Capítulo 220 - Na Mega Sena, Jahiel Tirou a Mais Fria das Exorcistas como Prêmio!
Seis horas finalmente se passam.
O campo de batalha é um inferno moldado pela própria loucura.
Cadáveres e almas perdidas pavimentam o terreno, enquanto a luz da lua é obscurecida pelas densas nuvens de energia maligna.
As entidades demoníacas, outrora uma horda implacável, estão reduzidas a menos de um quarto de sua força.
Mas o preço é alto: exorcistas caem, seus corpos dilacerados e suas almas absorvidas pelo vazio.
Ainda assim, a batalha está longe de terminar. Todos do lado do mal sabem que este momento será o derradeiro. O ar pesado carrega uma tensão sufocante, como se o próprio destino segurasse a respiração. Então, ele respira.
Um estalo atravessa a mente de Gallael como um trovão. Ele sente o chamado — ou melhor, a ordem. Jahiel, os irmãos e Beheel identificam cada um dos exorcistas celestes. A densa neblina sensorial, saturada de presenças malignas, permite um trabalho de vigia seguro e imperceptível, ocultando as auras negras das entidades.
De repente, cinco sombras emergem do breu da noite. Suas formas são quase indistinguíveis, mas suas auras abissais proclamam um poder inegável.
Enquanto isso, Rasen, agitado como um cão faminto diante de seu mestre, olha ansioso para a entidade a quem dedicou sua alma.
A figura ao lado dele, no topo, mantém-se imóvel, encarando o chão.
— E eu? — pergunta, misturando ansiedade e impaciência.
— Você o quê?
A resposta vem fria e incisiva, cortando o ar como um açoite.
— Ah… não vou nem poder me divertir um pouco?
— Espere! Você quer se lançar à batalha sem a totalidade de seu poder? — A figura sombria o encara com olhos impenetráveis, carregados de um semblante que não aceita falhas ou indisciplina. — Não seja imprudente!
O homem bufa, contrariado, mas sua atitude não pode ser nada menos do que enfiar as mãos nos bolsos.
— Tá bom, tá bom…
“Mais uma, duas, três horas? Caramba!”
E é nesse instante que o céu se rasga. Jahiel desce como um meteoro, cortando os céus com uma luz sombria que parece sugar a própria vida ao seu redor… O impacto de sua queda em um centro corporativo é devastador, destruindo ruas, desabando prédios inteiros em um rugido ensurdecedor. Quando a poeira baixa, ela emerge, erguendo-se sobre os escombros com a majestade furiosa de um dragão, um dos mais temidos, já que esse é uma entidade de nome e sangue…
Acima de corpos… interrompendo o embate que acontece ali… seus pés de unhas afiadas ressoam nos gritos dos que sobreviveram…
— Caos… enfim posso dançar com ele!
Chifres retorcidos agora adornam sua cabeça, visíveis do baixar da poeira, enquanto asas imensas projetam sombras que engolem a luz da esperança… Sua cauda chicoteia o ar com violência, e o sorriso em seus lábios revela dentes afiados como lâminas.
Essa é sua forma original, já liberada… ela não é mulher de joguinhos…
— Finalmente… — sussurra, seus olhos fixos em Zuri.
Mas como sabe quem ela é? A todos eles foram especificados seus alvos, cada um deve seguir o que lhe foi dado…
No entanto, a celeste, ainda de pé, encara a entidade com uma postura desafiadora. Ao seu lado, Natalie e Ethan mantêm-se firmes. O que os protegeu dos danos? Um escudo que, às pressas, envolveu os três. Contudo, o impacto do ataque inicial da marquesa é demais… O tal escudo, rapidamente levantado por duas auras, quebra como vidro sob uma marreta, salvando-os por um triz.
Eles têm apenas cortes superficiais, criando uma dúvida: ela pode realmente matar um Exorcista apenas com o movimento de seu corpo?
O rapaz pensa no quanto terror aquele ser causa, a mente lutando para compreender o que acaba de acontecer. Ele engole em seco, enquanto Natalie arfa de exaustão. Eles até tentaram encontrar Gabriel e seu grupo, e, nisso, limparam vários quarteirões e salvaram inúmeras pessoas.
Mas agora… uma pedra grande demais está no sapato!
— Que merda é você? — murmura a celeste, a aura ao seu redor fervendo em um rosa-profundo.
— Que merda?
Mas a besta solta uma risada baixa e carregada de escárnio.
— Sou a Marquesa Jahiel! — proclama, sua voz carregada de poder e desdém, até que ela passa os olhos nos jovens. — Acho bom as crianças ficarem de fora. Caso contrário, vou decorar minha sala de troféus com as suas cabeças!
Sua aura abissal faz o chão tremer, seu olhar psicótico… ela é o lobo e eles os coelhos, então, é melhor não fazer nada para não parar entre seus dentes…
— O que…?
Zuri não hesita. Dá um passo à frente, surpreendendo os outros dois, interrompendo o jovem.
— Você quer a mim, não é? — Sua voz é firme. Com calma, ela puxa uma faixa de dentro do bolso e a enrola em torno do punho direito. — Pois bem, vou peitar você, demônio original!
— Sr.ᵃ Mukanda? — Natalie sussurra, surpresa ao vê-la assumir a dianteira.
Ela não é fã de lutas por prazer, sempre movida por algo maior que o simples ato de fazer…
— Vocês dois… vão! — ordena. — São mais, certo?
— Então, você vai lutar sozinha? — Ethan parece hesitante, quase incrédulo. — Mas…
Ela lança-lhes um olhar afiado, como uma lâmina.
— Não confiam em mim? — rebate, fazendo ambos recuarem involuntariamente. — Uma marquesa do inferno não é como os demônios calamidade. Não quero arriscar. Vocês dois são mais fortes do que a maioria dos exorcistas aqui, mas isso não importa se forem derrotados tão cedo… É uma questão de inteligência. Agora vão!
Natalie hesitou, mas a intensidade no olhar dela a fez ceder, assim como ele, logo após…
— Vamos!
— Merda! — xinga, — Por que isso de repente?
Enquanto ambos recuam, ela volta sua atenção para Jahiel, os músculos de seu corpo relaxando em uma postura quase predatória.
— Então, marquesa, quer dançar comigo? — provoca.
— Claro!
— Só me diz uma coisa… por que disso? Por que eu?
— Por quê? — Ela pensa em responder, mas não é divertido, a graça está na falta de sentido naquele embate. — Vamos ver quanto tempo você consegue entreter uma marquesa do inferno antes de implorar por sua vida!
— Que cruel… — a mulher abre as pernas, firmando-se no chão, dobrando os joelhos em posição de luta. — Acho que será interessante encarar uma mulher forte… pena ser um demônio!
— Está me menosprezando, humana? — ela brada, raivosa.
— Eu? Estou fazendo isso?
— Não se faça! — a criatura pisa firme, esmagando alguém que está sobre uma parede de concreto, que vira pó na mesma hora. — Não sou fácil de irritar, mas nesse ritmo, conseguirá! — Sangue espalha no ar.
Sangue… caos… só há isso a oferecer ao mundo?
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