Capítulo 101 de 35 - Até demônios choram
Ao usar o “Speed Iz”, Izumi atacou Camion, mas este reagiu rapidamente e bloqueou o golpe. Em seguida, o oponente contra-atacou.
Notando que o demônio acompanhava seus movimentos, tentou utilizar o “Super Speed Iz”, mas a tentativa falhou. Persistiu em outras estratégias, mas todas seguiam o mesmo padrão, sem sucesso. Ele então percebeu que apenas três de suas habilidades estavam disponíveis: “Speed Iz”, “Brute Force Iz” e “Cure Iz”. Entretanto, o “Sen To Ichi” que aplicou às mãos continuava operando perfeitamente e não dava sinais de esgotamento.
— Terceira Forma! Sincronização!
A batalha prosseguiu com Izumi que utilizava “Speed Iz” para se aproximar rapidamente e “Brute Force Iz” para desferir seus golpes. Camion logo notou o padrão e conseguia reagir. Porém, Izumi não percebeu que, ao longo do confronto, sua velocidade aumentava, mesmo ao continuar a usar as mesmas habilidades.
Ao aproveitar uma brecha, o capeta falhou ao tentar erguer sua barreira de sombra a tempo e foi atingido em cheio por um gancho de “Sen To Ichi” a 100%. O impacto o fez cambalear para trás, ferido e sangrando.
Ele não hesitou e avançou para atacar, mas Camion ergueu uma muralha de pedras ao tocar o chão. A barreira foi rapidamente destruída. Enquanto tentava rastrear o cheiro do demônio, foi surpreendido por um chute vindo de cima e, atingiu sua cabeça.
O impacto destruiu o chão, mas o ataque, que deveria causar grandes danos, mostrou-se menos eficaz do que o esperado. Em seguida, Izumi usou o “Cure Iz”, que o curou lentamente. Nesse momento, percebeu que suas habilidades Iz estavam mais fracas do que o normal, enquanto sua forma base demonstrava estar significativamente mais forte do que o habitual.
— Esplêndido, eu tinha certeza de que ia esmagar sua cabeça — declarou Camion.
Izumi, colocou a mão no pescoço e torceu-o com um movimento ágil. E disse com uma expressão desafiadora: — E agora? O que vou fazer?
Ele começou a questionar a origem de suas habilidades “Iz”, ponderando se elas vinham de seu sangue humano em vez de sua herança demoníaca, ou talvez fossem fruto de uma fusão com sua energia negativa. Contudo, decidiu deixar essas reflexões para outro momento e focou no combate.
Camion, por sua vez, despertou raios ao redor de seu corpo e anunciou que aumentaria sua velocidade.
A batalha prosseguiu em equilíbrio. Enquanto Izumi atacava, o inimigo defendia, e ocasionalmente era atingido de raspão. Após um breve confronto, ambos se afastaram, preparando-se para o próximo movimento.
— A luta chegou a um impasse. Vou ter que apelar.
— Apela, então. Isso não vai mudar o resultado — respondeu Izumi, sua voz tranquila, mas cheia de confiança.
— Você já ouviu isso antes? — disse o demônio, que cruzou as mãos com um sorriso. — Escuridão Imensurável!
Tudo ao redor foi consumido por uma escuridão absoluta, um vazio tão profundo que tornava impossível distinguir qualquer limite ou fim do lugar.
— Que porra é essa?!
Camion permaneceu em silêncio e, desativou os raios ao redor de seu corpo antes de avançar rapidamente. Porém, Izumi reagiu com precisão, contra-atacando e acertou-o em cheio. Então, declarou:
— Nada mudou, consigo sentir seu cheiro de longe.
— Incrível. Então, desativar meus raios não adiantaram de nada — disse o adverso, reativando os raios com um gesto desdenhoso.
— Venha! — declarou Izumi.
O capeta sorriu, seus olhos brilhava intensamente antes de desaparecer em um piscar de olhos. Izumi, surpreso, manteve-se em alerta, mas o demônio logo surgiu à sua frente e, lançou um raio de fogo. O caçador reagiu a tempo, defendendo com a mão, mas o impacto o lançou pelos ares.
Sem hesitar, Camion desapareceu novamente e atacou seu alvo no ar. Apesar de conseguir bloquear o golpe, o caçador não teve tempo de recuperar o equilíbrio antes de ser alvo de uma sequência incessante de ataques enquanto ainda caía.
Ao aproveitar a oportunidade, conjurou um casulo de sombra que envolveu Izumi completamente, aprisionando-o. O casulo caiu ao chão, e Camion o segurou firme enquanto Izumi desferia golpes na tentativa de escapar. Cada rachadura que surgia era rapidamente reparada pelo demônio.
Então, o adverso abriu alguns buracos no casulo e declarou:
— Foi realmente esplendido a sua performance, mas o meu shape é melhor!
Os olhos de Camion tornaram-se cada vez mais vermelhos enquanto ele segurava o casulo com força. Em seguida, lançou um raio de fogo à queima-roupa, atingindo Izumi diretamente. No entanto, Izumi conseguiu defender com seu “Sen To Ichi”, que permanecia ativo o tempo todo.
Ao ver a resistência, Camion gritou:
— Desista! Sua morte é inevitável!
— Nunca… nunca aceitarei a derrota!!! — gritou, a raiva e a determinação estampadas em seu rosto enquanto resistia com todas as forças.
O raio de fogo se intensificou, e a mão dele começou a ser consumida pelas chamas, sua energia negativa se esvaía lentamente. Por fim, o raio atravessou sua mão, atingindo seu peito com força. Nesse instante, Izumi perdeu a consciência.
Mas, de repente, algo mudou. Quando recobrou os sentidos, o cenário ao seu redor estava diferente, eles haviam saído daquela dimensão, e Camion parecia surpreso com o que havia ocorrido. Izumi, agora de volta, se questionava sobre o que realmente tinha acontecido.
Ele permanecia imóvel e, com buracos evidentes na mão e no peito, mas, curiosamente, não sentia dor alguma.
— Interessante, você se tornou um demônio por completo — disse o capeta.
Izumi, completamente confuso, se questionava sobre o que havia acontecido. Esse tipo de situação já havia ocorrido antes, mas agora parecia mais claro. Ele finalmente compreendeu que seu “outro eu”, uma versão dele mesmo que surgia quando ele perdia a consciência, havia sido o responsável por salvá-lo daquela situação crítica.
Logo depois, começou a sentir os primeiros vestígios de dor em seu peito e na mão, como se estivesse voltando à sua forma humana. A sensação era desconcertante, e ele logo se ajoelhou no chão e, tentou usar o “Cure Iz” para se curar. No entanto, para sua surpresa, a habilidade não teve efeito algum; sequer foi ativada. Ele estava em uma situação ainda mais precária, sem saber o que fazer a seguir.
Antes, mesmo em meio à dificuldade, Izumi ainda nutria alguma esperança, pois sabia que suas habilidades estariam ali para apoiá-lo. Mas dessa vez, aquilo que sempre confiou o havia abandonado, como as pessoas que o descartaram ao longo de sua vida.
Desesperado, ele continuou tentando ativar suas habilidades e, gritava o nome de cada uma delas, mas nenhuma respondeu, e a dor em seu corpo aumentava a cada segundo.
Camion observava tudo em silêncio, sem fazer nenhum movimento, aproveitou o sofrimento de um mestiço afundado no desespero interior. Os outros humanos presentes pensaram em intervir, mas não se aproximaram. Izumi estava completamente sozinho.
Memórias de quando fora descartado pela primeira vez vieram à sua mente, e, ao contrário da raiva que sentira antes, lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.
Camion, vendo a cena, o olhou com surpresa e disse:
— Até demônios choram.
Com as duas mãos apoiadas no chão e lágrimas caindo, aceitou pela primeira vez que as esperanças haviam se ido. Seu próprio poder o abandonou, assim como seu corpo, que agora ardia em dor e, tornava a situação cada vez mais insuportável. No fundo, de seu coração, ele reconheceu que havia perdido para os demônios que haviam destruído a vida de sua mãe. E, em um momento de desespero profundo, desejou nunca ter nascido.
No fim, ele era apenas uma criança que ansiava por ser amado, perdido em um mundo que sempre o rejeitou, marcado por desprezos e julgamentos injustos, algo que ele nunca mereceu.
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