A escuridão do túnel os envolveu enquanto Louie e o homem de cabelos grisalhos avançavam rapidamente, com os passos ecoando suavemente nas paredes de pedra. O ar ali era pesado, mas ao mesmo tempo, um tipo de frescor misterioso parecia emanar daquelas profundezas, como se o lugar fosse uma existência à parte, fora do alcance do mundo lá em cima. Cada metro percorrido parecia afastá-los mais da realidade que Louie conhecia — uma sensação que, ao mesmo tempo, o assustava e o fascinava.

    O túnel parecia interminável, mas de repente, uma luz suave apareceu à frente. A luz não era ofuscante, mas cintilava suavemente, como se fosse parte de algo maior, de algo que não deveria ser visto por muitos. O homem com ele, sem dizer uma palavra, conduziu Louie até a entrada, e, ao atravessá-la, a visão que se revelou diante deles era de uma cidade gigantesca que parecia ser parte de um sonho.

    Áurea.

    Era o nome que Louie ouviu do homem enquanto o mesmo o guiava pelas ruas iluminadas daquela cidade subterrânea. “Áurea”, como o ouro — uma cidade escondida sob as águas escuras do Guaíba, mas que parecia mais avançada e vibrante do que qualquer outra cidade que Louie já conhecera. As construções eram feitas de materiais que pareciam misturar metal e cristal, refletindo a luz suave das lâmpadas energizadas que estavam espalhadas por toda a cidade. Era uma cidade inteira submersa na tranquilidade e prosperidade, cheia de vida e cor.

    As ruas eram largas, com padrões geométricos trincados no piso, iluminadas por luzes que flutuavam no ar. O céu acima era artificial, uma cobertura de vidro e metal que refletia um ambiente mais brilhante e claro do que qualquer lugar acima da superfície, enquanto a lua artificial brilhava sobre a cidade. Era como se um pedaço de outro mundo tivesse sido trazido para aquele esconderijo subterrâneo. As pessoas que caminhavam por ali estavam vestidas com roupas modernas, mas suas expressões carregavam rostos alegres e felizes, mesmo que vivessem em uma sociedade que estava acostumada a viver escondida.

    O ambiente era futurista, mas não opressor. As fachadas dos edifícios reluziam com um tom dourado, e as estruturas, mesmo parecendo pesadas, possuíam linhas elegantes, como se o design estivesse em harmonia com a natureza do lugar — um equilíbrio entre o artificial e o orgânico.

    A cidade era dividida em diferentes níveis, como um labirinto de plataformas e passarelas suspensas. Louie não sabia para onde olhava primeiro, as imagens se sobrepondo em sua mente: os carros que passavam silenciosamente por ruas elevadas, as pontes que conectavam os prédios mais altos, o som suave das águas que fluíam nas canalizações abaixo do nível da cidade.

    No centro da cidade, havia uma grande praça, onde uma enorme estátua de um ser humanoide, com traços sombrios e serenos, quase uma sombra viva, parecia observar os habitantes que passavam por ali. Era uma figura que Louie não reconhecia, mas havia algo de profundo na escultura, como se ela guardasse algum segredo sobre a cidade e o seu povo.

    Louie não pode deixar de o encarar, tentando o decifrar, porém, falhando miseravelmente.

    O homem de cabelos grisalhos então o questiona com um leve sorriso.

    — Se interessou pela estátua?

    Louie tira o olhar da estátua agora voltando-se ao homem grisalho.

    — Só estava tentando o reconhecer…

    O homem de cabelos grisalhos rapidamente solta uma breve risada, Olhando para a estátua e falando para Louie.

    — Duvido muito que consiga, nem mesmo nos sabemos quem realmente é esse ser.

    Louie olha surpreso, o questionando.

    — Sério?! — Louie novamente se vira para estátua — Então, porque fizeram uma estátua de alguém que nem conhecem?

    O homem o responde.

    — Pelo que nos é ensinado nas escolas aqui, essa estátua está aqui desde a criação dessa cidade. Provavelmente foi algum rei ou um deus que os povos antigos e criadores daqui acreditavam. Mas por não sabermos é justamente o motivo de não mexermos, afinal é o único registo descoberto sobre a história dessa milenar cidade subterrânea.

    Louie então balança a cabeça falando.

    — Acho que consegui entender…

    O homem rapidamente fala.

    — Vamos ir, tem um lugar para o qual vou te levar…

    Dando as costas a Louie, que após uma última e breve olhada para a estátua segue o homem de cabelos grisalhos.

    O homem de cabelos grisalhos o conduziu até um edifício distinto, uma construção que parecia ser a mais antiga da cidade. Ele parou em frente à porta, e, sem uma palavra, fez um gesto para que Louie entrasse. O interior era impressionante, com paredes cobertas de símbolos e inscrições que Louie não conseguia entender. O ambiente estava repleto de livros e tecnologia avançada, uma combinação que desafiava a compreensão, como se a cidade tivesse conhecimento tanto da antiguidade quanto da ciência futurista.

    Antes que Louie pudesse explorar mais, o homem o guiou pelas escadarias até o terraço do edifício, e então, falou enquanto apontava para a gigantesca cidade subterrânea iluminada ao fundo.

    — Bem-vindo a Áurea, Louie — disse ele, sua voz grave, mas acolhedora. — Aqui, você estará a salvo. Mas a verdade sobre você e os poderes que carrega ainda está se revelando. E será aqui que aprenderemos o que você é realmente capaz de fazer.

    O homem de cabelos grisalhos, que Louie agora começava a perceber como um mentor, formou um campo de força psíquico ao redor deles, uma barreira invisível que os separava do resto da cidade, como se uma paz temporal fosse oferecida.

    Louie sentiu uma leve pressão ao redor de sua cabeça, uma sensação de proteção que o fez relaxar um pouco. Ele estava em segurança, mas ainda se perguntava por que estava ali, o que estava acontecendo e o que ele deveria fazer a seguir. O que ele sabia era que algo dentro de si o ligava àquela cidade — e ele sentiria isso profundamente em breve.

    Enquanto o mentor observava a cidade ao longe, Louie notou algo peculiar: ao fundo, um grande edifício pulsava com uma luz dourada. Parecia ser o centro da cidade, o coração pulsante de Áurea. Ele sentiu que aquilo era um sinal — um lugar onde ele deveria ir. Mas antes que pudesse falar, o homem interrompeu seus pensamentos.

    — A cidade está em um momento crítico, Louie. Não apenas você, mas muitos aqui, estão com medo de algo. Não apenas da organização que te persegue, mas de algo muito maior. O número de despertados Kaelums só vem aumentando, em algum momento será difícil esconder a existência de pessoas com essa condição do mundo, ainda mais com quase qualquer humano podendo despertar tais habilidades em determinadas situações. Essa cidade guarda segredos que ninguém nesses milênios sabem ou compreendem. E você, mais do que qualquer um, terá que fazer escolhas difíceis.

    Antes que Louie pudesse perguntar mais, o mentor formou uma esfera de luz dourada em sua mão.

    Manipulação temporal (Místico – Fé em Chronos)

    A manipulação do tempo é um poder raríssimo e profundo, oriundo da fé em Chronos,o deus do tempo, ou da vontade vinda do usuário sobre tal poder. Ao invocar essa habilidade, o usuário pode desacelerar, acelerar ou até mesmo congelar o fluxo do tempo por períodos limitados. Quanto mais forte a fé ou vontade do usuário, maior o controle sobre essa habilidade, podendo, em casos excepcionais, alterar o próprio curso do tempo. No entanto, manipulações excessivas do tempo podem levar a sérias consequências, como desequilíbrios temporais ou falhas no próprio corpo do usuário.

    O mentor olhou para Louie, seus olhos profundos e compreensivos.

    — Agora, a verdade começa, Louie. Aqui, neste refúgio, você aprenderá a dominar seus poderes. Mas lembre-se, nem todos os poderes são uma bênção. Cada um vem com seu preço.

    A cidade de Áurea, com sua luz dourada e seus segredos ocultos, agora se tornava o cenário para a próxima fase da jornada de Louie. E ele sabia, com uma certeza inquietante, que a paz que sentia ali não duraria para sempre.

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