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    A saliva escorre pelos lábios da criatura, refletindo um brilho perverso sob a luz mortiça, enquanto vapores quentes escapam da boca da exorcista, carregados de um sopro entre exaustão e responsabilidade.

    Não deveria durar muito, afinal, a cada segundo mais e mais pessoas morrem…

    Ambas ficam momentaneamente imóveis, os músculos relaxando apenas para ocultar o verdadeiro ápice de suas energias. Suas auras colidem no ar, como ondas de pura intensidade que fazem o espaço vibrar em resposta.

    — Extensio Energetica: Activatio Simplex Bilinearitatis! — entoa a exorcista, sua voz cortando o ambiente como uma lâmina.

    E antes que a criatura possa compreender, o espaço ao seu redor estilhaça em uma distorção irreconhecível. Em um instante impossível de calcular, a mão da mulher se materializa, esmagando sua face com força desumana.

    O impacto turva sua visão. A dor ressoa como um eco de uma cor de cabeça, mas antes que possa reagir, uma bola de fogo devastadora a atinge, lançando-a para trás com violência… O mundo ao seu redor gira enquanto o chão se aproxima em alta velocidade. Seu corpo impacta o solo, abrindo uma pequena cratera, enquanto chamas lambem sua pele.

    A confusão invade seus sentidos. Como?

    A resposta vem em fragmentos na mente já acostumada com batalhas. Através da manipulação de sua técnica inata, a Matriz Bilinear, a exorcista rompe os conceitos de proximidade e distância, dobrando a realidade em um instante perfeito. 

    Ela atinge a criatura fisicamente, mesmo permanecendo fora de seu alcance direto.

    “Maldição…”

    Escapa dos lábios da criatura, um sussurro carregado de fúria…

    Seus braços estão queimados, a pele enegrecida pelo calor brutal… Mesmo enquanto seu corpo é forçado a frear o impacto com os pés, seus olhos ardem com algo ainda mais intenso que a dor: ódio primitivo, inflamado pela humilhação de estar vulnerável diante daquela que deveria ser sua presa.

    Agora, ela, que antes parecia segura, está sendo encurralada. 

    O ar ao seu redor, pesado e tenso, parece se comprimir… Cada movimento da besta aumenta a pressão que ela sente, mas o pior continua por vir. Sem perceber que a exorcista desapareceu, um alerta primal dispara em seu interior, um instinto de sobrevivência que a faz perceber a presença dela, tão próxima, tão mortalmente próxima!

    — Extensio Energetica: Annullatio Bilinearitatis! — Sua adversária pronúncia o feitiço, e a criatura não tem tempo de reagir. Suas garras, afiadas como lâminas, cortam o ar com fúria, mas atravessam o corpo da exorcista como se ela fosse feita de névoa, uma entidade sem forma, intangível, impossível de tocar. 

    No movimento de pura maestria, anulou os conceitos de proximidade e distância.

    O mundo ao redor se rompe como vidro, a percepção distorcendo-se até desaparecer… De repente, não está mais ali, mesmo visualmente estando, mas, ao mesmo tempo, está em todos os lugares.

    Seu corpo torna-se uma extensão da própria realidade, impossível de ser tocado. Ela se torna uma força invisível, intangível, enquanto a criatura permanece imóvel, incapaz de compreender o que acontece.

    “O que…”

    A criatura sente o calafrio da dúvida, mas antes que consiga digerir o que está acontecendo, o próximo movimento dela é tão rápido quanto a mente, tão mortal quanto um golpe fatal.

    — Amplificatio Potentiae! — O feitiço dispara como um trovão, e, no instante seguinte, a criatura sente uma dor insuportável, um golpe tão poderoso que parece ser multiplicado por cem. A dor se espalha, atravessando seu abdômen com uma violência que desfaz sua resistência.

    O sangue púrpura irrompe de seu corpo, escorrendo como uma chuva sombria enquanto seus olhos se arregalam em um reflexo de terror. Sua respiração se vai, perdida em um grito silencioso…

    Ela foi além, levando a batalha a um nível que a criatura jamais poderia entender.

    Por um instante, a realidade se curva à vontade dela, e a criatura, impotente, sente sua própria existência sendo consumida pela incerteza e pelo vazio de sua impotência.

    A criatura está à mercê de seu poder, completamente dominada pela força brutal que Zuri impôs.

    A batalha chega ao seu ápice, e, para evitar sua derrota iminente, a entidade faz o último esforço. Com uma agonia desesperada, ela agarra o braço com a única mão que lhe resta, sentindo a energia de seu oponente perfurar seu ser. Mas, em um último suspiro de resistência, a ferida se fecha, e, ao contrário de sua mão, que está selada por forças de pura luz, essa cicatriz se endurece em uma prisão de sombras.

    A transformação é grotesca, mas inevitável para a exorcista… Mesmo tentando emanar uma aura mais quente que o comum…

    Com um movimento abrupto, ela usa suas asas para concentrar uma quantidade inimaginável de trevas, condensando o poder em três dedos gerados em cada uma, através da manipulação celular, mais fácil de ser feita em um corpo imaterial.

    O ar ao redor se distorce, como se o próprio espaço estivesse sendo dilacerado. Com um sorriso sádico, a criatura conjura um ataque devastador, uma lâmina de escuridão pura, que corta a realidade como um ciclone furioso. Ela avança, implacável, em direção à exorcista.

    A explosão é aterradora. O impacto reverbera por toda a região, destruindo tudo ao redor. O chão racha, as estruturas desmoronam, e uma onda de destruição varre aquela parte da cidade. Quando a poeira finalmente baixa, o que resta é um vasto deserto, onde uma cidade outrora próspera existiu.

    O silêncio pós-impacto paira no ar, pesado e denso…

    A entidade, ofegante e visivelmente exausta, retira suas mãos do braço de Zuri, mas o que resta é um esqueleto queimado, reduzido a nada mais que ossos carbonizados fincados em seu peito. 

    Mas o horror estampado na face da criatura revela um medo implícito, uma dúvida amarga… Em vez de uma certeza.

    “Mesmo diante do meu golpe… ela sobreviveu?”

    Ela pousa pesadamente, os restos de seu sangue escorrendo dos lábios trincados. O solo, agora árido e rachado, recebe seu corpo com um impacto brutal. A exaustão é evidente, e seus olhos, obscurecidos pela derrota, observam seu braço perdido, arrancado durante o confronto.

    O campo de batalha está marcado, a heroína perdeu a batalha… Mas a guerra também?

    A pergunta ainda paira no ar: A luta está decidida?

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