Índice de Capítulo

    Dica para leitura: aspas simples são para pensamentos internos, que é esse símbolo: ’
    Aspas duplas para conversa mental: “
    Travessão para falas em voz alta: —

    Siegmeyer fez uma pausa, deixando que Flügel absorvesse a imagem. Então, apontou para um sigilo que brilhava com um contorno de espinhos luminosos, quase como uma coroa flutuando na cúpula.

    — E, por fim, a Coroa de Glória. É o que sela tudo. Depois que o Vórtice atrai a mana negra e o Núcleo a prende, a Coroa fecha o ciclo, como um cadeado místico. Ela garante que a escuridão fique aprisionada, incapaz de escapar, enquanto a luz a consome lentamente.

    Flügel engoliu em seco, impressionado com a precisão da magia. — Então, essas quatro… elas trabalham juntas para segurar a mana negra?

    — Sim — respondeu Siegmeyer, seu olhar fixo na cúpula. — O Sol Ardente dá o poder, o Núcleo Estelar a prende, o Vórtice de Luz a puxa, e a Coroa de Glória a sela. São como os alicerces de uma fortaleza. Se um deles falhar… — Ele não ousou terminar de falar.

    Uma luz branca-dourada irrompia da matriz, visível a quilômetros. Aquela cúpula era um espetáculo de tirar o fôlego, tanto por sua beleza etérea quanto pelo poder assustador que encapsulava.

    A mana negra era sugada para o Núcleo, onde brilha impotente, enquanto a floresta começa a se regenerar.

    Flügel olhava para a cena, sua mente lutando para processar a magnitude do que via. Dezessete matrizes, todas trabalhando em conjunto para conter a praga que ele havia criado. Ele engoliu em seco, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros.

    — Eu não acredito que é preciso tudo isso para conter a Peste Sombria — disse ele, sua voz quase um sussurro. — Se eu soubesse…

    Siegmeyer colocou uma mão reconfortante no ombro de Flügel. — Não se culpe, Flügel. Você não poderia ter previsto o quão poderosa essa magia seria. O importante é que temos um meio de combatê-la agora, graças à Matriz de Luz.

    Flügel assentiu lentamente, mas a culpa ainda o corroía por dentro. Ele precisava entender melhor como tudo funcionava. — Então, o que acontece com a mana negra uma vez que ela é atraída para o Núcleo Estelar? Ela é destruída ou apenas contida?

    Siegmeyer pensou por um momento antes de responder. — É um pouco dos dois. O Núcleo Estelar a mantém presa, mas os outros sigilos, como a Chama Purificadora, trabalham para desintegrá-la e purificá-la aos poucos. É um processo lento, mas é a única maneira de garantir que a mana negra não seja liberada de volta ao mundo.

    Flügel observou os fios luminosos que conectavam os sigilos, formando uma teia complexa de luz. — E as matrizes secundárias? Qual é o papel delas?

    — As quatro matrizes primárias são a espinha dorsal do sistema — explicou Siegmeyer. — Elas atraem e contêm a mana negra. Mas as treze matrizes secundárias são o que mantém tudo estável e eficaz. Elas reforçam as barreiras, amplificam a luz e garantem que não haja falhas. Sem elas, a mana negra poderia encontrar uma brecha para escapar ou corromper a magia de luz.

    Flügel estremeceu com a ideia. — Então, se uma delas falhar… — Ele insistiu, querendo saber o que aconteceria. 

    — Exatamente — disse Siegmeyer, seu tom sério. Decidindo revelar o que aconteceria para Flügel entender a gravidade da situação. 

    — Se até mesmo uma das matrizes secundárias falhar, todo o sistema poderia colapsar. E não é só isso. Um colapso desencadearia uma explosão de mana catastrófica, pois a Torre dos Magos tem alimentado essas matrizes com sua reserva de mana acumulada ao longo de centenas de anos. Por isso, precisamos verificar a integridade delas regularmente.

    Ele olhou para o pilar de terra em que estavam, criado por Flügel para que pudessem observar a matriz de perto. — Tenha cuidado, Flügel. A mana aqui é incrivelmente densa. Um movimento em falso, e poderíamos desestabilizar toda a estrutura.

    Flügel assentiu, concentrando-se para manter o pilar estável. Ele não queria ser a causa de mais problemas, ainda mais outro problema dessa escala. Enquanto observava a matriz, notou algo estranho em um dos sigilos secundários — uma leve oscilação na luz, quase imperceptível.

    — Siegmeyer, olhe ali — disse ele, apontando para o sigilo. — Aquela luz está tremendo. Isso é normal?

    Siegmeyer franziu a testa e semicerrou os olhos para ver melhor. — Não, não é. Isso pode ser um sinal de que a matriz está sob estresse ou sendo atacada. Precisamos investigar isso imediatamente.

    Com um aceno, Flügel começou a desfazer a magia que mantinha a terra elevada. Ao chegarem ao chão, a urgência se tornou palpável. A grama sob seus pés parecia mais densa, o zumbido da matriz principal, antes uma melodia distante, agora um tamborilar constante no ar. 

    Siegmeyer, com um semblante grave, começou a se mover rapidamente, guiando Flügel através da floresta que, apesar da regeneração, ainda guardava cicatrizes da corrupção.

    Mesmo com a urgência da situação, Flügel não pôde evitar que sua mente se maravilhasse com a genialidade daquela estrutura. ‘Então a matriz diminui conforme consegue combater a Peste Sombria, consumindo menos mana a cada progresso que faz…’

    Thalion, que até então observava em silêncio, despertou de sua letargia. Um lampejo de mana pura cintilou em suas mãos, e com um sussurro rápido, ele conjurou um orbe de luz que flutuou à frente deles. 

    O brilho intenso abriu um caminho entre as árvores densas. A luz do sigilo oscilante parecia chamá-los, um farol de perigo dançando em meio à floresta vibrante.

    À medida que se aproximavam, a oscilação se intensificou, a luz do sigilo piscou irregularmente, como um coração falhando. Uma estranha névoa escura, quase imperceptível à distância, começou a se acumular ao redor da base de toda a matriz, como uma mancha em um tecido claro. 

    O ar ficou mais frio, um contraste arrepiante com o calor da mana de luz. Um cheiro sutil e metálico, como o de sangue, ferrugem e carne podre misturados, pairava na brisa.

    Flügel sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Aquele odor, aquela névoa… poderia ser um ataque do Lich. Ele apertou os punhos, uma onda de náusea subindo pela garganta.

    — Não pode ser… — Ele murmurou, sua voz trêmula.

    Siegmeyer parou abruptamente, os olhos fixos na base da matriz. Um pequeno grupo de figuras sombrias, quase indistinguíveis na penumbra criada pela névoa, parecia estar se movendo ao redor deles. Não eram grandes, mas a forma irregular e os movimentos furtivos sugeriam algo malévolo.

    — O que é aquilo? — Thalion perguntou, sua voz tensa, o orbe de luz em suas mãos tremendo levemente.

    Siegmeyer não respondeu. Sua mão se abriu e um brilho azulado começou a emanar de sua palma. Seu rosto, antes preocupado, endureceu em uma máscara de determinação.

    — Não é bom. Estão atacando a matriz. Preparem-se.

    O ar em torno do sigilo estalou, e uma pequena explosão de mana negra irrompeu de sua base, expandindo a névoa e revelando as criaturas. Eram seres disformes, de pele esverdeada com um tom cinzento doentio. 

    Olhos vermelhos carmim ardiam na penumbra. Pareciam se alimentar da instabilidade da matriz, e seus corpos contorciam-se em movimentos grotescos e não naturais enquanto se viravam para os recém-chegados, um desafio silencioso e horripilante.

    A floresta, antes cheia da melodia da regeneração, agora parecia prender a respiração.

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (2 votos)

    Nota