Capítulo 118 de 13 – Fogo Universal!!!
Loi, destemida como sempre, jazia no chão, incrédula. Não aceitava que alguém tão fraco, dependente de armas para se sentir poderoso, tivesse conseguido reduzi-la àquele estado.
O corpo, gravemente queimado, recusava-se responder. Na concepção de derrota que sempre imaginou, cairia diante de um oponente digno, alguém verdadeiramente forte. Ser vencida por um humano como Dam era humilhante.
Quando ele pisou em sua cabeça e a insultou, o desprezo transformou-se em fúria incontrolável. Não admitia perder para alguém como ele. Sentia-se como uma formiga esmagada por algo inferior, um paradoxo que só alimentava ainda mais sua ira.
Recusando-se a aceitar a derrota, Loi concentrou-se em mover ao menos a mão. Era tudo o que precisava naquele momento. Apesar do estado deplorável, sua energia demoníaca permanecia intacta, mas os ferimentos profundos retardavam a regeneração.
A fúria intensa percorreu seu corpo e impulsionou um mínimo de movimento na mão esquerda. A escuridão tomou conta de sua palma e se espalhou pelo chão. No instante seguinte, uma mulher surgiu das sombras e empunhava uma flecha, era uma cópia perfeita de si mesma.
— Cuidado! — gritou Ui, correndo em direção a ele.
— Hum? — respondeu Dam.
Tarde demais! pensou Loi.
Dam percebeu o ataque e tentou se esquivar, mas uma onda de dor percorreu seu corpo, enfraquecendo seus movimentos. Mesmo que tudo tenha durado apenas um instante, foi o suficiente para a flecha do demônio invocado perfurar-lhe a barriga e atravessou a carne com precisão cruel.
O impacto o fez cambalear para trás, e antes que pudesse reagir, uma segunda flecha rasgou o ar em sua direção. No entanto, Ui surgiu, esmagando o projétil com os punhos antes que ele pudesse atingi-lo. Sem perder tempo, agarrou Dam pelos braços e colocou no chão.
Com um gemido de dor, segurou firmemente a flecha cravada em seu abdômen e a arrancou de uma vez, sentindo o metal dilacerar ainda mais os tecidos internos. O líquido escarlate jorrou entre seus dedos, mas ele manteve o foco.
Ao respirar fundo, pressionou a palma sobre o ferimento e começou a superaquecer a região. O cheiro de carne queimada se espalhou pelo ar, enquanto ele cauterizava a ferida e segurava a dor sem esboçar fraqueza.
Então, com os olhos sombreados pela fúria, ergueu a cabeça e murmurou algo baixo.
— Cuidado…
Ao olhar para trás, Ui avistou três demônios invocados enfrentando Ziro, enquanto novos surgiam sem cessar. Loi, já um pouco recuperada, virou a outra mão e trouxe ainda mais criaturas à existência.
Ao perceber a situação, Ui colocou Dam no chão com cuidado, murmurou um pedido de desculpas e se lançou de volta ao combate.
No entanto, ao avançar, encontrou-se cercada por mais de dez demônios, bloqueando qualquer aproximação do corpo principal. Eram idênticos a Loi, mas seus corpos, corrompidos, possuíam uma coloração negra e uma presença ainda mais opressiva.
Com cada tentativa frustrada de se aproximar, tornou-se evidente que seguir pelo caminho direto seria inútil. Determinada, respirou fundo e tomou sua decisão.
Suas mãos começaram a brilhar, e a aura antes incolor se tornou visível, ondulando ao seu redor com intensidade crescente. Resquícios de energia negativa cintilavam na superfície.
— Punhos imbuído de aura demoníaca!
Após sua declaração, Ui moveu-se subitamente. Agachou-se e, em um único salto veloz, ultrapassou todos os demônios abaixo. No chão, Loi ainda se recuperava, vulnerável por um instante.
Ao alcançar o teto, firmou os pés contra a superfície e usou o impulso para se lançar de volta ao ataque. Com os olhos fixos no alvo, murmurou com determinação:
— Morra!!!
Os punhos dela acertaram em cheio, e o impacto devastador fez o piso desabar sob seus pés. Seu corpo despencou para o andar inferior em meio aos escombros. No entanto, Loi não estava ali. Foi então que Ui percebeu algo e pensou:
Droga, ela esquivou no último instante.
Ui saltou, mas uma emboscada já a aguardava. Vários demônios posicionaram-se estrategicamente e disparou uma chuva de flechas para impedir sua ascensão.
Forçada a recuar, bloqueou os projéteis com os punhos, desviando o máximo possível, mas a pressão do ataque a fez cair novamente.
Ao tocar o chão, cerrou os punhos e murmurou para si mesma:
— E agora, o que faço?
Logo depois, um estrondo ensurdecedor ecoou no andar superior e fez o coração de Ui acelerar. A inquietação tomou conta, e antes que pudesse reagir, outro impacto retumbou, ainda mais intenso, aumentando sua preocupação.
Pensando rapidamente em uma maneira de retornar ao campo de batalha, cogitou abrir outro buraco. Recuou alguns passos, saltou com força e desferiu um golpe destruidor contra o teto.
Ao emergir, encontrou tudo coberto por uma névoa densa de poeira. A visão estava comprometida, mas os cheiros dispersos no ar diziam exatamente o que aconteceu.
Sem hesitar, ignorou o restante do campo de batalha e correu de volta para seu próprio confronto. Ao chegou, deparou-se com Loi segurando a cabeça de Dam.
Idalme, que antes fora derrotada e derrubada ao chão, sentiu a vida escorrer lentamente de seu corpo. Como membro da linhagem de Zura, poucos eram capazes de curar suas feridas, especialmente aqueles sem o sangue da linhagem primária.
No chão, à beira da morte, ela sentiu a frieza do fim que se aproximava. Ao abriu os olhos, viu Max, prestes a ser abatido. Apesar da dor lancinante e da escuridão que se aproximava, um sorriso quase imperceptível surgiu no canto de sua boca.
Com os olhos se fechando lentamente, ela aceitou seu destino e entregou-se à escuridão.
É realmente o meu fim…
No entanto, Idalme ignorava algo fundamental sobre si mesma, especialmente em relação ao seu estômago. Ela acreditava que suas habilidades se ativavam apenas em prol daqueles que amava, o que explicava a força que demonstrou ao sentir imensa raiva da pessoa que matou seu irmão e do demônio que quase ceifou a vida de sua chefe.
No entanto, havia mais sobre a importância de seu estômago do que ela imaginava. O estômago, em sua essência, possuía uma conexão única com as emoções do corpo do hospedeiro. A raiva tomava conta de sua mente, esse órgão reagia e transformava sentimentos intensos em poder.
Mas esse fenômeno não se limitava à raiva. Quando a morte se aproximava, o estômago também sentia a iminência do fim. Idalme já havia enfrentado a morte antes, mas em todas aquelas vezes, seu corpo ainda estava em forma, resistente.
Dessa vez, no entanto, ela estava à beira do colapso, o corpo debilitado, o desespero crescendo à medida que sentia sua vida escorrer.
Foi no momento que seu coração parou que algo inesperado aconteceu. O estômago, como uma última chama de resistência, despertou, respondendo ao desespero e ao desejo de viver, convocando um poder há muito adormecido.
Dessa vez, algo diferente aconteceu. Seu coração começou a acelerar e batia com uma força fora do normal, como se quisesse trazer sua vida de volta à força. As feridas que a debilitavam começaram a se fechar rapidamente, e a consciência retornou a ela com uma clareza que a fez se sentir invencível novamente.
Com um grito de renovada confiança, ela lançou suas chamas contra o inimigo, acreditando que finalmente conseguiria vencer. A intensidade do fogo era algo que ela nunca havia demonstrado antes, um poder quase destrutivo. Mas, para sua surpresa, aquele inimigo era diferente.
Ele não era apenas mais forte, mas também o inimigo natural do clã Zura. Mesmo as chamas mais poderosas que ela havia conjurado não foram suficientes para causar danos significativos, como se o fogo não fosse nada diante de sua resistência.
Até suas flechas não resistiram ao tamanho das chamas que ela conjurava, e, embora não fosse seu estilo habitual, Idalme decidiu enfrentar o inimigo mano a mano, determinada a vencer a qualquer custo. No entanto, seus esforços foram em vão.
Foi então que, contra todas as expectativas, o seu suposto amado apareceu para ajudá-la. Uma onda de felicidade a envolveu, algo que ela não queria admitir, mas que surgiu espontaneamente, aliviando a dor de sua luta solitária. No entanto, naquele momento de fragilidade, uma dúvida passou por sua mente:
Meus sentimentos… são realmente falsos?
Idalme, no entanto, ignorou os sentimentos que surgiram e se afastou rapidamente, atendendo à ordem de Max. No instante seguinte, uma explosão intensa ressoou e pegou o demônio. O teto desabou, e uma nuvem densa de poeira se ergueu ao redor, obscurecendo a visão.
Por um breve momento, ela acreditou que a batalha estava ganha, que finalmente haviam vencido. Mas, antes que pudesse relaxar, algo mudou.
— Fogo Universal!!! — gritou Léo.
Uma grande aura de chamas atravessou o local e dissipou rapidamente o nevoeiro que ocultava a cena. No centro da explosão, estava o destemido, levemente agachado, com as mãos levantadas a 90 graus perto do peito, emanando uma energia imensa. No entanto, Max não estava ao seu lado.
Idalme olhou ao redor, e seus olhos se fixaram em Max, que se erguia entre os destroços de uma das estátuas do local, surpreso. Mas, ao retornar seu olhar para o demônio, uma dúvida crescente se formou em sua mente. Será que ele realmente não fazia parte do nosso clã?
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