Capítulo 230 - Sistema Véi Podi

Golpeando e resistindo ao impossível, Kyotaka se move como uma máquina de guerra. Seus golpes rasgam o ar ao seu redor. Cada impacto reverbera como trovões, enquanto a besta avança, sua forma grotesca em constante mutação, lançando tentáculos sombrios em direção ao exorcista.
O prédio em que estão se desfaz ao redor deles, os andares ruindo como castelos de areia diante do confronto.
Os braços da criatura, distorcidos e disformes, se regeneram em um piscar de olhos. Cada golpe abre crateras nos pisos, transformando o local em um campo de batalha infernal.
Tudo parece estar a favor do homem…
Mas, em um momento de descuido, o demônio encontra uma brecha.
Um golpe envolto em trevas concentradas perfura o peito dele como uma lança, tão rápido que não há como reagir.
— O-o quê!
Ele até tenta contra-atacar, mas a besta havia imbuído trevas em suas mãos para acertar, mesmo que com uma fagulha de escuridão, sabe que a curta distância qualquer golpe pode trazer danos irreversíveis.
Os olhos do exorcista se arregalam, mas…
— Extensio energiae: Vis amplificata, ducentuplum! — ruge, sua voz, uma declaração de fúria infinita em nome de seu dever.
A energia liberada por suas palavras é avassaladora. O impacto explode com força suficiente para desintegrar o prédio em uma nuvem de poeira e concreto. A besta é arremessada com brutalidade, caindo quatro andares abaixo, soterrada em um emaranhado de escombros.
Uma onda de choque poderosa percorre o ambiente, forçando seus aliados a se protegerem para não serem arremessados.
“Que força é essa?!”
Pensa Shirasaki. Ele acaba de esmagar a cabeça de outra entidade, mas seus olhos estão fixos em seu líder, cuja presença se torna quase divina.
“Ele pode apagar qualquer um com um golpe! Impressionante…”
Mahmoud, o mais novo do grupo, rompe o breve silêncio com um grito.
— Espera! — sua voz é alarmante, desprovida do habitual tom confiante que estava tendo até então…
E lá está o velho, de pé, mas o sangue escorre livremente pelo buraco grotesco em seu peito. A energia negra do ataque anterior ainda pulsa em torno da ferida, corroendo sua carne. Ele mal parece sentir a dor, seus olhos fixos na criatura que emerge lentamente dos destroços.
Como uma poça negra que se espalha pelo chão, a substância se move como se tivesse vontade própria. Dela, o demônio ressurgirá, sua forma novamente intacta, como se o golpe não fosse mais que um incômodo passageiro.
Isso faz Mahmoud arregalar os olhos e Shirasaki apertar a própria arma espiritual.
“Mesmo com duzentas vezes a força amplificada, ele continua de pé!”
Murmura entre dentes o velho.
Ele aperta os punhos, sua respiração é pesada e ansiosa pelo fim da criatura, mas inabalável!
Os braços do demônio pendem grotescamente abaixo dos joelhos, enquanto múltiplos olhos brotam de sua cabeça deformada. Suas asas negras, semelhantes às de um morcego, tremulam como sombras, irradiando pura malícia.
Mahmoud avalia a situação, cogitando lançar um ataque surpresa. Mas algo o paralisa. Seus pés, como que guiados por instinto, se fixam no chão… É quase como se uma força invisível lhe dissesse para esperar.
— Kyotaka… você… — ele começa, hesitante.
— Acalme-se! — Kyotaka interrompe, sua voz firme. Ele pisa com força no chão, causando um tremor devastador. O impacto lança os braços da besta para trás, desequilibrando-a. — Estou aqui. Vivo. E eu irei exorcizar esse demônio!
— Velho maluco! Você vai morrer! — Shirasaki grita, a indignação em sua voz quase mascarando o medo.
Mas o velho ignora a ferida aberta em seu peito, avançando com uma determinação implacável. Sua aura irrompe em um espetáculo deslumbrante, como estrelas cruzando um céu caótico.
O que se segue é de proporções titânicas… Os punhos dele encontram as garras da criatura em colisões que parecem rasgar o mundo. Cada impacto soa como uma tempestade infernal. É como assistir a duas forças primordiais da natureza em confronto direto.
“Vou morrer?”
Pensa, enquanto as garras do demônio passam a milímetros de sua face, levando consigo parte de seu bigode, agora reduzido a fios espalhados no ar.
— Extensio energiae: Vis amplificata, trecentuplum! — ele ruge.
A liberação de poder é tão intensa que a outra mão da criatura que estava próxima a seu pescoço simplesmente deixa de existir, apagada da realidade.
O corpo monstruoso é arremessado como uma boneca de pano, colidindo contra uma casa, que desmorona sob o impacto.
“Segura essa, seu maldito!”
O golpe é devastador, capaz de erradicar cidades inteiras do mapa.
Mas… ele ainda sente o breu vivo, ali…
“Essa criatura… está além de qualquer limite que eu acreditava ser possível. Será que essas malditas entidades estão evoluindo?”
Reflete, seus pensamentos carregados de uma sinceridade fria.
Mas a verdade se revela cruelmente.
A ferida em seu peito, mascarada pela adrenalina, começa a sangrar mais intensamente, com gotas rubras caindo aos seus pés. Sua respiração falha e ele se ajoelha, o peso da batalha finalmente recaindo.
“Que droga…”
A energia espiritual que liberou para amplificar sua força é impossível de sustentar se tentar curar seu corpo.
Ele percebe, tarde demais, que caiu em sua própria armadilha!
A criatura, já formada novamente, vendo a oportunidade, concentra uma esfera negra de puro poder destrutivo e a lança. Porém, Shirasaki entra em cena. Com um movimento ágil, ele usa seu bastão para dissipar o ataque. A arma, no entanto, não resiste ao poder absoluto da técnica, quebrando-se em pedaços no instante em que contém o golpe maldito.
“Caramba…”
Ele sente sua mão tremendo com o impacto. Apesar de não sofrer danos diretos, ele percebe na alma a magnitude avassaladora daquela técnica.
“Havia tanta energia selada na arma e, mesmo assim, foi destruída como se fosse apenas um tijolo de uma casa?”
O pensamento ecoa por um instante, mas logo a realidade se impõe. Não há tempo para reflexões. A criatura precisa ser destruída, e rápido!
— Velho… se cure! Vamos, você poderá exorcizá-lo depois disso!
O velho ergue o olhar, seus olhos ainda brilhando com determinação, mesmo diante da dor e da exaustão. Ele cospe sangue em uma tossida, mas sua aura começa a se elevar!
— Me curar? — ele repete, quase com desprezo. — Não… Shirasaki, não, é algo que eu possa fazer agora!
Com esforço, ele se coloca de pé, e, sem querer, o exorcista consegue entender o porquê…
Enquanto isso, o outro tenta manter a criatura ocupada, desviando de seus ataques com extrema dificuldade. Cada movimento é mais rápido e imprevisível do que o anterior, e embora consiga evitar golpes fatais, cortes superficiais começam a se acumular por todo o seu corpo.
“Essa coisa…”
Pensa, dando passos para trás, a mente correndo com possíveis soluções.
“Vai me acertar!”
É nesse instante que tudo muda. Um golpe que parecia inevitável é interrompido abruptamente!
Dos céus, Kyotaka reaparece como um raio de fúria, acertando a criatura com força total antes que ela pudesse finalizar seu ataque. O impacto é brutal, e antes que o demônio caia completamente ao chão, o agarra pelos pés…
— Ainda não terminei! — Indaga, sua voz reverberando como um trovão, enquanto seus músculos se contraem em um movimento avassalador. Ele lança a criatura para o alto, com tamanha força que o ar ao redor parece ser rasgado, criando redemoinhos violentos.
O impacto de sua ação faz os escombros ao redor tremerem, enquanto a poeira e as pedras voam como se fugissem de seu poder.
“Bom Elum, permita-me enviar essa abominação de volta aos infernos. Não posso falhar… não com essas crianças olhando para mim!”
Esse pensamento atravessa sua mente como um raio. É uma prece carregada de fé e altruísmo, mas também de uma força de vontade inabalável.
Apesar da dor que queima em seu peito e do sangue que ainda escorre de sua ferida, ele mantém sua postura ereta, firme como uma rocha diante de uma tempestade.
Seus aliados o observam em silêncio, seus olhos fixos na figura do velho líder.
Para eles, não é apenas um homem, seu líder, mas um símbolo…
— Vocês não verão a derrota hoje! — afirma, sua voz derrotando o caos ao redor.
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