Capítulo 149 de 44 – Matarei todos os pecados capitais!
Izumi, ao escutar a revelação sobre os verdadeiros inimigos que enfrentaria, foi tomado por um silêncio. Esperava doze oponentes, mas agora restavam apenas sete. A notícia trouxe uma pontada de decepção, como se parte do desafio tivesse sido arrancada.
Sem dizer uma palavra, inclinou a cabeça levemente e fitou o chão. As mãos se fecharam com firmeza ao redor dos cabos das espadas.
— O que se passa, Izumi? — perguntou Ui.
— Nada — respondeu ele, arrastando as palavras como quem tentasse esconder algo.
— Se é essa a tal “verdadeira verdade dos destemidos”, então há coisas que não batem — observou Max, franzindo o cenho.
— Que coisas? — Loi inclinou a cabeça, curiosa.
— Primeiro — disse, agarrando Idalme pela cintura e avançando sem cerimônia —, esta neguinha é do clã Zura.
Neguinha… pensou Idalme e sentiu um calor subir-lhe às faces.
— Bem que me parecia — disse Loi, desconfiada. — Mas o que é que isso muda, ela ser do mesmo clã?
— Pelo que percebi da tua história, vocês não descendem de demônios.
— O que queres dizer com isso?! — levantou a voz, quase a ferver. — Não há hipótese de sermos descendentes daquelas aberrações!
— Idalme.
— Sim — respondeu ela, hesitante. — Nas escrituras do nosso clã está escrito que descendemos dos demônios. Mas pouco mais se sabe… E, como pertenço à segunda linhagem, não tenho muita ideia do assunto.
Loi ficou espantada e gaguejou:
— O que aconteceu com o nosso clã, nesses últimos tempos?
— Entendo… Não tens a resposta — disse Max, calmo. — E você! — dirigiu-se a Léo, fitando-o.
— Não faço ideia — respondeu ele, com um sorriso leve.
— Pois parece que ninguém tem resposta. Talvez no clã Zura, na cidade Mangolândia, possamos encontrar alguma pista. Mas não há tempo para voltarmos.
— Isso não importa — interrompeu Izumi, sorrindo com firmeza. — O mais importante é matar os sete pecados capitais!
— Sete pecados capitais?… Hum? Esquece… Sim, tens razão. Loi, próxima pergunta.
— Diga.
— O que aconteceria com as leis se tivéssemos matado você? — Max a fitou com um olhar sério, quase pesado.
— Há? — Loi congelou, o ar preso na garganta. — Como assim, me matado?
— Sim. A nossa missão era eliminar todos os destemidos que lançaram o mundo no caos — respondeu.
— Não! — gritou, a voz embargada. — Os destemidos eram os que mantinham o fragmento selado! Não podíamos ser os vilões!
— Já entendi. Só responda à minha pergunta.
— Sim… Se um destemido que carrega a lei morre, a lei sai do seu corpo e vagueia pelo local.
— Era isso que eu pensava — disse Max, olhando para o irmão.
— Que foi? — perguntou Izumi, curioso.
— Não sei ao certo, mas talvez tenhas outra Lei dentro de você.
— Quê?! — arregalou os olhos, surpreso.
— O nosso pai já suspeitava disso. Um demônio daquele nível como Camion foi morto, e não havia vestígios de energia negativa no local. Supomos que, talvez, foi você, Izumi, quem o devorou.
Será que aquela coisa que me atormenta, esse peso sufocante no peito… não faz sentido algum! Não, não pode ser só isso… aquilo já existia muito antes da luta contra Camion. Será que foi o primeiro destemido que enfrentamos? Não, não pode ser verdade…
— Izumi? — perguntou Max, desconfiado. — Sabe de alguma coisa?
— Como já disse antes, não sei de nada.
— Entendo — respondeu, compreendendo a situação. — Continuando… Léo, como é que a gente move essa fortaleza?
— Nem ideia — respondeu Léo, meio irritado. — Sempre estive aqui desde o começo, essa coisa se move sozinha, sem padrão.
— Não se preocupa — falou Loi, confiante. — Eu sei como funciona.
— Ótimo. Então, vamos em frente.
— Espera — interrompeu Dam, sério. — Ainda não explicaram minha situação. Como cheguei de uma era diferente até aqui, como meu corpo estava sumindo e aquela mulher me trouxe de volta. Quero respostas!
Max o encarou e falou: — Agora não é hora…
— Cala a boca! — cortou Dam, irado. — Eu tenho direito a respostas!
— Posso explicar — ofereceu Loi.
Todos a fitaram, enquanto Ui estava perdida na conversa enquanto ficava preocupado com Izumi.
— Minha vovozinha tinha uma habilidade parecida com a sua. Às vezes, o corpo dela começava a desaparecer, e como ela já estava velha demais pra controlar direito o seu poder, me ensinaram uma técnica pra contornar isso. Pelo que ela me contou, aconteceu uma vez. O corpo sumiu por completo, como se nunca tivesse existido.
— Isso aconteceu comigo? — perguntou Dam, surpreso.
— Sim. Se você é o mesmo Ham que conheço, deve ter sido igual. Quando isso acontece, não é que o corpo deixa de existir, ele simplesmente se transforma em milhares, talvez milhões, de partículas tão pequenas que não dá pra ver a olho nu.
— E se transformou, como ela conseguiu voltar sozinha?
— Não conseguiu — Loi respondeu firme.
— Como assim?
— Na fortaleza, um dos anciões percebeu algo estranho perto do lugar onde a vovozinha desapareceu. Depois de muita pesquisa, a anciã daquela época criou uma técnica para reunir todos esses pedaços espalhados.
— Então, ela conseguiu restaurar o corpo dela?
— Não, não era possível fazer isso. Só conseguimos reunir os pedaços e juntá-los num ponto. A própria vovozinha foi se reconstruindo aos poucos. Levou cerca de um mês.
— Um mês? Mas… aqui comigo não parece ter sido tão longo assim.
— No seu caso, parte do seu corpo ainda estava intacto, então ficou mais fácil resolver.
— Entendi…
Dam, mesmo diante de todas as evidências, ainda relutava em aceitar que fosse alguém vindo do passado. Por dentro, algo resistia.
Com a mente carregada, afastou-se em silêncio e deixou o lugar para trás, perdido em pensamentos enquanto caminhava sem rumo.
— Prosseguimos? — perguntou Max.
— Sim — respondeu Loi.
— Max… — alertou Idalme, preocupada.
— Hum? Desculpa, não quis… — disse ele, soltando-a com cuidado.
— Sem problemas…
Loi pediu que Max a acompanhasse. Enquanto isso, Ui e Izumi permaneceram onde estavam, em silêncio.
— Izumi… você está bem mesmo?
— Sim, não se preocupe. Estou bem…
Está mesmo? lhiaa!
— Quê?!
— Izumi? — perguntou Ui.
— Não é nada, esquece.
— Ok.
Enquanto isso, Léo observava tudo à distância, ponderando a possibilidade de atacar Izumi mais uma vez. Sabia, porém, que qualquer sinal de intenção assassina seria facilmente notado. Se ele realmente fosse um mestiço puro, provavelmente nem chegaria a dormir.
Diante disso, concluiu que sua única opção seria conduzi-los ao próximo inimigo e, ali, tirar-lhes a vida. Ao imaginar esse cenário, esboçou um sorriso contido.
Loi, acompanhada por Max e Idalme, encontrava-se sobre a cabeça da tartaruga. Abaixou-se, repousou a mão sobre o casco e disse:
— Se eu colocar um pouco da minha aura na cabeça dela, posso guiá-la até o lugar onde queremos.
— Parece perigoso. Qualquer um pode fazer isso? — perguntou Max.
— Não, só líderes, anciões e portadores da lei têm acesso.
— Entendi.
— Está anoitecendo… — disse Idalme, olhando ao redor.
— Sim — respondeu ele, ao fixar o olhar na amada.
Izumi, que permaneceu para trás, sacou as duas espadas e as observou em silêncio, com o olhar fixo nas lâminas. Próximo dali, Ui o encarava com dúvida, tentando compreender o que ele pretendia.
Realmente não importa o que há dentro de mim. Eu vou vencer… Vou matar essas leis dentro de mim e…
Ele guardou ambas as espadas, a voz firme e decidida:
— Matarei todos os pecados capitais!
Fim do volume.
Putz, kkk. Esse deveria ter sido o volume mais curto até agora, já que, pelas informações que eu tinha pré-estabelecido, a história devia se encerrar em poucos capítulos. Mas aí minha mente começou a ferver com novas ideias — passados, origens de alguns personagens que acabei mudando — e deu no que deu kkk. Ainda assim, foi muito divertido escrever esse roteiro. Prometo que o próximo volume vai ser mais curto… ou pelo menos essa é a intenção kkk.
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