Índice de Capítulo

    — Se ajeite aí! — a paciência dele já havia se esgotado por completo — Enfim, o plano começará quando seguirmos com a van pela avenida Keikaku e chegarmos, em uma hora e meia mais ou menos, ao local!

    — É muito melhor do que ir a pé, onde seríamos facilmente reconhecidos…

    O messias interrompeu apenas para esclarecer aos demais; afinal, ele já sabia de tudo.

    Enquanto Antônio, agora totalmente presente, se posicionava ao lado de Jarves e Halyna, que acabara de sair do banheiro e permanecia encostada na porta, mais calma.

    — Mas, para invadir, teríamos que lidar com exorcistas, não é? — perguntou o jovem, o menos animado dali, esfregando os dedos com ansiedade.

    De todos, era ele quem parecia o mais impaciente, como se aguardasse que aquele fosse, enfim, o grande dia.

    E seria… mas será que, dessa vez, ele se tornaria alguém grande em algo?

    — Temos, e é aí que vocês entram… Quando eu abrir a cortina, teremos um instante de euforia, pois o radar sensitivo, tanto o nosso quanto o deles, estará comprometido pelas características da barreira. Atacando juntos, teremos êxito! — afirmou, com certeza na voz — Em dias como este, a segurança é menor, limitando-se a exorcistas de grau três! — Conhecia bem o funcionamento, especialmente porque atuava na região quando ainda era exorcista.

    E, como a serpente na maçã, vigiara cada falha do paraíso antes de trair.

    Mas uma dúvida ainda pairava no ar quanto à certeza de que o plano daria certo; eles não estavam ali apenas por fé.

    — E nossos níveis? Quero dizer, antes de sair, alcancei o grau cinco e fui promovido a professor da academia… mas e os demais? — perguntou o loiro, com certa hesitação.

    Falta de confiança — não nele, mas nos demais.

    A cerveja e a leveza de suas palavras, outrora, escondiam o quão culto e aplicado ele era… um aspecto que perdera a aura, assim como tudo o que um dia residira no mundo.

    — Bem… Milk, Rasen e Kwawe são de grau quatro, provavelmente cinco em termos de habilidades. Já Halyna e Jarves são de grau três… — lançando-lhe um olhar compassivo — Você deve ter a maior experiência aqui. Sugere algo?

    Até mesmo o maestro desceria da cadeira diante de alguém que estava além.

    — Achei que não fosse perguntar… — disse o loiro, levando a mão ao queixo após estalar os dedos — Bem, o time está bom, mas sugiro que, ao invadirmos, façamos um feitiço de dispersão. É simples, usando luz. Eu mesmo posso fazer. Teríamos que usar uma quantidade excedente de energia… uma explosão de luz e, boom, aniquilaríamos todos eles!

    — Vocês falam em matar com tanta facilidade… — enfim comentou Halyna.

    — É só pensar que são demônios… — retrucou Rasen.

    — Demônios? Ehr… para mim, já estou cercado deles…

    — E o que nos diferencia no final? Sexo? — apoiado pela risada do loiro.

    — Idiotas…

    Halyna apenas fitou o quadro, evitando encarar qualquer um dos dois. Em sua mente e em seu coração, a morte deles, distante da missão, já fazia parte de seus anseios.

    E se odiava por isso. Por odiar.

    O oposto do praiano.

    — O garoto é bom, hein, Romero. Onde o encontrou?

    Sua empolgação falava mais alto que qualquer desentendimento.

    — Hm… Rasen foi um presente do destino! — suspirou; era idealista demais para ignorar uma mente questionadora — Mas, enfim, eu entendo você, Halyna. Assim como você, eu também matarei pela primeira vez, assim como Milk. Creio que Jarves e Kwawe também… mas é tudo em prol de um bem maior! Por mais hipócrita que soe, nossas ações farão sentido quando tudo estiver concluído!

    — Exatamente. E animem-se: as pessoas que irão morrer serão apenas uma mancha pequena. Esse império, com a omissão da Ordem, já exterminou tantos, não? — indagou o brutamontes, carregando nos lábios uma certeza dúbia de estar no caminho certo.

    Mas… e se não fossem os corretos?

    O mundo realmente não tinha futuro?

    Não havia salvação?

    A esperança… seria apenas uma mentira?

    Nenhuma afirmação poderia ser mais indigesta que…

    Se animem?

    Pensou ela, quase rindo da expressão.

    Tão desprezível!

    — Somos o menos pior, em outras palavras! — ponderou Milk. Então, a fitou — Mas, enfim, precisamos tirar isso do papel. Já que eu, Romero, o grandalhão e o loiro azedo gastaríamos muita energia no processo, você, o rapazinho e Antônio teriam que ser os mais participativos no massacre! E, além disso, um dos três teria que expandir energia quando a explosão ocorresse. O que me dizem?

    Suas unhas, longas e pintadas de um vermelho intenso, arranharam a poltrona com fervor.

    Mascarava tudo com palavras carregadas de certeza.

    — Posso expandir. Sinceramente, não há restrições ou ativações que sejam perigosas o suficiente para vocês, e minha quantidade de energia é bem alta! — respondeu Antônio, recebendo os olhares de todos ao redor. Diferente da noite em que fora recrutado, era agora um homem sóbrio, de costas curvadas, desanimado com o mundo que o conduzira até ali.

    Apenas um trabalhador que jamais encontrara razão na própria existência.

    — Não! Deixe-me expandir. Por mais egoísta que seja, não quero ter tantas vidas em minhas mãos! — interrompeu Halyna — Minha expansão não é perigosa de imediato… — completou, encarando o maestro, na expectativa de que aceitasse.

    — Certo, certo! Você cuidará da expansão, e os peitos dois cuidarão da maioria dos presentes no prédio. Todos de acordo? — a voz alta o suficiente para ressoar, com o coração batendo como um tambor.

    Talvez a certeza o consumisse.

    Ninguém respondeu com palavras; todos assentiram com olhares ou com a cabeça.

    A confirmação que queria estava ali: todos imersos naquela missão. Seus seis cavaleiros… um a mais ou a menos.

    Então, Rasen se levantou, encarando o amigo.

    — Bem, já que está tudo certo, irei me retirar! — com certa pressa, recebendo dele um olhar de confirmação, antes de sair imediatamente do apartamento.

    A única peça que não tinha lugar… mas era a mais importante. Seria o rei desse jogo?

    — Se quiserem ir, preparem-se. Ou, se quiserem ficar, acomodem-se! — disse Romero, caminhando até a poltrona e sentando-se — Vou pensar um pouco… — logo, as mãos de seu subalterno mais fiel pousaram em seus ombros, massageando-os.

    Encostando a mão sobre a lareira, ele olhou para o braço perdido, contemplando-o como um fantasma de suas escolhas, com a certeza de que não seria o único.

    — Bem, eu fico por aqui! — disse Antônio, levantando-se.

    — É, eu também! Não tenho por que voltar — Jarves aproveita o gancho, o acompanhando — Podemos treinar e tramar como agiremos juntos, o que acha?

    Para dois deslocados, foi uma surpresa e tanto.

    — Certo, é bom… e eu também posso ficar longe da bebida… se é que me entende! — batendo o ombro de lado contra o peito dele, surpreendendo o jovem e soltando um suspiro.

    — E-entendo…

    Praticamente engasgando, enquanto seu parceiro soltava uma risada.

    Seus bispos já estavam postos!

    — Já eu vou curtir mais um dia na praia! — um dos cavalos se colocou na linha de frente.

    — Nesse tempo? — ela não pôde deixar de comentar.

    — Hehe! Mesmo que estivesse nublado ou chovendo, aproveitarei até o último dia das minhas férias!

    A animação não saía do rosto dele que, com um movimento rápido, saía e visualizava a escadaria por onde o messias saía, batendo a porta do prédio.

    Ao sair, encarou os céus.

    Nuvens pesadas o cobriam, prenunciando a chuva que não caíra nos dias anteriores. Os primeiros pingos começaram a descer, e quase não havia pessoas nas ruas.

    Poucos carros passavam, tornando aquele um dia nada agitado.

    Será que dias assim terão seu fim?

    Pensou, enquanto tomava a esquerda na calçada, traçando seu caminho.

    Um dia tão vazio, mesmo com tantas pessoas… mas ainda havia a certeza de que existia vida.

    Seria aquele o certo? Ou estaria errando pela segunda vez?

    De verdade? Não ligava…

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