Índice de Capítulo

    — Quanto tempo, não? — Romero recua um passo, o olhar fixo em Masaru, uma figura que emana o calor de sua aura com tanto fervor que é arrepiante e amedrontador estar perto. — Naquela época, você tinha essa cara de doido, mas não de assassino!

    O temendo, sua voz carrega o peso das vidas que o exorcista ceifou, o lamento de cada um dos cinco que agora jazem sem vida ao chão, seus corpos ensanguentados e dispostos de maneira brutal, como uma sinistra pintura de horror, a arte das trevas em que ele é o pintor.

    Ao redor deles, mergulhados no abismo da fé e da moral, o cenário é um caos de morte persistente; a poeira sobe em nuvens espessas, misturando-se com o som distante das sirenes de ambulâncias e o clamor frenético da polícia, que se mistura aos gritos aterrorizados dos bairros vizinhos.

    — Assassino? — responde Masaru, sua voz embargada pelo sarcasmo e desdém. — Hazan, os garotos… Você está acusando outro assassino de ser o que você é? Olhe para si, olhe para o que se tornou. Talvez te falte alguma coisa… — Ele ri, a ironia cortante em sua voz, enquanto sua expressão se torna uma máscara de crueldade. Com um gesto sutil, ele dirige seu olhar para o vazio ao seu lado esquerdo, onde antes havia algo, um símbolo sombrio do caminho que ele havia traçado.

    Romero, com a mão restante tremendo, sente o peso do desespero e da raiva se misturando. Ele está frustrado, e Masaru é cruel o suficiente para evidenciar isso e feri-lo com suas palavras. Cada palavra dele é um punhal afiado que rasga as feridas abertas em seu coração, revelando a cruel verdade de um passado que não pode ser apagado.

    — Imbecil… vai fazer piadinhas? — retruca, mas ele mal consegue encarar Masaru, sequer feri-lo ou golpeá-lo, mesmo que superficialmente com suas palavras.

    — O que quer? Que eu te mate já?

    — Quero ver tentar, mas… gostaria de esclarecer: não fui eu, nem um dos cinco que você matou! Quem findou o pobre Hazan e os garotos… como você chama, foi o Rasen! — Ao falar, ergue o braço à altura do abdômen e o encara no mesmo instante. — Ele é impulsivo… Faz o que quer… Meu pecado, eu diria que foi só o de hoje! — indaga, não querendo uma batalha, pois ambos sabem que esses são seus momentos finais, que ele acredita serem inevitáveis.

    — Vai salvar o moleque? — olha para Milk, que agoniza em seus últimos instantes de feitiço. — Patético!

    — Posso?

    Sua voz ganha uma tonalidade poderosa.

    — Pois bem, se não foi você, oh, eu me desculpo e sim, permito que faça o que quiser!

    — Idiota… — sussurra Romero, e então, fechando os olhos e erguendo a cabeça, profere: — Voluntas quae me sustentavit et expectavit, dissolve! Et salva vitam socii mei, redde eum saltem, unam chance vivere! — Enquanto entoa essas palavras, seu braço quase explode, as palavras marcadas rasgam sua carne e se dirigem a Milk, penetrando-o e fazendo seu corpo tremer.

    Ele não sente dor, ou ao menos parece não sentir. Mesmo que a morte cobrasse seu preço a cada movimento, não era justa em seus pactos.

    — Salvou ele — Masaru resmunga. — Você ainda é o mesmo hipócrita, oh senhor do bem. Você matou mais de vinte pessoas aqui! E Rasen, é o seu reflexo. Você acha que ele faria o que fez se não fosse chamado de messias? O salvador? — zomba.

    — E Gabriel, ele não fez o mesmo? Olhe para você, o herói que se diverte matando pessoas… O que você é melhor do que eu?

    — Gabriel não é como você… e eu não sou como Rasen, sabe? Eu não gosto de brincar com a vítima em um jogo tortuoso, gosto de ser rápido e eficiente, gosto de ver o sangue, admito! Mas… gosto de ser forte e destruir o mal com punhos de ferro! — Ao falar, tira a mão do bolso e mira a testa de Romero, que suspira no mesmo instante. — Mas sobre Gabriel, ele nunca faria o que fez. Se eu passasse da linha, ele tentaria me parar, afinal, ele é um homem bom, com o coração leal a seus princípios. Ele não temeria a morte quando a visse, e você? Está cometendo suicídio em troca da paz. Afinal, conviver com a morte de tantos deve ser muito ruim, né? Quando se é uma boa pessoa!

    — Ele sempre foi inocente até demais! Romero fecha os olhos, deixando que uma expressão de dor e arrependimento tome conta de seu rosto. Ele coloca a mão sobre a dele, apertando com uma força inesperada, como se tentasse transmitir todo o peso de suas palavras. — Mas… verdade… sou um covarde. No final, eu não sou quem sempre pensei ser! — admite, a voz falhando um pouco. Ele sente uma onda de vergonha e desilusão, fazendo seu peito apertar cada vez mais.

    — Que você encontre a paz, Romero!

    A resposta vem com um tom de compaixão, algo incomum vindo dele, Masaru Jigoku, o demônio incapaz de sentir “emoções humanas”.

    — Amém! — Romero responde, com uma intensidade que parece quase desesperada. Ele mantém os olhos fechados, como se quisesse desaparecer nas palavras, esperando que, de alguma forma, elas possam trazer-lhe um pouco da paz que havia perdido há tanto tempo.

    Então, um feixe de luz emana e atravessa sua cabeça instantaneamente, fazendo-o cair sem vida. O impacto é tão brutal que derrete cada fragmento de seu cérebro, deixando apenas a lembrança de uma vida vazia e sem propósito. Sua queda é desprovida de honra ou beleza, refletindo a secura e a indiferença da própria vida.

    Seu corpo, agora desfalecido, cai ajoelhado e se espalha pelo chão, uma imagem de desolação. Em seus olhos, não há mais ansiedade ou fé; tudo está acabado. No mesmo instante, o rapaz à frente começa a se mover. Ele luta para abrir os olhos, tonto, e vê o corpo de Romero aos pés de seu assassino.

    O disparo faz um som, o suficiente para despertá-lo de seu desmaio.

    — Boa noite, bela adormecida! — Masaru comenta, com um tom sarcástico e insensível. — Será que te elimino? Ou será que eu te deixo vivo?

    É o instante em que Milk realmente morre.

    Ele nunca imaginou viver sem seu fiel companheiro; sua existência está ligada a Romero, e agora ele está morto. É visível o choque no rosto do rapaz ao perceber a perda, e é impossível que o exorcista não veja. Ele tenta se erguer, pronto para o primeiro movimento espontâneo de seu corpo, reagindo ao ódio e ao luto… mas cai para trás no mesmo instante, morto pelo mesmo golpe que selou o destino de seu mestre, desta vez atingindo o peito e destruindo seu coração imediatamente.

    — Ciclo da morte… — comenta Masaru, ouvindo o baque. — O que aquele cara queria dizer?

    O herói havia salvo o dia… ou será que não? Naquela noite, sete ressuscitados morreram e inúmeras pessoas também.

    Ainda assim, a satisfação de ter conseguido transparecia em sua voz quando ele exclamou: — Mal 0… Masaru 2!

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