Índice de Capítulo

    Akemi ficou visivelmente constrangido e tímido pelo abraço repentino de uma desconhecida. Com um sorriso sem jeito e coçando a nuca, ele tentava conversar. — O-opa! Tudo bem, não se preocupe! Hehe.

    À sua frente, a garota de túnica laranja ajeitou a postura e arrumou o cabelo. — Então, seu nome é Akemi, não é? Que nome bonito! Prazer em te conhecer! — disse ela, alegre, estendendo as duas mãos em cumprimento.

    — O-o prazer é todo meu.

    Ao acompanhar o aperto de mãos, uma energia positiva transmitia gentileza e amabilidade.

    “As mãos dela são tão quentes e macias… e esse cheiro… eu nunca senti algo assim.”

    — Vem comigo! — Durante o cumprimento, a garota, com a mão esquerda, agarrou firmemente a mão direita de Akemi.

    — Espera, pra onde você va-AAAAAH!!!

    Repentinamente, aproveitando o aperto de mãos, ela puxou o rapaz, descendo rapidamente pelas escadarias.

    “Wow! O que é isso?! Não dá pra acompanhar! Desse jeito vou cair! O que há com essa menina?!”

    Já no amplo térreo, ambos corriam para a saída do primeiro andar.

    “Caramba, como ela não solta a minha mão! Como pode ser tão forte?!”

    A recepcionista de vestido gótico observou com indiferença os dois jovens saindo correndo pela entrada, e com sua cara tediosa, continuou lixando as unhas…

    Cap-15-Scene-1

    Do lado de fora, Akemi foi finalmente solto, porém, seu fôlego se esvaiu no meio da correria.

    A garota viu o estado do pobre garoto. — Você tá bem? — perguntou ela, com a cabeça levemente inclinada.

    Ofegante e com as mãos na cintura, Akemi respondia: — Uff… eu… eu acho que sim, uff… É, eu tô legal — ele terminou a conclusão com um sinal de ok.

    — Hihihi, vem logo.

    Pelas estradas do pátio da ASA, a garota começou a caminhar lentamente com as mãos cruzadas atrás das costas.

    “Ela… veio atrás de mim? Por quê?” Parado, o rapaz perguntava: — Com licença, por que você estava me procurando?

    A garota, caminhando de costas para ele, virou o rosto de lado e exibiu uma felicidade radiante. — Você é interessante, Akemi. Tenho certeza de que vamos nos dar muito bem!

    O comentário deixou o garoto completamente corado. “Hãn?! A-agente vai se dar bem?! Eu nem a conheço!”

    — Ei, vai ficar parado aí até quando? Vem cá! Vamos andar um pouco.

    Apressando-se para encurtar a breve distância, Akemi a seguia pelos caminhos de brita. “Ela age como se já me conhecesse há muito tempo… Quero conhecer novas pessoas, mas… eu nunca falei com meninas! E essa aqui parece ser extrovertida ao extremo!”

    — Ah! Seu nome é Akemi mesmo, né? Posso te chamar assim?

    Em Asahi, era comum que pessoas íntimas se chamassem pelo primeiro nome; entretanto, o rapaz se sentia à vontade em aceitar o pedido da jovem ao lado.

    — Eu… acho que não tem problema.

    — Certo, meu nome é Hiromi Miyazaki. As pessoas me chamam de várias maneiras, mas você pode me chamar de Miya.

    “Obviamente ela faz parte da família Miyazaki, e olhando de perto, essa roupa parece ser de um material muito caro, sem contar esse perfume fresco que não sai do meu nariz… mas é um cheiro tão bom!”

    — Sabe, eu costumava acompanhar a sua família apenas em jornais e livros de história. Mal posso acreditar que tem um integrante bem ao meu lado que… não queira me matar.

    — Hihihi, relaxe, eu não vou te machucar. Fico lisonjeada pelo seu fascínio na minha família. Mas me conta, você é o garoto inscrito de última hora para as lutas, não é?

    “Como ela sabe disso?!”

    — S-sim, eu e mais um cara chegamos agora à tarde, porém… parece que somente o bobo aqui não sabia que iria lutar, que otário…

    — Você não sabia da prova física?

    — Não… É uma longa história…

    Miya parou de frente com o garoto e se curvou, sua energia era uma clara decepção. — Peço perdão pela nossa falta de hospitalidade.

    Akemi também. — Ah! Não se preocupe! — disse ele, envergonhado — eu escolhi vir aqui por vontade própria. Por mais que ninguém tenha me contado nada sobre o que aconteceria, você não tem culpa de nada. Eu que deveria me informar melhor antes e parar de criar coisas na minha cabeça.

    Miya retomou a postura, colocou uma mão delicada no peito e olhou diretamente nos olhos de Akemi. — Parte dessa culpa é minha — assumiu ela, com uma mão delicada no centro do peito — os Miyazaki e parte do exército asahiano são os responsáveis pela ideia dessas lutas.

    — Eita, não imaginava que vocês tivessem tanta influência sobre a instituição.

    — Não sei como te chamaram, mas esse método de ingresso na ASA é novo, pouca parte da população conhece, e depois da nossa guerra recente, muitos jovens agora se recusam a entrar no exército. O baixo número de shihais em atividade deixa o governo desesperado por novos recrutas.

    “Hmm, o Major Hasegawa devia achar que eu desistiria caso soubesse que o teste era uma luta…”

    — Ouvi falar de coisas assim, o seu relato me faz pensar muito, mas pelo o que vi, ainda temos pessoas fortes e promissoras aqui.

    — Hoje em dia é mais difícil achar jovens áuricos que desejam se tornar shihais, e os que querem, agem como você viu na arena. É repugnante ver tudo isso.

    — Você… também não gosta dessa violência?

    Incomodada com algo, Miya olhou para o chão. — Na verdade, o que me chateia é a maneira como minha família trata os jovens que entram naquela arena. Toda essa brutalidade é totalmente incompatível com a paz que afirmam que nosso país deseja.“É quase a mesma coisa que eu falei!”

    — É… não se preocupe! Mesmo que essas situações insanas ocorram, no final, ninguém sai ferido.

    — Eu sei, mas… como você disse, ver jovens lutarem contra aqueles de mesma pátria é revoltante. Suas palavras dentro da arena me tocaram profundamente, e é por isso que estou falando com você agora.

    — Hehe, obrigado pelos elogios — respondeu Akemi, coçando a cabeça — espero não causar problemas daqui pra frente por conta dos meus poderes descontrolados.

    — Saiba que você já tem a minha torcida! Até porque… a sua aura… eu nunca vi algo como aquilo, ela parecia agir por conta própria para te proteger das chamas.

    — Então, eu também não sei o qu-

    — Olha! Um banco! Vamos sentar! — Miya novamente pegou na mão de Akemi e o levou para um banco vermelho por perto.

    “Por que ela é assim?!”

    Sentada lado a lado, a garota olhou para o rapaz. — Sabe, Akemi, eu tenho uma pergunta. Qual é o seu sonho?

    — Meu sonho?

    — É! Você deve ter algum objetivo na vida, não?

    — Bem, eu queria entrar na ASA e… ser um shihai… mas…

    — Maaas…? — Apoiando as mãos no assento do banco, a garota trouxe o rosto para mais perto do de Akemi.

    Constrangido pela proximidade repentina, o garoto desviava os olhares e massageava o braço. — Eu… tô completamente perdido sobre o que eu queria…

    — Por quê?! — Ela aproximou o rosto ainda mais.

    “Caramba, ela tá muito perto!” Evitar contato olho a olho tornou-se impossível, expressar-se com a voz acelerada poderia ser a solução. — E-eu sempre me imaginei enfrentando criminosos nas ruas, protegendo a vizinhança, sendo uma pessoa forte e confiável, um verdadeiro herói. Mas, hoje notei que a realidade era muito diferente!

    Miya ajeitou-se no banco e jogou um olhar cabisbaixo aos dedos entrelaçados sobre as coxas. — Compreendo. Sendo sincera, eu também pensava assim quando tinha uns dez anos. Foram certos acontecimentos que me fizeram entender a realidade da vida de um militar áurico.

    “Dez anos?! Eu sou tão ingênuo assim?!” Com várias coisas passando pela cabeça, Akemi contemplava o céu. — É, nunca pensei ver tanto sangue e ódio, é demais pra mim. Na minha mente, tudo parecia mais simples, como se só bastasse ter uma aura.

    Notando o descontentamento do rapaz, Miya virou-se para ele. — Akemi, não é somente a aura que faz alguém forte. Você, por exemplo, foi muito bem quando disse aquelas coisas na arena. Mais uma vez, eu nunca vi algo assim. Sua mentalidade é rara para uma pessoa que quer tentar entrar na ASA — o objetivo claramente era tentar animá-lo.

    Akemi retribuiu o olhar prontamente. — Mas, eu não quero mais isso! A real é que só quero voltar pra casa e esquecer que tenho esses poderes, posso acabar machucando mais alguém, tenho que evitar isso.

    — Olha, eu também não quero machucar ninguém, aliás, não quero que ninguém mais seja machucado, esse é o meu sonho. Só que, infelizmente, aprendi muito cedo que é praticamente impossível restaurar a paz sem que algumas pessoas sofram.

    — Você tem um desejo louvável, mas, tem certeza que quer tentar?

    — Acredito que há alguma maneira em que todos possam viver em harmonia, é pra isso que entrei na ASA.

    — Você é aluna daqui?!

    — Entrarei em uma das turmas de recrutas que estão começando agora. No entanto, meu objetivo vai além de simplesmente me tornar uma shihai. Quero transformar os símbolos do caos desta academia em emblemas da paz e espalhar isso por toda Asahi, e depois, para o mundo inteiro.

    — Símbolos… do caos?

    — Há indivíduos detestáveis no comando do exército asahiano, muitos dos atos grotescos que cometeram foram e continuam sendo ocultados pela mídia. Como você só acompanha jornais, sei que é uma das pessoas que apenas veem a ponta do iceberg e imaginam os nossos militares como nobres heróis. Enfim, toda essa patifaria começa aqui, nesta instituição.

    — Nossa, e-eu nem sei o que dizer. Você parece saber de muitas coisas, confio que conseguirá fazer o bem.

    — Obrigada pelo apoio, mas eu não consigo sozinha, preciso de mais alguém, e não sei se encontrarei pessoas de propósito bondoso na minha turma. É-é por isso que… — as bochechas da garota avermelharam-se — é por isso que… eu preciso de você!

    — E-eu?!

    — Sim! A ASA necessita urgentemente de pessoas como você! E até agora, você é o único que pode me ajudar a tornar esse mundo num lugar melhor! Nem que tenhamos que enfrentar outra guerra!

    — Ma-mas eu nem consegui passar no teste! Eu não sei lutar, eu não sei fazer nada! No que um fracassado como eu poderia te ajudar?!

    Miya segurou Akemi pelos ombros e o encarou no fundo dos olhos. — Não! Você não é fracassado, e sim, muito perspicaz! Não deixe as palavras do meu primo abalarem você.

    — Espera, o Nihara?

    Miya calmamente soltou as mãos dos ombros do rapaz. — Sim, Nihara é o meu primo de primeiro grau, nossa família é muito grande, e ele representa muito do ego inflado e jeito rude dos Miyazaki, um comportamento que eu também quero mudar em todos os nossos membros.

    “Já era de se esperar que ela conhecesse Nihara, mas, por mais que sejam da mesma família, são pessoas completamente diferentes.”

    — Então, seus pais também são como ele?

    — Meu pai é sério e profissional, mas é tranquilo, e… minha mãe… ela… — Miya desviou o olhar, tentando encontrar as palavras certas, mas seus pensamentos foram interrompidos por passos apressados se aproximando.

    “Tem alguém vindo?”

    Sabia que Shihais tem um servidor no Discord? Se quiser conhecer, clique no botão abaixo!
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.

    Nota