Capítulo 86 - A Invasão
Enquanto Rasen encara a entrada do outro lado da rua, com seus muros altos e imponentes que desafiam qualquer catástrofe, ele move os dedos inquieto. A escuridão da noite traz um frio vigilante, presente a cada milésimo de segundo , e ele permanece à espreita de um sinal.
Não se passa uma hora ali quando seu smartphone vibra, fazendo seus olhos se estreitarem e seus punhos se cerrarem. A rua está movimentada, e dos alto-falantes grudados aos postes, uma voz sombria ecoa:
“FIQUEM EM CASA, CIVIS E EXORCISTAS DE GRAU 1 A 5. UMA AMEAÇA IMINENTE ACABA DE ATACAR. ESPERE ATÉ SEGUNDA ORDEM! REPITO, ESPEREM ATÉ SEGUNDA ORDEM!”
Enquanto ele ouve o anúncio, o caos se desdobra ao seu redor.
Carros aceleram, cortando a pista com pneus frenéticos enquanto as pessoas iniciam a corrida. O anúncio indicava que a coisa estava séria. A face de Rasen, deformada por um embate outrora quase mortal, é uma marca que ele ostenta com orgulho. Sempre desejou ser temido, e os olhares de julgamento e repulsa lhe dão prazer. Rasen sente um perverso deleite em ser visto como uma abominação, mesmo que no fundo, não seja.
E em meio aos olhares, vassalos de indiferença, ele se lança entre os veículos com passos calmos. Seu peito se estufa e sua postura se eleva, confiante de que passará ileso, seguindo seu destino – o destino do Messias. Não ousa olhar para os lados, focado apenas no caminho à sua frente.
Ao pisar na calçada, triunfante, ele toca um hidrante em frente ao portal metálico, que se ergue dois metros de altura, feito do aço mais resistente de Aija, o metllum. A energia cresce ao seu redor, densa e intensa. O muro imponente ao redor da porta atinge facilmente cinquenta metros, e ele ouve passos vigilantes atrás do parapeito, como soldados medievais guardando as muralhas de um castelo.
“Guardas de nível 1… exorcistas, grau 4…”
Pensa, enquanto encara Nox, oculto por nuvens densas, sentindo a entidade o observar. Ela é sua confidente, e ao sentir seu coração imerso em trevas ser preenchido pela certeza, um calafrio percorre sua espinha.
Sorte que emanar sua aura não é suspeito, entre tantos exorcistas cujas próprias auras estão elevadas.
— Quer trocar o turno? — uma voz jovem ecoa de cima, quebra a quietude sombria.
Parecia exausto, carregando o peso de noites sem descanso. Assim viviam aqueles destinados a serem sentinelas da noite, suas vidas dedicadas à proteção. Mesmo após serem reprovados na academia de exorcistas, não eram descartados.
— Não, estou tranquilo, é a primeira semana né!? Manter a aura elevada por tanto tempo é difícil… — responde outra voz jovem, colocando os dedos no parapeito. — O complicado é que nada acontece! Pelo menos quando durmo, sonho que essa rotina miserável muda! — Os dois riem, mas a risada tem um tom amargo, uma esperança vazia no meio de uma vigilância incessante.
A energia ao seu redor se intensifica, alimentada pelo murmúrio. Ele sabe que a calmaria não durará para sempre. O portal de aço parece pulsar com um segredo enquanto seus olhos exploram cada detalhe; tem cem anos.
As sombras dançam ao redor, mas são dissipadas pelo fechar de seus olhos e o controle de sua respiração, ansioso pelo momento.
— Transmutatio materiae et status… — sua voz ressoa enquanto o metal estremece e derrete.
O hidrante jorra água aos céus, gélida e incessante, molhando a parede. Em questão de segundos, devido à intensidade do calor latente, a água se transforma em uma densa névoa de vapor, cobrindo a maioria da entrada.
Seu sorriso brilha intensamente neste momento, o sangue fervente correndo em suas veias.
— Droga… justo no dia da invasão! — diz o rapaz, seus cabelos loiros refletindo a luz do poste.
Seus olhos azuis observam a névoa densa subindo acima do parapeito, uma visão surreal. Ele se impulsiona para cima, pés firmes no chão gélido, encarando-o com expressão fria e determinada enquanto flexiona as pernas, pronto para o próximo movimento.
— Boa noite… — murmura, sua voz carregada de um tom sombrio e ameaçador, enquanto chamas ardentes emergem de suas mãos, crepitando sinistramente no ar frio. Antes que o rapaz possa reagir, Rasen lança uma tormenta de chamas que consome o espaço em uma espiral infernal.
O rapaz sente o calor avassalador se aproximando, as faíscas infernais ricocheteando no chão, quase o atingindo em cheio. O medo o paralisa, músculos rígidos enquanto o cheiro de queimado e o brilho das chamas refletem em seus olhos aterrorizados.
— Henry! — grita uma voz desesperada atrás dele. Outro rapaz surge das sombras, mãos erguidas em desespero, conjurando uma barreira protetora que estoura como vidro temperado, mas é suficiente para mitigar o impacto. — Droga… — ele é empurrado violentamente pelo poder do ataque, rangendo os dentes ao ver Rasen desaparecer na escuridão.
Passos rápidos ecoam seguidos de um estalo de energia, um som que ressoa como um estrondo. O portão, que deveria lacrar a entrada, é perfurado em segundos, apesar de sua espessura imponente de mais de um metro. Este portão guarda os objetos espirituais e malditos mais poderosos dos três continentes, agora vulneráveis à invasão.
Fugaz entre as trevas, ele se mantém focado apesar da iminência da morte, cerrando os punhos enquanto avança pelo corredor. Um alarme ecoa, alertando todos ao redor, incluindo os vinte e três exorcistas alocados para proteger a zona de contenção.
— Caramba… esse cara é muito forte! — murmura, o pânico misturado com surpresa.
Imediatamente, ele puxa um rádio preso à sua cintura, ligando-o com pressa.
— Setor 1! 2! 3! Houve uma invasão, repito, invadiram a zona de contenção pela entrada principal! — diz rapidamente, respiração ainda ofegante enquanto seus olhos procuram vestígios, a névoa de vapor se dissipando e o chão levemente enegrecido pelas brasas. — Com certeza, ele deve ser um exorcista grau 5… atravessou o portão com extrema facilidade! Não hesitem em atacar! Desligo… — encerra a transmissão, virando-se para o rapaz ao seu lado.
— Desculpe… — ele está envergonhado, cerrando os punhos com firmeza, pronto para receber outra reprimenda.
— Está tudo bem… mas não temos tempo para lamentar, vamos? Está pronto? — responde o rapaz ao seu lado, voz carregada de determinação e da responsabilidade de entender a gravidade da situação.
— Sim, senhor Kendrac… — confirma o rapaz, ajustando sua postura e preparando-se para avançar.
Enquanto Rasen emanava mais e mais de sua aura, sua energia pulsava intensamente. Ele corria o mais rápido que podia, cortando o espaço, focado em sua motivação.
— Transmutatio materiae et status… — Energia circulava em suas mãos, pronto para seus próximos movimentos.
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