Dica para leitura: aspas simples são para pensamentos internos, que é esse símbolo: ’
    Aspas duplas para conversa mental: “
    Travessão para falas em voz alta: —


    — Magia de vento, hein? — murmurou, como se estivesse ponderando a possibilidade. — E por que você estava voando? O que você fazia na floresta?

    Eu engoli seco, sentindo o peso do olhar dele sobre mim. Nytheris permanecia calmo dentro de mim, mas eu sabia que ele estava alerta, pronto para agir se necessário.

    — Eu estava explorando… tentando encontrar algo que poderia valer algum dinheiro para ajudar a minha família… — respondi honestamente.

    Garrick estudou-me por um momento, como se estivesse tentando decidir se acreditava em mim. Ele deu alguns passos ao redor da mesa, pensativo, antes de parar e olhar para o mago.

    — Eadric, o que você acha?

    O mago de cabelos amarelos Eadric hesitou por um momento antes de responder.

    — Ele parece estar dizendo a verdade, mas não podemos descartar a possibilidade de que esteja escondendo algo. Magia de vento não é algo que se aprenda sozinho facilmente, especialmente para voar. Além disso, ele está com roupas da favela… isso é incomum.

    Garrick concordou com um aceno, voltando a olhar para mim.

    — Qual o seu nome — Ele perguntou

    — Flügel..

    — Flügel, farei perguntas e você terá que respondê-las rapidamente, tá me escutando?

    Eu acenei com a cabeça, sentindo um misto de alívio e apreensão.

    — Quem são os seus pais? — Garrick perguntou.

    — Aragi Handels e Sophia Handels — respondi sem hesitar, caso eu pensasse ou hesitasse, ele pensaria que eu estava mentindo.

    — Os Handels hein…? Quantos anos você tem? — perguntou  enquanto caminhava para sua mesa e se sentava.

    — Eu tenho 5 anos, senhor.

    — Você sabe quantas magias? — Ele pegou um papel novo, molhou a ponta da pena e começou a escrever algo.

    — Eu sei magia de vento, gelo, fogo, água e um pouco de magia de cura — respondi rapidamente, não deixei claro que também sei magia de gravidade, afinal, não sei se neste mundo tal coisa é existente.

    — Você tem quantos irmãos? — Garrick afundou novamente a ponta da caneta no tinteiro e começou a escrever novamente.

    — Tenho dois irmãos, senhor. Um é Elijah, ele é um anos mais velho que eu, e o outro é Mael, ele é três anos mais velho que eu.

    — Certo… Flügel. Você gostaria de entrar para o exército? Cuidaremos da sua família, daremos uma renda semanal de uma moeda de ouro, e claro seu salário irá aumentar conforme o tempo passe e também depende do seu desempenho. sua família não irá pagar aluguel, você irá para a academia, e para a academia militar, ensinaremos esgrima e magia para você.

    Garrick fez uma pausa, um sorriso apareceu em seu rosto conforme ele olhava para mim.

    — Vejo que você é um garoto muito talentoso na magia, não sei como você aprendeu isso, mas se aprendeu sozinho e já consegue voar com cinco anos… você pode ser a pessoa mais talentosa deste reino para magia.

    Uma onda de orgulho irrompeu meu peito, mesmo que eu estivesse usando minhas memórias da vida passada, eu ainda tenho feitos muito bons. Assim que eu abri a boca para falar, Garrick continuou.

    — Porém, esse talento só não será desperdiçado caso você tenha a educação necessária. Aliás… caso entre, você poderá comer carne todos os dias.

    “É sério que ele está tentando te convencer pela barriga?”  Nytheris riu dentro de mim.

    “Bom, eu sou uma criança… Se eu fosse uma criança normal, talvez essa seria a parte boa em que eu mais me interessaria.”

    — Você só precisa assinar esse papel. — Garrick disse pegando o papel, com uma prancheta e se levantando, ele pegou outro papel em branco antes de caminhar até mim, e se agachar.

    — Você vai aceitar? — Ele exigiu a minha resposta, enquanto me olhava nos olhos.

    — Eu sou obrigado a ser um militar por quantos anos?

    — No mínimo 10 anos.

    — Aceito. — respondi sem hesitar, eu estava certo da minha resposta. Eu teria tudo o que precisava e ainda iria poder sair ainda jovem do exército. 

    — Você sabe escrever? 

    Eu balancei a cabeça, negando. E Garrick virou a prancheta para eu ver ela com a folha em branco, e começou a fazer alguns rabiscos. Depois que ele terminou, disse: 

    — É assim que se escreve seu nome, consegue? — falou, me entregando a pena. 

    Eu olhei para a folha e franzi a testa. — Mas você escreveu Flügel Handels? Meus pais não colocaram esse nome em mim… Eles mudaram o meu sobrenome para Aurion, e apenas o meu terceiro nome é Handels. 

    Garrick ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado. 

    — Aurion, é? Então como devo escrever? 

    — Flügel Aurion Handels — respondi com firmeza. 

    Ele pegou a pena de volta e riscou o que havia escrito antes, refazendo os traços com cuidado. 
    — Flügel Aurion Handels… Está certo.— Garrick me ofereceu a pena para eu assinar copiando a maneira que ele escreveu.

    Eu peguei a pena e copiei as letras que Garrick fez, depois que saiu legível, ele acenou com a cabeça e tirou a folha branco, mostrando o documento por baixo, com algumas coisas escritas em uma língua da qual eu não sei ler, e ele apontou para onde eu deveria assinar. Eu assinei sem pestanejar.

    — Ótimo, garoto. — Garrick disse se levantando e bagunçando meu cabelo enquanto sorria.

    — aqui. — Garrick enfiou a mão no bolso, e pegou uma moeda de ouro, me entregando.

    — Um pagamento adiantado. — Ele disse com um sorriso, e me entregou a moeda de ouro como as não fosse nada.

    — Eadric, leve ele para a casa dele. E também fale para os pais dele, que eles devem vir aqui ainda hoje, irei preparar a papelada da nova casa da qual eles vão morar.

    Eadric apenas assentiu com a cabeça e me guiou para fora da sala.

    “Talvez Garrick seja um bom cara? Ele até te deu uma moeda de ouro antes da hora.”

    “Provavelmente ele irá subir de patente ou receberá um aumento no salário por conseguir recrutar um jovem talentoso em magia, igual a mim.”

    Eadric me levou até onde o mapa do reino ficava — você mora em qual região daqui? —, ele perguntou enquanto ficava parado na frente do mapa.

    — Eu não sei… a minha casa fica perto de uma mercearia, e também próximo a de uma torre de vigia. — Respondi honestamente.

    Eadric olhou no mapa, como se procurasse em sua mente a onde ficava um lugar assim. — Certo, eu acho que sei onde fica isso.

    Conforme caminhávamos pelas ruas de terra batida, as ruas começaram a ser familiares para mim. Até eu avistar uma casa na esquina, e eu conhecia muito bem que casa é essa. E lá na frente, havia dois garotinhos.

    — Finalmente em casa… — deixei escapar.

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