Índice de Capítulo

    De repente, o som dos escombros cedendo ecoa no ar. Gabriel ressurge de um salto, sua figura emerge das ruínas com uma expressão impaciente. Ele leva uma mão à face, limpando o suor e a poeira que cobrem sua pele, sua respiração entrecortada pela tosse seca.

    “Esse está acima…”

    Pensa consigo mesmo, sentindo a pressão em seu corpo e a adrenalina correndo nas veias.

    Enquanto Kryntt surge dos escombros com dificuldade, lutando para se reerguer.

    Ele arranca com um golpe brutal um pedaço do teto, do tamanho de um carro, revelando feridas superficiais que marcam seu corpo semi-exposto pelos poucos rasgos de seu uniforme.

    O caos da explosão, embora devastador, parece ter poupado o suficiente para ainda estarem de pé.

    — Dois contra um!? — questiona o demônio.

    — E você aguenta dois? — responde o celeste, a frieza em suas palavras cortando o ar. Ele avança, mas para ao sentir a mão de Kryntt erguida à sua frente, o freando propositalmente. — O que foi?

    — Caramba… — suspira, — Eu ia dizer que pode ser o Rasen, ele não roubou o cubo? Enfim, já que você deu a caixa para o loirinho lá, o que acha de me presentear com esse maldito? Sou mais velho que os garotos e sou mais experiente… você poderia ver se eles estão vivos, não?

    “Verdade, por mais obsessivo nesse cara que isso soe… mas…”

    A resposta de Gabriel vem em forma de um suspiro profundo, uma expressão de decepção se formando em seu rosto.

    “Não deveria ter elogiado…”

    Pensa, sentindo a frustração crescer dentro de si. Mas imediatamente se convence e vira-se, seu olhar frio e penetrante se cruza com o do rapaz.

    — Você é irresponsável como Masaru… mas também, o que esperar de alguém assim?

    Kryntt ri, não pela leveza da situação, mas pela ironia.

    Em um movimento rápido, ele bloqueia a descarga de energia que vem na direção deles com o braço esquerdo, sua aura se expandindo para amortecer o impacto. O choque é mais fraco do que se poderia esperar, mas ainda assim ele solta um gemido de dor, os dentes cerrados enquanto o golpe faz tudo ao redor tremer.

    “Como?”

    — Você… vai ceder ao meu pedido infantil… — a voz de Kryntt ressurge, carregada de uma arrogância inegável, enquanto ele tenta manter a pressão sobre Gabriel, sem saber até onde pode ir. — Quem de nos não é irresponsável?

    Diante disso, o exorcista sorri com uma leve ironia nos lábios e, sem dizer mais nada, desaparece nas sombras. O ar, carregado de tensão, se agita com a poeira que seu avanço deixa para trás.

    — Vocês são tão arrogantes… — resmunga a besta, a raiva transformando sua voz em um rosnado.

    “Será que aguenta o próximo?”

    Mas, no instante seguinte a esse pensamento, seus olhos caçam o movimento de Kryntt e, de repente, ele desaparece de sua visão.

    Um movimento rápido e imprevisto. Ele surge em sua frente, forçando a besta a reagir instantaneamente diante de uma barreira de golpes. Em um jogo de agilidade, a besta se esquiva com a frieza de um predador, recuando para preparar um ataque.

    — Fulgur Daemoniacum! — Um raio azul brilha intensamente, saindo das garras da criatura com a força de uma tempestade.

    Mas, mais uma vez, o golpe atinge o corpo de Kryntt, causando apenas danos superficiais, um risco na pele resistente.

    — Eu estou aqui! — grita, a energia em sua voz cortando o ambiente e o choque da entidade diante disso. Com um golpe preciso e feroz, ele arremessa a besta contra uma parede.

    O impacto é tão forte que a estrutura se desintegra, e a criatura atravessa a parede, caindo em uma rua distante.

    Atordoado, ele olha ao redor, sentindo sua confiança se despedaçar.

    “Como? Como ele está ignorando meu poder?”

    A dúvida perpassa sua mente, mas não há tempo para questionar. Com as garras cravadas no chão para não parar o impacto, tenta reagir, e, em um movimento selvagem, se prepara para um novo ataque.

    Mas o exorcista não dá espaço.

    De repente, ele surge, não como homem, mas como algo, além disso, uma força da natureza. Em suas mãos, chamas começam a se formar, dançando como se vivessem por si mesmas.

    — Pro fulgure! — grita a entidade desesperada, e, no mesmo instante, um raio azul parte os céus, cortando o ar com uma velocidade devastadora.

    Ele atinge a posição da besta com uma força cataclísmica, fazendo o céu inteiro vibrar. O impacto é estrondoso, uma explosão de luz e energia que rasga o espaço e o tempo ao redor. No exato momento em que o raio explode, as chamas disparadas por Kryntt seguem o mesmo trajeto, encontrando seu alvo em um abraço fatal. O fogo e a eletricidade se fundem em uma onda de destruição.

    E desse casamento, um desastre engole a rua, a terra, as criaturas que tentam atacar em segredo e até os poucos humanos que continuam vivos.

    Tudo se torna um inferno de fumaça e chamas. A paisagem desintegra-se, consumida pela força avassaladora do ataque.

    Quando a poeira começa a assentar, a visão que resta é de um pós-guerra…

    Kryntt, de pé no centro da destruição, está coberto de cinzas, com os músculos expostos e arranhões por todo o corpo, como se tivesse atravessado o próprio inferno. Mas ele está ali, inabalável, com os olhos penetrantes e o semblante calmo, quase como se nada tivesse acontecido.

    Enquanto isso, restando da besta, não é mais nada além de um resquício. Seus restos se dissolvem diante dos olhos dele, como se fossem absorvidos pela própria terra. O fim é uma consequência inevitável de seu próprio orgulho.

    — Então, consegui criar uma barreira isolante com minha aura… — ele diz, os punhos cerrados, um sorriso de vitória curvando os lábios. No entanto, ao olhar para trás, a visão que se apresenta é um cenário de destruição absoluta. As ruas estão tomadas pelo caos e, mesmo com a satisfação de seu feito, a realidade o atinge. — Mas tenho que economizar energia… merda… fui um tanto extravagante…

    Suas garras miram, encarando o maldito messias… mas será que conseguirá?

    É nesse momento que Gabriel chega, finalmente, ao auxílio dos jovens…

    Ele está acima de uma passarela que cruza a movimentada rua, onde as maiores joalherias de Tóquio brilham com suas vitrines refinadas. O contraste entre a luxúria das joias e o caos nas ruas é um espetáculo surreal…

    Enquanto isso, Sofie se prepara para uma ação decisiva. Usando sua extensão de técnica, ela canaliza sua repulsão com precisão, projetando a entidade contra a parede de uma loja. 

    O impacto é brutal, e o som de vidros estilhaçados ecoa pela rua.

    — Miserável…

    Ela murmura, sem perder a compostura, mas sem tempo para sequer se recuperar da ofensiva, uma besta de aparência grotesca surge repentinamente nas suas costas. Com uma corda nas mãos, ele a envolve rapidamente, enforcando sua garganta, forçando-a a ceder.

    — Você é uma merdinha muito forte! — ele gargalha, a adrenalina pulsando em seu corpo, mas sua celebração é curta.

    Antes que possa reagir, uma estrutura de concreto atravessa seu peito. Gabriel, vindo do alto, usou a passarela como uma catapulta improvisada, saltando dela e desferindo um golpe letal antes que ela desabe ao chão, usando transmutação elemental para golpeá-lo.

    O que faz a estrutura ceder assim que o atinge…

    Ele pousa com uma calma inabalável, seus olhos fixos em Sofie, que ainda tenta processar o que acabou de acontecer.

    — Cadê o Satoshi? — Sua voz é firme, mas o olhar impassível indica que ele já está ciente da urgência da situação.

    Mas Sofie, de joelhos e visivelmente irritada, olha para o chão, dominada por um resquício de raiva.

    — Ehr… — a palavra escapa de seus lábios com um tom amargo. — Droga… esse bosta quase me mata!

    “Eu sou um fracasso… sou!”

    Se penaliza, como nunca. Quase chora, com lágrimas ameaçando cair de seus olhos.

    Mas ele se aproxima, colocando uma mão firme em seu ombro, tentando acalmá-la. Seus olhos, mais profundos que o normal, a encaram com uma paciência além de qualquer expectativa. Não era ele que estava assim antes? Talvez, ele sinta vergonha… agora que a empatia o toca.

    — Calma, Sofie, isso não é uma avaliação… — ele se equilibra entre a preocupação e a disciplina. A seguir, sua voz se suaviza, mas a urgência ainda ressoa. — Só foque aqui, no agora… onde está o Satoshi?

    A garota levanta os olhos para ele, um lampejo de frustração e preocupação para suas lágrimas.

    — Ah… Satoshi… — Ela aponta vagamente para onde a rua se cruza com outras duas, terminando abruptamente em uma entrada para o metrô subterrâneo. — Nos dividimos… ele foi para baixo, e eu para cima… Ele está lá!

    Tudo está caótico demais… E assim que ele fecha os olhos, sente um fio que pertence ao garoto…

    — Está…

    Mas sua voz não é nada despreocupada.

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