Capítulo 20.1 - Psiquê
O que é sua filha?
Uma boneca.
Não dessas que se compram em lojas. Uma boneca feita de projeções, de rachaduras internas revestidas por sorrisos costurados. Nela se escondem todas as inseguranças que uma pessoa segura precisa carregar só pra manter a pose.
Uma espécie de espelho — só que um que devolve a imagem distorcida, aumentada, distendida até que se torne insuportável.
Somos fortes porque fingimos ser…
ou fingimos por já termos sido fortes demais e cansamos?
Ou será que há força em assumir a própria fraqueza, desde que isso nos permita continuar em pé?
Tantas perguntas.
Tão íntimas, tão humanas.
E, quando misturadas à esquizofrenia formam algo além do humano.
Um aspecto.
Uma criatura.
Uma filha ingrata… mas necessária.
A necessidade de tê-la é maior que a de amá-la.
É a necessidade de ter um problema. Um peso. Um obstáculo que justifique a própria existência.
Afinal, reclamamos por reclamar…
porque viver em silêncio com aquilo que nos corrói seria ainda pior.
E talvez… talvez viver assim, com essa maldição da autopiedade e do confronto eterno entre ser e parecer,
seja a maior sina de uma exorcista:
Ser o escudo de todos…
e nunca saber se, no fim, está protegendo o mundo… ou se apenas queria ser salva.
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