Índice de Capítulo

    O caminho até a casa de Arthur está envolto em uma atmosfera pesada e silenciosa, com Shirasaki claramente ensaiando mentalmente o que deve ou não dizer. Ela mexe inquieta no colar enquanto observa as paisagens passarem pela janela do banco da frente, ao lado do motorista. O céu nublado parece refletir o peso dos dias após a tragédia. Yami, ao volante, dirige em silêncio, seus olhos fixos na estrada, como se nada mais importasse.

    Quando finalmente chegam, a casa de Arthur parece tão deserta quanto da última vez. Amai mal espera o motor desligar e desce do carro apressada, seus passos rápidos quebrando o silêncio da rua vazia enquanto se dirige à porta de tons ocre. Ela bate com força, como se a urgência de sua batida pudesse arrancar alguma resposta.

    — Arthur? Tá aí? — sua voz sai com uma mistura de ansiedade e hesitação. — Somos nós, Amai Shirasaki e Yami!

    O eco de sua voz desaparece, tragado pelo silêncio opressivo que se segue. Um leve vento sopra, e ela sente um arrepio incômodo, a mão esfriando sobre a madeira da porta. Recuando, constrangida, encara o vazio que se estende após suas palavras.

    — Ele não está — murmura, desapontada, dando um passo para trás.

    Yami, encostado no carro, parece ainda mais entediado. Seus olhos semicerrados revelam a frustração de estar ali.

    — Pois é, viemos à toa — diz ele, desinteressado, como se já tivesse previsto o desfecho.

    Amai se vira para ele, um lampejo de irritação passando por seu rosto.

    — Ei! Não é bem assim. Você disse que deu um smartphone para ele, não deu? — Sua voz ganha um tom de esperança. — Vamos ligar, tentar chamar ele.

    Ela puxa o smartphone da bolsa com um movimento rápido, já abrindo a tela como se pudesse resolver tudo em um segundo.

    — Me fala o número dele.

    Yami solta um suspiro exagerado, coçando a nuca com uma mão e fazendo uma careta.

    — Sei lá o número dele! — responde, exasperado.

    A frustração cresce visivelmente nele. O fato de estarem ali, esperando por alguém que não apareceria, em vez de estar em seu tão planejado evento de distração, o enche de impaciência.

    — Que má vontade, hein? — Amai retruca, cruzando os braços, tentando controlar a própria irritação.

    Ele solta uma risada seca, quase zombeteira.

    — Espera boa vontade de mim? — diz, desdenhoso. — Cara, cê é bem iludida!

    Ele se vira e encosta-se no carro, também cruzando os braços com um suspiro carregado de desprezo.

    — Voltamos mais tarde, sei lá — sugere com um tom casual, como se a situação não fosse importante.

    Amai encara a porta por mais alguns segundos, mordendo o lábio inferior, desanimada. Ela solta um longo suspiro.

    — Aff… — murmura, resignada. — Fazer o quê, né?

    Yami, percebendo que ela finalmente desistiu, se desencosta do carro.

    — Onde te deixo? — pergunta, já se preparando para entrar no carro.

    Amai se vira para ele, com um sorriso travesso que o pega de surpresa.

    — Como assim? Onde? — Ela inclina a cabeça, provocativa. — Ué, eu vou com você, espertinho!

    Ele arqueia uma sobrancelha, confuso.

    — Ha! Ha! — zombou, achando que ela está brincando. — Sério?

    Mas seu sorriso começa a sumir quando percebe que a expressão dela é mais séria do que esperava. Ele engole seco.

    — Óbvio! Você não vai me passar para trás. — Num movimento ágil, Amai se aproxima e, antes que Yami possa reagir, puxa as chaves do carro do bolso dele. — Onde eu te levo, gatinho? — Ela pisca para ele, rindo.

    Ele fica estático por um momento, olhando para ela com um misto de incredulidade e rendição. Não sabe se fica irritado ou simplesmente aceita o rumo inesperado da situação.

    Amai arqueia uma sobrancelha, um sorriso provocativo brincando em seus lábios enquanto ele segura seu braço. O toque de Yami é firme, mas não agressivo. Os dois se encaram, presos em um silêncio carregado de tensão. O vento parece cessar, como se até a natureza esperasse pelo desfecho daquele momento. O coração de Amai acelera, mas ela mantém a expressão confiante. Yami, por outro lado, avalia a situação até soltar um suspiro. Lentamente, ele pega as chaves de volta.

    — Ah — ela murmura, surpresa, seus olhos piscando com um misto de desapontamento e diversão.

    Yami balança a cabeça, a seriedade voltando ao rosto como uma máscara familiar.

    — Você é engraçadinha, hein — diz, com um toque de ironia. — Mas meu carro, minhas regras. Beleza?

    O tom sério dele não deixa espaço para discussão, mas Amai não se intimida. Ela cruza os braços, estreitando os olhos.

    — Ah, tá… beleza, senhor frio como gelo! — zomba, segurando o braço onde ele a tocou antes. Uma risada curta escapa de seus lábios. — Você até que é forte… digno do segundo lugar!

    Ele a olha antes de abrir a porta, arqueando uma sobrancelha.

    — Segundo? — pergunta, curioso e levemente irritado.

    Amai dá a volta ao redor do carro, satisfeita.

    — É, segundo lugar. Você é o segundo mais forte entre os graus cinco — diz, tocando a porta do carro. — Só não é mais forte que a mamãe aqui!

    Yami bufa, balançando a cabeça. Ela abre a porta dramaticamente e olha para ele por cima do ombro, os olhos brilhando.

    — Já que você não é um cavalheiro… segundo lugar… — continua, aproveitando cada oportunidade para provocá-lo.

    Yami, visivelmente incomodado, mantém a compostura.

    — Cavalheiro? Com uma ogra? Meh! — Ele entra no carro antes que ela possa retrucar, encerrando a discussão.

    Amai ri, o som ecoando pela rua enquanto observa Yami emburrado no banco do motorista.

    — Entra logo e vamos — grunhe ele, recusando-se a dar mais atenção à provocação.

    Amai revira os olhos, mas ainda sorrindo, entra no carro e se acomoda ao lado dele.

    — Ai, ai… tô entrando, seu chato — diz, com um brilho travesso nos olhos. — Onde vamos?

    Ele liga o carro e lança um olhar rápido para ela.

    — Praia… ver o mar, certo? — responde, sem emoção.

    Ela pisca, confusa, e arqueia as sobrancelhas. Estava crente que, de todos os lugares, este seria o último em que ele pisaria, por que não um cemitério? Ou necrotério?

    — Praia? Você? Com esse tempo? — Ela olha para fora, notando o clima melancólico, mas rapidamente puxa um protetor-luminar da bolsa, balançando-o como se quisesse enfatizar o absurdo da ideia.

    Ele não desvia o olhar da estrada, mas uma sombra de um sorriso brinca em seus lábios.

    — As vozes na minha cabeça decidiram! — murmura, brincando.

    Amai ri, enquanto Yami, absorto em seus pensamentos, considera o quanto aquela cena é absurda — usar aquilo em meio a um tempo tão nublado.

    Sua conclusão final?

    Uma garota, sendo garota…

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