Capítulo 100 - Tu tá aleijado também? Putz!
Com o controle em suas mãos…
O embate está terminando de forma trágica, sob aquele palco infernal, uma luta voraz entre os três fantoches de Masaru se desenrola.
— Grr! — rosna Alexander, com a respiração ofegante, enquanto tenta desesperadamente criar um escudo à frente de seu braço direito. Ele ergue essa extensão translúcida de sua técnica inata para bloquear a lâmina completamente invisível. A pressão do golpe da entidade quase o esmaga contra o chão, fazendo-o dobrar os joelhos e sentir queimar cada centímetro de seu corpo. — Antônio! — grita, sua voz carregada de desespero e urgência.
Sua energia está no limite, e ele sente isso com cada fibra do seu ser. O sangue escorre de seu nariz até seus lábios, o gosto metálico misturando-se com o desespero. Sua mente transita entre a realidade e o abismo da dor… a exaustão revela suas feridas abertas, expondo seus sentimentos cada vez menos invisíveis.
Ele quase aceita a morte… mas…
“O ciclo da morte… ele nunca para… nunca irá parar!”
A voz que ecoa em sua mente não é a sua. É uma voz feminina, implacável e enigmática, que o desperta abruptamente da espiral de seus pensamentos.
Então, nos últimos segundos que ele pode ter de sua vida, vê Antônio aparece imediatamente como seu herói, seus olhos brilhando com uma determinação fria. Ele ergue a mão direita contra o abdômen da criatura, e um vórtice devastador se forma, afastando-a com uma força brutal. Quando seus dedos tocam o corpo da entidade, um choque gelado percorre sua pele. O ar congelante da superfície da criatura cristaliza rapidamente a superfície de seus dedos, como se estivesse tocando um porco-espinho.
Os pés do ser arranham o piso.
Mesmo assim, ele consegue afastar a entidade de seu parceiro.
Contudo, a sensação de alívio é efêmera; os danos são superficiais, com apenas cristais de gelo se desprendendo do corpo robusto da entidade.
— Que desgraça! Alexander, tem alguma ideia? Até meus ventos, com toda a minha força, não o derrubam!
Enquanto Antônio reclama, a criatura cambaleia de forma ameaçadora e recupera rapidamente o equilíbrio. Avança com uma velocidade impressionante e, em um único passo, desferiu um golpe devastador. A lâmina invisível, com uma extensão quase sobrenatural, corta o ar com precisão implacável.
Ele inicialmente pensa que escapou, mas sente imediatamente o rasgo agudo em seu peito, uma fenda aberta que vai do ombro direito até a coxa esquerda, fazendo-o cair de costas com a pressão brutal do ataque.
E vê a lâmina, agora manchada com seu próprio sangue, e o horror toma conta de seus olhos. Ela tem quase dois metros de comprimento, e mesmo a essa distância de quase quatro metros, o golpe o atinge com uma ferocidade que quase o parte em dois.
Mas quando a criatura se prepara para finalizar sua vida, Alexander surge e faz o impensável. Com suas mãos nuas, agarra a lâmina invisível, parando o golpe e sentindo a pressão próxima ao seu rosto, que faz seus cabelos balançarem.
Seu olhar reflete coragem e determinação; ele está resoluto.
— Veni ad me, essentia mea!
Imediatamente, ele realiza um ato de pura grandiosidade, reivindicando sua essência com uma determinação feroz. Com um suspiro tão carregado de esforço que parece quase insuportável, ele luta para transformar a lâmina em um mero fragmento de si mesmo. A lâmina, agora uma extensão de sua própria essência, é absorvida com um rugido de dor e fúria.
E coordenando um movimento brutal e preciso, Alexander golpeia a criatura com uma força devastadora. A energia do impacto é tamanha que a metade da face da entidade é arrancada, seus olhos disparando pelo ar. E a mão do loiro se estilhaça em milhões de fragmentos cintilantes, como se o próprio tempo tivesse sido dilacerado pela força do golpe. O sangue da criatura e o de Alexander se misturam em uma poça escura no chão, mas, surpreendentemente, apenas ele permanece ereto.
Sua pele congelada e triturada do braço, um resultado macabro da batalha travada, parece quase surreal. Apesar do estado brutal de sua carne, a dor não parece perturbá-lo. Em vez disso, ele está imerso em uma onda de triunfo; a sensação de conquista, pura e indomável, ofusca qualquer desconforto físico.
Cada fibra de seu ser vibra com a satisfação de ter vencido um desafio como aquele.
A entidade cai com um estrondo retumbante, sua vida se dissipando instantaneamente como uma sombra ao amanhecer. E seu mestre Masaru, observa a cena, está no auge da satisfação, enquanto testemunha a bravura de Alexander. O guerreiro bate no próprio peito com um gesto de triunfo quase palpável.
— Seu filho da puta, acha que é o fodão, não é? — desafia Alexander, sua aura diminuindo abruptamente e deixando o exorcista surpreso. — Escuta, não vou aguentar mais um ou dois feitiços, então presta atenção! Quando você tiver matado até o último de nós…
Antônio agoniza enquanto cada palavra é dita, sua respiração fraquejando e sua aura perdendo a luz devido à dor que o consome.
— Quebra esse ciclo de morte! Só você pode… — A voz dele vacila enquanto sua visão enfim se apaga. Um disparo de luz atravessa sua cabeça, queimando seu cérebro instantaneamente e apagando sua vida. É um instante, tão rápido, que ele mal sente dor.
O exorcista suspira profundamente enquanto o corpo cai, ele venceu mais dois adversários.
A certeza de que aquela noite está chegando ao fim se firma.
O loiro cai com os olhos já apagados, mas com um sorriso de paz em seu rosto. Não conseguiu quebrar o ciclo que tanto desejava esconder, mas partiu com a certeza de que um dia ele se quebraria.
E seu parceiro?
Masaru avança até ele, que agoniza. Lágrimas escorrem pelo rosto de Antônio, lamentando não ter conseguido fazer mais do que assistir à queda de cada um dos seus parceiros. Embora nenhum deles realmente se conhecesse bem, e apesar de saber pouco sobre o passado dos outros, para o senhor, era o mais próximo que teve de uma amizade. O exorcista encara uma última vez, erguendo a mão e disparando um feixe de luz. A arma em seu dedo expeliu calor e então ele cruzou os dedos.
— Bons sonhos, você foi o idoso mais brabo que já conheci!
O sangue tinge o palco e as cortinas se fecham finalmente; a peça havia terminado. Então, Masaru estala os dedos, quebrando a dimensão que o envolvia na solidão da morte que causara.
“Acho que a diversão acabou… merda!”
Em um instante, Masaru está diante de Romero, encarando-o após tanto tempo. Faltam apenas dois minutos para o fim do feitiço de Milk, que agoniza nas costas do homem, que se ergue imponente.
Mas algo chama a atenção do rapaz: Romero está sem um braço, assim como ele.
— Tu tá aleijado também? Putz! — zomba Masaru.
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