Capítulo 15.1 - Pau mandado
Ao sair do quarto de hospital, por um instante, deixando Masaru em seus devaneios, pensando que ele não notaria sua ausência.
Os celestes se encararam, um meio sem jeito, os dele evitando os dela como se buscassem refúgio nas paredes.
— Até quando vamos esconder que somos casados? — perguntou, a voz baixa, mas carregada de frustração.
E suspirou, o peso dos anos ocultos pesando nos ombros. Já haviam cinco anos desde que subiram ao altar, em uma cerimônia discreta, quase clandestina, testemunhada apenas por um juiz impaciente e duas testemunhas alugadas.
— Até comprarmos um apartamento para nós — respondeu, com aquele tom meio sarcástico, meio resignado. — Senhorzinho…
Franziu o cenho, lançou-lhe um olhar afiado e, sem cerimônia, deu-lhe uma cotovelada nas costelas, seguida por um pisão leve, mas pontual no pé.
— E não venha com desculpas! Você guardou o suficiente pra consertar o carro E dar entrada num AP! — sua voz subiu uma oitava, os olhos faiscando. — Tá achando que sou idiota?
— Mas…
— Mas o quê, Gabriel? Não se esqueça que fui EU quem bancou seus ternos de grife e seus reloginhos chiques pra você bancar o gostosão nos eventos!
Ele abriu a boca, mas fechou sem dizer nada. Contra fatos, não há argumentos. Apenas mais um suspiro saiu.
Pensou. Pesou.
— Tá…
— Tá? — arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços com uma teatralidade afiada. — Tá o quê, hein? Fala direito comigo… seu careca safado!
— Ehr… — arregalou os olhos, indignado. — Isso já é sacanagem, amor…
— Amor? Não era Elizabeth?
— Desculpa…
— Desculpa?
— Desculpa, amor?
Ela estreitou os olhos ainda mais, e por um segundo teve certeza de que seria jogado da varanda.
— Você vai dormir no sofá hoje.
— Mas a gente só tem uma cama…
— E um tapete bem fofinho. Boa sorte!
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