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    Um silêncio pesado tomou conta do espaço entre eles após a resposta curta de Yamasaki. Quando chegaram à beira do lago, onde o gramado se estendia em uma curva suave até as águas, a garota quebrou o silêncio.

    — Qual é, Yamasaki, eu falei o meu objetivo, e você? Não vai nem me dar uma dica? 

    Seus olhares ambiciosos pousaram em seus dedos, que se esfregavam ansiosamente.

    — Não! — respondeu ele, seco, quase recolocando as mãos nos bolsos do sobretudo, mas parou no instante em que o faria.

    — Bem, eu só queria saber, o que te levou a continuar como exorcista? Você pode sair, não é como se tivesse amarras na ordem! — ela se sentou no gramado, sem se importar em sujar as vestes. Enquanto o rapaz ainda refletia sobre a pergunta, um estalo ecoou em sua mente, tirando-o do transe e da dúvida.

    — Eu sei, mas estar na ordem é melhor do que não estar, acredite! — disse ele, cada palavra como um disparo. Seus pés moviam-se de um lado para o outro, a dois ou três centímetros do chão, como se estivesse pulando silenciosamente.

    — Hm… por quê?

    — Porque é! Caramba, você precisa perguntar tudo? — finalmente se sentou ao lado dela, contemplando os patos flutuando sobre as águas. As árvores ao horizonte eram refletidas na água escura, quase negra, agitada em proporções microscópicas pela chuva fina. — E você? Se não quer assumir a liderança do seu clã, por que continua lá? Pode prestar um serviço comunitário já que não precisa de dinheiro… algo sem compromisso — ele a olhou e depois desviou o olhar para a grama ao redor de sua mão, observando as formigas traçarem seus caminhos.

    — Estou acomodada, sabe… acho que sou do tipo de pessoa que precisa ser arrancada do ninho para aprender a voar, ou talvez eu mesma esteja me limitando… — murmurou, segurando o gramado com força e o fitando, — Ou talvez seja o medo de decepcionar meu pai… Ele é líder temporário, ele não recebeu a técnica do meu avô. Isso criou um clima horrível em nosso clã. Eu sou a esperança dele… — desabafou.

    — Entendi. Você está sob muita pressão. Isso me lembra meu pai. Ele era um líder religioso e me fazia ter estudos diários sobre Eluminismo Libertário. Queria que eu fosse como ele, mas enfim, pais…

    — Que fofo! — ela disse, esticando-se um pouco para trás e soltando um vapor gélido entre os lábios. — Acha que ele se orgulha de você?

    — Ele!? Ah…

    Enquanto pensava, buscando palavras, um flashback de seu pai sendo morto por Gallael se desenhou nas profundezas de sua mente. A imagem da cruz que ele sempre usava no pescoço desapareceu das mãos de Yamasaki, novamente, esse era o seu destino, que ele escolheu.

    — Não! Mas enfim, eu já falei demais de mim! Me sinto exposto… — ele brincou, tentando arrancar uma distração daquele instante.

    — Isso foi péssimo! Azedinho… — ela respondeu com um sorriso, voltando seus olhares ao lago, parecendo satisfeita ou convencida do que havia conseguido extrair dele.

    Enquanto tinham aquele instante de distração, Jarves e Antônio desciam de um táxi em um terreno baldio próximo a Hiragana.

    — Bom, bom! Aqui é um bom lugar para treinarmos… — disse Antônio, caminhando até o centro. O terreno era árido, com baixa vegetação que não chegava a dois centímetros. — Faz um ano e meio que não sinto a adrenalina de usar poderes… e você?

    — Eu? Bem… eu fazia treinos diários com minha habilidade inata, mas acabei esquecendo certos feitiços… é como se lembrasse só o começo ou o fim! — Jarves disse, e então, lentamente, deixou sua aura cobrir seu corpo em tons profundos de um azul-escuro. — Como faremos?

    — Vamos começar com o uso de extensão de energia. Técnicas inatas costumam consumir menos energia do que as não inatas, então foquemos nisso! — Antônio arqueou as costas, os olhos fixos nos pés de Jarves. — Vamos treinar nossos reflexos e agilidade… ok? Vou lançar inúmeros projéteis contra você, tente reagir, certo?

    — Certo… — Jarves colocou a mão sobre o rosto, desconfiado. Então, ao perceber energia o rodear como raios azuis, ele pisou firme e esticou suas pernas, como se fosse um goleiro de futebol pronto para defender um gol.

    “O que ele quer fazer? Será que esse doido tentará me matar?”

    Pensou, enquanto uma aura vermelha rodeava Antônio, da cor de um velho vinho. Crescendo mais e mais a cada instante, uma imensa liberação de energia.

    — Expando potentiam meam: cepi energiam meam, vicissim, fac me terram ad arbitrium meum formare posse! — imediatamente, a terra tremeu, energia fluiu para dentro dela e, com a mão nua tocando o solo, Antônio criou um canal de energia. Seu braço se tornou um extrator de material e o direito, apontado para Jarves, um liberador e transmutador de energia e matéria. — Posso?

    — Pode! — Jarves sentiu uma adrenalina percorrê-lo e viu inúmeras esferas compostas do terreno virem em sua direção. — Grr! — ele resmungou, desviando com dificuldade, colocando as mãos no chão e se jogando para o lado, vendo as esferas golpear árvores distantes e dilacerar os troncos.

    — Desvie e golpeie! Somente os troncos das árvores, Jarves! Quando entrarmos, alguns serão exorcistas. Você terá que ser preciso! Não poderá abrir barreiras, pois o instante será mínimo, então, pense rápido e seja letal! — Antônio instruiu, enquanto Jarves lutava para desviar, um por um, daquele tiroteio que parecia uma guilhotina vindo em sua direção.

    — Merda… mas… como atacar, caramba? — indagou, fugindo para trás de uma árvore e sentindo a pressão do golpe no tronco. — Meu feitiço inato… ele não serve para atacar!

    — Quê? — Antônio cessou, realmente surpreso.

    — Ehr… minha técnica inata é uma espécie de possessão… fui afastado porque ela não funcionava em demônios… — revelou, meio sem graça, saindo de trás da árvore e encarando Antônio.

    — Possessão? Só isso?

    — Não é só, mas… não consigo estender nenhuma técnica além dessa. Posso fazer uma possessão de seis segundos, com três segundos de atraso para uma nova possessão…

    — Ehr… merda! Assim ficaria difícil. 

    Ele disse, saindo de sua posição, encarando o garoto de pé.

    — Quer dizer, não poderíamos dividir as tarefas… — ele parecia pensativo, como se tentasse buscar uma solução nas profundezas de sua mente. — Teríamos que fazer uma combinação! Posso usar o concreto do piso para criar projéteis, e você pode possuir os corpos, atirando-os nos meus projéteis. O que acha?

    — Entendi… bem, eu acho que seria eficaz! Com a distração, eu só iria direcionar os alvos…

    “Pelo menos”

    — Mas você realmente não tem outra técnica de expansão?

    — Não! — respondeu, cheio de certeza, soltando uma risada sem graça. — Assim que me formei, fiz duas missões. Uma eu não consegui completar porque estava a serviço de uma família de nobres… e na outra, mal consegui fazer o exorcismo! — resmungou.

    — Entendi. Bem, sua sorte é que isso não se trata de exorcizar. Quer dizer, infelizmente… Mas não fique preocupado, você talvez não tenha entendido todas as possibilidades de seu domínio inato. Enfim, isso não é nada que eu saiba também. Um exorcista só entende suas técnicas quando ascende a um estado celestial! — explicou, deixando sua aura se dissipar. Caminhou até o rapaz e pegou em seu ombro, que estava um pouco desanimado. — Aliás, Jarves, o que te motivou? Você parecia tão capaz de matar, mas agora parece uma criança emburrada… — perguntou, pronto para ter uma conversa mais profunda com o rapaz.

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