Capítulo 166 – Conto Passado: Kryntt, A Queda do Trio — Part IV
A tensão no ar é crescente como o conduzir de uma ópera, como se a própria atmosfera pudesse se partir a qualquer momento.
— Vamos! — Kryntt ruge com uma fúria primal, seus músculos se contorcendo em agonia sob a pressão crescente da transformação da criatura. Cada fio ligado à sua pele ameaça se romper, enquanto a explosão de poder emana do corpo do ser.
É como se o tecido astral que conecta seus poderes à besta estivesse cedendo, à beira de desmoronar sob a força sobrenatural.
O nível daquela criatura… ela está prestes a se equiparar a uma entidade original. Em suas mentes, encontrar um desfecho onde saíssem ilesos já não existe mais!
Mas Rasen, com um salto ágil ao perceber o perigo, se coloca ao lado do líder. A luz espectral de sua aura brilha intensamente, fechando os ferimentos de Hazan com uma pressa desesperada. E mesmo enquanto seu corpo também se regenera, as cicatrizes no pescoço permanecem como um lembrete doloroso do ataque brutal que sofreu.
Ele não está no seu auge — longe disso… mas é uma garantia de que não irão morrer.
— Rasen… valeu! — murmura o líder entre dentes, cuspindo sangue.
Ele se ergue com dificuldade, os pés arrastando no asfalto como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros. A entidade monstruosa dá um passo à frente, e o chão tremula sob a onda de choque que segue. O fio de cabelo e as vestes de todos balançam com o impacto.
Neste ponto, a luta se torna uma verdadeira queda de braço. Kryntt tenta conter a criatura, mas sua energia já não é suficiente para sustentar, por mais fortificados que seus fios estejam!
“Vocês… vocês me criaram, eu sou o reflexo de vocês… por quê? Por que os homens tentam frear suas próprias tempestades?”
A entidade se questiona internamente.
— Grr… eu… eu não vou aguentar! — O sangue escorre de seu nariz e ouvidos, seus olhos rubros começam a inchar, preenchidos por uma raiva incontrolável, mas incapaz…
“Será que aquela moça sobreviverá?”
Pensa, genuinamente, com seu foco distante, apesar do perigo iminente.
Não sabe, mas em menos de cinco segundos, Hazan se ergue novamente, enquanto a criatura é finalmente liberta pelo exorcista e avança com uma fome assassina.
Kryntt, vendo a ameaça, recua com um salto para trás. Sua aura tremula fraca, suas mãos latejam de dor, e os demais tentam ganhar distância, mas é em vão. A criatura surge à frente de Hazan como um borrão, trocando socos com o exorcista, cada golpe reverberando com um impacto que faz o mundo ao redor estremecer.
“Não! Não serei exorcizado! Malditos humanos… Eu os farei pagar pelos seus pecados! Farei com que sintam a natureza da qual fizeram minha mente escrava! A dor que me fortaleceu e me tornou tão… sujo, eu devolverei!”
A entidade, tomada por um ódio visceral… E em meio a esse caos, nenhuma vida responde, deixando os três em dúvida: será que a entidade já criou um domínio para controlar os danos e dominá-los? E eles não perceberam?
O líder não tem tempo para pensar em uma resposta.
Tentáculos demoníacos se lançam das costas da entidade, envolvendo-o e o enterrando no asfalto com um baque seco. Ossos estalam, quebrando sob o peso esmagador, e a cura anterior que ele havia recebido se torna inútil diante daquela força devastadora.
A criatura, babando de excitação, parece insaciável e, sem trégua, prepara um novo ataque. Milhares de microesferas de trevas começam a se formar ao redor de seus tentáculos, cada uma pulsando com uma energia maligna.
E, como um só pensamento, elas são disparadas em direção ao exorcista indefeso, com uma velocidade que corta o ar e consome o espaço.
“Morra!”
Se não fosse por Rasen…
— Extensio energiae: desfragmentatio! — grita ele, colocando-se na linha de ataque. Com suas mãos, cria uma espiral de energia colossal, maior que seu próprio corpo. As esferas de trevas são sugadas pela espiral, consumidas uma a uma, mas o impacto faz suas pernas fraquejarem. Os ossos começam a rachar sob a pressão.
“Gr… caralho, esse ser é mega poderoso!”
Pensa, sentindo o peso da batalha em cada fibra de seu ser.
A espiral se fecha e, por um instante, o silêncio toma conta do campo de batalha. O olhar de Rasen brilha em pura determinação, enquanto a entidade, agora ainda mais furiosa, se prepara para desferir outro golpe. Suas veias pulsam como se estivessem prestes a explodir.
— Não! Rasen… — murmura Hazan, mas é tarde demais. Ele sabe o que seguirá.
— Extensio energiae: fragmentatio! — desta vez, Rasen usa uma variação mais destrutiva de sua técnica. A energia que ele havia desfragmentado e absorvido é liberada de uma só vez. Um clarão cegante preenche o cenário e, num piscar de olhos, o bairro ao redor deles é reduzido a cinzas. Prédios, ruas, tudo desaparece, consumido pela explosão.
“Uffa…”
Pensa, quase sem fôlego, observando a criatura à sua frente. Ela continua de pé, mas seus braços e tentáculos foram arrancados, e metade de sua face está desfigurada, escorrendo uma substância roxa.
Não seria o fim dela se, antes de desmaiar, o loiro não tivesse lançado aquele último feixe de luz. O golpe, implacável, é o suficiente para desintegrar a cabeça do inimigo, exorcizando-o de uma vez por todas.
Mas, mesmo com essa vitória final, o caos ao redor persiste.
A explosão foi devastadora, e ele só sobreviveu graças à barreira que ergueu no último segundo. Agora, essa proteção desmorona lentamente, como vidro se fragmentando sob o peso da destruição.
Ele enfim desmaia, os olhos vidrados enquanto cospe tanto sangue que parece um vômito espesso. O gosto metálico e a sensação de sufocamento se misturam à dor insuportável. Está no limite, assim como os outros dois. Três guerreiros que deram tudo de si, lutando até o esgotamento absoluto.
A única exceção é o futuro messias, o único que permanece consciente.
Ele se ajoelha lentamente, sentindo os músculos tremerem de exaustão, o peso da batalha ainda fresco em sua mente. Seus olhos se erguem para o céu, agora sem as trevas sufocantes que antes dominavam a paisagem. Um azul profundo, como o do oceano sem fim, surge no horizonte, substituindo o caos por uma calmaria quase celestial.
A chuva fina começa a cair, tocando seu rosto quente e encharcado de suor. Aquele toque é o sinal final. Ele respira fundo, a dor latejando em cada parte de seu corpo, mas com uma certeza no coração.
A missão está cumprida.
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