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    — Você é um mentiroso! — ruge Hazan, seus olhos ardendo de fúria. Aumentando a distância entre os dois, ele se lança em uma corrida desesperada para o outro lado da rua. Agacha-se diante da vitrine de uma loja de roupas, seus dedos roçando o vidro. Com um toque suave, ele canaliza um pulso de energia que faz o vidro explodir em milhões de cacos pontiagudos. Os estilhaços caem ao seu redor, refletindo a luz de sua aura incandescente, e com um movimento rápido, Hazan destaca o dedo anelar e impulsiona os fragmentos em direção ao seu adversário.

    O feitiço corta o ar como uma tempestade de lâminas afiadas. Rasen, num instante de adrenalina, salta para frente, traçando um arco com o dedo indicador. O movimento dispersa a maioria dos estilhaços, mas não todos. O impacto desloca o ar, criando um vácuo momentâneo que evita que seja atingido.

    — Eu? Por quê? Oras… — diz Rasen, com uma calma quase irritante. Seus olhos seguem Hazan, que corre para o centro da rua. A aura dele se concentra em seu braço direito. — Expande potentiam meam: ut possim spiram manipulare, quae inimicum meum frangere possit, in directione quam dico et indico! — A energia começa a girar em alta velocidade, formando uma espiral translúcida que parece devorar a própria existência em um ciclo infinito à palma de sua mão.

    “Ele vai tentar finalizar rápido!”

    Pensa, lançando um olhar rápido para um hidrante à sua esquerda. Em um movimento ágil, ele rola no asfalto, colocando as mãos sobre o metal frio. — Transmutatio materiae et status… — O metal derrete sob seu toque, e a água jorra aos céus. Rasen observa, seus olhos brilhando com uma malícia fria.

    — Está perdido? — resmunga, apontando para Hazan com um sorriso sarcástico. — Disrumpe! — No momento em que a palavra sai de sua boca, a pressão da água explode com uma força brutal. Dois sons ecoam: o estalo seco do asfalto sendo atingido e o grito abafado de dor de Hazan, enquanto sangue espirra e uma cortina de vapor envolve a cena, obscurecendo a visão.

    “Droga… ele deve ter feito esse tal ritual para deixar essa merda mais fácil de acertar!”

    Hazan ofega, seu olhar turva ao perceber que sua mão esquerda já não está lá. O sangue jorra como vinho de uma garrafa quebrada, seu corpo sentindo a ausência com um incômodo palpável. No entanto, a dor não se manifesta, como se tenha desaparecido no momento em que deveria se intensificar.

    “Sinto cada fragmento meu devorando a realidade…”

    Pensa, sentindo-se à beira da inconsciência. Mas aquela névoa lhe dá uma ideia. Aproveitando o sangue que ainda jorra de sua ferida, Hazan faz um movimento como se estivesse jogando uma granada, lançando o líquido no ar em um gesto desesperado. Mas Rasen é ágil. Com a mão esquerda, acumula todo o vapor ao seu redor junto ao sangue, um sorriso malicioso surgindo em seu rosto.

    — Que imbecil! Perdeu o braço por isso? — zomba, criando uma esfera de vapor envolta de energia. — Qual será sua próxima jogada? Ou será que o gato caiu na própria armadilha? — Quando fala, vê um sorriso espontâneo surgir no rosto do adversário.

    — Expando potentiam meam, ut omnis pars mei, quae iam non est pars, sicut ignis explodat — Hazan entoa, sua voz tremendo de esforço. No mesmo instante, a mão de Rasen explode como uma granada, dilacerando carne e ossos.

    Ele usa sua técnica inata, a transmutação corporal, que lhe permite transmutar seu corpo, partes dele ou vestígios de seu ser em eventos poderosos.

    Ele cai para trás com o impacto, sua mão recém-amputada deixando um rastro de sangue no ar misturando-se ao cheiro de pólvora e as cinzas. Alguns dos dedos caem próximos aos pés do seu inimigo, reduzidos a ossadas queimadas e esmagadas. Um grito de dor escapa de seus lábios, ecoando pela rua deserta.

    — Ah… Merda! Você é a porra de um filho da puta! — Rasen cospe sangue, experimentando a dor física pela primeira vez desde que despertara. A dor é insuportável, um torpor invadindo seu corpo, nublando sua visão. Antes que possa reagir, Hazan desfere um chute brutal em seu queixo, lançando sua cabeça e suas costas contra a parede atrás dele. O impacto faz a parede tremer e sente uma onda de agonia irradiar pelo seu corpo, cada respiração se tornando um tormento.

    — Mal… Maldito! — gagueja, tentando se defender com os braços, enquanto flashes dos constantes abusos que sofreu quando era mais novo invadem sua mente. Ser a vítima sempre o leva ao desespero, revivendo o pavor e a impotência. Seus olhos se enchem de lágrimas, não só pela dor física, mas pelo terror psicológico que o consome. Hazan, implacável, não demonstra piedade. Golpeia violentamente entre suas pernas, desarmado completamente. Rasen sente suas mãos falharem, quase desmaiando ao seu redor, enquanto um grito gutural de dor escapa de seus lábios.

    — Você continua muito longe de mim! — ruge Hazan, desferindo um chute lateral que faz o messias beijar o chão. Seus lábios encontram o asfalto gelado e sujo. Em um salto para trás, sentindo a visão turvar, Hazan eleva sua aura até parecer uma fogueira, iluminando a rua. A luz cobre sua ferida, o sangue para de gotejar, mas ele sabe que continua longe de regenerar. — Está na sua cara de maníaco que não deu nenhuma chance àqueles garotos! Você só aproveitou a situação, ou os caçou como fez comigo! — acusa, então, acalma sua respiração diante da ferida estancada.

    “Eu já me livrei disso! Já superei isso!”

    Pensa, martelando em sua mente, que é uma versão de si que já superou todo aquele trauma, encarando Hazan com os olhos arregalados. Naquele instante, ele percebe que abandonou sua humanidade em prol de sua insanidade. Com um salto, ele escapa dali em meio a uma corrida desesperada. Por pouco não cai de cara no chão enquanto corre. Hazan tenta agarrá-lo pelos cabelos, mas ele escapa por um triz, cruzando os dedos esquerdos.

    “Venha a me, spiritus qui me circumdat…

    Unire ad me, servus tuus sum…

    O mors, quae vitae meae insidias, quae est in omnibus, pars tua ego ero in futurum…

    Redde mihi manum, pro ea, quod accepi omnia!”

    Ele recita em sua mente enquanto uma aura negra os cerca, congelando aquele instante no tempo. Naquele momento, ele reverte o ritual por meio de um novo, abdicando da vantagem adquirida com a morte dos jovens em troca de sua mão, para realizar seus feitos. Seus dedos esquerdos explodem no mesmo instante, canalizadores ruins de energia sacrificados como condição, da natureza cruel da entidade da morte. Sangue escorre de seus ouvidos enquanto ele concentra todas as suas forças. Aquele momento de intensa concentração quase colapsa sua mente, tentando canalizar tantas informações, mas sua mão direita regenera instantaneamente.

    O tempo volta, o cenário totalmente escuro clareia. A entidade se dissipa, a influência da morte que permeava todo aquele embate até então, desaparecendo por completo.

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