Índice de Capítulo

    Pergunte ao Autor – Edição 1

    Neste mês de novembro, realizei meu primeiro evento de perguntas e respostas com vocês, leitores. Foi uma oportunidade única para abrir o jogo e compartilhar mais sobre o processo criativo por trás da história. Aqui estão as perguntas enviadas pelo Instagram e, em um caso especial, pelo meu privado. Vamos lá!

    Kevyn, meu parceiro de escrita, perguntou:

    “Qual é sua motivação para escrever?”

    Minha motivação é o sentimento de realização. Escrever me permite dar vida a um projeto que imaginei há cerca de três anos. É incrível transformar ideias em algo concreto, algo que possa ser compartilhado com o mundo.

    Dri, outro amigo escritor e leitor, perguntou:

    “Houve alguma cena específica da novel que lhe deixou particularmente arrepiado?”

    Sim, e não foi apenas uma! Mas a cena que mais mexeu comigo foi quando Masaru mata Halyna. Foi um momento crucial, onde finalmente pude mostrar a crueldade e a insensibilidade do personagem.

    Karolz, minha fiel leitora e fã do Azaael, perguntou:

    “Yami foi criado baseado em quem ou em quê?”

    Yami foi fisicamente inspirado no estereótipo de um gótico, com toda aquela aura sombria. Sua personalidade, no entanto, foi baseada em anti-heróis de animes e mangás: aquele tipo de personagem que ignora os objetivos alheios para seguir apenas os seus, mas que carrega camadas e nuances.

    Yellow, meu parceiro de sempre, perguntou:

    “You are gay?”

    Noooooo! Lá ele, kkk.

    Karolz voltou com mais uma:

    “Por que Azaael não é o protagonista? E por que você odeia tanto o Arthur Lewys?”

    Sobre o Azaael, digamos que “ator caro” não pode ser protagonista, haha. Quanto ao Arthur, ao contrário do que parece, eu não o odeio! Na verdade, eu adoro o loirinho azarado, mas ele acabou sendo protagonista da WebNovel mais caótica possível. Vida difícil, né?

    Karolz também deixou uma ameaça:

    “Eu sei o final da sua obra, você não tem coração!!”

    Vou ficar de olho, viu? Haha.

    E uma mensagem de apoio do anjo Natkovacs:

    “Não é uma pergunta, mas uma profecia: você será um dos maiores escritores de Illusia, graças à sua determinação e força de vontade. Continue assim, irmão!”

    Agradeço imensamente por essa profecia e por todo o carinho.

    Obrigado a todos vocês que participaram e tornaram este evento tão especial! Continuem acompanhando, porque ainda há muito mais por vir. Isso é só o começo!

    *Conteúdo do capítulo*

    Ao alcançar o fim do corredor, Amai sente algo que vai além de um mero presságio–é um fardo pesado e opressivo, que parece enraizar-se em sua alma. Não é apenas medo, mas uma angústia, como se o espaço ao redor pulsasse com as incontáveis memórias dos horrores que ali cometiam. As paredes vibram, mas não com movimento; é algo profundo e intrínseco, um eco do sofrimento impregnado naquele lugar. A cada passo, os murmúrios que vêm das profundezas se tornam mais claros. Não são apenas sons; são gritos abafados, choros desesperados e preces sufocadas que nunca chegam a ser ouvidas.

    Ela sente cada clamor atravessar sua mente como lâminas, cortando sua determinação com precisão cruel. Seus punhos se cerram, um reflexo de sua impotência diante daquilo que não pode conter. O ar ao redor é como um oceano, onde cada gota carrega o peso de tragédias incontáveis, afogando-a em um mar de desespero invisível.

    “Por que ainda me afeta tanto?”

    O pensamento ressoa em sua mente enquanto seus dedos, trêmulos, pairam no ar diante da porta. Ela tenta empurrá-la, mas se sente paralisada, como se uma força invisível e mais poderosa que o próprio medo a segurasse. Então os gritos vêm. Não mais murmúrios, mas clamores ensurdecedores que perfuram sua consciência, arrancando qualquer vestígio de equilíbrio… a fazendo recuar dois passos.

    “Foco, Shirasaki!”

    Ela tenta se agarrar à razão, mas a lógica é inútil contra aquele redemoinho de emoções que parece consumir sua essência. O suor frio escorre por sua nuca, e suas pernas ameaçam ceder. Finalmente, ela recua totalmente, ofegante e perdida, dá meia-volta e sai do prédio, recostando-se contra seu carro.

    Até tenta fazer ligações, mas nenhuma é atendida. Seus dedos ainda tremem quando o som de um motor a tira do torpor. O carro de Yamasaki estaciona ao lado do seu, e ele desce com o habitual sorriso de quem tenta parecer despreocupado e descarado.

    — Foi mal… Eu… precisei dar um tempo disso tudo — ele diz, encostando-se ao lado dela no carro. — O que aconteceu?

    — Nada… só…

    — Só?

    Amai fica em silêncio de repente, as palavras faltam em sua mente, fixando o olhar no prédio à sua frente.

    — Eu… — ela recomeça, hesitante. — Nunca te contei, não é?

    — Contou o quê? — Ele franze o cenho, confuso, mas atento.

    — Sobre o que me faz hesitar… o que me impede de querer ser exorcista para sempre!

    Ele suspira, cruzando os braços.

    — Não, você nunca falou. O que é?

    Ela, então, ergue os olhos para o céu, sentindo as primeiras gotas de chuva tocarem sua pele.

    — É o sofrimento… O miserável sofrimento que está em tudo isso. Ele dá forças à escuridão, cria inimigos e nos enfraquece. Não quero continuar sentindo isso, essa amargura que carrega as almas que enfrentamos. Você e Arthur podem não sentir como eu, mas eu… Eu sinto. É como se cada camada sobrenatural fosse uma ferida aberta, exposta.

    — Exorcistas são treinados para isso. Talvez seja parte do processo de se tornar algo maior, como dizem: “propensos a se tornarem celestes”.

    — Não, não é isso! — ela o encara com firmeza. — É mais do que isso. Tem a ver comigo, com a minha sensibilidade. Não, é algo que eu possa desligar. É como dizem nas escrituras: Elum nos deu olhos para ver e ouvidos para ouvir, mas alguns enxergam e escutam muito mais.

    Ele fixa o olhar no chão desta vez, refletindo por um momento antes de responder. Estava atirando para todos os lados, tentando acertar um alvo em sua mente.

    — E você sente que isso te quebra?

    — Não é apenas isso — ela murmura. — Isso me sufoca. O peso de ser uma Shirasaki, de carregar nas costas um clã inteiro com séculos de história, de ser a próxima líder, a herdeira perfeita… não há espaço para outra vida. Não há espaço para mim. É como engolir o mesmo veneno, dia após dia, mascarado como tradição e dever. Eu… só quero ser boa no que faço porque é a única coisa que me resta. Não porque amo, mas porque preciso. Se eu falhar, quem serei eu? Apenas mais uma peça quebrada de algo maior do que qualquer um de nós.

    — E sua família?

    — Os amo… — ela responde, com a voz tingida de uma vulnerabilidade que ele nunca presenciou. — Mas quem eles são… diz mais sobre eles do que sobre mim, não acha? — Ela faz uma pausa, como se mastigasse as próprias palavras antes de libertá-las. — Afinal, estou incomodada com o estado da minha vida. Não o atual, mas o eterno!

    — Eterno?

    — Quero ser eu. Quero poder ter algo… algo além dessa dança interminável com a escuridão. Não quero que minha existência seja definida por isso, por um eco vazio que não me pertence. Quero luz, desejo algo que me consuma, que me complete, mesmo que isso signifique despedaçar o que sou agora!

    Ele assente lentamente.

    — Acho que entendo. Lidamos com a escuridão todos os dias, mas não somos afetados por ela… Isso nos tornaria mais como eles. Menos humanos.

    Amai desvia o olhar, surpresa.

    — Você… finalmente disse algo que faz sentido.

    E ele ri baixo, relaxando um pouco.

    — Querer uma vida sem sofrimento não é egoísmo, Amai. Talvez seja o que nos mantém vivos…

    Ela abre um pequeno sorriso, mas sabe que aquele peso em seu peito não desapareceria tão facilmente. Seu coração, sempre em guerra consigo mesmo, continua a traí-la, lembrando-a de que a luta não é apenas contra os demônios do mundo, mas também contra os seus próprios.

    “Vivos?”

    A palavra soa na mente de Yami como uma pedra atirada em águas profundas, reverberando em camadas que ele evita explorar. Ele reflete, ainda que a resposta lhe pareça tão distante quanto a própria ideia de viver. Logo, ele está envolvido em um contrato cujo propósito final é a sua morte. Que ironia… Quem é ele para falar sobre vida, quando há muito havia desistido dela?

    Mas Amai não sabe. Não poderia saber. Ela o olha com um misto de curiosidade e desafio, sem compreender o abismo que ele carrega. Talvez, naquele instante, ela acredite que responda a algo que nem ele entende.

    — E você? — ela pergunta, a voz mais firme do que ele espera.

    Ele ergue os olhos, hesitante, quase surpreso.

    — Eu?

    — É… Yami Yamasaki, o que te mantém vivo?

    O nome completo, pronunciado daquela forma, soa como uma convocação. Uma acusação, talvez. Ele sente o peso da pergunta afundar ainda mais em seus pensamentos, perfurando o véu de sua indiferença. Por um instante, fica em silêncio, apenas encarando Amai. Ele sabe que deveria dizer algo. Qualquer coisa. Mas o que ela espera ouvir?

    Ele ri, um som seco, quase amargo.

    — O que me mantém vivo? — repete, mais para si do que para ela. A resposta lhe escapa, como areia entre os dedos.

    Afinal, seria justo dizer que ele está vivo, de fato?

    ÚLTIMO CAPÍTULO ESCRITO AQUI!

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