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    — Dois ratos… sozinhos?

    A voz cortava o ar como uma lâmina enferrujada. Um sussurro grotesco e dissonante, que parecia ecoar em todas as direções ao mesmo tempo. A criatura que surgia era um pesadelo ambulante, um ser forjado nas profundezas mais insanas da criação. Seus cabelos longos oscilavam como se fossem feitos de matéria estelar, com uma cor que não existia em nenhum espectro conhecido — uma tonalidade impossível, nascida da casa das infinitas possibilidades.

    O peito era uma afronta à razão: dois olhos vivos, pulsando em cada lado, movendo-se de forma independente, como se enxergassem realidades paralelas. E do meio ao abdômen, outros cinco olhos se alinhavam verticalmente, todos abertos, todos observando.

    Todos famintos.

    Seis braços longos se estendiam com naturalidade profana, cada um marcado com runas demoníacas que brilhavam como estrelas mortas. Duas caudas negras, pontiagudas, se contorciam com inquietação. Dois chifres curvos nasciam da cabeça. E das costas… duas asas vastas. Mas nelas… nelas se refletia a realidade — ou o que ela havia sido, distorcida e partida como um espelho que perdera o juízo.

    Ele surgiu à frente de Masaru e Daniel. A presença dele era uma tempestade psíquica.

    Um colapso.

    Um delírio.

    — Oi? — Masaru estreitou os olhos. — Quem é tu, criatura? — O êxtase da batalha já havia se dissipado horas atrás.

    Mas diante daquela coisa… voltava. O entusiasmo voltava. O sangue fervia e gelava ao mesmo tempo.

    — Você é o responsável por esse caos do inferno? — perguntou o outro, batendo a mão contra o rosto, rindo de nervoso ou de animação. — Ou é só mais um Zé?

    — Zé? — repetiu, inclinando levemente a cabeça como um animal curioso. Seus olhos — todos eles — piscaram ao mesmo tempo. A compreensão não veio. Como poderia? Era uma entidade que existia além do humor, da humanidade. — Sou um dos convocados… para dar fim àqueles que chamam de celestes — sua voz carregava ecos de coros distorcidos, como se milhares falassem em uníssono através de sua garganta.

    A primeira e única legião.

    Então, seus olhos se voltaram para Daniel.

    — E você… você é um, não é? Sinto uma aura extensa demais para pertencer a um mero humano…

    — Eu? — pareceu realmente surpreso, quase ofendido com a acusação.

    — E eu? — se manifestou o dito mais forte, indignado.

    O ser olhou para ele — ou, pelo menos, parte dos olhos o fitaram.

    — Você é lixo… Fraco… Nem aura sinto. Nada além de poeira cósmica esperando para ser varrida!

    Foi um esculacho.

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