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    Durante o confronto entre Max e Camion. No sul da cidade, no clã Zura, uma mulher que havia triunfado em sua batalha estava caída, inconsciente. Ao recuperar os sentidos, levantou-se de imediato, examinou o ambiente ao redor, levou a mão à cabeça e murmurou:

    — Eu perdi? 

    Logo depois, avistou o corpo do demônio no chão, ainda envolto em chamas que queimavam lentamente. Aos poucos, Idalme começou a se lembrar de tudo que havia acontecido. Sem hesitar, correu até sua chefe, gravemente ferida, e iniciou o processo de cura. Enquanto a aura curativa agia, Kata começou a recobrar a consciência.

    — Idalme? — indagou, seus olhos agora focando com uma clareza crescente.

    Lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto: — Sim, chefe… sou eu… sua fiel aluna.

    Kata, embora ainda não completamente curada, tentou se levantar. Contudo, seu corpo não respondia à sua vontade e cedeu, derrubando-a novamente ao chão. Idalme, atenta, observava e advertiu que ela deveria aguardar até estar em um estado mais estável. Mesmo caída, a líder ergueu os olhos, cheios de determinação, e declarou:

    — A batalha ainda não terminou! — exclamou, ao segurar firmemente o braço de sua aluna, antes de continuar. — Vá, Idalme!

    Hesitante, murmurou: — Mas… chefe…

    — Agora sou capaz de me curar sozinha. Vá, eu cuidarei de tudo aqui. — Com um gesto firme, ela se ergueu e colocou a mão no ombro dela. — Vá, Idalme!

    Ela, por sua vez, com os olhos marejados, respondeu:

    — Sim… mestra!

    Ela começou a se mover, e afastava-se do local. Ao redor, podia ver os corpos de seus companheiros, mortos, feridos ou inconscientes. Apesar disso, engoliu em seco e seguiu em frente, acelerando o passo. Ao deixar o clã e correr um pouco mais, percebeu, de repente, uma chama que a acompanhava. Aos poucos, a forma flamejante começou a se materializar em uma pessoa.

    — Se estás aqui, o demônio já foi derrotado — disse o homem, ao fixar o olhar nela.

    Surpresa, ela perguntou: — Você… Carlo?

    — Sim, de corpo e alma — respondeu, um sorriso discreto se formando em seus lábios.

    Sem trocar mais palavras, correram até o extremo leste da cidade. De longe, avistaram Max que enfrentava o destemido. Porém, a batalha chegou ao fim quando o viram cair ao chão.

    Idalme olhou para seu colaborador, que assentiu silenciosamente. Ela parou abruptamente, abriu seu espaço espacial e retirou um arco e duas flechas. Segurando uma com a boca, disparou a outra para o céu. Enquanto isso, Carlo avançava na direção do destemido, e chamava sua atenção.

    Idalme, então, posicionou a segunda, mirando cuidadosamente. O disparo atingiu a primeira no ar, fazendo com que uma chuva de flechas flamejantes caísse sobre o local. Ao ver que sua técnica havia funcionado, pensou consigo mesma:

    Flechas de fogo consecutivas!

    O demônio ergueu os olhos para o céu, e esboçou um sorriso confiante, enquanto Carlo se aproximava ainda mais. Ele invocou sua espada e exclamou seu grito de guerra. Camion, ignorou o ataque que vinha dos céus, e lançou um poderoso soco em direção ao humano a sua frente.

    Antes que o impacto acontecesse, ele transformou-se em chamas, e desviou-se por baixo do golpe. Ao aproveitar o momento, envolveu Max e o retirou rapidamente da área, enquanto Camion era atingido por várias flechas. Idalme, ainda insatisfeita, preparou outra, desta vez carregada com fogo concentrado, e disparou, acertando o alvo em cheio.

    Carlo correu até ela, ao retornar à sua forma humana. Posicionou-se à frente deles, enquanto Idalme, hesitante, decidiu curar Max mesmo assim.

    A fumaça causada pelas chamas começou a se dissipar, revelando o destemido com uma postura altiva, o punho apoiado na cintura e um sorriso despreocupado. Ele, então, declarou:

    — Isto é uma piada? Estão lutando em turnos para que mais humanos apareçam após a derrota de um grupo?

    No entanto, ninguém respondeu ao demônio. Todos ali sabiam que ele não era uma ameaça comum. Carlo, ao ver as duas figuras mais poderosas de seu clã caídas e incapacitadas, concluiu que a vitória era incerta. Ainda assim, voltou seu olhar para Max, deitado no chão, e declarou:

    — Escuta, vencer isso é quase uma missão impossível. Principalmente aquele raio que atingiu Max. Não há defesa contra aquilo.

    — Tens algum plano? — indagou Idalme.

    — O seguinte: nossa tarefa é ganhar tempo. Escuta bem, lutarei diretamente com ele, e tu me darás suporte, mas nunca debaixo daquelas nuvens. Compreendido?

    — Sim.

    Camion, percebeu que estava sendo ignorado, protestou com irritação:

    — Que falta de educação! Será que vossa família nunca se deu ao trabalho de vos ensinar bons modos?

    Carlo avançou contra ele e desferiu um golpe com sua espada flamejante. No entanto, o inimigo permaneceu impassível, como se o ataque não tivesse causado qualquer efeito.

    — Não gostei de você! — declarou, enquanto seu rosto se fechava. — Não tem nada a dizer?

    O homem fogo continuou a atacar repetidamente, mas Camion desferiu um golpe direto no corpo do alvo. Contudo, seu soco atravessou como se o alvo tivesse desaparecido. Surpreso com o ocorrido, o capeta não se deixou abalar e tentou outro soco. Desta vez, Carlo esquivou-se com agilidade e seguiu cortando o demônio com sua espada flamejante.

    Como imaginei, meus ataques não funcionam, pensou Carlo, enquanto se afastava.

    Camion, percebeu que seus socos não estavam atingindo o alvo, invocou um raio devastador e partiu a presa ao meio. O demônio achou engraçado o corpo do alvo se dividir. No entanto, Carlo sorriu de volta, mesmo enquanto seu corpo se reconectava. Com um gesto de desprezo e um sorriso confiante, proclamou:

    — Não funciona, idiota!

    Carlo, capaz de se transformar em fogo, possuía uma habilidade única: qualquer ataque que colocasse sua vida em perigo acionava automaticamente sua defesa. Enquanto sua aura estivesse ativa e circulava pelo corpo, ele se esquivava de qualquer golpe com precisão, protegendo-o instintivamente.

    Veias começaram a aparecer na cabeça do capeta, mas ele mal teve tempo de reagir, pois uma flecha de fogo concentrada, seguida de balas explosivas, acertou precisamente sua face. A raiva começou a tomar conta dele. Sabia que era o mais forte, mas sentia que seria trabalhoso se livrar desses humanos que, a cada momento, ganhavam mais tempo.

    — Cansei de vocês, primeiramente, — apontou para o casal no fundo — vou me livrar de vocês primeiro.

    Começou a correr em direção a eles, e Carlo, embora ao tentar acompanhá-lo, logo ficou para trás. Idalme, ainda carregando Max nos ombros — que não estava totalmente curado — também começou a correr. No entanto, o inimigo já estava sobre eles, pronto para atacar com toda a sua força.

    — Morram!!!

    Ela olhou para trás, e pensou por um instante em deixar Max e correr sozinha. Contudo, seu corpo, por um impulso, se colocou à frente do ataque. Mesmo sabendo que não seria suficiente, mesmo ciente de que nada mudaria, ela não pôde evitar. Seu instinto acreditava que ainda havia uma chance.

    O punho de Camion se aproximava rapidamente de seu rosto, e com medo, ela fechou os olhos. A morte parecia iminente. Nos seus últimos momentos, sua mente foi invadida por memórias: sua chefe, seu irmão e, finalmente, o homem que ela odiava.

    No fim, eu morrerei te protegendo… no fim, é você…

    O sorriso de aceitação apareceu nos lábios de Idalme, mas, de repente, o corpo de Camion foi congelado por algo vermelho, ou melhor, petrificado. O capeta caiu no chão, imóvel.

    De longe, Carlo observou, e tentava identificar a origem do ataque, mas seus olhos não conseguiam enxergar claramente. Lá longe, estava sangrando um homem perto de sua amada, e ferido, declarou:

    — Sangue petrificante!

    Logo em seguida, o homem chamado Miguel, ferido e apoiado por sua esposa, caiu no chão. Antes que a consciência o abandonasse, ele pensou:

    Me desculpe… isso é tudo… que posso… fazer…

    Idalme, sem ter sentido o golpe que deveria tê-la atingido, abriu os olhos. À sua frente estava o homem que todos estavam esperando. Enquanto isso, o demônio partia o sangue petrificado que cobria seu corpo.

    Izumi, segurava Ui com um dos braços, inconsciente, a colocou suavemente no chão. Ele então encarou Idalme, que imediatamente entendeu o que precisava fazer.

    Ele olhou para seu irmão, que o olhou de volta, e, com um olhar decidido, Max disse:

    — Agora é a sua vez, Izumi!

    Agora ligeiramente diferente, se aproximou do demônio que se levantava. Ele o encarou com um sorriso, e Camion, ao perceber que sua presa ainda estava viva, retribuiu o sorriso.

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