Capítulo 157 de 08 – Zona de vento!!!
Os olhos se abriram devagar. Confusos, varreram o entorno em busca de sentido. Entre pedras espalhadas pelo chão irregular, piscavam sem alcançar entendimento algum.
O corpo repousava sobre algo rígido, porém acolhedor. O calor que a envolvia trazia uma memória antiga. Um sorriso brotou. Ela se ergueu.
Lágrimas tomaram o rosto ao deparar-se com aquela expressão fria, imóvel como pedra.
— Sua idiota!
— Pois é, sua idiota mesmo — respondeu ela, sorrindo de canto.
O corpo, antes suspenso no ar, encontrou o chão. Soltou um gemido, mas não revelou tristeza. Ergueu-se e fitou os montes de pedra que surgiam adiante.
Ui assumiu postura firme, atenta, preparada para enfrentar o que quer que viesse.
— Sim, sua idiota — disse o amontoado de pedras tomando forma. — Seria assim? Sim, sua idiota! — zombou.
Izumi, ao lado, sorriu de canto e falou:
— Perfeito.
— Perfeito? — Ui perguntou, fitando o amado com curiosidade.
Ao notar o sorriso de Izumi diante daquela criatura, ela não se agradou. O rosto se fechou pouco a pouco, carregado de desaprovação.
— Sim. Sua idiota! Krakrakrakra! Tão idiota! — provocou a pedra em forma humana, rindo debochada.
— Cala a boca! — retrucou, irritada.
A pedra sorriu, colocou a mão na orelha e zombou:
— Hein? Disse alguma coisa, idiota?
Sem paciência, ela partiu contra o amontoado de pedras. Não esperava, porém, a rapidez da criatura. Recebeu um golpe seco no abdômen. Em seguida, foi agarrada pela cabeça, lançada no ar e cravada no chão com violência.
A cópia de Ui sorriu e abriu os braços na direção do mestiço, dizendo:
— Agora é a sua vez, Izumi!!!
Ele observava com indiferença. Diante da cena, esboçou um sorriso leve. À beira da montanha, deixou-se cair. Antes de desaparecer, ergueu a mão, levou dois dedos à testa, inclinou-os para frente e disse:
— É com você, Ui! — disse ele, firme.
— Ui? — a cópia perguntou, com um sorriso cruel. — Ela tá morta, seu idiota. — olhou para Izumi caindo, zombeteira.
Atrás dele, o corpo de Ui jazia no chão, o sangue escorrendo da cabeça. Aos poucos, a forma humana cedia lugar à criatura que um dia dominou os gêmeos.
Ergueu-se lentamente. No entanto, a cópia logo sentiu uma presença densa e sombria às suas costas. Tentou virar-se, mas antes que pudesse ver por completo quem estava ali, teve o peito atravessado.
— Sua idiota! Eu posso me regenerar! — declarou com sorriso desafiador.
— Parece que sim. Mas, por ter uma das leis do zodíaco, aprendi umas coisas interessantes.
— Para de falar besteira e morre, sua idiota!
Mesmo com o peito perfurado, a cópia fez a mão crescer em tamanho e lançou um golpe contra Ui. Mas, antes que o soco a alcançasse, o corpo inteiro da criatura se desfez em migalhas.
Ela abanou a mão para o lado e declarou:
— Análise completa. — Sorriu com desprezo. — Você é mesmo burra e idiota. Deixar eu analisar sua energia negativa foi seu maior erro.
Mesmo quase morrendo, a cópia teve forças para perguntar:
— O que você fez?
— Como eu disse, desde que absorvi uma das leis, ganhei algumas habilidades. Por exemplo, a compreensão da energia negativa. Assim que entendi como ela circula, pude destruir de dentro para fora com a minha própria energia.
— …
Ui ergueu o dedo em gesto provocativo. Um sorriso se alargou no rosto antes que declarasse:
— Resumindo: você se fudeu! — disse ele, voltando ao normal, com um sorriso de quem sabe que ganhou.
Com o desaparecimento total da energia maligna, a montanha deixou de existir. Ela despencou no vazio, arrastada pela gravidade sem aviso.
— Me ajudem!!! — gritou em desespero.
Max sobrevoava o campo quando se viu diante de um dilema. Idalme caía de um lado, Izumi de outro.
Calculou distâncias, tempo, peso, velocidade. Percebeu, aflito, que não conseguiria salvar os dois. A mente fervilhava. Escolheria o irmão que sempre admirou ou a mulher que amava?
Por fim, tomou a decisão. Voou em direção a Idalme. Não por considerá-la mais importante, mas por confiar que seu irmão sobreviveria à queda.
Disparou com tudo o que tinha e a segurou no ar.
— Obrigada!
Sem tempo para reagir, Max avançava em direção a Izumi. Então, lembrou-se de que Ui também despencava, e a mente voltou a se agitar.
Pensou em como estava Ui e percebeu que, estando mais alto, poderia salvá-la antes que atingisse o chão. Porém, sabia que, naquela velocidade, alcançar Izumi seria impossível.
Alguém… alguém… salve o meu irmão!
Max acreditava que o irmão sobreviveria à queda, mas quando o pior cenário lhe veio à mente, a mente travou e comprometeu sua velocidade.
Perdeu o controle por um instante e errou o cálculo das explosões que disparou pelas mãos e pés. O impacto o desequilibrou, afastando-o de Idalme.
O que está acontecendo com o meu corpo?
Tentou retomar o controle, mas sentiu algo estranho em seu corpo. Usou uma explosão na mão para se estabilizar, mas a força foi incomum — muito maior que o normal — o que o lançou para longe de todos.
Esforçava-se para voltar, mas suas explosões continuavam instáveis, diferentes do habitual, dificultando o retorno.
As minhas explosões… estão desequilibradas…
Tentava voltar, mas já sabia: era tarde demais. Todos cairiam no chão.
Foi então que avistou Loi, que controlava o fogo e o vento com maestria. Ela elevava-se com rajadas de vento, deslizando pelas alturas. Antes que qualquer um tocasse o solo, desceu rapidamente.
De repente, cruzou os braços e começou a acumular vento ao redor do corpo.
Izumi, próximo de cair, com seu “Sen To Ichi!” preparado, foi surpreendido pela explosão de vento que Loi liberou ao abrir os braços, como se expulsasse o peso do cansaço.
— Zona de vento!!!
Num raio de cem metros, o vento varreu o local. Izumi foi o primeiro a ser atingido, levado a sobrevoar lentamente até tocar o chão. Depois vieram Dam, Idalme e, por fim, Ui. Todos caíram sem ferimentos.
Max retornava com dificuldade e, ao alcançar a zona de vento, também caiu suavemente ao solo.
Izumi, ainda com o ataque preparado, lançou um olhar de intenção assassina para Loi, como se dissesse que não precisava de ajuda. Ela sentiu a pressão e, em silêncio, pediu desculpas por interferir.
Ui correu para abraçar seu amado, chorando, aliviada por ter escapado de uma queda que julgava fatal.
Idalme observava o amado no chão, a cabeça baixa e o rosto tomado por uma preocupação silenciosa. De repente, os olhos começaram a fechar, e ele desmaiou ali mesmo.
O silêncio se espalhou entre todos, exceto Dam, que fixava a metralhadora. Pensava se, sem a interferência de Loi, teria conseguido impedir a queda disparando contra o chão várias vezes antes do impacto.
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