Capítulo 135 – Conteúdo Extra: Sic Mundus Creatus Est, Parte I
Aviso: Conteúdo Extra
Para melhor compreensão, leia na seguinte ordem:
135 – 136 – 137 – 138
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No princípio, antes que qualquer coisa existisse, havia apenas o vazio primordial e um silêncio profundo, uma vastidão infinita e desolada que se estendia além da compreensão. Nesse vazio sem fim, residia uma única entidade que seria conhecida como Elum, a personificação da energia pura e da consciência suprema, mas ainda sem forma ou substância física.
Ele manifestava-se de maneira etérea e radiante, sua essência composta unicamente por Elohim, a energia divina e o fundamento primordial de tudo que viria a ser. Era uma presença iluminadora, seu brilho transcendia a escuridão do nada.
Determinando seu propósito, Elum começou a explorar o vazio desolado que o rodeava. Ele observava a infinidade ao seu redor, reconhecendo que era ao mesmo tempo o início e o fim, a própria essência do vazio ilimitado e indeterminado.
Sem a passagem do tempo, momentos que poderiam ser eternidades se tornavam efêmeros. E o desejo de criar surgiu como uma centelha dentro de sua mente, uma faísca criativa prestes a se transformar em chamas ardentes. Essas chamas escapavam da sua mente, fluindo e dançando nas pontas de seus dedos como uma energia pulsante.
Envolto pela presença dos Elohim, o todo poderoso moldou uma taça de pura energia divina, absorvendo e transbordando essas chamas vibrantes. Essa taça, batizada de Ignis, repousava em sua mão direita. E em sua mão esquerda, a Adaga, que viria a ser nomeada de forjadora de mundos se materializou, uma lâmina afiada com perfeição e cintilante com o poder de esculpir e moldar tudo o que tocava.
Com essas ferramentas sagradas, estava prestes a iniciar sua grande obra criativa. Com um golpe preciso da Adaga, ele rasgou o vazio, criando Ordia, o espaço primordial. Esta partícula divina estava repleta de potencial, esperando para ser trabalhada e transformada em algo grandioso.
É assim fez, determinadamente, Elum segurou o fragmento de Ordia e, com dois cortes circulares precisos de sua lâmina, dividiu-o em três partes iguais. Cada uma dessas partes carregava a promessa de uma nova era, possuindo em si a semente da criação e da transformação.
Elum fez as três partes flutuarem à sua frente e, com um sopro suave sobre a taça Ignis, infundiu a chama da criação em cada uma delas. Após esse ato, ele renunciou à sua onisciência, aceitando a incerteza do futuro para apreciar a beleza da jornada e da criação que estava por vir.
Esse poder de vislumbrar o futuro, ainda uma parte intrínseca de sua essência, permaneceria oculto, resguardado nas profundezas mais insondáveis de seu ser.
Silencioso e paciente, aguardava o momento em que, finalmente, decidisse desvelar a plenitude de sua existência.
Quando os ventos e as chamas atingiram o primeiro fragmento, ainda disforme e envolto por nuvens cósmicas, o caos deu lugar ao nascimento do mundo das ideias e conceitos primordiais. A ordem começou a surgir, e as sementes de pensamentos abstratos germinaram, lançando as bases para todas as percepções, visões e significados futuros.
Nesse plano abstrato e essencial, o tempo primordial e fluido, e o espaço imaginário e mutável moldavam o cenário para o que estava por vir. A mente, como fonte de sabedoria, e a primeira composição, matriz de todas as coisas, surgiram. Elas eram precursoras dos conceitos de morte, vida e existência, lançando as sementes do destino e estabelecendo os fundamentos para a evolução de toda a realidade.
Quando a chama tocou o segundo fragmento, a dualidade se ergueu. A luz emergiu de um grande pilar, irradiando calor e iluminando o deserto primordial, repleto de areias negras e cavernas imensas onde a luz jamais penetrava.
Assim, nasceu a alma, tecida a partir das ideias e consciências primitivas que caíam no deserto e buscavam ascender ao seu criador. Elas anseiam por iluminação, mas permanecem imersas na areia da ignorância. Esta dualidade entre busca e confinamento criava a harmonia entre a luz reveladora e a escuridão velada.
Da luz também surgiram as trevas, que se escondiam nas lacunas do mundo e se fundiam com elas, estabelecendo um contraste que proporcionava estabilidade a um universo em constante movimento e transformação.
O terceiro e último fragmento, envolto em uma cortina cósmica de poeira, foi iluminado pelas chamas com uma força avassaladora. A intensa temperatura provocou uma rápida expansão do fragmento, que, ao esfriar, deixou um espaço vazio gélido, pontuado por tons de azul-celeste.
À medida que o espaço-tempo surgiu, os detritos da explosão preencheram o cosmos, formando ilhas dispersas compostas por rochas ainda ferventes com calor primordial. Com o passar do tempo, essas rochas esfriaram, e a serenidade emergiu, estabelecendo uma harmonia entre os elementos.
E finalmente, tudo atingiu estabilidade e a música da criação fez uma pausa, proporcionando um momento de calmaria e ordem. Com a trindade em sua posse, Elum estava pronto para conceber a vida, dando início a um novo capítulo na história.