Capítulo 65 - Hotel Junsu Hito, Parte III
Foi como um estalo seco, um rompante violento em sua mente. Amai sente-se erguida por uma força invisível, um impulso repentino que a arranca de seu corpo. Ao redor dela, a escuridão que antes era opressora começa a perder densidade, tornando-se cada vez mais rarefeita, como se o próprio vazio estivesse desmoronando.
“Que estranho… Senti a energia do Yamasaki expandir e desaparecer…”
Ela pensa, olhando para suas costas, ouvindo um eco de passos à frente. Foi um instante suficiente para a garota firmar os lábios e se jogar para trás.
A centímetros de onde estava, enquanto seu sobretudo descobria seu corpo no movimento, a entidade assassina esmaga o chão com uma força titânica. O solo se regenera no mesmo instante, como se a própria realidade estivesse se contorcendo e cicatrizando sob o impacto monstruoso.
— Maldita! Você é bem rápida, hein! — ele murmura, disfarçando a raiva com um ar superior.
Amai escorrega seus sapatos no piso de madeira e, fitando-o, firma as pernas. Descoberta, a garota está com vestes mais práticas para o combate: um short que vai até a metade de suas coxas e um cropped escuro, contrastando com sua pele e cabelos.
“Cadê o Yamasaki? Parece que ele veio daquela direção… Será que ele escapou da expansão de energia?”
Então, ela percebe as maçanetas das portas ressoarem, como se estivessem sendo abertas de dentro para fora.
— O carinha lá foi fácil matar… mas você parece que vai me dar trabalho! — ele diz, olhando para os lados, acompanhando os olhares da garota. — Que foi? Tá afim de se hospedar? — brinca.
— Matar?
Nesse instante, Amai arregala os olhos, faltando ar em seus lábios. A declaração realmente a choca, e a criatura continua a desafiar. Desaparecendo de sua frente com uma velocidade capaz de romper os filamentos do chão, avança e lhe dá um soco no rosto. O golpe é tão letal que a faz se chocar com a porta de madeira, afundando quarto adentro.
— Você quebrou a porta… vadia… e ainda vai morrer sem pagar! — ele resmunga, com um pouco de sangue escorrendo do nariz. Balançando o braço, ele sente como se tivesse socado um peso de metal de milhões de toneladas.
“Essa garota…”
Ele pensa que, se não fosse sua percepção intensificada pela conexão com aquele lugar, teria sido atingido por uma bola de fogo. A esfera em chamas infernais atinge a porta atrás dele, e as chamas começam a devorar tudo ao redor no corredor. Ele sente o calor na face, mesmo estando a metros do enxame de chamas.
— DESGRAÇADO! — grita, com o olhar fervendo. Uma lágrima escorre de um dos olhos enquanto raios azuis emanam de seu braço direito, ignorando a dor por conjurar um feitiço sem entoar. Sua face está arranhada, mas nada grave, e ela foi amparada pela cama no quarto. Levanta-se com leveza, movendo-se com precisão antes de pisar no chão e se lançar como um raio.
“Caramba…”
Num instante, ele vê Amai sair do quarto, de costas arqueadas, as mãos próximas à cintura. Seus cabelos dançam junto às chamas, com uma presença mais aterradora do que qualquer entidade.
— Seu filho da puta, eu vou acabar com sua raça! — ela ameaça, desaparecendo dali como um flash. Sua mão vai direto ao rosto da criatura, lançando-o violentamente contra o chão, onde ele aterrissa de costas, visível para o andar de baixo. Seus sapatos levantam poeira e se derretem com a velocidade de seus movimentos enquanto a entidade tenta se erguer, visivelmente atordoado. Mais sangue púrpura escorre para o chão ao redor, saindo de seus lábios, olhos e nariz. Incapaz de reagir, mal tem tempo antes de receber um chute certeiro na cabeça.
O impacto é devastador, fazendo sua cabeça explodir no mesmo instante, seu corpo caindo para o andar abaixo.
— Seu covarde! Não revidará? Como o Yamasaki morreu para um bosta como você!? — ela grita, com agonia em sua voz, seus cabelos cobrindo parte de seu rosto, o sangue púrpura do maldito manchando sua pele clara.
“Isso não pode ser verdade…”
Enquanto a entidade se regenera, seu corpo permanece intacto, recuperando-se como se fosse montado fragmento por fragmento. No entanto, o medo o envolve como uma aura defensiva.
“Essa velocidade… essa força… essa garota é um monstro!”
Ele levanta as mãos diante do rosto, instintivamente, tentando visualizá-la ou encontrar uma maneira de escapar daquela situação complicada.
Pedaços do piso caem ao seu redor enquanto o buraco no teto tenta se regenerar lentamente.
Mas Amai não deixa brechas para revisão ou escape. Apressando o fim da criatura, ela entoa em sequência: — Expando potentiam: fac anhelationes meas in locum quem statuam fieri, uno eventu. — Sua energia explode e se expande como um eco no piso, e num instante, o demônio afunda no próprio chão, que se transforma. A madeira dá lugar a milhares de ursos rosas, a realidade se desdobra sob o comando da garota. Ao seu toque, que, ao mesmo tempo, a joga para cima, coordenado pela mente que dá o gatilho final, eles explodem para baixo, no mesmo instante, fazendo o demônio ser imerso em brasas e a pressão de cada urso bombar. Tudo obedece aos seus pensamentos, conforme sua técnica inata.
A explosão é tão colossal que o hotel estremece, criando um rombo profundo no meio do salão de recepção, onde uma escuridão quase abismal domina. Fumaça negra se espalha, invadindo cada canto com poeira e destroços. É apenas um fragmento do poder colossal da exorcista, capaz de tecer os fios da realidade.
— Continua vivo? — ela murmura, pousando nos limites do corredor à direita do primeiro andar. Seus pés sentem o calor irradiado pelo piso restante, resultado da explosão de energia.
— Maldita… como… pode… — ele resmunga. Dessa vez, ele se regenera apenas parcialmente. Faltando-lhe o antebraço esquerdo, sua cabeça está parcialmente desfeita com sangue jorrando como um chafariz, e sua respiração está ofegante.
“Merda… o hotel está ficando em um estado irreversível, minha magia está enfraquecida, será mesmo o meu fim? Caramba… não imaginei que chegaria…”
Ele pensa, olhando para Amai que já se prepara para finalizá-lo, seus dedos cruzados, buscando uma luz de esperança para reverter a situação. Foi então que, no topo da escadaria à direita, ele ouve os passos. Era Yamasaki, com o peito já intacto, olhar voraz, encarando o demônio como um espectro, após romper a poeira negra que pairava no ar.
— O quê? — quase grita, sua garganta ainda se recuperando, com pouca escuridão para manter sua cura efetiva.
Vomitando sangue aos pés, ele tomba para frente, incrédulo.
“Ele não morreu! Como? Esmaguei seu coração!!”
— Caralho… você me fez morrer pela terceira vez! — aquela voz, nenhum demônio poderia replicar. Era o ódio encarnado em pessoa, era Yamasaki Yami imerso nos defeitos de sua mente. Naquele instante, Amai viu seus olhos passarem de um vazio a um brilho intenso. Ele estava vivo. Em sua mão direita, brasas surgiam. Seria o fim da entidade?
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