Índice de Capítulo

    Onze dias se passaram desde a partida da cidade. Agora, encontravam-se em uma região onde árvores grandes e pequenas surgiam esparsamente, embora o terreno ainda fosse dominado por imenso capim, agora mais baixo que o habitual.

    À distância, numa tarde em que o sol se escondia atrás das nuvens, alguém permanecia agachado atrás de uma árvore, calças abaixadas e expressava satisfação.

    — Essa sensação é boa.

    No local onde se agachava, um buraco no chão continha algo incomum. Em seguida, pegou uma folha e se limpou. Ao encará-la, surpreendeu-se. Hesitante, repetiu o gesto, mas a folha permaneceu limpa.

    — Que porra é essa? 

    Continuou se limpando, mas o resultado permanecia o mesmo. Cheirou a folha, porém não detectou nenhum odor perceptível para um humano comum, o que aumentou sua confusão. Ainda assim, sentiu-se grato, suas últimas experiências haviam sido sofridas, mas aquela parecia uma das maravilhas do mundo.

    Levantou-se rapidamente, ajustou as calças e refletiu consigo mesmo.

    Para restaurar a minha aura até o seu ápice, vai demorar uma eternidade…

    Mais uma vez, cogitou pedir ajuda ao irmão, mas desistiu. Em seguida, correu até o grupo e se surpreendeu ao vê-los parados. Logo entendeu o motivo: Dam estava exausto após correr em alta velocidade o dia inteiro.

    Enquanto recuperava o fôlego, ele disse:

    — Vocês realmente são humanos? Como conseguem correr durante horas em alta velocidade?

    Idalme o observou com pena e questionou se realmente pertencia ao clã Zura. Desde a infância, todos eram submetidos a intensos treinos de resistência, mas Dam não demonstrava ter passado por isso. Sua estamina era, no mínimo, decepcionante.

    — Tinhas dito que em menos de um mês chegaremos ao destino, não é? — perguntou Max, com um olhar atento.

    — Sim — respondeu, ainda recuperando o fôlego da corrida intensa.

    — Já se passaram 11 dias. Quanto tempo você acha que vai demorar para chegar, se continuarmos nessa velocidade?

    — Vocês ainda querem continuar correndo assim? — questionou Dam. — Acho que em uma semana chegamos lá.

    — Entendo.

    Izumi fez cálculos rápidos na cabeça, olhou para o grupo com uma expressão de desdém e cogitou:

    — Então, se não tivéssemos esse lerdo no grupo, já estaríamos lá.

    Dam fitou-o, mas permaneceu em silêncio quando o olhar foi retribuído. Pouco depois, Izumi se aproximou. Um leve medo tomou conta do atirador ao imaginar o que ele pretendia fazer, mas antes que pudesse reagir, ele o ergueu e o colocou sobre os ombros.

    — Certo, enquanto ele descansa, eu o carrego. Chegaremos lá em menos de cinco dias. — declarou com confiança.

    — Isso é meio… — sussurrou Dam, não conseguindo esconder a preocupação.

    — Disse alguma coisa? — perguntou, a voz cortante.

    — Nada não, vamos continuar.

    Ele sabia que reclamar demais apenas tornaria sua situação pior. Os demais o observavam com sorrisos, exceto Idalme, que o fitava com pena. Ao perceber isso, sentiu raiva, mas nada podia fazer.

    De repente, Ui caiu no chão sem motivo aparente.

    — Izumi, eu estou tão cansada… — exclamou fitando o seu amado.

    Ele a encarou e sorriu. Ui sentiu o coração acelerar quando ele se aproximou, mas sua alegria se desfez no instante em que ele simplesmente passou por ela e correu adiante. Os outros o seguiram, enquanto ela permaneceu no chão, decepcionada e gritava pelo amado.

    O céu se tornava cada vez mais nublado à medida que o grupo se aproximava do destino. Durante a corrida, com Izumi que carregava Dam, quatro dias se passaram. Quando finalmente entraram em uma área envolta por um denso nevoeiro, a visibilidade se perdeu por completo.

    Dois dias depois, ao atravessarem a névoa, continuaram correndo sob o céu carregado. Ao longe, a imponente fortaleza da tartaruga-gigante surgiu em movimento. Todos pararam abruptamente, surpresos. Apenas o mestiço sorria.

    — Pessoal, agora vamos pensar em um plano para invadir aquela fortaleza…

    Antes mesmo de terminar de falar, Izumi já havia sacado suas espadas e corrido rapidamente. Quando perceberam, ele já estava em uma das pernas da tartaruga e exterminou diversos demônios com precisão. Max colocou a mão na cabeça e informou:

    — Esquece o plano, vamos segui-lo.

    Dam, que estava ao lado deles, não conseguia esconder o espanto com a velocidade de Izumi. Mesmo tendo uma visão aguçada, não era capaz de acompanhar a rapidez com que ele se movia. Ele desapareceu num instante e, no próximo, estava já na perna da tartaruga, a 200 metros de distância.

    O mestiço lutava contra demônios muito mais fortes do que os que costumavam enfrentar, e parecia fazer tudo com uma facilidade impressionante. Dam, sorrindo de canto, pensou:

    Talvez com ele… vamos conseguir.

    Quando Max e o grupo pisaram na perna da tartaruga e começaram a subir, flechas imbuídas de energia negativa dispararam das janelas da fortaleza, visavam atingí-los. Contudo, Dam reagiu rapidamente, retirou um escudo de ferro do seu espaço espacial, ergueu-o como uma muralha e o imbuiu com a sua aura, defendendo-se de todas as flechas.

    Sem perder tempo, abaixou o escudo, sacou sua Adriana e disparou várias balas enquanto gritava. Os demônios nas janelas mais altas da fortaleza foram atingidos um por um e simplesmente desapareceram, como se jamais tivessem existido.

    — Isso aconteceu de novo… — disse Max, com a voz tensa. — Todos os demônios mortos simplesmente desaparecem. Você sabe de algo sobre isso?

    — Não sei, essa é a primeira vez que vejo algo assim — respondeu Dam, com um olhar preocupado.

    — Droga… e o Izumi também desapareceu — murmurou, frustrado.

    — Cadê a Ui? — perguntou Idalme, com um tom de preocupação evidente.

    — Mais essa… — lamentou, passando a mão pela face, visivelmente decepcionado.

    Quando estavam atrás da muralha de ferro, ela havia avançado e usava seus braceletes para se proteger das flechas. Com agilidade, pulou de uma das janelas da fortaleza e começou a eliminar os demônios com precisão, um após o outro.

    — Idalme! Max! Dam! Aqui!? — gritava animada, balançando a mão de uma das janelas.

    — Essa idiota… — Max afirmou, sorrindo com um ar de diversão.

    — Não chame minha amiga de idiota, seu idiota! — Idalme respondeu, emburrada, claramente irritada.

    Ele a olhou surpreso por um momento e, com um sorriso meio sem graça, disse:

    — Me desculpe, tá? — Colocou a mão na cabeça dela.

    — Não me toque. — Rebateu, afastando a mão dele com um gesto firme.

    O atirador, que estava ao lado, sentiu uma pontada de vergonha por se encontrar no meio de um casal em tão mau relacionamento. Logo após, Idalme avançou e saltou das pernas da tartaruga em direção a uma das janelas. Max a seguiu, mas Dam não pulou. Ele permaneceu onde estava, hesitante, observando o movimento ao seu redor.

    — Por que não pula? — perguntou Max.

    — Eu sou HUMANO! — gritou, claramente exasperado, como se aquilo fosse óbvio.

    Todos ficaram desconfortados com a declaração, mas não se abalaram. Max rapidamente o agarrou e o levou voando até a janela. Ao chegarem, encontraram uns corredores largos, com várias portas ao longo dele. No entanto, Ui, com uma força surpreendente, partiu uma das paredes e comunicou:

    — Vamos por aqui, é mais perto.

    — Como você sabe disso? — perguntou Max, desconfiado.

    — Consigo sentir o cheiro do Izumi daqui — respondeu com confiança.

    Logo que atravessaram várias paredes, avistaram estátuas de pessoas, decorando os locais, como no antigo quartel-general de Aaron. Continuaram a caminhar e viram duas figuras sentadas em um trono. 

    A mulher estava deitada no colo do homem que repousava tranquilamente. Izumi, mais atrás, com suas espadas em mãos, se posicionava como se estivesse pronto para lutar.

    Quando Ui e companhia se aproximaram, ele guardou suas espadas. Max, ainda confuso, perguntou:

    — Serão esses?

    Dam que estava logo atrás tremia, e todos naquele momento notou que aqueles demônios no trono eram de fato os próximos destemidos.

    — São… são… SÃO ELES! — gritou e apontou para os demônios. — Mata eles, Izumi!

    O mestiço não gostou da citação, como se tivesse sido ordenado a algo. Antes que pudesse responder, os corpos dos destemidos se contraíram levemente e, com um sorriso enigmático, olharam para as novas visitas. Em uníssono, disseram:

    — Bem-vindos, desafiantes!

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