Índice de Capítulo

    Em uma dimensão, a qual tempo algum pode pôr suas garras.

    — “Tic Tac!” — Asmael pronuncia, navegando pelo espaço-tempo, rodeado por inúmeros portais, enquanto Luciel o segue de perto. Cada portal possui sua própria cor, formando uma rede de conexões em uma sala criada por ele a partir de sua dádiva do abismo.

    — Então, nosso plano de superposição quântica está funcionando? — Luciel resmunga, desconfiado e exibindo a superioridade de um rei diante de seu servo. Mesmo tendo participado do planejamento, ainda há incerteza, pois esta é a primeira vez que tentam algo assim em meio a tantas linhas do tempo.

    — Exatamente, meu senhor. Graças ao blecaute dimensional que criei, afetando o espaço-tempo, criamos a possibilidade de inexistência. Em um mundo, o portal existe; em outro, não. Quando Yami Yamasaki atravessou a parede entre os mundos, consegui anular as informações de ambos os lados. A possibilidade da ausência do portal se tornou superior, condensando a tríade de eventos em apenas um. Agora temos uma nova cadeia de eventos! Como planejado! — ele responde, atravessando diferentes cenários diante de seus olhos, vislumbrando um grande deserto com prédios em ruínas de um lado e um mundo de escuridão do outro, realidades que já não o interessam mais.

    — Mas isso lhe custou muito, não foi? — Luciel questiona. A cada passo, a luz dos portais reflete novos tons em sua pele.

    — Um terço da minha energia negra… Limitar a zona onde o evento ocorreria e coordenar conforme a velocidade de pensamentos deles… foi trabalhoso, mas valeu a pena. Ao impedir que ele descubra o acesso, atrasamos os eventos que poderiam nos atrapalhar e ganhamos mais tempo para preparar o apocalipse. — explica, parando em frente a um portal esverdeado que leva a um lugar paradisíaco, com gramado verde e árvores carregadas de frutos suculentos, animais correndo ao redor. — O que deseja fazer neste tempo, meu senhor?

    — Apenas contemplar um mundo sem os homens. — Luciel responde, aproximando-se do portal. Ao atravessá-lo, sente imediatamente o calor e a paz que jamais experimentaria no mundo humano. — É tão caótico… Para nós triunfarmos, o mundo deve cair. Uma teia de eventos horríveis culmina em um belo final. Os meios acabam por justificar os fins!

    — Não há paraíso sem inferno, meu senhor, assim como não há luz sem escuridão. Até mesmo Elum sabia disso. Ele determinou que o mundo funcionaria assim, e só ele sabe o porquê!

    — Realmente, ele deve dar ao tolo, bom fruto, para semear o mal, no final de tudo, né? Pergunto: Elum é mal? — Luciel reflete.

    — Agora você parece um humano! — Asmael confessa, rindo sem jeito.

    Luciel sente um amargo em seus lábios ao ouvir tais palavras, mas aquela vista lhe tira o fôlego. O mundo que sempre desejou, que seus anseios e sonhos sempre lhe mostraram, ele queria a luz, a luz que a ele nunca foi prometida. Demônios não tinham salvação.

    — Paraíso… Será que um dia, em alguma realidade, ou ao mesmo tempo, os humanos hão de recuperar o que foi perdido? Ou será que até mesmo o destino é tão cruel que o fim sempre é o mesmo? — ele questiona, mais para si do que para ele, e decide enfim entrar no portal. — Asmael, em uma ou duas horas, estarei de volta! — Diz antes de desaparecer, consumido pela energia pulsante que preenche cada centímetro que o forma, enquanto seu servo fica com a dúvida da resposta pairando em sua mente. 

    Não há mundo sem dor, ou mesmo pecado, ou será que isso era a limitação, vista, através de suas ações? Ele não sabia, como muitos já responderam.

    Enquanto os demônios urdem suas estratégias sobre o tabuleiro, a manhã do dia 33 desabrocha em Crea. Sem piedade, alguém pressiona impetuosamente o botão da campainha do apartamento de Arthur. Era uma bela garota, com cabelos vermelhos como vinho, uma expressão emburrada e o corpo adornado com tatuagens, vestindo uma calça moletom preta e um cropped.

    Trim-trim

    Aquele barulho, de tanto que ela apertava, parecia que iria fazer o apartamento desabar.

    — ARTHUR LEWYS! — ela grita. Após alguns ruídos estranhos de coisas caindo lá dentro, ele abre finalmente a porta, exibindo um terno amarrotado e um crucifixo quase enrolado em seu pescoço. Pelas frestas, era evidente que um furacão tinha passado por ali.

    — Yelena… — Ele murmura, corando, enquanto tenta ajeitar seu crucifixo e suas vestes. — Meu anjo, eu… não liguei porque… estava em missão — ele se desculpa.

    A garota o agarra pela gola. — Olha aqui, Arthur Lewys, já acordei irritada o suficiente por ter que participar de outra reunião do conselho, e você ainda me dá um bolo?

    Seus olhos ardiam com uma fúria inextinguível. Com calma, ele solta suas mãos difíceis de desvencilhar. — Calma… eu estava em missão, era longe, tive que ir a pé, o smartphone derreteu no bolso… Como eu ia avisar!?

    — Ia me avisar em cima da hora? Seu traste! — Ela quase o faz recuar, não havia desculpas para a garota de gênio forte, quase o derrubando com as pernas emaranhadas no cômodo caído.

    — Não, sim, mas você sabe como sou, né? Esquecido… — ele fala, soltando um sorriso descarado.

    — É! Eu sei muito bem, né!? — Ela cruza os braços, quase cedendo.

    — Mas a gente pode sair agora… não? Ouvi dizer que fará sol, sério, e em uma passagem de estação chuvosa, é raro, né?

    — Aonde iríamos? — Ela pergunta, quase rendida.

    — Bem, não seja tão difícil! A gente pode pegar uma praia, o que acha? — ele diz, olhando-a com paixão.

    — Praia? Hm… pensei que não gostasse de lugares assim.

    — Bem, nunca se sabe, né? Em Regnum, não tem como tomar banho naquele mar congelante, então, tudo tem uma primeira vez, né? – Ele fala, passando lentando atrás dela e envolvendo-a em um abraço reconfortante.

    — O que acha? — ele pergunta.

    — Bem, se você diz… vamos, mas nada de me dar outro bolo, hein! Se não, faço omelete desses seus ovos, hein, ARTHUR LEWYS? — Ela quase sorri maliciosamente, dando-lhe uma cotovelada leve.

    Enquanto o rapaz se convence do seu jeito, também pudera, os dois já estavam há uma semana em relacionamento. Foi como um empurrão do destino que o levou até ali, e a recém-nomeada líder de seu clã havia entregado seu coração ao mais heroico de todos os exorcistas. Após a morte de seu pai, há uma semana, o homem que formou Arthur na academia era o maior encorajador do rapaz, os dois tinham um elo. Graças a isso, elos nesse mundo são como diamantes, impossíveis de se achar.

    E quando ela ia dar um passo adiante, ele agarrou forte seu pulso, fitando-a com uma chama mais intensa do que a garota portava.

    — Calma aí… já vai sair?

    — A-Arthur… — A garota corou imediatamente.

    — Tô com saudades, vai, só trinta minutinhos! — ele apelou, mudando a expressão mais suave para a de um predador. Para a garota, ele parecia um leão, voraz por sua caça.

    — Seu safado! — resmungou, cedendo e fechando a porta, iniciando aquele dia de uma forma bem agitada.

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