da árvore.

    Como algo assim estava naquele lugar? E o mais importante, como Fernando o havia encontrado?

    “O que é isso?” perguntou, achando a situação estranha.

    O jovem Tenente não respondeu imediatamente, pegando o anel em suas mãos e se erguendo.

    Ao colocar seu mana no item, sentiu a presença de vários seres, assim como a sensação de alguém querendo sair. Vendo quem era, um largo sorriso apareceu em seu rosto.

    “Um resgate.” disse, de forma calma. 

    Então colocou o anel em seu dedo anelar direito e, após isso, levantou a mão com o punho fechado, logo um portal negro apareceu ao seu lado.

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