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    Léo jazia no chão, os olhos arregalados enquanto sua mente lutava para compreender o que o atingiu. Agora, deitado, sentia uma dor crescente no queixo, embora, no momento do golpe, não tivesse percebido sequer onde foi acertado.

    Naquele momento, eu não baixei a guarda, nem por um instante sequer, no entanto, fui acertado?

    — Levante, destemido! — ordenou Ui, olhando-o com desdém.

    Ainda tomada pelo êxtase do momento, percorreu o local com os olhos, absorvendo cada detalhe ao redor. Foi então que notou Dam caído no chão, imóvel. Um aperto no peito a fez avançar sem hesitação.

    Ajoelhou-se ao lado dele, analisou rapidamente sua condição. O peito subia e descia de maneira irregular, a respiração fraca, mas ainda presente. O corpo, porém, estava frio e sem reação.

    Com cuidado, ergueu Dam e o acomodou em seus braços, sentindo o peso da fragilidade dele contra si. Sem perder tempo, caminhou com urgência até onde Idalme jazia no chão. Seu coração martelava forte, e, mesmo tentando manter a compostura, não conseguiu evitar que uma leve preocupação transparecesse.

    Ao se aproximar, Ui olhou fixamente para sua amiga e, com um tom suave, mas cheio de preocupação, perguntou:

    — Estás bem?

    — Sim… — respondeu Idalme, ainda no chão, a voz fraca e tentava esconder a dor. — Coloque-o perto da minha mão direita.

    — Sim, mas… realmente estás bem? — perguntou novamente, sua expressão se tornava mais ansiosa.

    — Sim, é somente a minha habilidade. Fico assim após usar, mas logo vou melhorar. — tentou tranquilizá-la, embora sua voz ainda denunciasse.

    — Ok… — Ui murmurou, embora ainda não estivesse completamente convencida.

    Ui posicionou Dam ao lado dela com cuidado. Mesmo incapaz de mover o próprio corpo, Idalme ainda podia sentir o fluxo de sua aura percorrendo seu interior. O calor latente de suas habilidades flamejantes permanecia ali, pronto para ser usado.

    — Coloque a minha mão no peito dele — pediu, a voz fraca, mas firme.

    Ui não hesitou e seguiu a instrução imediatamente e colocou a mão de Idalme onde ela indicou. Depois, com um olhar preocupado, perguntou:

    — E o Max?

    Ela não disse nada. A testa franzida era a única resposta, um reflexo silencioso do que se passava dentro dela.

    Ui, por um breve instante, manteve a calma, mas a ilusão de controle se desfez em um surto repentino de emoções. 

    A raiva tomou conta de seu rosto, os olhos fixos no Destemido, que permanecia imóvel, aguardando-a sem qualquer hesitação.

    Seu corpo se moveu sozinho. Primeiro um passo, depois outro. O chão parecia tremer sob seus pés enquanto avançava. O ódio pulsava em suas veias e transbordava em cada movimento.

    Entre dentes cerrados, murmurou para si mesma:

    — Eu vou te matar!

    Após sua declaração, reuniu toda a força em sua perna e, com um movimento rápido, desferiu um golpe direto na barriga de Léo. O impacto foi brutal, fazendo-o ser arremessado para trás e colidir com a parede com tanta força que a estrutura desmoronou ao seu redor.

    Enquanto caminhava em direção a ele, a expressão ainda carregava toda a fúria do momento.

    — Não morra tão cedo!

    O destemido, que se erguia dos destroços, sorriu de maneira desafiadora e questionou:

    — É difícil de perceber, mas tem algo diferente misturado com as minhas feridas. Então… isso é veneno? Realmente, só é notável se souber o que procurar. — Ele fez uma pausa, seus olhos se intensificava, antes de continuar com confiança: — Fogo Universal!

    Léo, mesmo atordoado pela força do golpe, ativou a mesma habilidade de antes. Contudo, algo estava diferente. A explosão de calor que normalmente queimava tudo ao redor, agora parecia se restringir. 

    A chama se formou, mas desta vez, seu efeito foi alterado. Em vez de afetar o ambiente, ela se concentrou no corpo do Destemido, como se a energia tivesse se voltado para ele passivamente.

    — Veja, seu veneno foi queimado — demostrou o demônio, sorrindo com autoconfiança.

    — E daí? — respondeu. — Isso não muda o fato, de que eu vou te matar!

    — Ahhh, que medinho… — zombou, o sorriso se ampliava.

    Ui, com a testa franzida, desapareceu da vista do seu alvo e movia-se rapidamente. Em um piscar de olhos, apareceu diante dele, pronta para desferir um golpe certeiro. No entanto, Léo, inesperadamente, conseguiu se esquivar, deixando-a surpresa com a rapidez de sua reação.

    Sem perder tempo, contra-atacou, desferindo um Upper direto nas costelas de Ui. A força do golpe foi intensa, mas a mestiça, com reflexos rápidos, conseguiu se defender e bloqueou o impacto. Ela recuou, ainda surpresa com a resistência inimiga, e observou com atenção, agora mais cautelosa.

    — Como pensei… Ao entender como essa habilidade funciona, ela deixa de ser tão apavorante.

    — Como você soube? — perguntou Ui, incrédula.

    — Isso é fácil! É sutil, mas antes de você usar essa técnica, percebi que sua perna ficava mais rígida. Entendeu? Anulei a sua habilidade.

    — Ok! Então tente esquivar disso! — desafiou, com um sorriso ousado.

    Ela se posicionou novamente, concentrando toda a força na perna direita e nos braços, preparava-se para atacar com mais intensidade. Seus músculos estavam tensos, prontos para liberar um golpe devastador.

    Léo, atento aos seus movimentos, antecipou o ataque e pensou:

    Idiota, você é muito ingênua! Eu venci!

    O destemido, com os dois dedos quase alcançando os olhos de Ui, foi interrompido por algo inesperado. Ele começou a cair novamente no chão, sem compreender o que havia acontecido, seus olhos ainda fixos na expressão de sua inimiga, que sorria com confiança.

    A mestiça, insensível, não deu tempo para ele reagir. Antes mesmo de Léo tocar o chão, ela desferiu um chute de baixo para cima, forçando seu rosto a olhar para o céu. Mas ela não parou por aí. Com uma série de socos rápidos como uma metralhadora, acertou o demônio repetidamente, sem dar espaço para qualquer defesa.

    Cada golpe que ela desferia parecia destruir uma parte do corpo inimigo, o impacto de sua fúria visível esmagou-o a cada movimento. Léo, naquele momento, sentiu a morte mais próxima do que nunca. Tentou usar suas cicatrizes de chama para se curar, mas os ferimentos eram profundos demais, e o tempo estava contra ele a cada segundo.

    O desespero tomou conta dele novamente, um sentimento familiar, como se a escuridão da morte estivesse se aproximando rapidamente. Ele olhou para Ui, vendo a expressão dela obscurecida pela raiva, e uma pergunta começou a surgir em sua mente.

    Será que…

    — Ele… tá… vivo… — contou Léo.

    Ui parou subitamente, observou-o cair no chão, agora ajoelhado, visivelmente exausto e em sofrimento. Ao olhar para ele com uma expressão que misturava raiva e curiosidade, ela perguntou:

    — Verdade?

    — Sim…

    — Não fale, Léo — ordenou Loi, que se aproximava.

    O vento soprou suavemente ao redor dela, enquanto caminhava até onde Ui estava. Aproximando-se de seu irmão caído, ela ficou de frente para a mestiça, um sorriso enigmático se formava em seu rosto. Com uma calma, declarou:

    — Barreira de Vento!

    Logo depois, Léo, ainda se recuperando no chão, começou a se erguer lentamente. Mesmo com o corpo visivelmente destroçado, um sorriso surgiu em seu rosto. Marcas de cicatrizes começaram a aparecer em sua pele, e as feridas se curavam com uma velocidade impressionante.

    Ui, ao observar aquilo, deu um pulo para trás, se afastando, surpresa com a recuperação quase sobrenatural dele.

    Enquanto isso, os irmãos, lado a lado, se encaravam silenciosamente.

    — Irmão, nesse estado, não vamos conseguir vencer facilmente sozinhos. Odeio admitir isso, mas não podemos continuar desperdiçando tanta energia com essa oponente.

    — Inacreditável… você sugerindo que lutemos juntos? Isso é algo que jamais pensei que ouviria.

    — Eu sei, mas ela é forte demais para vencermos sozinhos sem pagar um preço alto. — Loi disse com seriedade, e logo continuou: — E temos mais um adversário se aproximando…

    — É, aquele ser não é algo que possamos derrotar individualmente. Mas juntos? Somos invencíveis.

    — Exato! — Loi respondeu com um sorriso de confiança e logo se preparou para entrar em ação.

    Ela começou a gingar suavemente. Ao seu lado, seu irmão começou a se mover também, fazendo seu trabalho de pés. Juntos, em perfeita sincronia, olharam para o inimigo que, parado diante deles, os observava com uma indiferença fria, sem demonstrar nenhuma emoção de empatia.

    Em uníssono, eles declararam, a voz ressoava com firmeza:

    — Vamos vencer!!!

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