Capítulo 105 - Caminhos Opostos, Mesmos Fracassos
Após subir a escadaria de seus lamentos, onde cada degrau parece um eco de sua ansiedade, Gabriel murmura:
— Você chegou até o fim…
Ele está ajoelhado ao lado do corpo sem vida de seu antigo amigo e irmão. Suas mãos tremem enquanto a chuva começa a cair, misturando-se com as lágrimas do céu. E ergue o olhar para o firmamento, onde nuvens escuras se acumulam. As gotas de chuva se misturam com as lágrimas que ele não consegue derramar.
— Claro, você fez sua escolha. Mas eu tinha esperança de que você reconsiderasse, que, ao refletir, encontrasse clareza nesse seu devaneio. No fim das contas, parece que somos apenas dois teimosos, não é? — Sua voz vacila entre raiva e desespero, cada palavra carregando o peso de uma promessa quebrada.
Então, desvia o olhar para o corpo de seu companheiro. A face do amigo, desfigurada pela luta final, é um testemunho sombrio da batalha em que ele pereceu. Seus olhos, outrora vivos e vibrantes, agora estão opacos e vazios, recebendo a chuva que escorre lentamente pelo seu rosto.
Ele se mantém ali, estagnado na dor.
Lamentando, restava-lhe apenas isso…
— Aquele dia foi nossa última despedida. Eu realmente acreditava que ainda nos veríamos, que teria a chance de te confrontar, de dizer para parar e refletir. Mas você nunca atendeu minhas ligações! — Ele fala, cada palavra uma tentativa desesperada de evitar encarar a dura realidade. Desvia o olhar do corpo, fixando-se na poça de sangue próxima, onde a agonia não resolvida o consome. — Milk… você levou tantos com você. Não sei o que me dói mais: saber que você foi até o fim ou ver o Masaru mergulhar nesse abismo. Ele é só um garoto, e deveríamos ter sido exemplos, mas que exemplo deixamos?
As palavras saem carregadas de um peso quase insuportável, o gosto amargo do fracasso em seus lábios.
Não foi apenas uma derrota para os mortos; foi uma perda para os vivos.
Ele se deita ao lado do corpo de Romero, o olhar perdido nas nuvens escuras que se formam acima, como se procurasse respostas nas sombras que se aproximam.
— Um careca e um lunático, sério, somos uma piada! — Ele ri amargamente. — Sabe, eu só queria ouvir sua voz idiota mais uma vez. Você foi meu irmão… e isso me faz ignorar suas merdas… e pensar, caralho, eu te amava tanto!
A chuva continua a cair, misturando-se com as lágrimas de Gabriel, criando uma sinfonia melancólica enquanto ele permanece ali, deitado na umidade fria. A dor da perda o envolve, e o peso das memórias intensifica a tristeza que o consome.
Sete almas ceifadas… como perdeu a profecia… os demônios saboreiam o sangue em seus lábios.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Sasori, com a camisa encharcada de suor e visivelmente exausto, reúne as informações cruciais para Kyotaka. Ele passa pela porta, quase derrubando seu smartphone e os papéis com as informações obtidas. Era a sexta vez que invadia assim; a noite estava imersa em um caos sem fim.
— Senhor, foram 31 mortos: 28 no prédio e 3 na região. Nenhum exorcista enviado foi perdido, e os… rebeldes… foram eliminados! — Anuncia, a voz pesada pela exaustão. Um estalo surge em sua mente, e ele continua com uma preocupação crescente. — No entanto, o estrago causado por Rasen inclui quatro exorcistas mortos e um objeto do nível 17 roubado… Como… como faremos agora?
Kyotaka escuta atentamente, seu rosto imperturbável, mas seus olhos revelam a complexidade da situação. As notícias são desastrosas, e a gravidade da perda se destaca nas consequências de cada ação.
“Como…?”
A sombra da crise paira sobre eles, enquanto a pergunta de Sasori ressoa, o peso da resposta se tornando evidente diante da magnitude do caos.
— Hm… 35 mortos? Em um único dia? — Kyotaka murmura, sua voz quase em um questionamento, enquanto bate com força na mesa. O impacto faz lápis e canetas caírem e o tinteiro derramar, o líquido escorre pela mesa e mancha os papéis.
— Senhor? — Pergunta Sasori, surpreso com a reação.
Kyotaka, tomando um momento para recompor-se, levanta-se da poltrona com uma expressão decidida.
— Estou bem! — Afirma, sua voz firme apesar da tensão. — Pegue o relatório com os envolvidos e passe para o governo. Quanto à zona de contenção, espere. Faremos uma reunião antes de entregar o relatório… Se demônios estão se aliando a Rasen, algo grande está por vir!
Ele se volta para a janela atrás de si, seu olhar fixo no horizonte, como se tentasse vislumbrar a ameaça iminente.
— O APOCALIPSE??? — Indaga Sasori, os olhos arregalados refletindo o medo e a urgência da situação.
Kyotaka, um ávido conhecedor do mundo espiritual e das promessas do fim, está trêmulo, mas…
Útil e prestativo, esses são seus sobrenomes!
Enquanto tenta recuperar a ordem na mesa, recolhe os objetos espalhados, colocando-os de volta no porta-lápis e erguendo o tinteiro derramado.
— Exatamente — Confirma Kyotaka, com o olhar fixo na janela, observando a cidade com crescente preocupação. — Nunca vi tanto caos desde minha primeira missão! O que será que eles estão planejando? — Ele suspira profundamente, sua mente fervilhando com possibilidades enquanto o peso da responsabilidade se torna quase insuportável.
A atmosfera na sala está carregada com a pressão do momento.
— Sim, senhor — Responde Sasori, esforçando-se para manter a voz firme. — Entregarei o relatório imediatamente. Agradeço pela confiança e estou à disposição para suas instruções para a noite de amanhã. Apenas um detalhe a mais: Masaru Jigoku foi quem eliminou os alvos e o fez sozinho! Cuidarei disso agora.
— Masaru? Esse garoto… — Kyotaka murmura, com uma mistura de surpresa e admiração na voz. Ele se vira para o rapaz, ainda visivelmente abalado pela gravidade da situação. — Ele está se tornando uma verdadeira força da natureza! Deixaremos isso para depois. Certo?
Com um aceno brusco de concordância, refletido no vidro da janela, Kyotaka observa ele sair apressado.
— Que Elum te abençoe, senhor! Estou indo! — Diz, saindo correndo quase como um foguete.
O líder fecha os olhos e solta um longo suspiro, com a tensão do momento evidente em seu semblante. Ao abrir os olhos novamente, seu olhar se fixa no horizonte, como se tentasse decifrar um complexo quebra-cabeça.
“Os iluminados, o imperador e seus governadores tentando liderar a ordem, Masaru sendo visado como uma arma humana…”
— O que está por vir? — Ele sussurra para si, a pergunta pairando no ar como um presságio sombrio, enquanto o peso das incertezas e das ameaças futuras se acumula sobre seus ombros.
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