Capítulo 5: Sombras da Perseguição
CAPÍTULO ANTERIOR:
— Bom, agora que pelo menos já foi avisado, se cuida ai.
Ele virou de costas, já indo embora, mas ainda acenando com a mão.
— nos veremos em breve… Louie Kaede.
Assim, a noite seguiu nas ruas quase desertas de Porto Alegre.
Os passos de Louie ecoavam baixos na calçada molhada, enquanto ele tentava processar tudo aquilo.
As luzes dos postes tremeluziam, como se hesitassem em iluminar os caminhos adiante.
Nada parecia ter sentido… mas uma coisa era certa:
Seja lá o que estivesse acontecendo, Louie tinha alguma relação em tudo aquilo.
— “Quem era aquele cara de agora há pouco…? O que ele realmente quer comigo? Será que dá pra confiar no que ele disse?”
A mente de Louie não parava.
Era como uma tempestade de perguntas que não deixavam ele respirar em paz.
Mas, mais do que tudo isso…
Tinha uma sensação esquisita que não saía de sua cabeça.
A noite estava mais escura, mais parada…
E mesmo assim, parecia que tinha alguém ali.
Essa estranha sensação de estar sendo… vigiado.
Louie olhava pros lados, os olhos procurando em cada canto da rua deserta.
O vento gelado batia no rosto, arrepiando seus fios de cabelos pretos, assim como balançavam as mechas esbranquiçadas.
E lá dentro, no peito de Louie…
O aperto e a dúvida só aumentavam.
— Aaaah… tô ficando louco, só pode.
Merda… tá tarde pra caramba. Melhor eu ir pra casa logo. — Diz Louie, olhando brevemente o céu escuro.
A voz dele ecoou pela rua… totalmente vazia.
Mas logo depois — um som diferente preencheu o ar.
O barulho de um carro, lá longe, começou a se aproximar.
Louie virou para olhar.
As luzes dos faróis bateram direto no rosto dele, cegando por um segundo.
— Que louco! Mesmo com pouco movimento, andar a essa velocidade… — Diz, enquanto protege seus olhos com o braço.
Mas tinha algo errado…
O carro não tava só passando — ele vinha direto.
Rápido demais. Certeiro demais…
Quando Louie percebeu seu estômago virou de ponta cabeça na hora.
Sem pensar, deu um passo pra trás — e então, correu…
Seu corpo se moveu sem pensar.
Quase como se fosse no automático.
Por instinto mesmo —
Como se lá no fundo ele soubesse… ficar parado ali não era uma boa opção.
Mas não foi rápido o bastante.
O carro brecou seco bem na frente dele — o barulho dos pneus cortou o silêncio da rua.
As portas se abriram quase ao mesmo tempo, e quatro caras desceram.
Todos usando mantos escuros.
O jeito que eles olhavam pra Louie era estranho. Frio. Como se já soubessem exatamente o que fazer com ele.
Ele sentiu na hora — Tinha alguma coisa errada ali.
E aqueles caras não estavam ali pra um bate-papo amigável.
— Ali! Pega ele! — gritou um dos caras, apontando direto pro Louie. — Rápido! Não deixa ele escapar!
O coração de Louie quase pulou pela boca. Nem pensou duas vezes — girou nos calcanhares e disparou rua abaixo.
O medo já tinha tomado conta do corpo inteiro.
O rosto dele mostrava tudo — pavor, confusão, puro desespero.
Só que, no meio daquela confusão toda, tinha algo diferente dentro do louie.
Uma coisa estranha…
Uma energia borbulhando, crescendo… como se quisesse sair. Mas ele não fazia ideia de como controlar aquilo.
Os passos atrás dele vinham rápido.
Secos, fortes, certeiros.
Como se os caras tivessem treinado a vida inteira pra correr atrás de alguém.
Louie sentiu na hora — se não fizesse alguma coisa, ia ser pego.
E não era questão de “cedo ou tarde”…
Era cedo. Bem mais cedo do que ele gostaria.
O desespero apertou o peito. Ele nem pensou direito… só reagiu.
Estendeu as mãos pra frente, como se fosse empurrar o ar.
Sentiu o calor subir pelos braços e, de repente —
ZZRRRRAAAAAAAACK!!
Um raio azul saiu com tudo dos seus dedos, iluminando a rua como um flash de câmera.
A explosão de energia acertou em cheio o homem que vinha mais perto.
Fazendo ele voar pra trás, batendo com força no chão.
Louie ficou paralisado por um segundo, ofegante, os olhos arregalados — sem acreditar no que tinha acabado de fazer.
Mas a surpresa não durou muito.
O homem se levantou.
Rápido.
Sem grunhido de dor, sem nem cambalear.
Só limpou a poeira da roupa como se nada tivesse acontecido.
E encarou Louie… com um sorriso torto no canto da boca.
— Tsc… — o homem estalou o pescoço, dando um passo à frente. — Porque não se rende logo?
★ Raio (elementos figurados)
› Raio (poder do tipo Elementos Figurados): O poder “Raio” de Louie permite que ele libere energia elétrica através de seu corpo. Essa habilidade é uma forma de manipulação dos elementos figurados, que representam energias não físicas, como eletricidade, magnetismo e radiação. No momento em que Louie usa esse poder de forma basica, ele libera raios de alta voltagem, mas, como ainda está em fase de aprendizado, o controle sobre a intensidade e direção da eletricidade é impreciso. Isso torna o poder imprevisível e potencialmente perigoso para o usuário e para os arredores. ‹
Louie ainda estava tentando se recuperar do choque quando o segundo homem partiu pra cima.
Ele era grande — corpo pesado, olhar escuro e intenso sob o capuz, pele tão clara que quase brilhava sob a luz fraca da rua. E ele vinha direto, sem enrolar, com a cara de quem sabia exatamente o que tava fazendo.
Mas o que Louie não esperava…
Era o que veio a seguir.
A pele do homem começou a brilhar com um tom esmeralda forte, vibrante.
Seus músculos cresceram de um jeito bizarro, como se algo dentro dele tivesse sido liberado de uma vez só.
Uma energia densa, agressiva, parecia vazar do corpo dele.
Louie deu um passo pra trás, engolindo seco.
— Mas que porra é essa…
O homem usou aquela força absurda e, num movimento só, mandou um soco direto no tórax do Louie.
A porrada foi tão forte que ele voou pra trás e bateu com tudo na parede.
No mesmo instante, Louie cuspiu sangue.
O corpo gritava de dor, mas ele sabia que não podia ficar parado — tinha que seguir em frente.
★ Fortaleza Física (fisico)
› Fortaleza Física (poder do tipo físico): A “Fortaleza Física” é um poder de aumento extremo da força física. O usuário pode aumentar a sua musculatura de maneira ilimitada, permitindo-lhe realizar feitos sobre-humanos, como destruir estruturas, levantar objetos pesados e esmagar inimigos com facilidade. No entanto, a habilidade exige controle, pois o uso excessivo da força pode prejudicar o próprio corpo. ‹
Louie tentou se manter de pé, mesmo cambaleando.
Mesmo com sua visão embaçada, e a dor pulsando forte no corpo inteiro.
Mas ele sabia — não dava pra travar ali. Não agora.
O homem vinha vindo de novo. Gigante, com aquela força absurda, pronto para apagar ele de vez.
Louie respirou fundo.
Não sabia como controlar aquilo que sentia dentro de si.
Nem sabia o que aquilo era, de verdade.
Mas alguma coisa lá no fundo, onde nem ele mesmo conseguia alcançar, parecia empurrá-lo pra frente.
Um impulso.
Uma reação pura, quase instintiva.
Não era coragem.
Era sobrevivência.
E no fundo… era também o medo de perder a chance de entender quem ele estava se tornando.
Louie fechou os olhos por um instante.
Tentou esquecer a dor, o medo, os passos pesados vindo na direção dele.
Só se concentrou.
Sentia algo correndo por dentro — quente, vibrando, quase como uma corrente elétrica misturada com fogo.
Era como se tudo dentro dele estivesse… agitado.
As moléculas, o corpo, a mente — tudo em movimento, tudo borbulhando.
Num impulso, guiado mais pelo instinto do que por qualquer lógica, ele deixou essa energia sair.
E quando o homem veio pra cima dele —
VUUUUUM!
Uma onda forte se espalhou em volta do Louie.
Como se o próprio ar tivesse se torcido num campo invisível.
Uma barreira apareceu, brilhando levemente em azul, fazendo o grandalhão bater de frente e voar para trás, se chocando contra um grande edifício, destruindo por completo a parede dele.
Louie abriu os olhos, ofegante.
Faíscas escapavam do seu corpo, dançando no ar como se ainda tivessem vida própria.
O olho esquerdo brilhava — era como olhar direto pra uma tempestade furiosa, prestes a desabar.
O direito… vermelho, intenso, como brasas vivas.
Mas, por um instante, foi tomado por um brilho azul que cortou tudo como um raio atravessando o inferno.
Ali estava ele.
Parado.
Respirando rápido, o peito subindo e descendo.
O escudo que o protegeu começava a desaparecer…
Mas, pela primeira vez em muito tempo, Louie não se sentia completamente perdido.
Tinha algo ali.
Dentro dele.
E agora, ele finalmente aceitava isso.
★ Íons (elemento atômico)
› Íons (poder do tipo Elementos Atômicos): “Íons” permite que Louie manipule a estrutura das partículas atômicas ao seu redor. Ele pode alterar a composição química e a interação entre átomos e moléculas, criando repulsões magnéticas ou até mesmo alterando a matéria ao seu redor. Embora esse poder seja altamente potente, ele é extremamente complexo de controlar e, muitas vezes, resulta em reações imprevisíveis. O controle inadequado pode gerar efeitos descontrolados e perigosos, tanto para Louie quanto para o ambiente, o demonstrado por Louie não passou de uma reação desesperada pela própria sobrevivência, e por mais que fosse uma reação fraca, foi motivada pelo seu desejo sobre a vida que ainda estava a construir. ‹
O impacto do brutamontes foi tão forte que até os outros encapuzados pararam por um instante.
Ficaram ali, encarando o Louie como se não soubessem se deviam continuar ou sair correndo.
Mas o clima de surpresa durou pouco.
O líder deles — um sujeito de cabelo curto, olhos verdes que quase brilhavam, e um terno tão chamativo que parecia saído de um palco — deu um passo pra frente.
Fez um gesto com a mão, exagerado, tipo maestro no meio de uma ópera.
— Sejam elegantes e vão… Agora.
Foi o suficiente pros outros se mexerem de novo, preparando o próximo ataque.
Só que, antes mesmo de qualquer um deles dar o primeiro passo…
Alguém apareceu.
Do nada. Sem som, sem alarde —
mas com uma presença tão pesada que todos congelaram no lugar.
O ar ficou mais denso. Quase sufocante. Como se algo invisível tivesse apertado o peito de todo mundo ali.
Um homem de meia-idade surgiu, caminhando com tranquilidade entre os destroços do confronto.
Assobiava baixo, num ritmo estranho e lento —
fiu… fiu-fiufiu… fiu…
Um som que parecia ecoar no fundo da mente, como um aviso.
Seus cabelos grisalhos brilhavam sob a luz pálida do luar.
O olhar firme, atento.
A expressão era séria, mas não havia medo. Só calma. A calma de quem já enfrentou coisas piores do que aquela noite tinha a oferecer.
E ao som contínuo do assobio.
Ele observou a cena em silêncio.
E então, estendeu a mão na direção de Louie.
VUUUM.
A energia tomou forma.
Roxa. Intensa. Quase Viva.
Um campo psíquico surgiu ao redor de Louie — uma barreira pulsante, como uma muralha invisível.
Os encapuzados recuaram com o simples ativar dela.
★ Defesa Mental (psíquico)
› “Defesa mental” permite que o usuário crie uma barreira psíquica que defende contra ataques físicos e mentais. A barreira pode bloquear golpes e até mesmo impedir que informações sejam lidas ou manipuladas mentalmente. A intensidade do campo depende do foco e da concentração do usuário, mas ele é limitado pela energia mental do portador. ‹
Louie olhou em volta, atordoado.
Sem entender de onde aquilo veio, olhou o homem ao lado, e rapidamente disse:
— Você… você é o mesmo cara de antes! Aquele estranho de alguns minutos atrás!
O homem de cabelos grisalhos lançou um olhar calmo, quase indiferente.
As veias na testa saltaram levemente, como se ele estivesse segurando algo.
— Estranho…? — …Tsc. Deixa pra lá — resmungou, soltando um suspiro cansado.
Depois, encarou Louie com firmeza.
— Tu precisa vir comigo. Agora. — Não temos tempo.
Louie ainda estava cheio de dúvidas, com o corpo tenso e a mente a mil — mas naquele momento, olhar em volta só mostrava uma coisa:
Ele não tinha escolha.
Sem pensar muito, apenas assentiu com a cabeça.
E então correu atrás do homem, se enfiando com ele num beco estreito.
Os dois passaram por ruas desertas, onde as sombras dominavam o chão.
O som dos passos atrás deles — e os motores ao longe, ficando cada vez mais próximos — deixavam claro:
Se demorassem mais um pouco… não ia ter volta.
O homem de cabelos brancos parou diante de uma porta de metal meio escondida sob uma construção velha, quase esquecida no meio da cidade.
Com uma mão firme, girou a maçaneta enferrujada — e ela se abriu com um rangido baixo, revelando um túnel escuro à frente.
— Entra. Rápido. — disse ele, sem tirar os olhos do caminho por onde vieram. — Por agora, é o único jeito seguro.
Louie engoliu seco. O coração disparado no peito, o ar entrando meio preso.
Mas ele entrou.
O túnel era estreito, abafado. Parecia não ter fim.
Cada passo ecoava, e tudo cheirava a umidade e ferrugem.
Já estavam andando havia minutos… ou horas — Louie já nem sabia mais.
A noção de tempo tinha sumido, engolida pela tensão, pelo cansaço, e pelo túnel sem fim que se estendia à frente deles.
Mas ele sabia — lá fora, atrás deles, estavam os homens que tentaram pegá-lo. E ficar parado ali… não era uma opção.
E então, quando a tensão já estava começando a pesar de novo — ele viu.
Seus olhos se arregalaram.
Do outro lado do túnel, a escuridão foi dando lugar a uma luz baixa e azulada… e então, como se o chão tivesse sumido sob seus pés, ele se deparou com algo que jamais imaginaria:
Uma cidade.
Enorme.
Ali, debaixo da terra.
Escondida do mundo, das pessoas… de tudo.
Luzes, estruturas gigantes, passarelas cruzando os céus, veículos flutuando, painéis brilhando — era como outro planeta.
Louie deu um passo à frente, boquiaberto.
E mesmo sem entender nada, uma coisa ele sentia no fundo:
Ali… começava algo grande.
Talvez perigoso. Talvez incrível.
Mas impossível de evitar.
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