Índice de Capítulo

    Ao escutar aquelas palavras vindas dos destemidos, Izumi franziu o cenho, tomado por uma estranheza súbita. As intenções por trás daquela atitude lhe pareciam desconexas, quase absurdas. Por um instante, tentou encontrar algum sentido, mas tudo soava precipitado demais.

    — O quê?! — sua voz saiu baixa, quase uma exclamação.

    — Por favor! Não nos mate! — as palavras saíram de suas bocas como um grito desesperado, em total uníssono.

    Izumi olhou para eles, atônito. A dúvida invadiu sua mente. Ele começava a acreditar que aquilo era alguma brincadeira de mau gosto.

    — Isso é algum tipo de piada? — perguntou, a irritação evidente na voz.

    Léo, com a cabeça ainda baixa, mas com um brilho estranho nos olhos, ergueu-se devagar.

    — Não temos como vencer… Isso ficou claro para mim, para minha irmã também. Então… por favor, nos perdoe.

    A voz de Loi, suave e cheia de um medo profundo, se juntou à do irmão:

    — Por favor, nos perdoe!

    — Vocês são idiotas? — perguntou o mestiço. — Nenhum destemido permanece diante das minhas lâminas.

    Mas Léo não se deixou abalar. Sorriu, um sorriso confiante. Ele olhou para a destemida com uma expressão que falava mais do que palavras poderiam, e depois, lentamente, virou seu olhar para o mestiço.

    — Mas não somos destemidos.

    Izumi, desconcertado, arqueou uma sobrancelha. 

    — O que você quer dizer com isso? — ele perguntou.

    Loi, com o olhar vazio e um pouco mais de energia em sua voz:

    — Não somos destemidos!

    — Cala a boca, sua puta! Eu não perguntei nada para você!

    Naquele momento, Loi apertou os punhos ao ouvir aquelas palavras. A raiva queimava em silêncio, mas sabia que não havia nada que pudesse fazer contra Izumi. Sentiu uma mão pousar em seu ombro — era seu irmão. Com um tom calmo, ele disse:

    — Sim, não somos destemidos. Somos uma das sete energias negativas mais poderosas.

    — Poderosas? — A pergunta saiu quase como um suspiro.

    Léo fez uma pausa, sua expressão séria, e então, com um gesto cuidadoso, uniu as mãos na frente do peito, como se estivesse fazendo um pedido sincero.

    — Antes de continuar, posso pedir uma condição? 

    Izumi não se apressou em responder. Ele apenas olhou para os gêmeos, seus olhos frios e vazios de emoção.

    — A única coisa que prometo… seria uma morte dolorosa.

    O silêncio caiu entre eles por um segundo.

    — Por favor… — ele disse. — Prometo que as minhas informações são importantes!

    Izumi, então, parou por um momento e permitiu que seus pensamentos se organizassem. Quando olhou para trás, viu Idalme curando Ui, mas notou que, Max e Dam continuavam inconscientes. O demônio, ao perceber o olhar de mestiço, falou rapidamente:

    — Posso curá-lo!

    — Curá-lo? Eles já estão curados!

    Léo sorriu de forma enigmática, o canto de sua boca se curvava com uma confiança que parecia desdenhar.

    — Eu não acho… 

    — Quê?! — exclamou, sua voz cheia de incredulidade. 

    — Ele está certo — confirmou Idalme.

    Izumi virou-se imediatamente para ela, seus olhos grávidos de perguntas. O nervosismo em seu corpo aumentou, e ele não demorou para soltar a pergunta que martelava em sua mente.

    — E por que ainda não o curaste?

    Peitos caídos suspirou profundamente, como se a resposta fosse dolorosa, e olhou para Max, que estava em um estado estranho.

    — O Dam está somente inconsciente — começou ela, com a voz baixa, quase um lamento. — Max não tem vestígios de ferimentos… Mas ainda há energia demoníaca dentro dele. E uma aura… muito parecida com a do meu clã. Me desculpe, mas aquele destemido tem razão. As minhas habilidades… não foram suficientes.

    Izumi, ao observar o pesar no rosto de Idalme enquanto ela lhe transmitia a notícia, percebeu que ela não estava mentindo. Um silêncio oscilou por um instante, até que ele fixou o olhar no inimigo e disse:

    — Se tentar matá-lo… garanto que a sua morte não será indolor!

    O demônio não se intimidou, mas o peso da ameaça parecia ter causado algum efeito, ainda que pequeno. Ele respondeu com a mesma calma de antes, sem perder a compostura.

    — Sim, e a condição? — perguntou, sua voz desprovida de emoção, como se estivesse esperando uma resposta.

    Izumi não se apressou. Seus olhos brilharam com uma intensidade ameaçadora, e ele não desviou o olhar do inimigo. 

    — Eu vou pensar.

    O destemido franziu a testa, visivelmente incomodado.

    — Pensar? Mas isso não é um acordo!

    Izumi rapidamente ativou sua intenção assassina e apontou a mão na direção de seu irmão. Idalme, ao ver o gesto, sentiu um frio na espinha e temeu que algo terrível estivesse prestes a acontecer. Mas, com uma calma imperturbável, declarou:

    — Dark Purge!

    Em um instante, qualquer vestígio de energia negativa no corpo de Max foi extinto, como se tivesse sido apagado da existência. Izumi, com um sorriso enigmático, observou o efeito com um prazer sutil. Ele se virou lentamente para peitos caídos, o sorriso ainda presente em seu rosto.

    — Tente de novo, peitos caídos.

    — Hum?

    — Rápido!

    — Sim. — Idalme não hesitou. Ela se aproximou de Max e começou a curá-lo — Está funcionando… aquela aura está sumindo, desde que a energia negativa desapareceu.

    Izumi, sorriu de canto, como se tivesse alcançado uma vitória. Seus olhos então se voltaram para os gêmeos, e, com uma leveza no tom, ele fez a pergunta final.

    — E agora… quais são as suas últimas preces?

    Os destemidos engoliram seco enquanto o mestiço se preparava para cortar a cabeça de um deles. No entanto, Ui, que observava, interrompeu o momento e disse:

    — Espere, Izumi! Acho que Dam tem o direito de ver eles morrerem.

    Ele parou, o corpo imerso em uma quietude. Ele ficou em silêncio por um instante, refletindo sobre as palavras da mestiça. Quando finalmente se virou, a expressão dele permaneceu imperturbável, mas um leve assentimento passou por seu rosto.

    — Tem razão — falou com uma voz que não deixava espaço para dúvidas, enquanto, de maneira calculada, guardava suas espadas. — Façam alguma coisa estranha, e vão se ver comigo.

    Os demônios não hesitaram e respondeu em sincronia.

    — Sim.

    Na primeira hora após acordar, Max foi informado sobre os eventos que haviam ocorrido. Seus olhos, ainda cansados, refletiam a confusão enquanto assimilava as palavras. Logo após, ele se aproximou de seu irmão, sentou-se ao seu lado e, com uma expressão séria, disse:

    — Obrigado.

    Izumi, no entanto, não demonstrou qualquer tipo de emoção. Sua resposta foi seca.

    — Não precisa agradecer. 

    Ele olhou para seu irmão com uma leveza que não condizia com a situação.

    — Izumi… poderia deixar eu cuidar desses destemidos?

    O mestiço virou o olhar para ele, a desconfiança refletida em seus olhos.

    — Por quê?

    — Eles parecem querer partilhar informações em troca de liberdade. — A sugestão de Max era direta, sem rodeios. — Poderíamos usar isso. Saber a localização dos próximos destemidos e aniquilar todos mais rapidamente. E, no final, voltamos aqui para finalizar esses dois.

    Ele olhou para Izumi com uma confiança silenciosa, esperando pela resposta.

    — O que acha?

    Izumi permaneceu em silêncio por alguns segundos, perdido em seus próprios pensamentos. Sempre atacava de frente, no entanto, considerava a ideia de Max, mas, no fundo, sabia que deixar os gêmeos vivos diante de si, especialmente com dois ali, era, sem dúvida, um plano arriscado e cheio de falhas.

    — Tudo bem, mas podemos matar pelo menos um deles.

    — Pode ser também. — A resposta foi rápida.

    No entanto, antes que qualquer outra palavra fosse dita, um grito cortou o ar e interrompeu o momento tenso.

    — Izumi, Dam acordou! — gritou Ui, sua voz vinda de longe.

    Dam, por sua vez, ouviu sobre o que aconteceu e o plano traçado. A princípio, ele parecia negar, como se fosse contra, mas, no fundo, sabia que não detinha o poder de decisão naquele momento. Sem muita resistência, ele acabou aceitando o resultado, desde que fosse ele a finalizar os gêmeos.

    Logo, o grupo se aproximou dos destemidos e, com uma expressão firme, Max fez a pergunta:

    — Agora, me digam o que sabem? — a pergunta foi direta, sem rodeios, como se ele já esperasse que algo importante fosse revelado.

    Léo, no entanto, balançou a cabeça com firmeza, seus olhos cheios de resistência.

    — Não posso.

    Izumi, que observava atentamente, não teve paciência para prolongar o confronto. Com um movimento rápido, ele sacou suas espadas.

    — Tem certeza? — perguntou, sua voz fria e ameaçadora.

    Loi, que estava ao lado, sentia lágrimas acumulando em seus olhos. As lágrimas não caíam, mas estavam ali, prestes a transbordar.

    Léo, com um olhar desafiante, disse:

    — Vocês planejam matar um de nós no final. Então, se for assim, nos matem agora.

    A fala cortante de Léo parecia desafiar diretamente a autoridade do grupo, e Max, ao escutá-la, não pôde deixar de sentir um calafrio de surpresa. Porra! Ele tem boa audição!, pensou e se culpou por ter sido tão descuidado.

    Izumi, no entanto, manteve sua postura calma, os olhos atentos ao irmão, como se estivesse estudando suas reações. Ele percebeu que seu irmão estava quieto e refletia sobre algo, talvez pensava em uma solução diferente. Izumi sorriu e disse:

    — Tudo bem, não vamos matar vocês.

    Léo, porém, não estava satisfeito com isso. Ele estreitou os olhos, desconfiado, e se adiantou, exigindo uma garantia mais firme.

    — Prometa em nome de suas mães! — declarou.

    O mestiço, ao ouvir aquelas palavras, não resistiu. A raiva cresceu dentro dele, e ele estava pronto para matar aquele demônio no instante seguinte. No entanto, antes que pudesse agir, Max apareceu repentinamente na sua frente e, com um grito urgente, exclamou:

    — Espere, irmão! Vamos concordar com eles. Confie em mim!

    Izumi parou por um momento, seus olhos fixou no irmão, a frieza em seu semblante contrastando com a inquietação que começava a se formar dentro de si. Ele estava prestes a protestar, mas o olhar de Max o impediu de continuar.

    — Mas ele… — as palavras morreram em seus lábios, a dúvida tomava conta dele por um segundo.

    Max prontamente abraçou-o, e ele ficou surpreso, completamente atônito. Nunca imaginou que o seu irmão agiria daquela maneira.

    O calor do abraço, o gesto inesperado, parecia quebrar o gelo da raiva e do conflito que estavam prestes a explodir. De repente, uma memória antiga se desdobrou na mente de Izumi, como uma cortina se abrindo para revelar um passado.

    As imagens vieram rápidas, nítidas, como se o tempo tivesse se curvado para lembrá-lo de algo esquecido. As lágrimas começaram a se acumular em seus olhos, mas, com um esforço tremendo, ele os fechou rapidamente.

    Sua mão levantou-se automaticamente, como se quisesse retribuir o abraço, mas o medo de se entregar àquelas emoções o fez hesitar. Por um breve momento, ele ficou parado, seus sentimentos se misturava em um turbilhão. No final, a sua mão baixou lentamente, e, com uma voz baixa e trêmula, ele murmurou:

    — Irmão…

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