No horizonte distante, a luz da manhã, com uma majestade celestial, continuava a pintar o céu de tonalidades douradas e rosadas que se mesclavam em um espetáculo de rara beleza. O sol, como um soberano benevolente, derramava seus raios sobre as ruas de pedra de Porto Alegre, banhando a cidade em uma auréola de calor e luz, como se abençoasse cada canto e recanto com sua radiante presença.

    Em meio a esse cenário de tranquilidade, Kael enfrentava os desafios no caminho de encontro a Emi e Nina Kaede…

    — Passado, é…? — Kael sorriu de canto, o olhar afiado como lâmina. — Veremos se sustenta o que diz.

    O encapuzado investiu, sua lâmina de energia assobiando como um trovão ao cortar o ar. Um ataque veloz, brutal, mas previsível.

    Kael não precisou de esforço. Seu corpo se moveu em um giro preciso, os pés quase flutuando no chão. Ele esquivou por centímetros e, no mesmo movimento, transformou a evasiva em um contra-ataque: um chute seco e devastador no estômago do adversário, que voou para trás como um boneco, colidindo com a barreira energética com um baque surdo.

    — Lento demais… — murmurou Kael.

    O segundo encapuzado arregalou os olhos, dominado pelo pânico. Ele sacou uma pistola roxa de dentro do manto — uma arma de tecnologia avançada, capaz de disparar projéteis que rasgavam campos de energia.

    Kael, no entanto, continuou andando. Calmo. Confiante.

    — O próprio corpo de um Kaelum… — sua voz cortava como trovão distante — …transcende os limites da natureza humana. Velocidade, força, intelecto — tudo ampliado além do mensurável. E vocês acharam que éramos definidos apenas pelos poderes.

    Num piscar de olhos, Kael desapareceu.

    Um som seco ecoou atrás do homem armado — e antes que ele pudesse se virar, Kael já estava lá.

    — Estranho… Por algum motivo, esse manto que tu está usando não me é estranho.

    O encapuzado sente o próprio sangue virar do avesso, percebendo que qualquer tentativa de fuga que fosse, seria completamente inútil.

    Kael lança a ele um olhar atravessado ao encapuzado, como se tivesse um breve flash de uma época que gostaria de apagar por completo.

    — Bom, não que isso importe muito.

    Diz Kael, atingindo-o com um golpe certeiro na nuca. O encapuzado caiu como uma marionete com os fios cortados.

    Kael puxou de dentro do manto o controle e desativou a barreira de energia com um gesto.

    Mas, assim que a barreira se dissipou… ele parou.

    Diante dele, dezenas de encapuzados surgiam das sombras, formando um semicírculo ao redor. Todos armados. Todos prontos.

    Kael estalou o pescoço com um leve sorriso.

    — Certo… Vamos dançar, então.

    O primeiro correu em sua direção — uma lança de plasma em mãos.

    Kael avançou, desviando com fluidez absoluta. Com um soco no diafragma, seguido de uma descarga elétrica liberada pelos nós dos dedos, o oponente caiu convulsionando.

    Outro veio logo em seguida, uma foice de energia oscilando no ar. Kael se abaixou, girou e atingiu as pernas do adversário com um chute, lançando-o ao chão. Um raio azul explodiu de seu punho, atordoando o corpo do inimigo como um trovão contido.

    E mais um. E mais outro.

    Sempre um de cada vez. Sempre espaçados.

    Kael parou por um segundo, o peito levemente arfando, olhos semicerrados. Os últimos raios ainda estalavam em seus braços.

    — Hm… Estranho. — Ele olhou ao redor. — Por que estão vindo assim? Um de cada vez?

    Mais dois vieram, coordenados, mas ainda com atraso entre si. Kael os derrubou com brutal eficiência, usando apenas o poder de Raio — cada golpe seu um trovão, cada movimento uma descarga elétrica concentrada.

    — Se quisessem me derrotar… viriam todos de uma vez. Sem chance de respiro. Sem padrão. — Seu olhar ficou mais sério. — Mas vocês estão ganhando tempo. Isso aqui é encenação. O verdadeiro objetivo é outro.

    A próxima figura aproximou-se devagar. Era mais imponente. Seu corpo começou a brilhar com reflexos metálicos. Pele, olhos, músculos — tudo se tornava aço vivo.

    — Interessante… — murmurou Kael, estreitando os olhos. — Isso não é só metal. Isso vive com você.

    O homem encapuzado retirou o capuz, revelando olhos dourados e uma expressão fria.

    ♦ Metal vivo (síntese do Elemento figurado Metal” + Elemento atômicoNíquel)

    O corpo do usuário se torna um composto biomecânico metálico, que mantém a mobilidade através de estruturas internas de contração eletromagnética (como músculos artificiais).

    Sem palavras, avançou com brutalidade. O chão tremia sob seus passos pesados, e seus socos, mesmo contidos, estouravam colunas ao redor. Kael desviava com facilidade, seus olhos brilhando com eletricidade contida.

    Com uma esquiva fluida, Kael girou e desferiu três socos certeiros no tórax do oponente. O impacto reverberou com estalos metálicos, mas o adversário apenas recuou um passo, sem demonstrar dor.

    — Nada mal, Kaelum… Mas isso não vai me parar.

    — É… eu percebi — disse Kael, flexionando o punho direito enquanto um leve estalo elétrico serpenteava entre seus dedos. — Então… deixa eu ver o que o meu raio de verdade faz com você.

    Com um movimento explosivo, Kael concentrou uma alta energia elétrica em seu braço. Seu corpo brilhou com intensa luz azul, e em um instante, ele disparou um soco relâmpago contra o adversário. O golpe foi bloqueado — o homem cruzou os braços revestidos de metal-vivo na frente do corpo, confiando na resistência da substância.

    Por um segundo, parecia que havia resistido. Mas então…

    Fissuras incandescentes surgiram nos braços metálicos. Em seguida, o metal derreteu como cera sob um maçarico de plasma. Os braços do oponente caíram inertes, fumegando, antes que ele ruísse de joelhos, derrotado.

    — Metal orgânico… bonito, mas ainda conduz corrente. E o meu raio tá muito longe de ser um simples raio comum.

    Kael olhou os outros membros,franziu o cenho, compreendendo. — Qual o objetivo de vocês ao tentarem ganhar tempo aqui?

    Todos ao redor ficaram em completo silêncio.

    — Entendi… Não vão falar né…

    Então, em um estante seu corpo se encheu de energia. Faíscas dançavam como serpentes ao redor de seus ombros. A atmosfera pareceu ficar mais pesada.

    — Então chega.

    Kael ergueu o punho para o alto. Uma esfera de raio se formou e, com um grito contido, ele socou o chão com força sobre-humana.

    BOOOOOOM!

    Uma onda de choque elétrica se espalhou em todas as direções, rachando o solo, fazendo as paredes vibrarem e o ar estremecer, mesmo em Áurea era capaz de sentir tal tremor, como se a terra virasse um palco de dança pros raios. Os encapuzados envolta de Kael tropeçaram, cambalearam, alguns já caindo com o impacto.

    No instante seguinte, Kael desapareceu em um clarão azul.

    Em um milésimo de segundo, ele surgiu atrás do primeiro, desferiu um golpe. Depois outro. E outro. Ziguezagueando como um relâmpago entre os inimigos, cada golpe era um trovão. Um a um, os encapuzados tombavam, como peças de dominó fulminadas.

    Silêncio.

    Quando o último corpo caiu, Kael parou no centro da sala. Seu punho ainda crepitava. Seus olhos ainda brilhavam.

    — Fim da dança, homem de lata.

    Kael envolve o homem de metal, e cria uma barreira roxa usando seu poder “Escudo mental” para o mover, dizendo por fim.

    — Terei algumas perguntas a ti quando chegarmos em Áurea…


    Assim como Porto Alegre estava sob o auge de sua manhã cintilante, Áurea resplandecia com um sol artificial que simulava perfeitamente o céu da grande cidade na superfície.

    Louie caminhava pelas ruas de Áurea, ainda tentando processar tudo o que acontecera. O dia estava calmo, com o som suave de passos ecoando pelas passagens luminosas da cidade subterrânea.

    Não fazia muitos minutos desde a partida de Kael, deixando a Louie apenas a dúvida incômoda sobre o estado de sua família.

    Mas então, algo — uma sensação estranha e desconfortável — o fez parar. Seus olhos se fixaram em uma silhueta à distância.

    Era uma figura feminina, encapuzada, de pele clara, com cabelos negros como carvão e olhos de um roxo vívido que brilhavam sob a sombra do capuz. Seu corpo era esguio, e sua postura, confiante e fluida, como se dançasse pelas ruas. Louie não sabia o porquê, mas, de algum modo, a reconhecia.

    A figura desapareceu em um beco estreito, e Louie não hesitou. Correu na direção onde ela havia sumido, movendo-se com rapidez pelas ruas iluminadas da cidade subterrânea. A jovem, estranhamente familiar, parecia desvanecer-se a cada curva — mas ele não a perderia. Algo dentro dele gritava que havia mais nela do que aparentava. Algo profundo. Algo ligado ao seu próprio destino.

    — Espere! — gritou Louie, mas a figura não parou.

    Com seus reflexos apurados e corpo ágil, Louie seguiu a silhueta entre as construções de cristal e metal que moldavam Áurea. Por mais que ela parecesse sempre um passo à frente, ele sentia que estava sendo guiado. Precisava encontrá-la. Precisava entender quem ela era — e o que significava para ele.

    Foi então que um tremor percorreu toda a cidade subterrânea, fazendo Louie perder o equilíbrio por um instante.

    — Um terremoto? Assim, do nada?

    Atordoado pela súbita oscilação do solo, ele olhou novamente na direção da garota de olhos como ametistas brilhantes.

    Mas era tarde demais.

    Ela havia desaparecido completamente na escuridão de um dos becos de Áurea.

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