Capítulo 70 - Deuses em Batalha
Trevas se dispersam no ar após uma explosão fervorosa negra. A intensidade do ataque deixa um rastro de escuridão, mas, ao cair da cortina de pesadelos, ela está lá, inabalável, um sorriso excêntrico no rosto, sua aura condensada ao seu redor como uma esponja, absorvendo os danos e impactos.
Ela extrai tudo o que pode, um movimento digno de uma exorcista com fama de ter ascendido ao grau cinco em menos de três meses.
— Não foi hoje! — afirma, suspirando como se fosse nada. A garota cruza os dedos e se agacha. Sua mão esquerda firma-se no piso aquoso. É estranho, mas é como sentir a água mover-se sem afundar. — Você diminui a densidade dos nossos corpos… correto? — Encara-o com certo fervor, mas permanece calma.
Leviel observa-a com interesse, seu sorriso sombrio se alargando.
— Você é uma pirralha mesmo! Não pode só morrer quieta? Vai deduzir cada passo meu? — responde, fitando-a. — Eu apenas a ordenei! Escute! Minha dádiva do abismo é a Concordia Elementorum! — revela, suas asas rasgam sua pele, surgindo e se desenvolvendo em segundos, asas de dragão, verdes como suas escamas.
— E o que isso quer dizer? — Yelena brinca, erguendo-se e entregando suas palavras com um sorriso brincalhão, o que de certa forma parece tirá-lo do sério.
“Não posso realizar feitiços de transformação… até minha aura se regularizar. Hm.…que saco!”
A garota, então, em um instante lúcido ou apenas intrusivo, olha ao seu redor e vê que está cercada de água. Abre suas asas, criando uma onda de energia que faz as águas ao redor tremerem intensamente.
Suas trevas estão mais intensas, fazendo com que onde a garota pisa ferva de tão quente.
— Burra! Burra! — murmura, atira-se para o lado e inicia uma corrida em torno da entidade. Seus olhos estão imersos na ganância de derrotá-lo, mascarados por seus trejeitos brincalhões.
Enquanto a criatura estende a mão direita, com ela em sua mira, em direção aos seus passos e a fecha no mesmo instante, milhões de peixes formados unicamente de água surgem aos seus pés, perseguindo-a como se nadassem no ar.
A cada instante, os peixes se movem mais rápido, envolvidos pelas trevas que pairam no ar. Um cardume implacável a persegue, fazendo-a parar abruptamente. Com o dedo mínimo destacado na mão esquerda, ela tenta usar sua influência.
— Putz!
O gesto não adianta em nada; não há reação sequer. E assim, é atingida por inúmeros peixes, cada ataque golpeando sua pele e causando feridas substanciais, arrancando risadas bestas do ser demoníaco.
Seu sangue se lança ao ar, a cor escarlate se dissolve quando derramado nas águas profundas.
— Não entendeu, não é? A água age de acordo com minhas ordens, não só ela, mas a natureza em si pode me ouvir e me obedecer! — revela, seu tom de voz carregado de desdém. — Agora, com minha forma totalmente desperta, sou praticamente um deus! — Com um gesto amplo das mãos, faz as águas explodirem de baixo para cima, utilizando o calor que criou, como se estivesse expulsando tudo o que estivesse nas profundezas aos céus.
Peixes voam despedaçados pela pressão, com restos de animais maiores, pedras e areia… A explosão está tingida com o ocre da areia e o vermelho do sangue, enquanto a entidade plana no ar, impulsionada por seu par de asas.
— Qual será seu próximo passo, garota!? — indaga, sua voz ecoa, seu olhar fixo onde ela estava.
A nuvem de vapor enfim se dissipa, com o elevar de sua aura, que ascende aos céus.
— Você não está querendo me matar com água, né? Seu maníaco! — Seu crucifixo não está mais em seu peito, seus cabelos bagunçados, inúmeros cortes em seu corpo já curados pela luz que emana, mantendo-se em pé graças à sua aura e à sua densidade ajustada.
Um dos seus inúmeros truques.
— Está na hora de elevar este embate! — indaga, ele abre seu peito e estende as mãos ao redor, palmas abertas enquanto o breu que o cerca assume seus sentimentos, ele estava ficando insatisfeito. — Apotheosis, destructio elementaris! — sua voz se rasga, e quatro esferas densas de escuridão surgem de sua aura, veias pulsando em seu corpo conforme concentra sua força.
Cada uma parece pulsar e mudar de cor: um azul profundo e escuro em suas costas, um vermelho magma na direção de sua cintura e braço esquerdo, um verde fosco na direita, e um marrom barroso acima de sua cabeça.
— Expando potentiam meam, fac me unum cum essentia mea divina! — A garota, em compasso, finalmente libera sua técnica inata. Seu corpo, cada fragmento, enche-se de um dourado intenso; seus cabelos, seus olhos, tudo exala calor como vapor. Ela personifica uma “divindade”. — Você se acha um deus? Vou te mostrar o que é um de verdade!
“Um minuto…”
Ela pensa, usando o tempo que tem em sua extensão, desaparecendo. Sua velocidade ultrapassa todos os limites, criando um, racha na realidade de onde parte. O mar evapora com o calor que emana de suas pernas. Aparecendo na frente do demônio, ela, sem pena, acerta-lhe inúmeros socos, desferindo oito ou mais em seu abdômen e uma joelhada.
Cada golpe tem a potência de destruir o mundo, lançando a criatura para frente.
“Então essa é sua força?”
Pensa a entidade.
Os ventos fazem a água do horizonte se uniformizar e, mesmo a milhares de quilômetros, barcos nas costas balançam.
As esferas negras o acompanham enquanto ele cospe sangue de seus lábios. Reagindo imediatamente, ele ergue o braço na direção de onde ela está e dispara. As quatro esferas expelem rajadas de seus elementos, que se unem em uma única, unicolor, freadas por um movimento. Ela ergue o braço envolto em sua natureza dourada, refletindo as rajadas e fazendo-as explodir nele com tanta intensidade que uma cortina de calor sobe aos céus.
— Você não iria elevar o embate?
Sua voz ecoa como se estivesse em uma caverna, meio robotizada. Sem dar trégua, ela volta a se movimentar enquanto a criatura encara à frente, com calor expelindo de seu corpo. Suas escamas foram esmagadas pelos golpes, e ele está encharcado de seu próprio sangue.
E cedendo, caem como se fossem cascas aos seus pés. Sua respiração está ofegante; ele nunca se sentiu ameaçado assim. Senti que ela poderia exorcizar um demônio original com as próprias mãos.
“Caramba… caramba… que desgraça!”
Não basta um instante. Seus olhos crescem à frente, percebendo o punho vindo.
— Lá vou eu! — ele grita no mesmo instante em que o golpeia.
O som de algo se quebrando ecoa.
Corajoso, o demônio ousa segurar o golpe. Sua mão esquerda nua segura o soco com força, reforçada por sua aura negra, mas mesmo assim sofre todos os danos da ação. Todos os seus dedos são esmagados pela pressão, arrancados pelo impacto. Sangue jorra, seus cabelos são desgarrados do rosto, e sua mão entorta praticamente com o braço, quase sendo perfurado no peito, conseguindo frear por pouco o punho incandescente.
A pressão do ataque dispersa as nuvens no céu, e uma onda de choque se espalha pelas águas e pelos céus. A realidade chacoalha, as ilhas ao redor deles desaparecem do mapa, como se fosse poeira diante daquele embate titânico.
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