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    — Bem, sendo direto ao ponto… — a voz fria do estrategista corta o silêncio tenso da sala, ecoando pelo espaço iluminado apenas pela fraca luz da lâmpada suspensa por um fio de aço acima do sofá. — O plano inicial é traçar um perímetro! — Seus olhos brilham com uma determinação quase insana, fruto do devaneio e paranóia de sua mente escrava.

    Ele sabe exatamente o que dizer e fazer, o fantoche perfeito nas mãos de Luciel.

    — Isso envolve tanto a zona comercial quanto a industrial de Nova Tóquio. O fluxo de pessoas é maior ali, o que garante resultados rápidos. Pensem: vários demônios surgindo enquanto as pessoas seguem suas vidas normalmente? Um genocídio na certa! — Um sorriso malicioso parece prestes a surgir em seus lábios, mas ele fala como se estivesse apenas repetindo palavras que não são suas, criando uma sombra inquietante.

    Essa revelação faz os olhos de Rasen, o único “humano” no grupo, faiscarem de entusiasmo, como se ele já visse a carnificina iminente.

    Essas palavras o agradam profundamente; a saliva escorre pelos lábios, enquanto seus olhos se enchem de anseio, como uma espiral sombria de desejo que o consome por dentro.

    — Primeiro, fazemos um círculo do terceiro distrito até o quarto… — o demônio continua, até ser interrompido por um murmúrio.

    É Rasen, enchendo os pulmões para falar.

    — Hm… interessante… — comenta, enquanto a entidade focando-o, disposta a ouvir sua interrupção. — Com o caos estabelecido, as coisas podem sair do controle dos homens. E mesmo com a execução do plano, podemos manchar o nome dos exorcistas e do império! Um brinde aos chefões, não?

    O olhar insano dele parece mais do que o de um simples maníaco sanguinário. Ele é astuto, dono de uma mente afiada, apesar da face perturbadora.

    Jahiel, ainda confusa e desconfortável com o rumo da conversa, intervém com hesitação. Ela pondera entre seu título e seu lugar, mas a ousadia humana deixa claro que títulos não importam mais.

    — Explique melhor, humano! — ordena, cruzando os braços, o desdém evidente na voz.

    E ele? ri, um som carregado de ironia.

    — Mestra — diz ele com uma reverência zombeteira, intensificando o olhar de desgosto da marquesa. — Vocês não estão vendo o quadro completo. A Ordem está em crise, e não é só ela. Todo o continente de Aija desmorona. Se provocarmos um conflito e dermos a entender que, sim, fomos nós, os extintos iluminados… poderíamos ser vistos como opositores ao Império. E o que é mais humano do que uma guerra iniciada por… nada? — Ele lança um olhar provocativo para cada um, esperando sua reação.

    E antes que sua “mestra” responda, Liliel, sempre calma, intervém na conversa, como se confirmasse o óbvio.

    — Exato. Ele tem razão. Por séculos, vemos os humanos se destruírem. Nós mesmos nascemos de uma guerra… seria a cereja no bolo deixar um conflito interno após nosso primeiro e derradeiro ataque!

    As palavras dela pairam no ar, era um lembrete cruel de sua própria natureza. E o príncipe, sentado na penumbra, suspira, sua presença imponente tornando-se ainda mais pesada diante da discussão.

    — Vocês têm razão! — admite, sua voz grave ecoando no ambiente. — Mataríamos dois coelhos com uma cajadada só. Os humanos espalhariam o caos por conta própria após nossa jogada. Eles sangrariam e lutariam até o fim… seria uma crise mundial bem-vinda! — Dizendo isso, ele se afunda no sofá, não cansado fisicamente, mas mentalmente desgastado pelas indagações.

    E também, Asmael e Luciel enchem sua mente com tantas informações que agora tais pesam sobre ele.

    Ele sabe apenas parte, é claro, aquilo que eles julgam necessário contar, mas já é o bastante para deixar sua mente em um estado de exaustão.

    Jahiel, determinada a manter o foco, intervém novamente:

    — E faremos isso em quantos dias? Você planeja tanto, mas… não se chega a lugar nenhum sem uma data!

    Ela recua ao sentir os olhares poderosos dos dois príncipes.

    — Quatro dias! — Gallael responde sem hesitar. Uma imagem de um dragão voraz se acalma com o suspiro do príncipe. — Uma névoa cobrirá o mundo na manhã do dia 42… um evento conhecido como “A Noite Mais Longa”. O céu ficará encoberto por 28 horas, terminando na manhã do dia 43. Durante esse período, enquanto a falta de luz nos fortalece, realizaremos nosso plano!

    A resposta é seguida por aplausos da princesa, cujos olhos escarlates brilham enquanto encara os irmãos e o grandalhão ao lado dela.

    — Boa, garoto! Mas… até então só eu e Jahiel temos função, o que fará em relação aos outros três? — pergunta ela, desafiando a liderança do príncipe.

    — Ah, fala de Beheel, Moloel e Vassael? — responde casualmente. — Eles treinam aqui, nesta dimensão, até o dia e irão ajudar no embate! Quero que estejam confiantes e cientes de que a morte é uma possibilidade real. Lá, encontram inúmeros exorcistas. Com o tempo, reforços celestiais chegam. Se não formos letais, falharemos. Certo?!

    — Certo! — respondem os irmãos em uníssono, enquanto o grandalhão murmura sua aprovação. Uma raça guerreira, de fato. A morte não os faz temer, mas seria isso burrice ou coragem?

    Ninguém ousa dizer, pois tudo parece certo, mas…

    — E eu vou treinar esse cara? Sério? — resmunga a marquesa com desdém, tentando finalmente reverter seu pesar.

    — Agradeça! — Mas o maldito provoca, desviando agilmente de um golpe reativo, sentindo as garras da criatura quase tocarem seu rosto. — Ei, ei! Tá querendo me matar, é? — Ele ri, sem levar a situação a sério.

    Mas quase morre…

    As trevas roçaram seu rosto, um toque frio e sombrio que parece penetrar sua alma. Sua pele após o trauma se arrepia, como se o próprio ar carregasse a essência do mal…

    É o primeiro golpe demoníaco que sente, movido por puro instinto, como se pudesse sentir a morte se aproximando.

    — Peste! — então esbraveja, irritada.

    A marquesa suspira, tentando manter a paz, para não matar no próximo golpe, engolindo a seco suas provocações.

    — Seja compreensível. Será só até o grande dia! Depois disso, terá a mesma função que os outros! — Gallael se vira para Liliel após seu aviso. — E você, Liliel, será a única a sair daqui quando quiser…. Mas peço que seja a voz da razão entre esses nobres. Ninguém sai e ninguém entra até o grande dia!

    — Tá. — responde friamente, mas logo emenda, intrigada. — E você, o que fará?

    Gallael hesita por um momento, olhando para o vazio, antes de responder.

    — Eu? Tenho pendências com meu pai. Preciso resolver algumas dúvidas… como… — Mas mal termina a frase, e um portal se abre atrás dele, como se a entidade que rege esses atalhos estivesse espionando.

    — Sério? — diz ela, enquanto todos encaram ao mesmo tempo, parecendo uma cena de fuga.

    — Merda… bem, até breve… seu pai é bem útil… até…

    Um passo para trás e, desaparece pelo portal, deixando um silêncio desconfortável. Os demônios trocam olhares confusos, sem entender por que respondem à despedida daquele que parece estar sempre um passo à frente.

    E também, o que ele fala? Afinal, a reunião é tão breve e escassa de informações… mas…

    Aquilo não será a última vez até o dia marcado! Haverão mais momentos, mesmo que, em cima da hora…

    O mundo caminha para um caos irremediável… E esse é um teatro de novos ares, com a plateia formada pelos reis demoníacos, observando cada passo dado adiante.

    Eles não percebem que os vidros sobre os quais pisam são ainda mais frágeis do que imaginam, será, que seus passos pesados e confiantes os levarão a queda da morte?

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