Capítulo 110 - A Reunião do Conselho dos Nove, Parte II
A reunião prossegue…
Rimuru mantém um olhar severo, mas sereno, enquanto se prepara para falar. Ele sabe que a menção ao apocalipse sempre traz uma mistura de reverência e temor entre os presentes.
— A profecia de Niftar é mais do que palavras sagradas, vocês sabem disso mais do que ninguém — continua, sua voz ecoando entre os presentes. — É o fio condutor que guia nosso destino, o aviso de que nosso tempo aqui é limitado e que forças além de nossa compreensão já estão em movimento. Ioannes Paulus, o último a testemunhar a presença divina em Crea, não deixou apenas um legado de fé, mas também o peso de um futuro incerto.
Ele faz uma pausa, permitindo que suas palavras ressoem, penetrando o coração de cada um presente.
— Sete ressuscitados morreriam, o mal desceria à terra, sete trovoadas ecoariam, sete anjos negros cairiam dos céus… — Seiji, parafraseia, sua voz grave e imbuída de uma solenidade rara. Ele sabe que está mencionando algo que muitos preferem ignorar. — E então a batalha final traria o novo mundo! — Seus olhos se estreitam, notando a reação mista dos colegas ao redor.
Alguns olham com genuíno interesse, outros com ceticismo criado por seu medo, mas a maioria permanece em um silêncio pesado, como se temessem que discutir o assunto pudesse trazer as próprias profecias à vida, mais do que já é visível.
— Nem todos acreditam nisso, é claro — acrescenta, seu tom assumindo uma nota mais cínica. — Afinal, é um assunto religioso, e jovens geralmente desprezam religião. Mas, independentemente do que acreditamos, as palavras de Niftar não podem ser ignoradas. Elas estão gravadas na história, e como todos sabemos, o passado tem uma maneira de nos alcançar…
Rimuru e Kyotaka assentem, agradecendo pela contribuição dele.
O velho sábio sabe que essa discussão é delicada, mas necessária.
E ele mal precisa consultar os papéis; cada palavra flui com precisão profética. Ele é o cérebro de sua e das outras gerações, uma mente capaz de armazenar mais de três mil oitocentas passagens de eventos, todos catalogados de textos antigos e línguas esquecidas.
Seus olhos parecem ver além do presente, penetrando o véu do tempo.
— Então, levando a profecia como lei… o primeiro passo já foi dado? — Matteo hesita, confuso, seus olhos procurando uma confirmação que parece distante.
— Os sete caíram, bem, e exatamente, a profecia pede mãos humanas, já que o mal foi originado pelo homem… Então, sim! — a voz de Kyotaka soa firme.
— Acho que erramos a métrica… — ele murmura, a insegurança transparecendo após digerir. — Quer dizer, foram cinco vezes mais, e todos morreram pelas mãos humanas… Isso realmente conta?
— O que define o sucesso de uma profecia? — pergunta Seiji, olhando para Matteo. — O número exato ou a essência do ato? Se a essência for o que importa, então talvez… estejamos mais próximos do fim do que imaginamos. Mas se nos prendermos aos detalhes, podemos estar condenados a repetir os erros do passado, não?
— Pode ser só um alarme falso… Mas, segundo Masaru, Romero fez um ritual com os corpos, o que torna as sete mortes mais significativas, não? — Mahmoud pondera, franzindo a testa em concentração.
O ambiente está imerso em dúvidas e afirmações, a sala mal iluminada e o silêncio que se segue é palpável, quebrado apenas pelo som distante do vento que uiva lá fora, como um prenúncio do que está por vir…
— Muito bem observado, Matteo. Dúvidas e questionamentos são sempre válidos, mas… por mais paranoico que isso soe, não acha muita coincidência? Masaru orquestra um massacre, e nenhum demônio surge para intervir? Apenas Rasen? — retruca Rimuru, seus olhos fixos em Seiji, o gênio do grupo, esperando que ele refreie as palavras incisivas.
— Rasen estava sozinho… mas se nos concentrarmos apenas no que é óbvio, perderemos as pistas escondidas nas sombras! — Seiji mantém a compostura ao responder e concordar com ele, já antecipando as perguntas que virão.
— Exato… E o mais perturbador… humanos recebendo ajuda de demônios? Isso é inédito. Nunca chegamos a esse ponto antes! — Rimuru aperta os papéis. — É por isso que precisamos de contramedidas!
Todos sentem que estão enfrentando algo além de sua compreensão. Ele está certo — a aliança entre humanos e demônios indica que o equilíbrio foi quebrado de uma maneira que eles ainda não podem entender completamente.
— Precisamos fortalecer nossas bases e controlar as informações para evitar o pânico — a voz de Rimuru se torna mais grave, carregada de urgência. Ele sabe que qualquer deslize pode ser fatal. — Uma guerra espiritual significaria o fim… e não há como fugir disso! Compreendem?
— Ser alarmista poderia parecer sensato, mas o efeito seria o contrário! O mal só ganharia mais munição para semear ainda mais destruição! — murmura Javier, sua voz baixa, mas impregnada de um pessimismo sombrio, da razão.
As palavras pairam no ar, pesadas, como se o prenúncio de um futuro sombrio já estivesse se desenrolando diante de seus olhos.
— Então… evacuação? Não vamos sequer considerar isso? — Matteo intervém, sua voz rasgando o silêncio como uma lâmina afiada.
Ele olha ao redor, esperando a resposta que, no fundo, já pressente.
— Evacuação? Podemos torcer para que alguns sobrevivam… mas não podemos ignorar a possibilidade de que todos pereçam! — responde Rimuru, com um pragmatismo implacável. — Podemos tentar mitigar os danos da guerra, mas a verdadeira salvação, o plano A, é vencer o jogo final e contemplar um mundo sem exorcistas!
— Droga.
“É horrível ouvir isso, mas é ainda pior fingir que não é verdade!”
Confessa Matteo em seus pensamentos, seus olhos refletindo o turbilhão de um conflito interno.
O impacto de suas palavras reverbera pela sala como um martelo golpeando a fortaleza de suas convicções, arrancando-os da comodidade e os lançando na inquietude. Um mundo sem exorcistas — uma ideia tão radical quanto libertadora. Seria um cenário em que o sacrifício de poucos poderia salvar a todos.
Mas a que custo? Era a pergunta que balançava o coração do rapaz.
— Espero que não me veja como um fatalista, mas… até que ponto está se iludindo? — Javier coloca a mão em seu ombro, tentando transmitir alguma força.
— Não sabemos de nada, mas deduzimos tudo, entenderam? — intervém Hugo, encerrando a discussão com um sorriso sem graça, suficientemente afiado para mascarar seu cinismo.
A conversa parece não estar chegando a lugar algum, então Rimuru decide tomar as rédeas.
— Se confiarmos demais que tudo não passa de coincidência, estaremos abrindo as portas para o inimigo! — adverte Shirasaki, com um tom grave. — Nossa melhor estratégia é preparar o maior número possível de exorcistas. A academia será fechada e os alunos atuais passarão por um treinamento intensivo. Usaremos a desculpa de uma reestruturação governamental, e o império não suspeitará de nada! — Ele finalmente se senta, deixando sua decisão pairar no ar.
— Como estipula o primeiro protocolo… jovens, coloquem a mão na razão e leiam os protocolos! — ordena Seiji, distribuindo as páginas, sua voz carregada de autoridade.
— Exatamente! Vamos unir forças, fechar as lacunas, preparar nossos agentes, mascarar nossas ações e, acima de tudo, antecipar e neutralizar Rasen. Ele ainda é um risco, operando tanto no físico quanto no espiritual, tramando e executando seus planos! — diz com urgência, e então ele reúne todo o ar de seus pulmões, encarando todos à mesa. — Alguma ideia? De como neutralizá-lo ou de como devemos proceder?
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