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    Rasen se move com uma calma perturbadora enquanto se agacha, os joelhos tocando o chão frio. Seus olhos deslizam sobre o jovem diante dele, absorvendo cada detalhe do corpo definhante. A pele está pálida, os músculos retorcidos em agonia. Não há esperança de sobrevivência; o exorcista está em uma luta inglória, retardando o inevitável. Sua aura, uma vez forte, agora oscila como uma vela ao vento, mal conseguindo emitir uma faísca antes de ser extinta.

    — Se agarrando à vida… que patético… — urmura, seus lábios se curvando em um sorriso quase paternal enquanto seu dedo indicador puxa os lábios secos e rachados do rapaz. O exorcista resiste, os olhos semicerrados, lutando contra o sono eterno que já lhe sussurra. — Sorte a sua que os outros se calaram com um único golpe. Destino? Ou só um capricho cruel? — sua voz se transforma em murmúrios desconexos, como se falasse consigo mesmo.

    O jovem não tem forças para responder. Ao invés disso, seus pulmões falham, expelindo uma torrente de sangue em meio a engasgos violentos. Cada respiração parece durar uma eternidade, o som oco e desesperado de um corpo que já não pertence à vida.

    Rasen, fascinado pelo espetáculo grotesco, observa o sangue jorrar. Seus olhos brilham com um misto de fascínio e repulsa. Ele lambe os lábios, sentindo a saliva escorrer lentamente pelo canto da boca.

    — Está tão perto… — sussurra, sua voz impregnada de malícia. Quando o rapaz parece finalmente sucumbir, o corpo caindo mole para frente, Rasen o segura pela face com uma brutalidade gentil, estalando um tapa forte o suficiente para arrancá-lo do abraço da morte. — Não! Não dormirá agora. Ei, ouça! — O jovem treme, o sangue escorrendo pelo nariz, os olhos esvaziando-se de luz. — Isso aqui é… único — murmura com uma excitação quase sexual, observando o brilho de vida minguante refletir em seus olhos como se fossem os de um demônio.

    Outro tapa, ainda mais feroz, faz os dentes do exorcista rangerem, sua cabeça latejando em resposta. Os dedos dele se movem em um espasmo, uma última tentativa patética de agarrar a vida.

    — Os Aztlan… — Rasen começa, os olhos se perdendo em algum lugar distante enquanto afunda a mão nas entranhas do rapaz. — Acreditavam que as tripas de um desperto deveriam ser oferecidas ao rei… comer algo tão podre… tornava divino. — Seu sorriso, alargado de orelha a orelha, é a própria manifestação da loucura. Com um puxão violento, ele arranca as tripas como quem rasga tecido velho, o sangue espirrando em jatos, cobrindo-o com o último vestígio de vida daquele corpo.

    Com as vísceras ainda quentes entre os dedos, Rasen leva aos dentes, rasgando com uma voracidade animalesca. O gosto metálico e azedo de carne apodrecida invade sua boca, e ele sorri enquanto o jovem sufoca em seus últimos momentos.

    Após a primeira mordida, Rasen cospe o pedaço com uma careta de nojo, liberando um bafo fétido. — Que nojo… — zomba, cuspindo o resto das entranhas sobre o cadáver. — Merda, gosto de merda! — Sua voz carrega uma frustração genuína, o olhar decepcionado ao perceber que o rapaz finalmente morreu.

    Com raiva, Rasen afunda a mão novamente no corpo agora inerte, arrancando mais vísceras com fúria. — Da próxima vez, preciso ser menos letal… — murmura para si, os dedos encharcados de sangue e tripas, — Talvez um alvo maior…

    O banquete grotesco dura meia hora, uma orgia de sangue e vísceras. Sua boca já está anestesiada pelo gosto metálico e azedo da carne crua que devora, mas seu corpo, não aguentando mais, começa a rejeitar o que havia consumido. Em um espasmo violento, ele vomita, expelindo um líquido viscoso que escorre de seus lábios. A mistura repugnante de saliva, sangue coagulado e restos mutilados forma uma poça fétida ao seu redor, enquanto ele arfa, as mãos pressionadas contra o chão ensopado, sentindo não apenas a textura viscosa dos cadáveres, mas as últimas fagulhas energéticas daqueles que ele havia consumido.

    Ele limpa a boca, grosseiramente, com a manga do paletó, o tecido já empapado de sangue.

    Cada gesto seu é carregado de uma calma perturbadora, um contraste com o cenário caótico que o cerca. Ele se ergue, os músculos retesados pela tensão, e seus dedos encontram o crucifixo caído do rapaz, agora um símbolo vazio, corrompido pelo massacre.

    E olhando ao seu redor…

    O outro garoto, partido ao meio, está mergulhado em um lago de sangue, e seu crucifixo está entre a poça do próprio sangue. Já a garota, por sua vez, jaz com os olhos vazios, a cabeça alguns centímetros distante do corpo, fixos em um ponto além da vida, e, do pescoço para baixo, estirado, guarda o seu distintivo.

    Resta tão pouco deles… apenas vestígios de que um dia foram humanos.

    Naquele instante, Rasen não é mais apenas um homem; ele se tornou uma encarnação do mal que um dia trará tantas atrocidades ao mundo. Os fragmentos de sua alma, outrora humanos, agora se mesclam à escuridão que começa a envolvê-lo.

    Diante dos corpos mutilados, ele inicia o ritual pelo qual veio. Suas mãos se erguem para o céu, os dedos sujos de sangue como garras que clamam pelo além. Sua aura se eleva com ele, uma força maligna que se agita ao seu redor como um véu de trevas. Há algo mais naquela energia, algo profundo e sombrio, quase invisível — fragmentos de escuridão que dançam entre as partículas de luz, sussurrando segredos antigos, ecoando promessas de morte.

    — Mors, audi me, hos tres corpora, has tres animas… Offero, in vicem, sine me unum ex tuis servis esse, et tribue mihi facultatem me perficiendi, ut verba necessaria ad unum redigantur, et vulnera interna minuantur! — As palavras saem de sua boca como veneno, uma língua esquecida pelo tempo, mas que reverbera no ar, moldando a realidade ao seu redor. É um culto à morte, uma invocação direta ao abismo.

    Enquanto a última sílaba escapa de seus lábios, ele sente a escuridão responder ao seu chamado. Ela flui para dentro de seu corpo, serpenteando por suas veias como um veneno doce, preenchendo cada célula com sua podridão. Ele pode sentir a morte em sua forma mais pura — densa, fria, tangível. É como se a própria essência do mal estivesse sendo injetada em seus músculos, gota a gota, partícula por partícula, até que o próprio ar ao seu redor se torne pesado com a presença da morte.

    O gosto da podridão impregna sua boca, invadindo seus sentidos como um miasma corrosivo. Ele arfa, sentindo o peso esmagador da malícia consumi-lo. Seus lábios tremem, o corpo repuxado pela sensação de formigamento que agora o corrói por dentro. É como se a morte estivesse o abraçando, partícula por partícula, até que ele se torne uma extensão de sua vontade.

    Com os olhos semicerrados, Rasen saboreia aquele momento de transformação, sentindo o poder fluir por suas mãos agora escurecidas, enquanto as trevas envolvem seus dedos como serpentes famintas, sedentas por mais sangue, mais vidas. O ritual está concluído, e ele se torna algo além de humano — um arauto da morte, um servo das trevas.

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