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    Max, apoiado a cabeça nas coxas de Idalme, refletiu sobre a fragilidade das espadas desgastada, incapaz de suportar o impacto. Em seguida, levantou-se lentamente. Ela, inicialmente preocupada, logo disfarçou e, demonstrou indiferença. Apesar disso, não resistiu e fez uma pergunta.

    — Aonde vai?

    — Eu preciso fazer algo — disse Max, sem desviar o olhar.

    Enquanto isso, Carlo se aproximava e, carregava os corpos de Reda e Kena. Idalme, observando, perguntou com um tom preocupado:

    — Como elas estão?

    — Kena está bem, mas Reda… — pausou, com expressão sombria, sem conseguir completar a frase.

    Naquele instante, ela compreendeu o que ele queria dizer ao observar o semblante desapontado de Carlo.

    Max, já afastado, começou a correr assim que sentiu seu corpo capaz de obedecer. Dirigiu-se à oficina do tio e, ao entrar, encontrou-o caído no chão. Correu para ajudá-lo, mas foi surpreendido pela expressão do ferreiro. Mesmo incapaz de se levantar, ele exibia um sorriso.

    — Essa… essa é minha maior obra-prima…

    — O quê? — questionou Max, surpreso e confuso.

    — As espadas… estão sobre a mesa. Pegue-as.

    Ele recolocou o velho no chão com cuidado e pegou-as brilharem em amarelo. Segurou-as firmemente, mas não sentiu nada de especial, como se fossem apenas espadas curtas comuns.

    — Tio, o que há de especial nessas espadas?

    — Como eu suspeitava, não funciona com você — respondeu, com um tom de frustração.

    — O que quer dizer com isso? — perguntou, a preocupação transparecendo em sua voz.

    — Elas compartilham uma parte de seu corpo, então, ela não te vê como inimigo, mas também não te reconhece como seu verdadeiro dono. Escute, com o cabelo e o sangue daquele mestiço, elas se transformaram em algo diferente. No entanto, ela ainda não está completa.

    — Como assim? Chefe, eu preciso dela agora!

    — Calma, ela é faminta por aura, mas a minha não foi suficiente. Se observar bem, o amarelo acentuada nela ainda está muito clara. Ela precisa estar completamente amarela.

    — Como vou fazer isso? A maioria das pessoas que podem usar aura estão incapacitadas ou já morreram — disse ele, desapontado.

    — Não se preocupe, qualquer humano que tocar na espada terá sua energia drenada.

    — Isso quer dizer…?

    — Sim, até os cidadãos comuns podem ajudar. Meu sobrinho, vá. Eu me resolvo aqui.

    — Sim.

    Ele apressou o passo e avançou para a parte mais oeste da cidade e, entrou em uma casa protegida por dois soldados. Ele explicou rapidamente a situação, e ambos concordaram em doar suas auras. No entanto, o primeiro soldado, após ter sua drenada, caiu no chão, enquanto o segundo hesitou antes de aceitar.

    Em seguida, dirigiu-se ao local onde os cidadãos se reuniam e notou o teto destruído, o que o deixou intrigado. Assim que foi avistado pela multidão, ouviram-se gritos que o chamava de herói e perguntas sobre o fim do conflito. 

    Max, contudo, negou e explicou que precisava da ajuda deles. A maioria concordou, mas um dos cidadãos levantou uma questão.

    — Essa não são as espadas do demônio?

    Max sentiu um aperto no peito ao ouvir aquelas palavras. Ele sabia que ninguém ali aceitaria doar sua aura para uma criatura como aquela, especialmente após o mesmo cidadão afirmar que o mestiço já esteve aqui e, feriu muitos antes de partir.

    Apesar disso, relutou em acreditar na história até que um dos soldados de guarda confirmou os fatos. Ao observar os cidadãos e suas expressões, tornou-se evidente que a situação era real. Mesmo assim, ele sabia que não podia desistir ali.

    — Eu sei que ninguém aqui tem simpatia pelo Izumi, mas o que mais podemos fazer?! Não temos mais escolhas, ele é nossa última esperança! Neste momento, ele é o único que ainda luta contra aquele destemido que invadiu nossas terras!

    — Mas ele é um demônio — resmungou um dos cidadãos.

    — E daí?! Você vai simplesmente aceitar morrer sem fazer nada?! Mesmo o Izumi, ele está lá, dando tudo de si com uma espada que logo vai se partir!

    Logo depois, um dos cidadãos mencionou que, quando o demônio esteve ali, lutava sem nenhuma arma, sugerindo que enfrentava tudo de mãos vazias. Isso levou outros a questionarem por que alguém como ele se esforçava tanto para proteger um lugar onde só recebia desprezo.

    — Escutem! Izumi, mesmo sendo desprezado e julgado por todos, nunca levantou a mão contra aqueles que só falavam mal dele. Mesmo podendo ouvir todos os cochichos, ele não fez nada, mesmo tendo poder suficiente para exterminar todos vocês! E, ainda assim, ele não fez.

    — Por quê? Por que ele continua vindo a essa cidade? Ele poderia ir embora para sempre! — perguntou outro cidadão.

    — Você já deveria saber a resposta! — gritou Max. — Este é o lugar onde ele nasceu, onde foi amado, onde tinha alguém para amar! Mas, por causa da vossa hipocrisia, ele perdeu tudo! A culpa é de vocês! Seus filhos da puta!

    Max, naquele momento, já não esperava mais nada daquelas pessoas e começou a se afastar. No entanto, antes de sair, sentiu alguém puxar seu short. Ao olhar para trás, viu uma pessoa que, com a voz hesitante, disse:

    — Maninho, eu quero ajudar… não chore…

    Max não havia percebido, mas, durante todo o discurso, lágrimas escorriam de seus olhos. Ao notar, limpou o rosto rapidamente, abaixou-se e, com um sorriso gentil, olhou para a criança.

    — Não se preocupe, eu estou bem.

    Outras crianças começaram a se aproximar, também erguia as mãos e pedia que ele levasse aquela aura de que havia falado.

    Ele abaixou a cabeça, e lágrimas voltaram a escorrer por seu rosto. Limpando-as rapidamente, ele olhou para aquelas crianças corajosas e, com um sorriso emocionado, disse:

    — Obrigado, muito obrigado mesmo, mas não posso tirar suas auras.

    — Por que, maninho? — perguntou uma das crianças, com um olhar curioso.

    — As suas ainda estão em desenvolvimento. Se eu as drenar, pode danificá-las permanentemente e talvez impedir que vocês possam usá-las novamente.

    Ao ouvir isso, uma das crianças se afastou e começou a arrastar uma mulher, que parecia ser sua mãe e, pediu que ela doasse. A mulher hesitou, mas diante do pedido sincero das crianças, acabou aceitando.

    Em seguida, outras crianças começaram a fazer o mesmo, e logo grande parte da população foi cedendo, permitindo que suas auras fossem drenadas. Max, porém, teve mais cuidado dessa vez, para não deixar ninguém incapaz.

    Após extrair dos que estavam dispostos, ele percebeu que ainda não era o suficiente, mas sentiu uma nova esperança de que, com aquilo, poderia fazer a diferença. Agradeceu a todos e, com um aceno de despedida, se afastou.

    Ao chegar no campo de batalha, ele viu Izumi em estado de desespero. No entanto, antes de se aproximar dele, precisava resolver algo. Dirigiu-se rapidamente a Idalme e Carlo, explicou brevemente sobre o que precisava ser feito, prontamente, ambos aceitaram.

    Quando as espadas drenou a dos dois, ela brilhou em um tom amarelo intenso, e Max, tomado de felicidade, gritou o nome do seu irmão, que estava à beira do desespero.

    Izumi, ao ouvir o chamado de seu irmão, levantou o olhar, ainda sem esperança, mas não podia ignorar a voz que o chamava.

    — Pegue!

    Max jogou-as. No entanto, o mestiço não entendia o que um par de espadas poderia mudar naquela situação. Ele ainda era um ser incapaz de utilizar suas habilidades. Contudo, algo nelas parecia chamá-lo, enquanto seu corpo resistia àquela força.

    Izumi, desconcertado, achou a situação estranha, mas, com grande esforço, se levantou e segurou-as. Camion, ao lado, observava em silêncio. Assim que tocou as lâminas, sentiu algo inesperado. 

    Uma imensa quantidade de aura começou a fluir em seu corpo descontroladamente, enquanto sua energia negativa lutava contra aquela força, mas, sem sucesso.

    Izumi sentia suas duas forças finalmente equilibradas. A energia negativa fluía no sentido anti-horário, enquanto a aura seguia no sentido horário e, criava um fluxo único e poderoso em seu corpo. Nesse momento, a autoestima dele começou a crescer, e percebeu que, agora, poderia usar suas habilidades novamente.

    Com sangue escorrendo pela boca, mas determinado, ele não hesitou e, com toda a força que restava, gritou:

    — Super Cure Iz!

    Os ferimentos de Izumi começaram a curar rapidamente, mais rápido do que ele jamais havia experimentado. Em questão de segundos, as feridas desapareceram por completo. A sensação de recuperação o tomou, e todo o desespero que havia carregado se dissipou. 

    Nesse instante, ele se sentiu verdadeiramente vivo novamente, e um sorriso característico surgiu em seu rosto.

    Prontamente, ele se postou para enfrentar o demônio mais uma vez e, declarou que aquele seria o terceiro round. Em seguida, ativou sua intenção assassina, um poder tão intenso que fez Camion se surpreender, sorrindo diante da situação, enquanto se preparava para continuar a batalha.

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