Índice de Capítulo

    Ao consumir toda a energia do demônio, a aura de Izumi diminuía progressivamente, o que lhe causava preocupação. Durante o confronto contra seus supostos parceiros, considerou drenar suas energias negativas, mas temia que isso extinguisse suas auras e, no pior dos casos, os matasse involuntariamente.

    Após absorver completamente o poder da criatura, cogitou a possibilidade de extrair algo do corpo restante, mas nada aconteceu. Logo depois, observou o cadáver de aparência humana no chão e engoliu em seco.

    — Não, eu não estou cogitando isso…

    Surpreendeu-se com o próprio pensamento. Como ao drenar a energia do demônio nenhuma aura foi consumida, considerou a possibilidade de que a carne ainda retivesse resquícios dela. Logo depois, desviou o olhar e avistou outra criatura fugindo.

    Ativou Speed Iz, aproximou-se em um instante e reduziu o tigre a retalhos. Pegou um pedaço e devorou, mas não sentiu qualquer vestígio de aura. Mais uma vez, refletiu que talvez corpos humanos retivessem mais resquícios, já que seu treinamento fortalecia essa essência.

    — É ruim comer carne humana, mas só de pensar em cagar, é angustiante.

    Ele se aproximou novamente do demônio que havia drenado antes, ajoelhou-se e engoliu a saliva com dificuldade.

    — O que foi, Izumi? É só carne de demônio… — Ele tentou se convencer, mas sua voz vacilou, como se estivesse em conflito consigo mesmo.

    Com a espada, decepou um dos dedos do demônio e, com certo nojo, consumiu-o. A carne humana tinha o mesmo sabor dos demais demônios que devorou, mas havia algo distinto.

    Fraco, porém perceptível, um resquício de aura se manifestava naquele pedaço. Observou ao redor por um instante antes de consumir o corpo inteiro. Ao final, sentia-se satisfeito. Evitou ultrapassar o limite, pois qualquer excesso tornaria evidente que se alimentou de carne humana.

    Sentou-se no local e entrou em meditação. Conseguiu perceber a pequena quantidade de aura absorvida. Embora insignificante, nada estava perdido. Refinou aquela essência corrompida pela energia negativa até a purificar e integrá-la à própria aura.

    — Certo — disse, se levantando com uma expressão resoluta. — Acho que vou consumir um humano por dia… e evitar drenar mais energia negativa.

    Em seguida, ele se dirigiu de volta ao grupo, que estava parado esperando por ele. Quando se aproximou, Max perguntou:

    — Já terminou?

    — Sim — respondeu com um sorriso enigmático. — Aquele demônio agora é só saudade.

    Ao retornar, todos estavam bem e curados, provavelmente graças a Idalme. Logo, Ui correu preocupada e o abraçou. Seguiram viagem até a chegada da noite e decidiram acampar novamente.

    Levantaram uma fogueira, e, como nunca dormia, Izumi assumiu a vigia contra possíveis ataques. Não se importava com isso e sempre aceitava a tarefa, embora nenhum demônio ousasse atacar novamente, o que lhe favorecia. Assim, poderia se afastar discretamente para consumir mais demônios enquanto os outros dormiam.

    Ao redor da fogueira, todos estavam sentados, exceto o mestiço, que estava um pouco afastado, ao lado de Ui. Max olhou para o atirador e perguntou:

    — Dam, poderia explicar as suas habilidades?

    Ele ficou em silêncio, ouvindo, mas sem responder.

    — Dam… — insistiu, a curiosidade já tomando conta.

    — Vocês não estão preocupados? — Com um olhar frio, perguntou.

    — Preocupados? — Max franziu a testa.

    — Fomos dominados por aqueles demônios… — disse, tremendo ligeiramente. — Só de imaginar, fico apavorado.

    Max tentou suavizar, sua voz mais calma:

    — Não se preocupe com isso. Se compararmos com nossas outras batalhas, essa até foi mais… normal. — Tentou suavizar, com sua voz mais calma.

    Dam, visivelmente surpreso, olhou para ele com incredulidade.

    — Normal? Quer dizer que isso sempre acontece com o vosso grupo?

    — Sim.  — Sem mudar de postura, respondeu com um tom despreocupado.  — Não é assim com os outros grupos também?

    Ele balançou a cabeça, um pouco frustrado, seus nervos ainda à flor da pele e continuou:

    — Não seja idiota! Tirando os destemidos, não deveria existir um demônio como aquele. Aquela coisa… era forte demais. — Tremia mais ainda, seus medos mais profundos sendo despertados.

    Max colocou uma mão nas costas dele e tentou tranquilizá-lo.

    — Relaxa, você está muito tenso. Com meu irmão aqui, nenhum demônio vai fazer nada.

    Dam virou o olhar para Izumi, com uma expressão mais calma, mas ainda incerta.

    — … — Ele parecia começar a entender, mas ainda não estava totalmente tranquilo. — Tens razão, me desculpe.

    — Sem problemas… Mas…

    — Hum?

    — Poderia me explicar como funcionam suas armas? Usou elas antes, e pareciam bem poderosas.

    Dam olhou para ele e, com um suspiro, finalmente cedeu.

    — Tudo bem.

    Assim que concordou, a tensão se espalhou entre o grupo, até mesmo para Izumi, apesar de sua aparente indiferença. No entanto, foi ele quem sentiu em primeira mão a velocidade dos disparos daquelas armas, especialmente da que conseguia atirar em sucessão.

    Ele tirou a arma menor da cintura e, com um gesto preciso, disse:

    — Essa é a Diana. Eu consigo usá-la com uma só mão, é compacta e versátil. — Ele rapidamente desmontou uma parte da arma. — Essa coisinha carrega sete balas minhas.

    — Sério? — Max perguntou, visivelmente curioso.

    — Sim. Depois que as sete balas acabam, preciso recarregar com novas ou… — puxou algo de seu espaço espacial, com um sorriso astuto. — Pegar uma que já esteja carregada.

    — Interessante.

    Em seguida, retirou uma arma longa das costas e a exibiu com precisão.

    — Essa é a Liana. Ao contrário da Diana, ela só pode disparar uma bala de cada vez, mas cada tiro é muito mais destrutivo.

    — Entendo.

    Dam sorriu de canto, guardando a arma longa com destreza, antes de puxar outra. Izumi, mais atento agora, olhou com curiosidade.

    — Essa eu chamo de Adriana. Com ela, posso disparar múltiplos tiros, no total de 150. As balas não têm o poder das outras, mas compensam com a quantidade. Bem, tenho outras, mas ainda estão em fase de experimentos.

    — Obrigado pela informação — agradeceu, impressionado.

    — Sem problemas.

    Max então se virou para Idalme, um pouco mais sério, e pediu:

    — Poderia falar sobre as suas habilidades?

    Ela hesitou por um momento, mas então aceitou.

    — Eu consigo incendiar qualquer objeto… e fortificá-lo, tornando-o mais letal.

    — E… — Max perguntou, aguardando algo mais.

    — Não tem mais — respondeu, com uma expressão reservada.

    O clima ficou tenso por um momento, mas foi Ui quem quebrou a tensão. Ela se aproximou com um sorriso no rosto, claramente empolgada.

    — Sabe, eu tenho super força, super velocidade, super audição e super visão. Minha resistência também é bem alta. E com esses braceletes de ferro nos meus braços, posso enfrentar até oponentes com espadas. Sem contar que, ao consumir carne de demônio, fico ainda mais forte!

    Dam a olhou, desconfiado.

    — Carne de demônio?

    — Sim!

    Ele a observou com mais atenção, com uma expressão mais séria.

    — Como é que você consegue dizer isso com tanta empolgação? Não me diga… você é um demônio?

    Ui ficou sem jeito, seu sorriso desaparecia à medida que percebia que havia dito algo fora do comum para os humanos. Seu olhar se tornou mais hesitante, e a insegurança começou a tomar conta dela, temendo ser rejeitada pelo grupo.

    — Eu… isso…

    Antes que pudesse continuar, uma voz cortou o ar.

    — Cale-se, inseto. Você não sabe de nada.

    Ui se encolheu um pouco, surpresa, e todos voltaram os olhos para a origem da voz. Dam, com uma expressão séria, levantou e apontou sua arma ao redor, como se procurasse pela ameaça.

    — Quem falou?

    No entanto, ninguém ao redor pareceu se importar, e Dam, desconcertado, percebeu isso. Ele baixou a arma, mas a desconfiança ainda estava evidente em seu olhar.

    — Vocês não estão nem um pouco preocupados com isso? — perguntou, a irritação começando a transparecer.

    A voz que havia falado voltou, agora com um tom sarcástico:

    — És uma gracinha de inseto humano.

    Ui, então, calmamente, perguntou:

    — Ziro, já estás melhor?

    De repente, algo saiu de um dos bolsos da vestimenta dela, e Dam olhou, surpreso.

    — O que é… isso? — Ele questionou, ao observar o ser com desconfiança. — Vocês conhecem essa coisa? — perguntou, ainda tentando entender a situação.

    Todos, exceto Izumi, concordaram, e Dam não pôde deixar de se surpreender. Como até um demônio poderia ser parte do time? Mas ele, desta vez, escolheu não questionar mais.

    Preferiu abaixar a cabeça, mantendo seus pensamentos para si. Sentou-se, sem mais palavras, e completou com um tom pesaroso:

    — Digo mais nada.

    A quietude que seguiu parecia carregar o peso das perguntas não feitas. Dam, embora ainda confuso, decidiu se manter em silêncio, deixando que o tempo dissesse o que ele ainda não conseguia compreender.

    Ui logo comentou sobre as incríveis habilidades do inseto, e o atirador apenas concordou, sem mais se importar com quem fazia parte do grupo. Já bastava Idalme, de quem não gostava, e agora um demônio se juntava a eles. No entanto, não havia nada que pudesse fazer, era ele contra todos.

    — Izumi, agora é a sua vez! — disse Ui, cheia de empolgação.

    — Sem chances — respondeu com um tom decidido, ao cruzar os braços.

    Mas ela, não disposta a desistir, se aproximou dele e começou a implorar, sua voz cheia de insistência.

    O mestiço, claramente de saco cheio, suspirou e, finalmente, cedeu.

    — Tá bom, tá bom… Uso duas espadas. Não importa quem seja o inimigo, ele não vai nem perceber quando foi morto. E fim.

    Ui não ficou satisfeita com a resposta e decidiu falar sobre seu amado por conta própria. No entanto, nem ela compreendia totalmente as habilidades dele. Então, limitou-se a dizer que ele era rápido demais, possuía um olfato aguçado, podia se curar sozinho e que ninguém parecia ser páreo para ele.

    No fim, todos haviam se apresentado, e logo o grupo foi descansar. Naquela noite, apenas Ziro e Izumi permaneciam acordados. Izumi se aproximou do inseto, com um tom sério, e disse:

    — De agora em diante, estás a cargo da proteção.

    — Sem problemas, inseto — com um sorriso sarcástico, respondeu sem hesitar.

    Izumi não se incomodou com a provocação. E Ziro já sabia o que ele costumava fazer, então preferiu não questionar. O mestiço, antes que se afastasse, lembrou de algo.

    — Me diga, como é que os demônios sentem a minha energia opressiva quando nem os próprios humanos sentem?

    Ziro parou por um momento, pensativo, e respondeu, sem pressa:

    — Não sei dizer. Talvez seja porque eles não possuem uma consciência própria. Eu, por exemplo, não sinto nada em relação a você.

    — Entendo.

    Logo após, Izumi partiu em busca de humanos para consumir. A rotina já estava se tornando comum, e ninguém desconfiava de nada, excepto Ui, que já sabia do que ele fazia.

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