Índice de Capítulo

    Algumas horas antes…

    O beco estava úmido. Escuro. Impregnado pelo cheiro de óleo velho e abandono.

    Ali entrou o detetive mais famoso de Nova Tóquio — o único com coragem de investigar os desaparecimentos.

    Quase todos eram crianças. Idades entre sete e nove anos. Predadores. Tráfico humano.

    A podridão que o governo tradicionalista fingia não existir.

    Mas o azar dele… é que justiça e bondade não definem o destino.

    Passos o levaram até os fundos de uma antiga fábrica. Um prédio corroído pelo tempo — e por algo pior.

    Ali, onde antes corpos haviam sido encontrados… e provas evaporaram misteriosamente…

    Ele viu.

    Leviel.

    O tempo parou.

    Um som ecoava no silêncio: o gotejar de algo quente e vivo escorrendo no concreto.

    A criatura à sua frente parecia saída de um delírio febril: pele escamosa, pingando sob a luz trêmula, olhos afiados de sadismo…

    E, de forma quase absurda, um ar envergonhado. Tímido.

    — Desculpa… — murmurou, com um sorriso desconcertante — Mas você vai ser a vítima do dia!

    O detetive girou nos calcanhares, reflexo treinado pela sobrevivência.

    Mas as pernas… travaram.

    Um frio cortante subiu-lhe a espinha como se a coluna fosse um rio congelando de dentro para fora.

    E então — um toque.

    Lábios secos roçaram seu ouvido.

    — Seja minha peça…

    Foi a última coisa que ouviu antes de apagar.

    Mas aquilo…

    não foi uma simples possessão.

    Não.

    Foi uma invasão íntima.

    Uma cirurgia de alma sem anestesia.

    Um espelho estilhaçado… em que o reflexo assumiu o controle.

    E quando despertou, estava nu. Submerso.

    Engasgando.

    Emergia em águas negras, densas como óleo.

    Não sabia se era real. Mas doía.

    — O-onde estou…? — perguntou, ofegante, tentando respirar o impossível.

    Uma risada ecoou.

    Vinha de todos os lados.

    De dentro também.

    E então viu.

    Uma figura… parecida com ele mesmo.

    Ou com o que ele fora.

    O demônio vestia seu rosto como se fosse uma máscara arrancada de um cadáver quente.

    — Está no fundo do poço.

    — Dentro de si.

    — A parte que esconde… a inveja. A inveja de ser sempre menos, mesmo fazendo mais. A essência humana.

    Crua. Sem máscara.

    Foi essa a maçaneta girada por dentro.

    A porta que o Diabo só precisava atravessar para estar no controle.

    E agora… não iria embora.

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