Capítulo 147 de 42 – Saúdo os novos portadores da Lei!!!
Um ano havia se passado desde o torneio que escolheu os herdeiros das leis. Longe da fortaleza, em uma região tomada por árvores tão altas que bloqueavam a luz do sol, a floresta ardia em chamas. O chão recebia folhas queimadas, consumidas pelo fogo.
O incêndio se espalhava velozmente, impulsionado por rajadas de vento cortante. No meio do caos, uma figura saltava entre os galhos, o corpo atingido por explosões flamejantes que reduziam troncos inteiros a cinzas e alimentavam ainda mais a destruição.
— Disparo de bola de fogo! — gritou Léo, lançando uma grande esfera flamejante do dedo.
Loi, que antes recuava, enfrentou o ataque de frente. Absorveu as chamas e as fez girar ao redor do próprio corpo como se as controlasse. Num instante, avançou contra o adversário e o atingiu em cheio no abdômen, devolvendo o golpe com intensidade ainda maior.
O seu irmão foi ferido gravemente. Ainda assim, não recuou. Contra-atacou com um chute envolto em fogo, que lançou a irmã a metros de distância.
Ela, no entanto, caiu de pé. Nenhum ferimento visível. Nem o impacto, nem as chamas deixaram marcas.
Enquanto as cicatrizes vibravam em seu corpo, Léo curava-se com velocidade assustadora, declarou:
— Ótima defesa, irmã!
— Até isso consegues curar? — disse, meio desanimada.
Léo, que pousava no chão, respondeu: — Alegre-se irmã, não é qualquer um que consegue me causar tanto dano. E você fala isso, mas são poucos que conseguiriam aguentar meus ataques e sair ileso. A sua defesa melhorou.
— Sim!
Léo olhou ao redor, observando os danos que causaram, e chamou:
— Loi.
— Entendido.
Ela concentrou a aura no corpo. O vento se acumulou ao redor e girou em espirais. Quando liberou todo o ar reunido, uma rajada poderosa varreu a floresta. Em instantes, as chamas se extinguiram por completo, deixando apenas o cheiro de cinzas.
— Certo, vamos voltar. O ritual vai começar em breve.
— Sim.
Ambos retornaram à fortaleza, mais precisamente aos aposentos compartilhados. Lá, prepararam-se em silêncio e vestiam as túnicas vermelhas marcadas pelo emblema do Clã Zura, ao lado do símbolo da Lei do Gêmeo.
— Irmãzona! — disse ele, abrindo a porta com força.
— Hum, Ham?
— Irmãzona, olha só, minha habilidade melhorou!
— Você de novo, pirralho! — resmungou Léo, insatisfeito.
— Não estou falando com você — respondeu, ao mostrar a língua.
— Pirralho insolente, como sempre — disse Léo, virando-se. — Loi, nos vemos na cerimônia.
— Sim — respondeu.
Quando Léo deixou o quarto, Ham o observou com indiferença até que a porta se fechasse por completo. Assim que ficou sozinho, a expressão mudou — a empolgação voltou de imediato. Com um sorriso, ergueu algo na mão e disse:
— Olha, irmãzona, eu consigo deixar essa pedra vermelha!
— Sério?
— Sim, olha só!
Ham concentrava suas energias intensamente, como se estivesse expelindo aquela cagada que estava presa na sua bunda. Cada músculo parecia resistir ao esforço. Lentamente, a pequena pedra negra começou a brilhar, primeiro com um fraco lampejo, depois adquirindo um tom vermelho claro, pulsante como brasa viva.
— Nossa, está ficando vermelho…
Ham suspirou fundo ao terminar e acrescentou:
— Isso não é tudo…
— Tem mais?
— Sim.
Ham enfiou os dedos nos bolsos e retirou um pedaço de barro ressecado. Loi o observava com desconfiança, sem entender o que pretendia fazer com aquilo. Ele então voltou a assumir a expressão tensa de antes. O esforço, dessa vez, parecia ainda mais intenso.
Após dois minutos de esforço constante, o barro cedeu e se despedaçou em fragmentos secos.
— Nossa, despedaçou! — exclamou, forçando-se a acreditar.
— Viu? Posso ficar mais forte!
Eu achava que ele não tinha talento, mas essa habilidade me lembra o da avozinha.
— Irmãzona?
— Desculpa, estava pensando longe. Mas essa habilidade é interessante. Outro dia te apresento a minha avozinha.
— Eu não quero!
— Quê?! Por quê?
— Os boatos dizem que ela é uma velha degenerada que gosta dos novinhos.
— Kiakiakia! Não se preocupe, são só boatos sem fundamento.
— Sério? — perguntou Ham, desconfiado.
— Sim, confia em mim! — disse, acariciando a cabeça dele.
— Sim.
Passaram-se alguns minutos até que os gêmeos chegassem à porta principal da fortaleza, onde residiam os atuais portadores da Lei do Gêmeo. O acesso era proibido a todos, exceto aos líderes, anciões e os próprios guardiões da lei.
A porta se abriu lentamente e permitiu a entrada dos irmãos. O ambiente estava imerso na penumbra, mas à medida que avançavam, pequenas luzes no corredor surgiam, piscando como vaga-lumes, iluminando seu caminho.
— Irmão?
— Siga o protocolo.
— Sim, mas essas estátuas…
— Que eu saiba, são os antigos portadores da lei.
— Entendo…
Continuaram a andar até avistar um relógio à frente, cujas luzes brilhavam em todos os números. Os dois ponteiros marcavam exatamente doze horas. Logo à frente, erguiam-se um trono e um casal.
Uma mulher idosa apoiava-se em um homem também velho, ambos trajando vestes semelhantes às que os irmãos usavam.
— Bem-vindos, aspirantes! — disseram em uníssono.
— Avozinha?
— Não, menina. Neste santuário, sou anciã Lai, atual portadora da Lei.
— Ok…
— Ajoelhem-se, crianças — disse o outro velho.
Os gêmeos se ajoelharam imediatamente. Os anciãos, por sua vez, ergueram-se do trono e se posicionaram nas laterais da poltrona.
— As luzes acenderam para vois, sinal de que sois dignos de herdar a nossa herança. De fato, sois verdadeiramente dignos — disse o velho, com voz solene.
— Sim, ancião Kai, portador da lei do gêmeo! — responderam em uníssono.
— Relaxem, meninos, o ritual é simples — disse Lai, sorrindo. — Coloquem uma mão no coração um do outro.
— Sim!
Os gêmeos trocaram um olhar firme e colocaram a mão sobre o peito. Seus corações batiam forte, mas a pulsação logo começou a se acalmar.
Ao lado deles, os anciãos repetiram o gesto, formando um cruzamento. Cada um sentia o calor que emanava do braço do outro. Com concentração, os anciões retiraram a Lei dos Gêmeos.
A anciã Lai pousou a mão sobre o peito de Loi, enquanto o homem idoso fez o mesmo com Léo. As leis penetraram em seus corpos com uma força sutil. Os anciãos enfraqueceram com o esforço e ajoelharam-se no chão, enquanto os irmãos se erguiam, sentindo uma energia crescente vibrar em suas veias.
— Irmão?
— Sim, estou sentindo… poder incrível!
— Saúdo os novos portadores da Lei!!! — gritaram os anciãos.
Os gêmeos olharam para os anciãos — figuras de grande autoridade — que se ajoelhavam diante deles em sinal de profunda reverência. Naquele instante, compreenderam que suas vidas mudariam para sempre. Os irmãos trocaram um olhar e, com um sorriso cúmplice, celebraram silenciosamente a nova etapa que os aguardava.
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