Capítulo 169 – Dorme que Passa!
Parado em frente à imponente entrada da sede do clã Shirasaki, Yami observa Amai, que hesita. Ela o encara de volta, mantendo o olhar por mais tempo do que o normal.
O silêncio entre eles se estende, pesado como o ar antes de uma tempestade.
— Que foi? — ela ri, nervosa, quebrando a tensão. Seu riso é incerto, quase como se estivesse tentando desviar a atenção da própria inquietude.
— Fala… — insiste, a voz baixa, mas firme, pressionando por uma verdade oculta.
— Falar o quê? — Amai arqueia uma sobrancelha, confusa. Seu tom leve parece dissonante, como se estivesse brincando, mas ela sabe que não é só isso.
— Você estava meio… ansiosa para dizer alguma coisa. E, do nada, ficou quieta!? — Ele dá um passo à frente, inclinando-se no banco do motorista, como se quisesse arrancar dela o que se passa. — Vai dizer que estava só tentando me provocar?
Amai, abaixa os olhos por um instante, um riso nervoso escapando de seus lábios. Uma onda de calor sobe por seu pescoço.
— Ah… isso… — ela murmura, as palavras saindo mais baixas do que pretende. — Bem, é que… você não deve levar essa missão a sério. O Masaru parece que não está tão empenhado, e o Arthur… ele está distante, entende?
— Ah, era isso? — A resposta de Yami é rápida, e seus ombros relaxam por um momento, como se algo dentro dele se esvaziasse.
Mas, ao ver o sorriso tímido que ela tenta disfarçar, ele sente uma ponta de decepção, embora a disfarce com uma risada breve.
— O que foi? Esperava outra coisa? — ela pergunta, rindo junto, mas algo no olhar dele a faz interromper o riso.
— Nada. Eu só… esperava mais uma brincadeira sua, como de costume — Yami desvia o olhar por um instante, sua voz agora mais suave, quase frustrada por não dizer o que realmente quer. — Mas, Amai Shirasaki, posso te perguntar uma coisa?
Ela estreita os olhos, surpresa com a mudança no tom dele.
— Pedindo permissão? Você? Desde quando?
— Responde logo! — Ele fica sério, cruzando os braços, visivelmente incomodado com a provocação.
— Bem… pode, vai! — Ela responde, também cruzando os braços, como se tentasse se proteger do que está por vir.
Yami a encara por um longo momento, seu olhar perfurando o dela como se tentasse ler algo além das palavras. Quando ele finalmente fala, a pergunta sai sem rodeios.
— O que você quer de mim, Amai? — A intensidade da pergunta faz o ar ao redor deles parecer mais pesado. — Você está sempre comigo. Sempre… presente. Eu percebi. Se fosse só camaradagem, seria assim com o Arthur, mas não é. Então… o que você quer de mim?
Amai fica paralisada por um instante, o rosto dele refletido nos seus olhos, cada linha de preocupação e curiosidade gravada em sua expressão. As palavras que ela tenta dizer travam em sua garganta, o silêncio pesando entre eles como uma pedra no peito.
— Ah… — ela gagueja, sem conseguir formar uma resposta coerente. O calor que sobe por sua espinha agora a consome por completo, o coração batendo acelerado. Ela não esperava por isso, não desse jeito, não dele.
Yami se aproxima mais um pouco, e o silêncio entre eles se torna quase insuportável.
— Um gato comeu sua língua, foi? — Ele provoca, o tom mais ácido agora, tentando mascarar o desconforto que ele próprio sente.
— Ah, seu… idiota! — Ela explode, incapaz de conter a mistura de frustração e nervosismo que a consome. — Não é nada disso! Eu só… não esperava que você perguntasse isso. Sério? O que quero de ti?
Ele apenas a encara, esperando uma resposta que nunca vem.
— É tão difícil assim? Responder? — A pergunta dele paira no ar, e desta vez é ela quem se afasta, as palavras dele ecoando em sua mente como um martelo.
Amai não responde. Em vez disso, gira nos calcanhares e entra na sede, fechando a porta com tanta força que o som reverbera pelas paredes.
— Dorme, que passa essa sua dúvida! — Ela grita, sua voz carregada de um ímpeto que ele raramente vê nela.
Ele permaneceu imóvel, os olhos fixos na figura dela, enquanto o crepúsculo a engolia, a pergunta reverberando em sua mente: por que aquilo a perturbou tanto?
Seu olhar, hipnotizado, deslizava pela saia plissada, pelas meias listradas… Era como se observar a garota dos cabelos de fogo tivesse se tornado um hábito involuntário. Mas por quê? Ele, que nunca se importou em encarar o rosto de ninguém, muito menos se prender a detalhes tão banais. E agora, lá estava ele, perdido no eco de um mistério que nem sabia que o atraía.
E sua mente oscilava entre a admiração e a dúvida: algo dentro dele sussurrava que, entre as pedras daquele silêncio não respondido, havia um diamante oculto. Um segredo que ela tentava esconder, talvez até de si mesma. Essa tensão invisível, esse jogo entre o não dito e o desconhecido, o deixava ainda mais inquieto. O que ela guardava tão profundamente? O que ele estava começando a enxergar sob a superfície que nem ela se permitia tocar?
“O que você quer de mim?”
A voz rouca de Azaael ecoa pelo ambiente enquanto ela invade a mente de Yami, com a face tão vermelha quanto um tomate, o calor subindo pelo pescoço dele.
Ele se encara no retrovisor do carro, levantando uma sobrancelha, sua usual frieza se quebrando por um instante.
— Você…
“Desde quando você é tão direto?”
O demônio continua, com um toque de provocação.
— Ah, não seja tão… safado! — Yami vira o rosto, visivelmente desconfortável, mas ainda mantém a postura firme. — Eu disse isso porque… sei lá, parecia que ela estava interessada em algo — Sua voz diminui, hesitante. — Não que seja algo sexual ou… sentimental!
Yami solta uma risada curta, quase mecânica, mas confusa.
“Interessada em algo? É?”
Azaael reflete no retrovisor, estreitando os olhos.
“E quem disse isso? Bom, não que você não tenha seu charme… Ouvi dizer que mulheres têm uma queda por caras esquisitos como tu!”
— Você é um péssimo guru, sabia? — Ele revira os olhos, o sarcasmo afiado. — Se vendesse um curso online de sedução, não ganharia nem um iene!
Mas, tentando vencer mais uma do demônio, Yami sorri de lado, ajeitando-se no assento enquanto liga o carro.
“Ah, mas para enganar? Sou mestre nisso! Olha só, que gracinha, o pobre Yami está crescendo!”
— Vai se foder!
“Ué, o que foi isso? Está irritadinho, é? Ou será que é porque eu dei a entender que está apaixonado?”
O sarcasmo de Azaael cortava o ar como lâminas afiadas, cada palavra carregada de malícia. O riso dele reverberava no ambiente, enquanto Yami, de dentes cerrados, girava a chave e arrancava com o carro. O motor rugiu, mas não o suficiente para abafar o gosto amargo que as provocações deixavam em sua garganta.
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