Índice de Capítulo

    A reunião prossegue…

    Rimuru mantém um olhar severo, mas sereno, enquanto se prepara para falar. Ele sabe que a menção ao apocalipse sempre traz uma mistura de reverência e temor entre os presentes.

    — A profecia de Niftar é mais do que palavras sagradas, vocês sabem disso mais do que ninguém — continua, sua voz ecoando entre os presentes. — É o fio condutor que guia nosso destino, o aviso de que nosso tempo aqui é limitado e que forças além de nossa compreensão já estão em movimento. Ioannes Paulus, o último a testemunhar a presença divina em Crea, não deixou apenas um legado de fé, mas também o peso de um futuro incerto.

    Ele faz uma pausa, permitindo que suas palavras ressoem, penetrando o coração de cada um presente.

    — Sete ressuscitados morreriam, o mal desceria à terra, sete trovoadas ecoariam, sete anjos negros cairiam dos céus… — Seiji, parafraseia, sua voz grave e imbuída de uma solenidade rara. Ele sabe que está mencionando algo que muitos preferem ignorar. — E então a batalha final traria o novo mundo! — Seus olhos se estreitam, notando a reação mista dos colegas ao redor.

    Alguns olham com genuíno interesse, outros com ceticismo criado por seu medo, mas a maioria permanece em um silêncio pesado, como se temessem que discutir o assunto pudesse trazer as próprias profecias à vida, mais do que já é visível.

    — Nem todos acreditam nisso, é claro — acrescenta, seu tom assumindo uma nota mais cínica. — Afinal, é um assunto religioso, e jovens geralmente desprezam religião. Mas, independentemente do que acreditamos, as palavras de Niftar não podem ser ignoradas. Elas estão gravadas na história, e como todos sabemos, o passado tem uma maneira de nos alcançar…

    Rimuru e Kyotaka assentem, agradecendo pela contribuição dele.

    O velho sábio sabe que essa discussão é delicada, mas necessária.

    E ele mal precisa consultar os papéis; cada palavra flui com precisão profética. Ele é o cérebro de sua e das outras gerações, uma mente capaz de armazenar mais de três mil oitocentas passagens de eventos, todos catalogados de textos antigos e línguas esquecidas.

    Seus olhos parecem ver além do presente, penetrando o véu do tempo.

    — Então, levando a profecia como lei… o primeiro passo já foi dado? — Matteo hesita, confuso, seus olhos procurando uma confirmação que parece distante.

    — Os sete caíram, bem, e exatamente, a profecia pede mãos humanas, já que o mal foi originado pelo homem… Então, sim! — a voz de Kyotaka soa firme.

    — Acho que erramos a métrica… — ele murmura, a insegurança transparecendo após digerir. — Quer dizer, foram cinco vezes mais, e todos morreram pelas mãos humanas… Isso realmente conta?

    — O que define o sucesso de uma profecia? — pergunta Seiji, olhando para Matteo. — O número exato ou a essência do ato? Se a essência for o que importa, então talvez… estejamos mais próximos do fim do que imaginamos. Mas se nos prendermos aos detalhes, podemos estar condenados a repetir os erros do passado, não?

    — Pode ser só um alarme falso… Mas, segundo Masaru, Romero fez um ritual com os corpos, o que torna as sete mortes mais significativas, não? — Mahmoud pondera, franzindo a testa em concentração.

    O ambiente está imerso em dúvidas e afirmações, a sala mal iluminada e o silêncio que se segue é palpável, quebrado apenas pelo som distante do vento que uiva lá fora, como um prenúncio do que está por vir…

    — Muito bem observado, Matteo. Dúvidas e questionamentos são sempre válidos, mas… por mais paranoico que isso soe, não acha muita coincidência? Masaru orquestra um massacre, e nenhum demônio surge para intervir? Apenas Rasen? — retruca Rimuru, seus olhos fixos em Seiji, o gênio do grupo, esperando que ele refreie as palavras incisivas.

    — Rasen estava sozinho… mas se nos concentrarmos apenas no que é óbvio, perderemos as pistas escondidas nas sombras! — Seiji mantém a compostura ao responder e concordar com ele, já antecipando as perguntas que virão.

    — Exato… E o mais perturbador… humanos recebendo ajuda de demônios? Isso é inédito. Nunca chegamos a esse ponto antes! — Rimuru aperta os papéis. — É por isso que precisamos de contramedidas!

    Todos sentem que estão enfrentando algo além de sua compreensão. Ele está certo — a aliança entre humanos e demônios indica que o equilíbrio foi quebrado de uma maneira que eles ainda não podem entender completamente.

    — Precisamos fortalecer nossas bases e controlar as informações para evitar o pânico — a voz de Rimuru se torna mais grave, carregada de urgência. Ele sabe que qualquer deslize pode ser fatal. — Uma guerra espiritual significaria o fim… e não há como fugir disso! Compreendem?

    — Ser alarmista poderia parecer sensato, mas o efeito seria o contrário! O mal só ganharia mais munição para semear ainda mais destruição! — murmura Javier, sua voz baixa, mas impregnada de um pessimismo sombrio, da razão.

    As palavras pairam no ar, pesadas, como se o prenúncio de um futuro sombrio já estivesse se desenrolando diante de seus olhos.

    — Então… evacuação? Não vamos sequer considerar isso? — Matteo intervém, sua voz rasgando o silêncio como uma lâmina afiada.

    Ele olha ao redor, esperando a resposta que, no fundo, já pressente.

    — Evacuação? Podemos torcer para que alguns sobrevivam… mas não podemos ignorar a possibilidade de que todos pereçam! — responde Rimuru, com um pragmatismo implacável. — Podemos tentar mitigar os danos da guerra, mas a verdadeira salvação, o plano A, é vencer o jogo final e contemplar um mundo sem exorcistas!

    — Droga.

    “É horrível ouvir isso, mas é ainda pior fingir que não é verdade!”

    Confessa Matteo em seus pensamentos, seus olhos refletindo o turbilhão de um conflito interno.

    O impacto de suas palavras reverbera pela sala como um martelo golpeando a fortaleza de suas convicções, arrancando-os da comodidade e os lançando na inquietude. Um mundo sem exorcistas — uma ideia tão radical quanto libertadora. Seria um cenário em que o sacrifício de poucos poderia salvar a todos.

    Mas a que custo? Era a pergunta que balançava o coração do rapaz.

    — Espero que não me veja como um fatalista, mas… até que ponto está se iludindo? — Javier coloca a mão em seu ombro, tentando transmitir alguma força.

    — Não sabemos de nada, mas deduzimos tudo, entenderam? — intervém Hugo, encerrando a discussão com um sorriso sem graça, suficientemente afiado para mascarar seu cinismo.

    A conversa parece não estar chegando a lugar algum, então Rimuru decide tomar as rédeas.

    — Se confiarmos demais que tudo não passa de coincidência, estaremos abrindo as portas para o inimigo! — adverte Shirasaki, com um tom grave. — Nossa melhor estratégia é preparar o maior número possível de exorcistas. A academia será fechada e os alunos atuais passarão por um treinamento intensivo. Usaremos a desculpa de uma reestruturação governamental, e o império não suspeitará de nada! — Ele finalmente se senta, deixando sua decisão pairar no ar.

    — Como estipula o primeiro protocolo… jovens, coloquem a mão na razão e leiam os protocolos! — ordena Seiji, distribuindo as páginas, sua voz carregada de autoridade.

    — Exatamente! Vamos unir forças, fechar as lacunas, preparar nossos agentes, mascarar nossas ações e, acima de tudo, antecipar e neutralizar Rasen. Ele ainda é um risco, operando tanto no físico quanto no espiritual, tramando e executando seus planos! — diz com urgência, e então ele reúne todo o ar de seus pulmões, encarando todos à mesa. — Alguma ideia? De como neutralizá-lo ou de como devemos proceder?

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